31 de agosto de 2007

FIACOBA 2007 inaugura local próprio na Zona Industrial de Vila Verde.


Nos dias 20 a 28 de Outubro, Oliveira do Bairro vai acolher a vigésima segunda edição da FIACOBA, Feira Industrial e Comercial da Bairrada, desta vez num local propio na Zona Industrial de Vila Verde.
Com uma área coberta de 4000 metros quadrados integrada numa área com 45 000 metros quadrados, orçada em valor que ascende a 5 milhões de euros e com a vigésima segunda edição a rondar os 300 000 euros, a Câmara Municipal pretende "Relançar uma feira com tradição na Bairrada".

Integrarão a festa produtos, serviços e artesanato, bem como uma zona de restauração, onde os visitantes poderão apreciar a Gastronomia Regional, onde certamente não faltará o leitão à Bairrada com bom vinho também da região.

O custo das entradas vai desde um euro a 5 euros e contará com a presença de grandes nomes do panorama musical nacional, como Mikael Carreira, Xutos e Pontapés, Pedro Abrunhosa e Quim Barreiros entre muitos outros.
A inauguração da FIACOBA 2007, que passará a decorrer a partir deste ano de dois em dois anos, decorrerá dia 20 de Outubro as 19 horas.

29 de agosto de 2007

E a floresta aqui tão perto

O Corpo Nacional de Escutas/Região de Aveiro, em conjunto com a Associação de Apoio Florestal e Ambiental de Avelãs de Cima (AAFAAC), têm em curso um Projecto de Vigilância Florestal designado “Avelãs de Cima – Floresta Segura”.
A vigilância começou no passado dia 1 e terminará a 31 deste Agosto menos quente que o costume.
Menos quente significa menos incêndios, embora se espere que o balanço final do Governo aponte para as grandes medidas preventivas, etc. e tal. A participação activa dos cidadãos na defesa da floresta e do ambiente é coisa que não dá jeito realçar.

O Posto de Comando das operações
[1] está situado na sede da Junta de Freguesia de Avelãs de Cima.
A AAFAAC disponibiliza o alojamento da malta escuteira, assegura os comes e bebes, disponibiliza as bicicletas BTT, as motos todo-o-terreno e o equipamento de protecção individual para os circuitos de vigilância; também se encarregou da elaboração e distribuição dos panfletos de sensibilização e prevenção e pôs rádios à disposição.

Os escuteiros são a alma do projecto. São para aí uns 30, vindos dentre Coimbra e Minho e vigiam 24H sobre 24H, por turnos. A malta participa de alma e coração, que aquilo é para levar à séria.

Passei por lá há dias, aproveitando a participação duns putos, irmãos do peito. Malta nova do melhor que há.
Há uns 10 anitos eram umas crianças. A Cristiana, essa, ainda se lembra da dura mordidela da simpática dálmata cá da casa.
Ouvi dizer que os cães pressentem os terramotos...
*
[1] - Se lá estivesse e mandasse, chamava-lhe logo “COTEI – Comando Operacional das Tropas Escuteiras Independentes”. E minava os trilhos todos com cordão de tropeçar ligado a umas granadas ofensivas, a ver se rebentava os tímpanos aos incendiários; os de cima e os de baixo, como Avelãs, que há a de Cima e também a de Baixo.
[Ainda vos hei-de chapar com os meus meticulosos apontamentos do curso de minas e armadilhas…]
*
OSCARDEBUSTOS

Branco ou Tinto: Atitude

Poisem aqui a "mãozinha" do vosso rato, cliquem no botão esquerdo do dito e aproveitem para reler a notícia sobre outros Bustos aqui tão perto.
O fotojornalista Francisco Pedro soube captar a alma bem portuguesa que ainda paira pelo que resta das tabernas genuínas.
Entre outros, o “Ti Albertino” de Serpa, a “Dona Deolinda” de Pombal, a “Taberna Carlos” e a “Taberna Joaquim", ambas de Coimbra, tal como a “Taberna do António Alfaiate” em Castanheira de Pêra, preservam passados que ainda resistem à asséptica legislação comunitária.
Ou será que já nos levaram a memória toda e roubaram o que resta das nossas RAÍZES?

Ai querem fiado?
Tomem!


OSCARDEBUSTOS

LONGE DE LISBOA - LONGE DO MEALHEIRO

- Ti Francisca, ó ti Francisca! O Sr. Antoninho manda dizer que a mulher está na hora – era o recado pronto, ainda dito em correria.
Meteu-se pela caleja, galgou a subida, direita ao muro dos Tabordas e fez a praça em três tempos.
- Tesoura! Fio! Água quente! Uns pozinhos de cinza!
- Cinza, não, ti Chica. Não me ponha cinza na criança!
O homem ficou-se na sala ao lado, que parir é coisa de mulher. Abriu-lhe as pernas e espreitou. A mulher arfava, contraía-se, alargava-se, resfolegava de novo, a abrir-se. A boca era quase um grito vivo, repuxada, num esgar de medo e de dor, os olhos descomandados, ora a cerrar-se, ora quase que a saltarem em trejeitos de loucura.
- Força! Agora! Não morre não, que eu não deixo. Agora! Já se vê a cabecinha. Força! Já saiu! Uma menina! Cortou-lhe a vide, atou-a com um fio, molhou-a com o álcool.
- Modernices! A cinza era melhor – resmungou, desconfiada da excelência da troca.
(…)

in
Odete Ferreira, “freixo à la minuta” … – recontos – (A Chica Parteira), Edição da Câmara Municipal de Freixo de Espada à Cinta, 1996.


O Portugal ‘homiziado trasmontano’, escondido na penumbra envergonhada da periferia dos poderes, por vezes sai-se das cascas e revive uma realidade terceiro-mundista.

Por exemplo, na IP4 bombeiros, não-certificados (?) no exercício de obstetrícia, têm procedido a serviço de partos. Felizmente com êxito.

À semelhança do que acontece no alto-mar em que o local nascimento do recém-nascido é assinalado pelas coordenadas onde ocorreu, o mesmo deveria acontecer com o caso acontecer na estrada. Como tal, cada ambulância deveria ser dotada de GPS para assinalar a longitude e a latitude, pois não basta assinalar o quilómetro, o hectómetro e o número da estrada, até porque volta e meia, a estrada desaparece porque houve requalificação, reabilitação ou reconversão ou desvio, etc.

Outro caso – acidente na zona de Moncorvo. Houve necessidade do sinistrado ser transportado de helicóptero. Só que o persistente nevoeiro obrigou o acidentado a fazer a viagem de ambulância até Vila Real e aí ser heli-transportado. Foram gastas 'apenas' cerca de quatro horas até chegar ao hospital a fim de ser tratado.

A redistribuição do serviço de saúde está apoiada em qualificados estudos. Não duvido. Só que a egocêntrica Lisboa abandona ao deus dará migalhas da população. Será a “carne para canhão” em nome da gestão eficiente?
Ou o Paço de Lisboa pretende afugentar o Homem do interior, que por ironia, está mais próximo da Europa doadora?

Eduardo Prado Coelho, Carlos Alberto Portugal Correia de Lacerda vão ser momentaneamente lidos, comentados e lembrados. À semelhança de Camões.
O costume.
sérgio micaelo ferreira, 29.08.2007

Nota – Parabéns à equipa de Bustos, vencedora dos últimos jogos concelhios. E uma saudação aos participantes que ajudaram a abrilhantar a festa. – (Esta Festa também poderia incluir uma componente dedicada ao emigrante.)
srg

27 de agosto de 2007

Municípios Sem Fronteiras - partes II e III

- Parte II:
Retiro tudo quanto disse aqui a propósito da finalíssima deste ano dos Jogos dos Municípios sem Fronteiras e peço desculpa à Câmara Municipal. Repondo a verdade, sou a dizer-vos que Bustos não tem sido esquecida coisa nenhuma: Desde o ano passado que deixámos de ser o Kosovo ou - como dizia o mesmo outro - o sudoeste asiático do concelho.
Em verdade vos digo que Bustos continua a ser a maior, mais cobiçada e aplaudida freguesia do concelho: esta noite, a Equipa A de Bustos voltou a vencer os Jogos sem Fronteiras de Oliveira do Bairro!
E, tal como deixava adivinhar no meu texto do passado dia 1, para o ano que vem Bustos continuará a representar o nosso município nos Jogos sem Fronteiras regionais.
De tão frustradas com tanto brilho bustuense, as outras freguesias...

...até treparam paredes.

Só visto - como foi - por mais de 2.000 gentios!
Parabéns ao Luís (capitão), Adélio, Catia, Couceiro, Dani, Dinis filho (que o pai é mais virado para as rolinhas e perdizes), Karina, Lena, Milu, Raquel e Xana!
Eles foram os maiores, à frente da equipa B da nossa freguesia-mãe, a querida Mamoa Rasa, que ficou em 2º lugar. Em 3º quedaram-se, ex-aequo, Mamarrosa A e Troviscal A.
Como diz o ditado: os últimos são sempre os primeiros.
Não falta quem lhe chame a revolta dos escravos...
*
- Parte II:
Justificando a importância dos jogos, o Sr. Vereador António Mota anunciou em 1ª mão a XXII FIACOBA, este ano sob o signo da Inovação.
Como é sabido, depois do interregno do ano passado, este ano a feira terá lugar entre os dias 20 e 28. O programa segue abaixo, em primeiríssima mão.
É só escolher:
Espera-se uma inauguração em grande do novo espaço, ali na Zona Industrial de Vila Verde.
Como se espera muita polémica, que eu sou dos que acham que aquilo tem ares de elefante branco.
Mas antes de se atirarem que nem cães esfaimados sobre o actual executivo e de começarem a atirar papaias, conviria fazer trabalho de casa e conhecer os primórdios da história do "galáctico" Pavilhão de Feiras e Exposições, cujos trabalhos prosseguem a ritmo galopante.
E eu que o diga, que passo lá todos os dias.

OSCARDEBUSTOS

24 de agosto de 2007

MUEDA - O Início da Desocupação

"mas andava numa guerra estupidamente equivocada"
in Carlos Luzio, Pescador de Sonhos (Guerrilheiro), 2005

LÂNDANA...

...também conhecida pelo nome colonial de Guilherme Capelo.
A bonita igreja de Lândana lembrava o estilo gótico da Europa medieval: aquela torre a querer penetrar os cèus fazia-nos sentir mais perto de Deus.
[Foto de Janeiro de 74]
**
Ou de como duma anunciada invasão de Cabinda pelo Conzo-Zaire de Mobutu (com construção de abrigos anti-tanque à mistura) se fez milagre: foram as mais marivilhosas férias da minha vida.
Deviam ser assim todas as guerras, com lagosta e lindas Cabindas à fartazana.
...
Uma parte do comércio de Cabinda, sobretudo a restauração, era controlado pelos nativos.
Historicamente, Cabinda não pertencia a Angola, já que o seu reino prestava vassalagem directa ao reino de Portugal.
Assim rezava o Tratado de Simulambuco, firmado em 1885 entre os reinos de Portugal e de Cabinda:
"Nós, abaixo assinados, príncipes e governadores de Cabinda, sabendo que na Europa se trata de resolver, em conferência de embaixadores de diferentes potências, questões que directamente dizem respeito aos territórios da Costa Ocidental de África, e, por conseguinte, do destino dos seus povos, aproveitamos a estada neste porto da corveta portuguesa Rainha de Portugal, a fim de em nossos nomes e no dos povos que governamos pedirmos ao seu comandante, como delegado do Governo de Sua Majestade Fidelíssima, para fazermos e concordarmos num tratado pelo qual fiquemos sob o protectorado de Portugal, tornando-nos, de facto, súbditos da coroa portuguesa, como já o éramos por hábitos e relações de amizade. E, portanto, sendo de nossa inteira, livre e plena vontade que de futuro entremos nos domínios da coroa portuguesa, pedimos ao Exmo. Sr. Comandante da corveta portuguesa para aceder aos nossos desejos e dos povos que governamos, determinando o dia, onde, em sessão solene, se há-de assinar a tratado que nos coloque sob a protecção da bandeira de Portugal."

Guilerme Capelo era o comandante da corveta "Rainha de Portugal".

Em rigor, o Tratado de SImulambuco ainda está em vigor, pois nunca foi denunciado por qualquer das partes contratantes...

OSCARDEBUSTOS

PÓVOA (ROSSIO) - OBRAS NA CAPELA DA JUNTA DE FREGUESIA

Segundo informação do senhor presidente da Junta prestada à Assembleia (*) de Freguesia, na sua sessão de 28 de Junho p.p., “a capela da Póvoa” (sic) vai estar sujeita a obras para reparar uma ‘pequena infiltração’ de águas, para além de impedir o aparecimento de outra humidade no interior, provocado por prolongados encerramentos da capela.
Entretanto surgiu uma dúvida, esta capela (a segunda do Senhor dos Aflitos, do Rossio da Póvoa) a quem pertence? À Junta de Freguesia? À Câmara Municipal? Ao Vaticano?
Uma placa assinalando a entidade detentora do património deste bem temporal ajudaria a esclarecer, para memória futura.

Já a capela sineira, que se mantém de pé, pertence ao «povo unido da Póvoa».


---

(*) A actual composição da Assembleia de Freguesia é sui generis. Não pelo espectro partidário, mas pela categoria dos seus elementos. Uns são membros da assembleia de freguesia, como seria de prever, outros são deputados.
Curioso
...
sérgio micaelo ferreira

23 de agosto de 2007

As colunas partiam de madrugada...

... para o norte partiam para a morte
partiam de Luanda flor pisada
levavam morte de Luanda para o norte.
...
Todo o tempo é uma batalha. Ataque. Fuga.
Fuga. Ataque. Silêncio. Um silêncio que aterra.
Que marca o rosto com seu peso ruga a ruga.
Um silêncio que canta na canção da guerra.

Mina. Emboscada. Pó. Pólvora. Sangue. Fogo.
Acerta não acerta? erra não erra?
Perdeu todo o sentido dizer-se até logo.
Metralhadoras cantam a canção da guerra.

...

Há um soldado que grita eu não quero morrer.
E o sangue corre gota a gota sobre a terra.
Vai morrer a gritar eu não quero morrer.
Metralhadoras cantam a canção da terra.

Houve um que se deitou e disse: Até amanhã.
Mas amanhã é o dia em que se enterra
o soldado que disse: Até amanhã.
Metralhadoras cantam a canção da guerra.

*
Manuel Alegre, O Canto e as Armas, 1967
- Fotos: 1) coluna do Comando Operacional de Tropas de Intervenção n.º 1 (COTI-1), deslocando-se para zona de operação militar, no Quitexe, norte de Angola, 1973; 2) Operação na zona da "árvore teimosa" / acampados na fazenda Luisa Maria, Quitexe, norte de Angola, Nov. 73.
OSCARDEBUSTOS

22 de agosto de 2007

Vinho III - Trincadeira

Reprodução autorizada pela Câmara Municipal de Anadia, titular dos direitos sobre a imagem (copyright)]
Autor: Fernando Jorge

*

OSCARDEBUSTOS

20 de agosto de 2007

¨Há males que vêm por bem!¨ , de Manuel Joaquim de Oliveira Sérgio- Parte III

Parte III- A tentativa falhada da criação dos Correios de Bustos gratuitamente pelo Visconde de Bustos.

Isto passou-se numa oitava da Páscoa- dia em que o senhor Visconde, no terraço da sua casa, que se encontrava rodeado de grande número dos seus amigos. Posto ao corrente das condições em que a Estação ia ser criada, o senhor Visconde não se conformou, e exclamando, disse: « E uma vergonha para o povo de Bustos a creação de uma Estação dos Correios por dinheiro, quando noutras terras, não mais importantes, as há de graça! ». Baseado na informação que o Senhor Director dos Correios me havia dado, fiz-lhe ver que a Estação de Sangalhos tinha sido creada nas mesmas condições. retorquiu, afirmando que estava ali de graça.

Contraditando-o com toda a confiança no que aquela autoridade me tinha informado, ele proferiu-me as seguintes palavras, textuais:- O senhor Sérgio não faça essa afirmação, porque não é verdadeira. Eu que lhe digo que a estação de Sangalhos está ali de graça é porque o sei. Se não o soubesse, não lho afirmava!

Todos os ouvintes cuja voz, em coro, sobressaia, davam ao senhor Visconde carradas de razão. a forma como a sua afirmação era feita deixava transparecer que tinha sido conseguida por ele. Apesar de tudo, perguntei-lhe se podia adquirir de graça a Estação para Bustos, ao que respondeu pronta e afirmativamente.- Em que prazo de tempo?- perguntei-lhe. Pensando por momentos, disse: -Em quinze dias. Então dou-lhe trinta- disse-lhe. Achou demais mas concordou.

No regresso a minha casa, onde alguns dos camaradas me aguardavam, sujeitei-me aos seus comentários pelo prazo de tempo concedido, que vieram a ser verdadeiros. Ficou suspenso o peditório e, findos os trinta dias, fui perguntar ao senhor Visconde se tínhamos ou não Estação de graça. A resposta, dada com bastante aborrecimento, foi:- Estas coisas não se conseguem de um momento para o outro. Momento não!- repliquei- porque o senhor pediu-me quinze dias e eu dei-lhe trinta.

Na minha casa, onde de costume, reuníamos, aguardavam os meus camaradas a resposta do senhor Visconde. Ao transmitir-lha, observei-lhes: - Estamos em maus lençóis! A propaganda de que a Estação pode vir de graça é tal que, se vamos pedir dinheiro ao povo, o que o der por respeito, ou por vergonha, de não o dar, dirá: - Lá se vai o meu rico dinheiro para uma obra que podia vir de graça! Outros poderão dizer mais: - Arranjaram de graça e meteram o meu dinheiro no bolso!- Se todos os senhores concordassem - disse- não pedíamos nada ao povo. Restituíamos o dinheiro recebido e pagávamos nos tudo. A resposta de todos, que foi unânime, e sem hesitação, foi concordante, salientando-se a voz do Albano que me perguntou, como aos quatro restantes: De quanto é a sua cota, Sérgio? - Mil escudos, respondi. Passa a dar 1.500. De quanto é a tua cota, Pardal?- Quinhentos escudos. Passas a dar 600.- Qual é a sua cota, Herculano?- Quatrocentos escudos. Passas a dar quinhentos. Qual é a sua cota Quim? Trezentos escudos. Passas a dar 400. A minha era igual à do Quim e também fica igual. E, com um gesto que abrangeu os restantes camaradas, alguns dos quais estavam ali representados e eram os senhores Dr Manuel dos Santos Pato, Manuel Reis Pedreiras, Victorino Reis Pedreiras, Manuel Francisco Domingues e Manuel Francisco Rei, disse: - Os senhores, entre todos, pagam o restante. Todos concordaram da melhor vontade na proposta do Albano que foi cumprida. E que, o senhor Visconde, apesar de, como ainda se diz, sempre ter sido chefe político de grande valor, nunca, como também se afirma, dessa política que foi sempre a seu geito, resultou qualquer benefício para a sua terra. E como em vão havia tentado a Estação dos Correios que foi para a Palhaça, não se sentia bem que sem política- apenas pelo engrandecimento da terra que aos meus camaradas serviu de berço e me acolheu em 1913. Tudo se encontrava solucionado, deparando-se-nos apenas a aquisição da casa para a Estação e habitação do chefe.

Vinho II: As Castas

[Reprodução autorizada pela Câmara Municipal de Anadia, titular dos direitos sobre a imagem (copyright)]
Autor: Fernando Jorge
*
...Retomando o tema do Vinho, inciado em 11/7, aqui
*
oscardebustos

18 de agosto de 2007

Tempo em que se morre

Agora é verão, eu sei.
Tempo de facas, tempo
em que perdem os anéis
as cobras, à míngua de água.
Tempo em que se morre
de tanto olhar os barcos.

É no verão, repito.
Estás sentada no terraço
e para ti correm todos os meus rios.
Entraste pelos espelhos:
mal respiras.
Vê-se bem que já não sabes respirar,
que terás de aprender com as abelhas.

Sobre os gerâneos
te debruças lentamente.
Com rumor de água
sonâmbula ou de arbusto decepado
dás-me a beber
um tempo assim ardente

Poisas as mãos sobre o meu rosto,
e vais partir
sem nada me dizer,
pois só quizeste despertar em mim
a vocação do fogo ou do orvalho.

E devagar, sem te voltares,
pelos espelhos entras na noite acesa.

*
Eugénio de Andrade, "Obscuro Domínio" 1970-71
*
Sempre ele, desde uma Feira do Livro em Aveiro, aos 27/5/84, que foi Dia da Mãe, tendo lido nessa noite o "Poema à Mãe" no então "Bar Café Concerto", sito à rua Eça de Queiroz, n.º 36, em Aveiro.
Chegara pouco antes ao Eugénio pela boca doce duma amiga, estava eu acabadinho de sair do 1º de vários divórcios, a bem dizer...
*
OSCARDEBUSTOS

17 de agosto de 2007

Pai: há tanto MAR no céu!

Costa Nova, hoje, às 7H13.
[com uma piscadela de olho aos 2 Manéis: Serafim e Joaquim]

oscardebustos

14 de agosto de 2007

NB na 9ª etapa da Volta - II

Antes, tudo era calma e descontração.

E o Cândido Barbosa vestia de amarelo.

As meninas, essas, vestiam outras cores....

O circo estava montado,
até que chegou a hora de partir.
Às 14H15, uma hora depois da partida...
pouco restava do grande, luzidio e eficiente circo.

Pois é: mas para os generais brilharem, os soldados rasos, Paulo Ramos, Paulo Martins, Rui, Ricardo Ramos, Ricardo Fernandes, Pedro Edgar, Carlos e Filipe, esses, tiveram de dar o litro.

Momentos depois, qual relógio sincronizado,era a abalada final.

Confirmou-se a minha previsão de ontem:
O Cândido perdeu a amarela...

E foi o nosso Amilcar que a ganhou.

Já não era sem tempo!
Parabéns, Amigo de todos nós,
Africanos de Bustos como tu!
*
oscardebustos
*
Nota da redacção: amanhã há mais, que hoje,
vou ver o mar,
eu que
"Já com meu povo algumas vezes naufraguei.
Fernão de Magalhães fui dar a volta ao mundo
mil caminhos busquei fui nauta vagabundo
e dei a volta ao mundo:só meu país não achei.
E tive do meu povo a estranha herança:
ser triste na alegria alegre na tristeza
e ter o certo por incerto o incerto por certeza
e com meu povo desespero e tenho esperança."
(do Alegre Manuel, começa assim a "Canção de Manuel, Navegador").

NB na 69ª Volta a Portugal!

Prometemos ontem, no post anterior. E para nós, o prometido é de vidro.
Devidamente credenciado, o Notícias de Bustos estará em reportagem na 9ª etapa da Volta, cuja partida terá lugar pelas 13H20 junto aos Paços do Concelho.
É nosso mister entrevistar, pelo menos, o último classificado da tabela classificativa à partida da prova.
Pode ser que assim possamos ficar mais ao corrente do que se passa nos bastidores do grande circo voltista..
Estaremos de regresso logo à noite.
*
*
oscardebustos

13 de agosto de 2007

69ª Volta a Portugal em Bicicleta: Bustuense ganha 9ª etapa

[foto extraída, com a devida vénia, do site http://salgueirodocampo.planetaclix.pt/]

Haverá quem duvide que a Volta a Portugal em Bicicleta constitui o espectáculo desportivo mais mediático de Portugal? Duvido que alguém se atreva a duvidar desta minha não dúvida.
Em verdade vos digo que esta mítica prova desportiva - qual ave fabulosa que, depois de queimada, renascia sempre das próprias cinzas - também renasce todos os anos das cinzas do desporto portuga e sempre, mas sempre, por esta altura das romarias e arraiais do Portugal profundo.
Carregada pela tradição das suas 69
edições, a nossa Volta continua a provocar uma verdadeira romaria popular em seu arredor.
Haverá espectáculo que se lhe iguale no universo místico português? Estou em crer que não, se considerarmos o conjunto de autênticas romarias - apetece dizer “missas campais” distribuídas ao longo das estradas - que a Volta congrega durante 1 prólogo e 10 etapas, distribuídas entre o passado dia 4 e o já próximo dia 15.
Mas vamos ao que importa: é já amanhã, dia 14 de Agosto, que terá lugar a 9ª etapa da 69ª Volta a Portugal em Bicicleta. Perguntarão: e daí, ó meu, onde é que a notícia que nem é notícia interfere com a nossa felicidade?
Solícito, respondo-vos: a 9ª e penúltima etapa tem o seu começo no berço do nosso concelho.

Sim, ali mesmo onde a antiga vila de Oliveira do Bairro se fez cidade, copiando o método de Jesus Cristo para transformar a água em vinho durante uma festa de casamento. Um milagre, esta elevação a cidade! [a]

A este propósito, sou a lembra-vos: a Assembleia Municipal que consumou tal milagre decorreu em Bustos, estava o ex-Presidente da Câmara a preparar as malas para ir gozar o merecido


repouso do guerreiro
["Operação Quitexe", no Rio Lukengue, Angola, Nov.73]
 

Regressando de volta à estrada da Volta do nosso fugaz contentamento:
A etapa começa em Oliveira do Bairro e termina na Torre, decorridos 154,2km de pedaladas de moer os ossos e os músculos de tanto cicloturista distribuído pelas 18 equipas.
Bem a propósito:
Começa a ser altura de Bustos pensar em homenagear Amílcar da Silva Correia, o Amílcar Correia da Azurveira e da África, Grande Homem em tudo na vida, mas também Homem do Ciclismo e participante duma Volta a Portugal em Bicicleta. [b]
Gaita! Estamos à espera de quê? Que se vá embora aos poucochinhos? Ou que embarque de vez, levado nas asas da fénix renascida para essa África lá de cima, a dos embondeiros regados por Deus?

Amanhã, antes do meio dia, vou estar bem perto do local de partida de mais uma etapa das voltas que a vida dá; ali, à portinha do bonito edifício dos Paços do Concelho.
Para torcer pelo nosso Amílcar Correia!
Tenho a certeza de que vai ser ele o Grande Vencedor da 9ª Etapa da Volta a Portugal em Bicicleta!
Amílcar Correia na 19ª Volta a Portugal, em 1956, com mais 2 colegas, a representar Angola.





[a] - «Assim, em Caná da Galileia, Jesus realizou o primeiro dos seus sinais miraculosos, com o qual manifestou a sua glória, e os discípulos creram nele» [Jo, 2, 11].
[b] - Recordo os dias vividos com o Amílcar em 1997/98, a propósito duma acção de despejo dum arrendatário dele no Barreiro.
Souberam-me a mel umas quantas paragens nos parques merendeiros da AE1, que isso dos restaurantes é para nos arrombar a saúde, dizia ele e com razão.
Lembro-me, como se fosse hoje, dum excelente frango estufado, acompanhado do precioso néctar, distribuído por pequenas garrafas, tudo sob a maior das organizações, método, eficiência e, sobretudo, da excelente qualidade de toda a matéria-prima, escolhida a dedo no aido, que ali não entrava bicho ou planta estranha às usanças da casa.
 
Bem haja, Amílcar e
Até Sempre!
**
OSCARDEBUSTOS

12 de agosto de 2007

S. Lourenço e S. Gregório: a mesma luta...

…só os caminhos são diferentes.

Tal como acontece desde 2005 (ver aqui) o nosso S. Lourenço continua a peregrinar por terras de S. Gregório.

E não é que o povo da Barreira continua “motaguerrilheiro”!
Este ano, acompanhei um pouco este pequeno S. Lourenço, a quem narrei a explicação do símbolo da grelha. Curioso: nem ele nem ninguém
parecia conhecer os contornos do suplício do nosso todo querido S. Lourenço.

Quanto ao estigmatizado S. Gregório: quantas vezes as batalhas da fé não foram vencidas por guerrilheiros ou franco-atiradores, esses verdadeiros outsiders dos exércitos oficiais.
Ele haverá melhor exemplo do que S. João Baptista?
Uma novidade: as mulheres do Apostolado do Oratório “Arautos do Evangelho” estrearam o seu estandarte.

E depois de passar ao redor do calmo S. Gregório, ali no cruzeiro da Barreira, foi o regresso ao sítio das duas Igrejas…

...e, por isso mesmo, já de costas voltado para o torreão que foi do Sr. Visconde.

Confirmou-se ontem que o povo do lugar de Bustos não teme tempos de crise e muito menos receia as temerárias incursões do 1º ministro no domínio dos direitos adquiridos pela função pública desde o tempo da outra senhora.
Bustos respondeu como se impunha: em massa, o povo saiu à rua a venerar o seu (e meu, que sou todinho daqui!) Santo de devoção.
Queremos o S. Lourenço todos os dias!
*
oscardebustos

MIGUEL TORGA, 12.08.1907



'PONTE' DA VALA DO SARDO - EVOCANDO MANUEL JOAQUIM



Momento de Festa congregou amigos à volta da mesa desenhada em U no ‘pátio das memórias’ com o fito de evocar Manuel Joaquim dos Santos & companheiros de fartas e famosas venturas.


El Cid Óscar desunhou-se para apresentar o «tronco» lavado e aperaltado a rigor e, quando largou o equipamento de ‘capataz da quinta’ já os convivas tinham bem acomodado o fatiado de presunto e escolhidos os néctares vinícolas para a grande maratona da tarde.


Quis a buena dicha trazer de volta o valioso material documental de uma célebre exposição na ABC que era suposto estar destruído. Alberto Martins, o mister do «Bustos à Lupa», está de parabéns.


Do lote de fotografias de ‘Bustos d’Outrora’ optei por destacar a do pontão de eucaliptos(?) sobre a Vala do Sardo para homenagear Manuel Joaquim. Ao olhar para a foto, “Se não arregalei os olhos, pelo menos desmesurei-os. Tinha nas mãos um achado surpreendente” (in Arsénio Mota, Organum, dez contos com livro dentro, campo das letras, 2004). O documento espelha bem a precariedade da circulação de pessoas e bens há meio século atrás.


A primeira reclamação de Bustos para se construir a ‘ponte’ sobre a Vala do Sardo para ligar Bustos à Quinta dos Troviscais, ao se conhece, foi publicada na “Gazeta de Cantanhede”, em texto de Arsénio Mota.


Mais tarde, em consequência da morte de Sebastião Catarino, da Quinta dos Troviscais, ocorrida na enxurrada na Vala, Manuel Joaquim dos Santos natural do Montouro, reforçou a Manuel dos Santos Pereira, Presidente da Câmara de Oliveira do Bairro a necessidade de ser construída a ‘Ponte’.


As Câmaras de Oliveira do Bairro e de Cantanhede recebem autorização de Lisboa, para a sua construção, o Eng, Santos Pato (Néu) projecta, a Junta de Freguesia de Bustos faz os alicerces – para diminuir a despesa camarária e Duarte Nuno constrói. A ‘Ponte’ é inaugurada com “banquete” no Piri-Piri. Duarte Nuno, o construtor, falta.


Segundo Manuel Joaquim dos Santos, foi Manuel Peralta, da Póvoa – antigo lanceiro da Rainha D. Amélia –, que ia trabalhar para a Quinta dos Troviscais, o primeiro a passar pelo pontão.


A ‘Ponte’ da Vala do Sardo veio aproximar e de que maneira, as populações de Bustos e da freguesia dos Covões. Ficaram célebres as deslocações de caravanas de Bustos aos festejos do Montou. Que o digam o VT, o Chico, o Augusto Serafim (com a Ford) e tantos outros.


Um obrigado a Arsénio Mota, autor da colecção de fotografias agora descoberta por Alberto Martins.


Os protagonistas presentes ajudaram à lavra, as histórias mais condimentadas foram escutadas e condimentadas com bastante piri-piri
Manuel Joaquim, continuas no meio de nós.


sérgio micaelo ferreira, 11.08.2007

10 de agosto de 2007

CANTARES POPULARES DIVIDIDOS

Cantares Populares Divididos
Bustos

Os Cantares Populares de Bustos encontram-se divididos entre a realização de actuações e o acelerar dos preparativos para a realização do Cantábus – Festival Bienal de Música Tradicional, a realizar no próximo dia 12 de Agosto, pelas 15:15 horas.

No dia 5 de Agosto os Cantares Populares deslocaram-se a Torre de D.Chama, uma bonita vila de Trás-os-Montes, a maior freguesia do concelho de Mirandela, distrito de Bragança, a fim de animar a realização da III Semana Cultural da Torre.

Nesta vila, caracterizada pelas suas curiosas lendas, a Festa do Careto e o seu extraordinário património arquitectónico, a semana Cultural iniciou-se com uma cerimónia de apresentação de um Roteiro Turístico para a Torre e o lançamento do livro “O Verão é do Divino Senhor” do antropólogo Telmo Carvalho. Foi precisamente para esta cerimónia, que decorreu na Galeria da Praça Central da Vila, que os Cantares Populares foram convidados para fazer a apresentação do seu trabalho.


Numa exibição semi-acústica, dadas as excelentes condições da sala de espectáculo, os Cantares Populares, muito honrados com este convite, mostraram o melhor dos seus 24 anos de actividade. A melhor recompensa acabou por se concretizar nos comentários finais da assistência e no interesse da Câmara Municipal de Mirandela em convidar os grupo para os festejos da Cidade.

A associação Orfeão de Bustos, e os Cantares Populares em particular, irão registar esta actuação com grande carinho e satisfação tanto pela forma fantástica como decorreu a mesma quer pela forma calorosa com que o grupo foi recebido na Vila da Torre.

A associação Orfeão de Bustos agradece à associação ABC de Bustos, que viabilizou a realização deste serviço cedendo uma carrinha para a deslocação dos músicos, e a todos os amigos que acompanharam o grupo nesta deslocação para lhe prestar o seu apoio.

Por outro lado a associação concentra os seus esforços na organização do Cantábus, a festa da música tradicional onde, à semelhança de 2005, se pretende fazer uma homenagem ao traje tradicional local e à música tradicional portuguesa. As vozes, os bombos, as gaitas de foles, os cavaquinhos, as braguesas, os acordeons, os violinos, e tantos outros recursos, fazem os últimos ensaios para as apresentações de dia 12.

A Vila de Bustos irá certamente estar mais uma vez à altura deste evento que irá honrar a freguesia e o Concelho, onde a Comissão de Festas de S. Lourenço e população local irá ter um papel determinante na honrosa recepção dos grupos convidados:


SempraBombar;

Ventos da Ria;
Gaiteiros do Popularis;
Cantares do Vouga
Cantares do Moinho.

Os Cantares Populares de Bustos, como grupo anfitrião, farão o encerramento do festival.

Os Cantares Populares irão também marcar presença, no próximo dia 14, na animação agendada para a Partida de Oliveira do Bairro, relativa à 69ª Volta a Portugal em Bicicleta.

Regina Alves

"Portugal sem fogos depende de todos"-CMOB


Proteja a sua casa em 10 passos

O que diz a lei( Decreto-Lei nº 124/2006, de 28de Junho):

1-Conserve uma faixa pavimentada em redor da sua habitação (de 1 a 2 metros).

2-Mantenha as árvores em redor da habitação desramadas 4 metros acima do solo (ou 50% da altura total da árvore se esta tiver menos de 8 metros) e providencie para que as copas se encontrem distantes uma das outras pelo menos 4 metros.

3-Certifique-se de que as árvores e arbustos s e encontram, pelo menos, 5 metros afastados da edificação e que os ramos nunca se projectam sobre a cobertura.

4- conserve o terreno limpo num raio de 50 metros em redor da habitação [ por exemplo, para proteger os seus bens e criar uma área de segurança para a actuação dos bombeiros], segundo as orientações do anexo ao decreto-lei nº 124/2006.

5-Mantenha as sobrantes da exploração agrícola ou florestal (estrumeiras, matos para a cama dos animais, etc.) fora das faixa de 50 metros em redor da habitação.

6-Mantenhas as botijas de gás e outras substâncias inflamáveis ou explosivas longe da habitação [ a mais de 50 metros] ou me compartimentos isolados.

7-Guarde as pilhas de lenha afastadas da habitação[ a mais de 50 metros] ou em compartimento isolado.Adicionalmente recomendamos que:

8-Mantenha uma faixa de 10 metros limpa de matos de cada lado do caminho de acesso à sua habitação.

9-Mantenha a cobertura e as caleiras da habitação completamente limpas de caruma, folhas ou ramos, que podem facilitar o surgimento de focos de incêndio.

10- Coloque uma rede de retenção de folhas nas chaminés da habitação e não deixe frestas abertas por onde possam entrar folhas para o seu interior.

EM CASO DE EMERGÊNCIA LIGUE 117 /234 740 370

No concelho de Oliveira do Bairro foram registados, em 2006, 82 fogos florestais e 19 fogos urbanos/industriais. Todos os grandes incêndios começam por ser pequenos, a prevenção DEPENDE DE TODOS.

Os incêndios florestais são uma das principais catástrofes em Portugal. constituem uma fonte de perigo para as pessoas e bens, além de provocarem danos ambientais. As causas são muito variadas, mas muitas dão-se por descuido humano.

____________________________
Desdobrável informativo da Câmara Municipal de Oliveira do Bairro " Portugal sem fogos depende de todos".

(Clique sobre a imagem para ampliar)

9 de agosto de 2007

O CANTO E AS ARMAS - I

Canto as armas e os remos
as pedras e os metais
e as mãos que transformando
se transformam. Eu canto
o remo e a foice. Os símbolos.
Canto o martelo e a pena.
Meu sangue é uma guitarra
tangida pelo Tempo.

Canto as armas e as mãos.
E as palavras que foram
areias tempestades
minutos. E o amor.
E também a memória
do cravo e da canela.
E também a quentura
doutras mãos: terra e astros.
E também a tristeza
e a festa. O sangue e as lágrimas.
O vinho: puro ardor.
A também a viagem:
navegação lavoura
indústria – esse combate.
Procurai-me nas armas
no sílex no barro.
Pedra: meu nome é esse.
E escreve-se no tempo.

Canto o carvão e as cinzas
as gazelas e os peixes
na fogueira contínua
das cavernas. E a pele
do tigre sobre a pele
do homem. Eis meu rosto:
está gravado na rocha.
Procura-me no fóssil
e no carvão. Meu rosto
é cinza e primavera.

Canto as armas e os homens,
Porque a Tribo me disse:
tu guardarás o fogo.
E por armas me deu
o bronze das palavras.

Meu nome é flecha. E perde-se
no pássaro. Começa
meu canto onde começa
a construção. Pastores
do tempo são meus dedos.
Caçadores de coisas
impossíveis. Eu canto
os dedos que transformam
e se transformam. Canto
as marítimas mãos
de Magalhães. As mãos
voadoras de Gagárine.

Procurai-me no mar
procurai-me no espaço.
Estou no centro da terra.
Meu nome é cinza. E espalha-se
no vento. Sou adubo
fermentação floresta
e cintilo nas armas.

Canto as armas e o Tempo.
As minhas armas o
meu tempo. E desarmado
pergunto à flor pergunto
ao vento: viste lá
o meu país? E o meu
país está nas palavras.
Porque a Tribo me disse:
tu guardarás o fogo.
E por armas me deu
esta espada este canto.
*
Manuel Alegre: O Canto e as Armas / Ed. Poesia Nosso Tempo, 1970 (a 1ª edição é de 1967)
*
Adquiri o livro em Lisboa em Junho de 70, antes da guerra me bater à porta. A foto do Manuel Alegre na contracapa foi tirada na Real República Bota Abaixo, em Coimbra, onde ele passava muito tempo e tinha amizades fundas. E cumplicidades. Ali fui repúblico poucos anos depois: entre 1966 e 69, donde parti para Lisboa e depois prá guerra que o pariu; ali estive de novo, entre 1974 e 76, já depois de ter regressado de dar o corpo às áfricas nossas.
Cada vez que releio este 1º poema do 2º livro de poesias do Manuel Alegre lembro-me do Carlitos Luzio. E quase pergunto: o seu autor foi o aguedense Manuel Alegre ou o Carlos Luzio de Bustos?
É que ambos passaram pela guerra e são PESCADORES DE SONHOS.
E se um vai deixar, o outro já deixou, os SONHOS POR CUMPRIR
*
oscardebustos

7 de agosto de 2007

CHÃO QUE DEU UVAS

Depois duma curta, mas frutuosa [1], viagem à região vinhateira galega, um conhecido vitivinicultor bairradino (nas horas vagas [2]) retoma produção do famoso Bical e Maria Gomes!
Fruto dessa viagem e das influências movidas, os 16.000m2 do vinhedo da família, sito ao Portiño - Mama Rosa, está em vias de ser recuperado com o apoio do FEDER (Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional), da Xunta de Bustos e do Axuntamento de Olivera do Barrio!

Este feliz desenlace só foi possível porque o Departamiento de Turismo Rural e da Defesa do Património Agrícola e Cultural do Ejecutivo Municipal fez questão em cumprir - conferindo-lhe prioridade máxima - uma promessa eleitoral que vinha sendo mantida no mais absoluto sigilo.
*
Na realidade, o Departamiento faz questão em pôr a região vinhateira da Bairrada Norte no mapa turístico e promocional do Pais, da Europa e arredores.
O novo ejecutivo contratou já uma poderosa e cativante campanha promocional, que ocupará tudo o que são outdoors nacionais e circunvizinhos, sob o lema “ALLBARRIO”.
Segundo as próprias palavras da responsável pelo peloiriño [3], “o nosso objectivo é articular, de forma bem oportuna, o sempre sequioso mercado inglês com as nossas "raízes", in casu, as reportadas à presença árabe na região, presença essa que, infelizmente e para mal dos nossos pecados, foi desbaratada pelo conhecido etarra, que dá pelo nome de Afonso Henriques, melhor conhecido pela alcunha de “O Conquistador”.

A população concelhia promete festa da rija na inauguração da FIACOBA, que ainda este ano irá decorrer nas moderníssimas instalações do Pavillón das Feiras e Congresos, na Zona Industrial de Villa Verde, desde logo pela mais-valia que representa uma promoção forte e aguerrida do melhor fruto da nossa terra - os vinhos brancos, sobretudo os da matriz Bical e Maria Gomes - DO (denominación de orixe).
Poderemos já adiantar que, com a promoção de tão auspicioso evento, a rentabilização dos custos de investimento do gigantesco pavillón das feiras (e também dos muitos "congresos" que se adivinham) fica garantida a curto prazo, pois passarão a realizar-se ali, anualmente e com efeitos a partir do próximo ano, as Xornadas Gastronómicas do Viño, do Lechon, do Rojon da Tripa e do Pao, as quais irão ter lugar de 27 do xullo ó 31 de Agosto de 2008 (a 1ª de muitas, pelo menos enquanto este ejecutivo durar).

Vai ser uma festa!!!
É o muito que vos conta o

oscardebustos
*
[1] - O visado trouxe uns viñitos Albariño e umas garrafitas de Herbas das Bodegas Aguiuncho, SL, o que ocorreu na sequência de visita à bodega (“adega”) de Manuel Francisco Pinto e duma troca de impressões entre dois experts, um dos quais falhado…Uma das ditas, um branco Albariño (Eira da Raia, Rias Baixas/Denominación de Orixe, Cosecha 2004), já se foi eta noite, na companhia de 2 amigos.
[2] - Mas quais horas vagas?
[3] - Trata-se da mais pura e irrelevante coincidência a existência de fortes laços de parentesco e amizade entre os dois visados.

EFEITO DE UM RECADO: JUNTA DE FREGUESIA DE BUSTOS APOIA O CICLOTURISMO


6 de agosto de 2007

Regresso ao Condado Portucalense

Ou de como
nem tudo
são rosas
no reino da...
Galicia.
*
E aqui vou eu a caminho...de Baiona e depois, vou passar por OIA (vila geminada com a nossa Oiã), até La Guarda.

Vou seguir o caminho da margem norte do rio Minho e ver Caminha, Vila Nova da Cerveira (olá, comentador!), inté Valença.











De facto, somos mesmo do sítio aonde sempre regressamos.

*
oscardebustos
P.S. (salvo seja): A Telefónica espanhola, em termos de Wi-FI, não chega aos nossos calcanhares. Ainda por cima, estão na siesta das 2 à las 5 de la tarde.
E eu aqui sentado (a teclar no portátil) à porta cerrada da dita, na Colón de Vigo.

5 de agosto de 2007

Feiras Populares na Galicia

Ao passar ontem pela estrada da beira mar que liga Sanxenxo a O Grove, deparei-me com o Grupo Folclórico da Associación Cultural "Lembranzas", de Portonovo, aqui na região marítima das Rias Baixas.
Ia só e não hesitei em parar. A malta era toda muito jovem e seguia a pé, rufando tambores e tocando gaitas-de-foles; as/os dançarinos já tinham passado, todos e muito povo, com destino à abertura oficial da 8ª Feira de Produtos Galegos, na Praia Montalvo - Arra, concello de Portonovo e que ocorre no 1º fim de semana de Agosto.
Claro que fui à informal abertura da pequena feira, instalada num enorme pavilhão de toldo. Ainda por cima não tive de aturar nenhum autarca corta-fitas, que os não havia por lá. Ou então "tem pai que é cego"!
Conversei com a malta nova do Lembranzas, todos eles bem vestidos nos tradicionais trajes de gala, o que fiz ainda antes de ir para a longa fila comprar 2 dos muitos e diferenciados tiquetes, cada um deles destinado a tudo o que era marisco, incluindo os recorrentes mexillones, pulpo à feira, sardinas e bebes para todos os gostos, em especial o Albariño da região. O vinho da região domina sobre a cerveja e só vi meia dúzia de jovens agarrados aos tradicionais copos de plástico da dita.
Isto diz tudo sobre a defesa dum chão que se quer rente à terra, como repetia Eugénio de Andrade. E como a gaivota é.
Tal qual o grande poeta galego Laxeiro, que “Facendo debuxo ou pintura”, é um poeta da terra: “pinta côas colores da terra, recrea as formas sinuosas ou crebadas da terra, mostra a densidade e forza da terra, imortaliza os costumes nacidos na terra perpetuados mais tarde nuns homes e mulleres que son terra.
RENTE À TERRA.(*)
*
Ena! Os simpáticos Lembranzas tinham actuado o año passado perto de Coimbra, numa terra muito bonita à beira do rio Mondego e cujo nome não recordavam, mas os marcou profundamente de tão deslumbrante que era. Tanto insisti, à medida que ia fotografando o grupo no interior do pavilhão, que uma jovenzita disse qualquer coisa como piqueniños e que aquela aldeia portuguesa era muito linda.
Finalmente, achei!! Então não era mesmo do Portugal dos Pequeninos que eles estavam a falar! Foi lá que actuaram e se deliciaram a entrar nas casitas pequenas da infância do nosso contentamento.
*
Vivida esta comungada alegria, esperei a bem esperar na fila dos tiquetes ou tarjetas.
A conselho dum irmão galego, escolhi cigalas na plancha, porque – sentenciou - era o marisco que mais sabia a mar. Uma garrafa dum Albariño fracote ajudou à festa, a custos que quase competiam com o excelente "Barrica" das Bodegas Aguiuncho. Onde fui às compras na véspera, pois claro. Ou pensam que tenho andado a dormir e a tostar ao sol galego?
*
As cigalas sabiam mesmo a mar e ajudou à minha festa um patrício de Aveiro, a viver em Amarante, 55 anos, aprendiz de médico, fez questão de realçar. Pedro Cunha anda por estas bandas há 20 anos, tem cara de não ter falhado nenhum e não hesitou em recomendar-me a melhor casa de marisco e linguado grelhado, o Meison Miró, em Portonovo. Como me recomendou as IX Xornadas Gastronómicas do Albariño, em Cambados, do outro lado da península d’O Grove e que perduram do 27 de xullo ó 19 de agosto, no Paseo da Calzada. E o festival da sardiña e do marisco na Villa de Portonovo, enquadrado nas Festas
na Honra de San Roque e a Virxe do Carme, de 11 a 16, sendo 14 o dia da sardinha.
Ah! E não é que aproveitei para comprar um Queixo Tetilla (denominación de orixe), de Curtis, A Coruña!
A Galicia vale mesmo a pena!
oscardebustos
*
(*) "Laxeiro, o Poeta da Terra”, texto de Helena Villar Janeiro, grande poetisa galega dos nossos dias, publicado no El Correo Gallego/ Galicia Hoxe.
*
Mariscos na plancha: Cigalas - os nossos lagostins pequenos; Langostinosgambas grandes; Zamburiñasvieiras mais pequeñas; Brochetasespetadas do mar com pimentos; Bogavantelavagante; LangostaLagosta.Sem esquecer os saborosos pimentos padron: unos picam, otros non.