28 de setembro de 2007

BIBLIOTECA DE BUSTOS - AO CENTRO

Discretamente a enjeitada Biblioteca de Bustos está a dedicar um momento a Vicent Van Gogh e arredores da poesia. A Dr.ª Prazeres Duarte rodeou o célebre famoso e «anormal» pintor com poemas no mesmo banho colorido . Tão longe estava Van Gogh da «norma», no dizer do ‘diácono remédios’, que levou Camille Pissarro a comentar: «Esta criatura ou enlouquece, ou nos deixa a todos nós muito atrás de si».


Durante a sua vida, Van Gogh apenas vendeu um quadro.
Já não será «anormal» a Biblioteca de Bustos ficar no centro.
sérgio micaelo ferreira

27 de setembro de 2007

27. Setembro.2007 - BUSTOS . Acontece

1) O Carlos Luzio vai ser ouvido na evocação a ocorrer a partir das 18H10 junto à sua morada no maior condomínio da freguesia. A concentração da romagem, marcada para as 18H00, partirá junto da Biblioteca de Bustos.

2) A Assembleia de Freguesia tem encontro marcado para as 20H00 na Casa da Freguesia (que tem na placa a inscrição “Junta de Freguesia”).
sérgio micaelo ferreira

26 de setembro de 2007

JUNTA DE FREGUESIA DE BUSTOS TEM MAIS UM ENDEREÇO

Uma boa notícia que apraz registar.

MILTON COSTA ELEITO PRESIDENTE DA FEMS


O Doutor Milton Costa é o novo Presidente da Federação Europeia das Sociedades de Microbiologia (FEMS). O bustuense é o terceiro português a ocupar o cargo de Presidente de uma sociedade científica internacional em áreas das Ciências da Vida; a Prof. Claudina Rodrigues-Pousada do ITQB (Oeiras) foi Presidente da Federation of European Biochemical Societies (FEBS) e o Prof. Manuel Sobrinho Simões do IPATIMUP (Porto) foi Presidente da European Society of Pathology (ESP).

Milton Costa tomou posse do Cargo de Presidente da Federation of European Microbiological Societies (www.fems-microbiology.org) no passado dia 8 de Setembro, durante a Assembleia-Geral que teve lugar na cidade de Dubrovnik, Croácia, função que exercerá por um período de três anos, tal como estipulam os Estatutos da Federação. O reputado cientista já exercia o lugar de Vice-Presidente para o qual fora eleito em 2004.

A FEMS congrega cerca de 30.000 sócios distribuídos por 46 sociedades nacionais ou internacionais de 36 países europeus, incluindo as sociedades nacionais da Turquia e Israel. A FEMS foi formalmente constituída em 1974, tendo por missão fomentar a investigação e o ensino da Microbiologia no espaço Europeu, coordenar actividades internacionais das sociedades membro e representar as sociedades europeias noutras organizações internacionais.

A Federação possui uma sede na cidade holandesa de Delft com oito funcionários e publica cinco revistas científicas em áreas da microbiologia, concede cerca de 450.000 euros anuais em subsídios para a organização de congressos internacionais realizados em países membros da FEMS, bolsas para jovens investigadores que pretendam fazer investigação em laboratórios de cientistas de países diferentes do seu, assim como bolsas de investigação avançadas para jovens doutorados durante períodos que excedem seis meses. Atribui ainda o Prémio Jensen/Norris de investigação para jovens cientistas, o Prémio e Medalha Lwoff (1º Presidente da FEMS e Prémio Nobel) para investigadores de reconhecido mérito científico (de três em três anos), subsídios para deslocação de jovens investigadores a congressos internacionais de microbiologia e organiza o Congresso Europeu de Microbiologia que se realiza cada três anos (mas que se passará a realizar cada dois anos).

25 de setembro de 2007

CARLOS LUZIO (10.08.1947 - 27.09.2004) Romagem ao cemitério 18H00 (dia 27). Concentração junto à biblioteca

(10.08.1947 - 27.09.2004)
“No meu quintal há um verde infinito
Que faz as delícias do meu olhar”
Carlos Luzio, Pescador de Sonhos (O Meu Quintal), Edição póstuma, Bustos, 2005.

24 de setembro de 2007

ACTIVIDADES DA JUNTA EM RESUMO (28.06 a 11.09.2007)


Cópia do documento assinado pelo senhor Presidente da Junta de Freguesia e que servirá de suporte ao 1º ponto do Período "Antes da Ordem do Dia" da sessão ordinária de 27.09.2007 da Assembleia de Freguesia.
**

JUNTA DE FREGUESIA DE BUSTOS


ACTIVIDADES
DA JUNTA DE FREGUESIA
Período de 28/06 a 11/09/2007


Para um melhor acompanhamento pelos Senhores Deputados da actividade da Junta de Freguesia no período intercalar acima referido, iremos de uma forma simples e sucinta explanar algumas actividades desenvolvidas.
1- Foi refeita a pesquisa de água que alimenta o Lavadouro das Coladas e estamos a aguardar o pleno funcionamento do mesmo.
2- Têm sido feitos os cortes de relva e limpeza do Jardim da Póvoa, do Sobreiro, Quinta Nova, zona envolvente da Junta e respectiva rotunda.
3- Limpeza de valetas nas Rua David Pessoa, Rua dos Reis, Rua do Cabeço, Travessa dos Reis, Rua Jacinto dos Louros, Rua da Picada, Rua do Corgo.
4- Foi feita, como é habitual, uma limpeza mais profunda em todo o percurso na Rua 18 de Fevereiro, Largo da Barreira, Avenida da Igreja, aquando dos festejos de S. Lourenço.
5- Concluiu-se a implantação toda da toponímia, faltando apenas corrigir duas ou três anomalias em placas informativas.
6- Foram feitos trabalhos de saneamento de aguas pluviais, colocação de lancil e pavês cedidos pela Câmara Municipal na Rua 18 de Fevereiro (Quinta Nova) e na Rua do Sobreiro.
7- Foram abertos e alargados caminhos na zona florestal numa extensão de mais de vinte e cinco quilómetros com a colaboração da Câmara Municipal que cedeu equipamentos para tal efeito.
8- Foram feitas limpezas nos adros das Escolas da Quinta Nova e de Bustos no início do ano lectivo.
9- Deu-se todo o apoio ao desenrolar dos Jogos sem Fronteiras do Concelho de Oliveira do Bairro, onde a equipa de Bustos foi vencedora.
10 - Foi celebrado protocolo com a Câmara Municipal e AM Ria para manutenção do Programa Aveiro Digital.
11 – Foi estabelecido contacto com os CTT, não tendo ainda qualquer resposta para reunião conjunta.
12- Estamos a proceder à limpeza de valetas na zona de Azurveira.

Bustos, 11 de Setembro de 2007

O Presidente da Junta de Freguesia
a) ...

Assembleia - ORDEM DO DIA - Ponto único (1ª Revisão ao Plano de Actividades e Orçamento'2007)

Assembleia de Freguesia de Bustos - 27. Setembro. 2007 - 20H00.

*
Segundo o documento a seguir transcrito, a Junta de Freguesia informa que mantém “toda a disponibilidade para qualquer esclarecimento adicional” sobre o teor do ponto único da Ordem do Dia que os “Senhores Deputados” solicitem.
*

JUNTA DE FREGUESIA DE BUSTOS
Plano Orçamental Para o ano 2007
1ª Revisão


I- Introdução
O plano orçamental apresentado e, agora, revisto não sofre no seu total qualquer alteração a nível de receitas previsionais.
Houve necessidade de introduzir esta Revisão dado que no capítulo das despesas foi necessário introduzir verba destinada à aquisição de equipamento áudio, visto ter sido furtado das nossas instalações o equipamento que detínhamos.
Foi também introduzida verba destinada à Casa Mortuária para melhorar a impermeabilização e refazer a pintura interior.
Foram ainda corrigidas as verbas respeitantes ás despesas de combustível bem como da Segurança Social.
Nada mais temos a acrescentar a esta Revisão, pelo que mantemos todo o conteúdo que justificou o Plano de Actividades, Orçamento e as acções, cujo conteúdo tem como objectivo dar conhecimento abrangente c detalhado de forma a se poder fazer uma leitura correcta e eficaz de todas as rubricas com a ajuda dos mapas em anexo. Nestes estão todos os campos descritos que, de uma forma sucinta e objectiva, projectam as acções que pretendemos levar a efeito no ano económico 2007.
Face à politica orçamental já definida e anunciada pelo governo, no seu Orçamento de Estado em que a Administração Central continua a pouco privilegiar a Administração Local.
Como se pode verificar, mais uma vez, as transferências o FFF[1] não beneficiam a nossa Freguesia, mantendo-se sem qualquer alteração o definido no Orçamento no ano anterior.
Dado que. só nos resta o apoio da Administração Local através do protocolo da limpeza de valetas e o compromisso de dois protocolos um para o Bairro Económico c outro para Parques e Jardins (protocolos de cooperação).
Dado que a politica salarial desta Junta de Freguesia vai continuar ao encontro do poder de compra dos nossos trabalhadores.
Dado que as nossas fontes de rendimento não sofrem alterações, são poucas e advêm da venda de sepulturas, da feira e de taxas e serviços, cujo montante é reduzido, como facilmente se pode constatar pelos elementos da Conta de gerência dos anos anteriores.
Desta análise só podemos concluir que o plano e Orçamento apresentado continua a ser optimista, terá que ser inferior ao nosso desejo, no entanto o nosso objectivo é trabalharmos nas prioridades que definimos e nas acções apresentadas


II – Plano Plurianual de Investimentos
O Plano Plurianual de Investimento apresentado não sofre qualquer alteração, embora tenha sido suprimida uma verba de 5.000,00 Euros (cinco mil euros) na rubrica dos cemitérios, à semelhança dos anos anteriores, retrata também de uma forma sucinta c explicita as obras de investimentos que queremos fazer, e cuja especificação está descrita nos mapas em anexo.


III – Orçamento da Receita e Despesa
O Orçamento apresentado para este ano económico 2007 está consolidado com as Receitas previstas a arrecadar num montante de 157.580,00 € (cento e cinquenta e sete mil quinhentos e oitenta euros), de forma a fazer face ás Despesas do nosso Orçamento, que à semelhança dos anos anteriores mantém um equilíbrio sustentado em investimento sem deixar de ser praticado um bom serviço à população da nossa Freguesia.

1 – Receitas
As Receitas são essencialmente provenientes do FFF, estimadas no montante de 55.180,00 € (cinquenta e cinco mil quinhentos e oitenta euros[2]), bem como nos protocolos que queremos aumentar com a Câmara Municipal, no âmbito de transferência de competências para diversos serviços e investimentos, cujo montante rondará os 50.000,00 € (cinquenta mil euros).
A outra proveniência de receitas já foi abordada, pelo que o Orçamento apresentado em mapa resumo totaliza os 157.580,00 € (cento e cinquenta e sete mil quinhentos e oitenta euros), já referenciados.


2 – Despesas
De acordo com a abordagem feita na Introdução deste Plano de actividades, esta Junta de Freguesia tem como elemento preponderante apresentar Actividades cujas despesas correntes não prejudiquem as despesas de Capital. Assim e para uma conclusão final e objectiva em termos numéricos as primeiras somam um montante de 94.230,00 € (noventa e quatro mil duzentos e trinta euros) e as segundas já com a correcção introduzida 63.350,00 € (sessenta e três mil trezentos e cinquenta euros), cujo somatório perfaz os 157.580,00 € (cento e cinquenta e sete mil quinhentos e oitenta euros).


..

IV – Conclusão
Os documentos em [que] se faz a projecção provisional contém todos os elementos descritos no âmbito da consulta formal legal para serem aprovados em Assembleia Ordinária prevista a convocar no prazo legal e a levar a efeito durante o mês de Setembro de 2007.
Face à apresentação de todos estes elementos informamos manter toda a disponibilidade para qualquer esclarecimento adicional na sede da Junta de Freguesia ou em Assembleia aos Senhores Deputados, sobre questões e assuntos inerentes e que entendam convenientes à discussão deste plano que vos apresentamos.
Bustos, 11 de Setembro de 2007
O Presidente da Junta de Freguesia
a)

...... ..............
...........
[1] FFF – Fundo de Financiamento das Freguesias [Nota do editor]
[2] Leia-se “(cinquenta e cinco mil cento e oitenta euros)” em vez de “cinquenta e cinco mil quinhentos e oitenta euros”. [Nota do editor]

23 de setembro de 2007

BICICLETA, DE FORA

"Uma bicicleta na cidade é subversiva, é infantil, é indecente. Não cabe nos passeios, salta nos buracos, dança na largueza ululante das ruas, é proibida nos parques e nas auto-estradas: só metida no quintal do avô, fora de portas, ou no quarto, a coitada foge à ira, um empecilho crónico, uma doença".
http://www.prof2000.pt/users/secjeste/ciclismo/Pg000410.htm
........................................................................................... Arsénio Mota
*

A ‘Semana Europeia da Mobilidade’ fechou portas. O balanço ficará para o próximo dia europeu sem carros.

Sobressaem algumas medidas em Oliveira do Bairro’2007 tendentes a melhorar a circulação viária e a baixar a produção de Dióxido de Carbónico [o lançamento da rede municipal de transportes colectivos – TOB; a criação de pista bi-ciclável a marginar o rios Cértima e Levira].

A campanha ‘melhores ruas para todos’, com pista destinada a ciclistas e peões, deverá ter o seu expoente na futura Alameda que passa pelo terreno da antiga cadeia.

Bustos, com as ruas ‘18 de Fevereiro’, ‘do Sobreiro’ e ‘Jacinto dos Louros’ requalificadas, continua a enfermar da pecha de suportar um apreciável fluxo de trânsito a circular pelo seu centro, e não se vislumbra que tão cedo ele seja retirado de lá.

Ultimamente tem havido algumas referências apelativas à circulação da bicicleta. O contingente de alunos que frequentam o colégio e a população em geral poderão engrossar o pelotão dos utilizadores deste veículo. Mas para que tal suceda é necessário criar condições de segurança para criar confiança no ciclista... e, não pretendendo ultrapassar a competência dos técnicos, alvitro três medidas (entte outras) a tomar:



1) retirar do centro o trânsito pesado que passa por Bustos;
2) circular o trânsito motorizado na Rua Jacinto dos Louros, apenas num sentido;
3) criar uma pista para circulação de bicicleta nesta Rua.


(nota: Está anunciado pelo senhor presidente da Junta de Freguesia que iria soliciatar a 'requalificação' da Avenida (?) São Lourenço. Vinha mesmo a calhar ser implantada uma pista (segura) para a circulação da bicicleta.



Entendo que a campanha de utilização da bicicleta pressupõe a participação dos vários patamares do poder. [se não for uma campanha articulada entre o poder central e os poderes locais, a «bicicletização» redundará numa arma de arremesso à semelhança do acontecido com a não-resolução do problema do cemitério de Bustos].
.
Future-se o que se quiser, em Bustos poderá haver mais circulação de bicicletas e menos de carros.

sérgio micaelo ferreira

22 de setembro de 2007

JUNTA DE FREGUESIA DE BUSTOS RECTIFICA 2007

.
Assembleia de Freguesia de Bustos
CONVOCATÓRIA


Mário Reis Pedreiras, Presidente da Assembleia de Freguesia de Bustos, de acordo com o Regimento em vigor e ao abrigo do art.º 24 convoca uma Assembleia Ordinária, a realizar no próximo dia 27 de Setembro de 2007*, pelas 20 horas e trinta minutos, nas Instalações da Junta de Freguesa, (Rua Jacinto dos Louros nº 6) com a seguinte ordem de trabalho:


A) Período "Antes da Ordem do Dia":
1) Actividades da Junta de Freguesia;
2) Outros assuntos de interesse para a Freguesia.


B) Ordem do Dia:
Ponto 1 – 1ª Revisão ao Plano de Actividades e Orçamento de 2007


C) Período de Intervenção Aberto ao Público

Bustos, 18 de Setembro de 2007


O Presidente da Assembleia de Freguesia

................................
(Mário Reis Pedreiras)

20 de setembro de 2007

PARA LÁ DA POMPA E CIRCUNSTÂNCIA


Tive o prazer de estar entre os convidados que assistiram à Cerimónia de Homenagem e Transladação de Aquilino Ribeiro para o Panteão Nacional. Por coincidência coube-me um lugar ao lado de gente de Carregal de Tabosa, entre eles um guarda-rios, de que me escapou o nome, que falando do conterrâneo me confessou duas coisas essências. Que foi Aquilino Ribeiro que o ensinou a ler os rios e que, em Abril de 1974, a aldeia foi invadida por gente (“nunca se viu coisa assim lá no lugar”), chegaram em camionetas com o único propósito de ali celebrarem a liberdade celebrando Aquilino.




Envergando o fato domingueiro, ao lado mulher, o guarda-rios (na foto) bem podia ser um personagem de Aquilino, que nos seus livros teve o homem Beirão, a sua linguagem, os seus costumes, o seu carácter, como referência e fonte de inspiração. A Lisboa literária de hoje em dia, pequenina, tacanha e estrangeirada, serve-se disso para acusar o escritor de ter uma “escrita provinciana”, tentando assim minorar a importância da sua vasta obra. É a Lisboa mundana, pequeno-burguesa, envergonhada pela sua origem provinciana e campesina. Pobres deles!
Aquilino não só é um escritor maior com uma obra única, foi um cidadão empenhado na luta pelo ideal republicano e pela democracia. A sua vida, a prisão e o exílio, fizeram dele um símbolo da luta anti-fascista, bem justificaram as camionetas que chegaram a Carregal de Tabosa logo depois do 25 de Abril.

A cerimónia de ontem, organizada depois de votação unânime da Assembleia da República, foi o reconhecimento de um dos símbolos maiores da cultura nacional. E ainda que nenhum dos solenes oradores disso tenha dado conta, também foi uma homenagem ao homem das Beiras, e a todos aqueles que nada sabem de literatura, mas são capazes de ler os rios e até as águas das fontes.

Belino Costa

MESTRE AQUILINO NO PANTEÃO NACIONAL


Aquilino Ribeiro
13.09.1885 * 27.051963
Panteão Nacional 19.09.2007
(…)


VIRIATO – NOSSO AVÔ
“Os lusitanos davam-se à pastorícia, uma das primeiras actividades do homem ao romper da idade eneolítica, como a gente da borda de água se dava à pesca. Mas semelhante lida não os inibia de exercer outros outros ofícios, um deles velho, como o Mundo: saltear os haveres do semelhante. No fundo, era uma prática como outra qualquer, com todos os foros de universalidade. A forma é que tem variado, rebuçada em leis e mandamentos, especiosamente divergentes. Nada mais natural, portanto, que as tribos das serras, onde a vida era áspera e difícil e os moradores mais de uma vez deviam adormecer com o estômago a ladrar, acumulassem com a função comum a de salteadores. Era uma ordem de cavalaria de tantas consagradas pela História, como, por exemplo, mais tarde a do Templo. Roubavam-se mais ou menos de pé fresco uns aos outros, e em caterva abatiam-se sobre as terras fartas e latinizadas do Sul. Em três tempos, então, passavam os galfarros a tudo que tivesse aparência de boa presa. O ditado: olho vê, pé vai, e mão pilha, marca o ritmo hispânico quanto a tais empreendimentos. É mesmo possível que a sorte destas expedições constituísse títulos de glória para os seus autores. O mais afortunado receberia o preito da fama como nas batalhas os valentes. A moral na Lusitânia, assim era em Sparta, representa um ludíbrio à face das tábuas brônzeas do Decálogo. E em nome de que direito vamos condenar tais costumes? Melhor seria dizer: cada serra com sua consciência, do que cada terra com seu uso. Pilhar o vizinho, celtibérico ou vetão, apaniguado do romano, era virtude e não crime. Não mareiam pois a coroa de louros de Viriato os adjectivos pejorativos que Valério Máximo, Apiano e Cassiodoro lhe infligem, tais como ladrão refinado e capitão de quadrilha.

– Com muita honra – diria ele.”
(…)
in Aquilino Ribeiro, Príncipes de Portugal – suas grandezas e misérias, Edição Livros do Brasil, (pg.s 9 e 10)
---
nota:
O editor 'Altino' agradece a Belino Costa a inclusão da foto da cerimónia ocorrida no Panteão.

19 de setembro de 2007

18 de setembro de 2007

ADÉLIO DA BARROCA EM FRANCA RECUPERAÇÃO


Adélio Martins Santos, serralheiro artístico disputado por grandes e pequenos, há cerca de um mês sofreu um acidente grave em consequência de uma queda. Imobilizado, sem perder o sangue-frio e antes de ser transportado de ambulância para o Hospital de Aveiro, pede socorro à Dr.ª Dorinda Reis que se encontrava em férias. As dores e as interrogações sobre o seu estado de saúde acompanham-no durante a "curta" viagem esticada pelos regulamentares cinquenta quilómetros /hora impostos pelo código da estrada.
Ao chegar à Urgência do Hospital, o sol parece ter brilhado mais para o Adélio, porque vê a Drª Dorinda que ‘tinha chegado primeiro e estava à minha espera’.
‘Foi meia cura’, comentou uma visita.
“Pois foi”, adiantou, com uma lágrima a sobressair-se da sua discrição de um corpo enrolado em tubos, compressas e correias e preocupações…
“Olha, tiraram-me chapas ao corpo todo … fui visto da cabeça aos pés.”… “Agora sinto dores”, mas quando sair vou para férias…”.
Exames, mais exames, consultas e tratamentos marcam a recuperação do sinistrado. A angústia dos dias fora aliviada pela assistência hospitalar e pelo corrupio de visitas que ‘disputavam’ os cartões de acesso.
Entretanto, tem de realizar exames no Hospital da Universidade de Coimbra. À hora da chegada, a enfermeira Marisa Ribeiro, também com raízes em Bustos, lá estava à espera do paciente. O Adélio entra reconfortado com a presença da filha do amigo e colega Diamantino Ribeiro.
Uma cadeia afectiva do voluntariado da saúde está a ajudar a recuperação do Adélio.
Felizmente, que os profissionais da saúde de longo traquejo, de Bustos, sempre debitaram a sua conduta com os pacientes com grande afeição e carinho. Até nos momentos mais negros. Posso testemunhar.

O Adélio está de regressou a casa para convalescença que se deseja franca e breve. A sua genica parece ter regressado avaliando-se pelo seu tom de voz e disposição.
Até ao próximo brinde, na roda de amigos.
sérgio micaelo ferreira, 18.09.2007

16 de setembro de 2007

BUSTOS - CENTRO DA VILA EM FOCO

(imagem extraída do Google)
(se clicar sobre a imagem, é provável que apareça ampliada)


Estavam Alcides e Arsénio de olhos postos numas fotos aéreas do centro de Bustos. Sérgio chegou-se a eles, depois às coincidências coube o resto: o Licínio, João dos Barrocos e Graciano acabaram por se sentar à mesma mesa. E todos puseram as atenções nas imagens do presente e do próximo futuro mais desejável para a nossa terra. Participaram na abordagem de um assunto que não é nem pode ser exclusivo das entidades competentes, pois a população envolvida tem o direito e o dever de proclamar a sua palavra, sem com isso pretenderem passar a perna a ninguém ou armarem ao pingarelho, antes colaborar democraticamente na procura das melhores soluções. Neste sentido, os seis deram com sentimento bairrista um primeiro passo (que oxalá inicie um movimento de opinião). É isso que vem para aqui. Na verdade, estão agora a aparecer à vista evoluções diversas que prometem mexer com a reorganização urbanística daquele espaço, aliás a reclamar cada vez mais uma adequada renovação para se dinamizar. Das trocas de opiniões, ideias, visões resultaram concordâncias valiosas e por fim os seis aprovaram o texto seguinte.




Ideias para um arranjo
urbanístico do Centro de Bustos



Lembrando
Passou o tempo em que a nossa terra se distinguia por atrair povos de outras freguesias. Era o cinema, eram os bailes, os cafés, as lojas, a piscina. Tudo mudou, até a paisagem! Não se constroem mais casas agrícolas, constroem-se prédios de habitação e melhores arruamentos por onde circulam automóveis de quem vem trabalhar para Bustos ou acorda em Bustos para ir trabalhar por Aveiro, Águeda, etc. O pequeno comércio local definha, prosperam as grandes superfícies, e o antigo cinema e os bailes à moda antiga são hoje mera saudade. O movimento normal do centro entrou em gradual paralisia, poucas são as pessoas que vemos a transitar a pé e o mesmo se verifica por toda a freguesia, onde se instalou um ar de «deserto» até porque quem passa segue dentro de carros e estes «envoltórios» são agora os «fatos» mais em uso…


Perspectivas
Estas mudanças, afinal enormes, que ocorreram em poucas décadas transformaram o Centro da nossa terra. Deixou de ser terra «essencialmente agrícola» para se tornar «essencialmente suburbana». A Vila necessita de um plano urbanístico que reconheça estas transformações com a maior adequação possível. O Centro da Vila necessita de ser dinamizado, começando com a elaboração de um Plano de Pormenor que reconheça e fomente a zona em foco como polo cultural, social e administrativo de Bustos.

É importante e mesmo essencial reconhecer que o nosso «Centro» carece de espaço para permitir uma expansão residencial que será necessária para complementar e suportar um novo Centro cheio de energia e vida. Este será também um dos grandes objectivos do Plano de Pormenor.
Outros objectivos a não esquecer serão a «unificação» de três focos do Centro:

a) O lugar da igreja, escola, e Junta de Freguesia
b) O complexo do cinema e todo o espaço à sua volta, incluindo o café Piri-Piri. Este espaço poderá dar lugar a um útil e bonito Centro Cultural
c) O Palacete do Visconde e complexo de edifícios anexos que alojam vários serviços sociais. Esta área necessita de ser estudada para avaliar as suas necessidades de expansão espacial para os próximos 20/30 anos.




Uma vez mais teremos que não esquecer que presentemente falta espaço e infrastraturas para acomodar uma futura expansão residencial na envolvência do Centro. O Plano de Pormenor terá que atender a este importante objectivo; designando e prevendo novas áreas/zonas residenciais que possam complementar e dinamizar o Centro.



Este não é o momento próprio para aprofundar outros aspectos mas ficamos dispostos e disponíveis para dar o nosso apoio a ideias para que o Plano de Pormenor venha a ser uma realidade num futuro próximo.

Notas finais
- Cércea de futuros edifícios no Centro: máxima altura, 2 andares
- Prever áreas para receber árvores de sombra (lazer e convívo)
- Admitir mínimo de carros no centro (aparcamentos na periferia)

13 de setembro de 2007

BELINO COSTA – O EXÓTICO ERRANTE



“Fazem ideia do que é o café do Cartaxo? Não fazem. Se não viajam, se não saem, se não vêem mundo esta gente de Lisboa! E passam a sua vida entre o Chiado, a Rua do Oiro e o teatro de S. Carlos, como hão-de alargar a esfera de seus conhecimentos, desenvolver o espírito, chegar à altura do século!”
.................................................................in Almeida Garrett, “Viagens na minha terra”, Livraria Civilização, (segundo uma edição revista por Teófilo Braga), Série Popular nº 34, Porto, 1956.
...

“Esta minha viagem através da América, numa distância de 4.800 quilómetros, que levei seis dias a percorrer, termina aqui. Para mim foi uma experiência que jamais irei esquecer.”
in
Alcides Freitas,
VIAGEM ATRAVÉS DA AMÉRICA (5), Notícias de Bustos, 25.5.07.
...

O pulsar do dia-a-dia da vida mundial também se reflecte na circulação de cidadãos à volta do planeta, utilizando os mais diversos meios.

Entre o grosso dos viajantes de longas distâncias, existem os audazes aventureiros determinados na busca de novos ‘horizontes’ nos sítios mais recônditos. Alguns destes heróis foram expostos na vitrina da revista ‘Olá’ de 4 de Novembro de 1989 na reportagem ‘Os Globe-trotters’ creditada por João Pedro (texto) e por Nereu (fotografia)

Sobe novamente à cena o apontamento “BELINO COSTA – PELAS 7 PARTIDAS DO MUNDO”, (25.05.2007) para enxergar alguns feitos de BC, “o exótico da Ásia”[1]


PELA EUROPA DO INTER-RAIL, DOS CAMPOS DE TRABALHO E DAS EMOÇÕES

Belino Costa (BC), português de Bustos, é um viramundo por conta própria & risco e teve a sua iniciação caminhante em 1977/8. O inter-rail e o campo de trabalho formaram o cimento que durante as férias agregou jovens contemporâneos da torre de babel oriundos de todos os pontos da rosa-dos-ventos.

O trabalho comunitário – limpeza da mata e das margens de um ribeiro de uma localidade próxima de Frankfurt –, os convívios e os encontros furtivos ao luar e a passagem por Paris são registos que ficaram dessa época.

Ano seguinte. Ano de emoções.

Visitar Auschwitz (progenitora do Tarrafal de Salazar) e observar a ‘provocação’ do Solidariedade (Polónia) ao regime da Cortina de Ferro mereceram bem o sacrifício suportado na ininterrupta e “extenuante viagem sobre carris entre Aveiro e Varsóvia” (BC).
Kielce foi o destino, “onde me dispus a trabalhar na limpeza final de um albergue para velhos” (BC).

1980/81. Ano da Travessia da Europa.
BC estadiou em Copenhaga, mas o afago das sereias fê-lo passar por Belgrado com destino a Atenas. Aqui sentiu a sensualidade dos elementos da natureza.

“Com 20 dólares no bolso ainda tentei ir até à Hungria mas fuiretido na fronteira onde fiquei com um casal francês e um paralítico grego com quem acabei por viver uma história surreal” (BC)…

Entrou em Portugal, esfomeado, “mas satisfeito” (BC).
Calcorreou toda a costa sul da Europa até Itália e visitou a ilha de Córsega. A ‘mochila’ vinha recheada de recordações de bons momentos.

MARROCOS – A VIAGEM DA VIRAGEM

À beira do Guadiana, o convite de um cidadão americano para jogar uma partida de xadrez em pleno deserto no cimo de uma grande duna, iria ampliar a perspectiva das viagens à volta do planeta. "Conhecer … e ser conhecido", convivendo com as pessoas de longínquas e lendárias terras
Viajante por conta própria na busca do desconhecido, BC tem o mesmo espírito das luzes do cirurgião Mestre Afonso[2] (séc. XVI) conforme escreveu: “… para fazer a vontade a minha curiosidade, que foi sempre mais de saber novidades e coisas do mundo que de adquirir fazendas nem riquezas…”.

Em 1988, BC viveu com uma família berbere em Fez (Marrocos), passeou por todo o país, utilizando os transportes públicos. As trincheiras da guerra junto à fronteira com a Argélia, o Grande Atlas (tendo ultrapassado o Figuig, oásis cercado com mais de cem mil palmeiras) e a partida de xadrez no meio das grandes dunas são algumas referências da ”mais reputada viagem” (BC).

A contenda entre os peões, cavalos, bispos, torres não incomodou o remanso das rainhas e dos reis em campo, porque os pirilampos das estrelas da abóbada celeste não conseguiram iluminar o chão axadrezado do templo.

1989 – ANO DE GRANDE AVENTURA

Avião até Nova Iorque e após permanência “de algumas semanas na Grande Maça (ou melhor dizendo, em BrooKlin)”, o aventureiro BC e o amigo americano, Jeff Broom de seu nome, “eis-nos atirados à grande atravessia”.

Em Chicago – cidade do vento – ‘entregámos um carro e comprámos um velho Pontiac Grand Prix e fizemo-nos à estrada. Precisámos de quase 3 semanas para chegar a Los Angelos, mas pelo meio não faltaram incidentes, e coisas de espantar’.

GRANDE CANYON – ENTRANHAS DO SÍTIO MAIS FANTÁSTICO … DA NATUREZA


E BC continua a folhear o ‘livro de bordo’: “O mais extraordinário foi descer o Grande Canyon, caminhada às entranhas do sítio mais fantástico que a natureza tem para nos oferecer.

Depois de Los Angeles e S. Francisco fiz toda a costa do Pacífico emdirecção a norte. Até que chegado a Prince Rupert, no Canadá, apanhei o barco em direcção a Juneau, capital do Alasca.

GLACIER BAY (CANADÁ) – OUTRO LUGAR EXTRAORDINÁRIO

Visitei outro lugar extraordinário, o parque nacional Glacier Bay, local onde se encontra uma série de grandes glaciares. Ver e Ouvir osgrandes rios de gelo a desaguarem sob a forma de enormes paredes de gelo que desabam é experiência inaudita que marca.


PORTUGUÊS?!! NUNCA TINHA VISTO UM!

Coligindo da reportagem citada ‘Os Globe-Trotters’, na travessia canadiana, BC vê-se detido pela polícia na sequência de ter cometido duas infracções graves: excesso de velocidade e falta de carta de condução, esquecida nalgum restaurante. Perante a apresentação passaporte, o agente policial ficou atónito. “Português!? Nunca tinha visto um português!” (Revista Olá). E as pesadas multas foram perdoadas, mas mostrou a realidade minorca de Portugal Também aqui, no Alasca, foi protagonista de um outro episódio não raro de acontecer quando se convive com etnias diferentes.
Relata BC:
“Outra vez no Alasca passeava na borda de uma estrada quando um carro parou ao pé de mim e me abordou. O homem ao volante, o rosto largo de um esquimó, abriu a janela e perguntou-me se queria boleia outra vez. Respondi-lhe que não precisava e que ele nunca me tinha dado boleia antes. Aí o esquimó mostrou um espanto real e exclamou:
– Eu nunca te dei boleia!?
– Não! – respondi – Nunca me deu boleia.
Aí ele abanou a cabeça e disse:
– Pois é, vocês parecem-me todos iguais!”


BC VIRA ESTRANGEIRO NA ÁSIA

Voltou a descer até Vancouver e apanhou o avião para Hong Kong.
“Chegado à Ásia toquei o outro lado do mundo, virei estrangeiro. Os efeitos da matança na Praça de Tianamen de 4 DE JUNHO DE 1989 ainda ecoavam fortemente nos ouvidos dos direitos humanos. E como sempre “quis ir à China[3], comecei por Macau e depois subi o rio das Pérolas até Cantão.”
Ao chegar à Ásia, o apalpar das viagens com os ponteiros do relógio apercebe-se que «a distância em relação à Europa é incrível. Parece que os outros continentes encolhem. A viagem [foi] alterando as nossas perspectivas» (Revista Olá).

NO TRIÃNGULO DOURADO DAS GUERRAS DE ÓPIO

BC regressa a Hong Kong (ainda british) e parte “para esse país caloroso, a Tailândia.”
Bangkok de hoje pouco tem a mostrar do velho Sião ao viajante da diversidade.
Aqui, “comecei pelo norte, andei pelos confins da selva, no célebre Triângulo Dourado [Birmânia, Laos e Tailândia] das guerras do ópio. Acompanhado por um guia visitei tribos que se dedicavam ao cultivo da papoila e à noite depois do cantar das mulheres, deitado na esteira, aproximava-se um velho de dentes cariados que me estendia o longo cachimbo. À segunda vez que ele repetia a operação já eu fechava os olhos e via filmes em ecran panorâmico até que a luz da manhã me trazia de volta à realidade. Pode parecer ficção mas foi, mesmo assim, ainda que invariavelmente se ouvissem tiros no meio da escuridão, sabe-se lá vindos de que fronteira.
Depois da emoção do norte nada melhor que uma viagem até as ilhas do sul e aí …os filmes foram outros”. (BC)

EXÓTICO SOU EU, BELINO COSTA.

À medida que palmilha os continentes, BC sente que «Um dos aspectos curiosos é estarmos na Europa e termos a noção de que estamos no centro do mundo, vamos para a América e o continente central é a América …» (Revista Olá)

O aventureiro de Bustos, continua a programar fugas dos ares normalizados pelas globalizações em busca de terras de lendas, carregado de exotismo conforme a sua revelação: “É inesquecível sentir, em plena Ásia, que o exótico sou eu” (Revista Olá).

NOTA FINAL
Crónica incompleta e distorcida por defeito de informação e de linguagem.
Viagens de apertar o nó na garganta e estadias de sonho estão escondidas em algumas gavetas.
Um agradecimento aos colaboradores que tornaram possível o aparecimento desta quase-crónica.
‘e siga a rusga’
sérgio micaelo ferreira, 13.09.2007

[1] in Gustavo Pires, A Aventura desportiva – O Desporto para o Milénio, Edição da Câmara Municipal de Oeiras, 1990
[2] Mestre Afonso, Itinerário da Viagem que fez por terra da Índia [mais propriamente de Ormuz] a Portugal (1665).
in Literatura dos Descobrimentos e da expansão portuguesa. Organização e … M. Ema Tarracha Ferreira. Biblioteca Ulisseia de Editores Portugueses .nº 39.
[3] Em 1994, BC visita Pequim onde é protagonista de um episódio (a) de certo modo análogo ao ocorrido na Caminhada do Zambeze, tesetmunhado pelos exploradores Roberto Ivens e Hermenegildo Capelo
(cena ocorrida no acampamento de Muene Cuando)
Perante nós agachavam-se em grupo umas velhas damas, a quem um cavalheiro acocorado explicava todos os nossos actos.
Um dos nossos casos que mais as interessava, conforme parece, consistia em saber se o nosso corpo era branco como a cara, e, sendo possível resolver-se isto sem conveniente exibição, o mesmo sujeito pediu-nos por acenos que puxássemos a camisa, a fim de convencer aquelas senhoras do que debalde lhes afiançava.
Feito isto, deixámos um quadril a descoberto, facto que causou verdadeiro assombro, se não receio pouco lisonjeiro para o exemplar
. … "
Hermenegildo Capelo e Roberto Ivens, A Caminho do Zambeze, Publicações Europa-América, Mini-biblioteca.
*
(a)A cena passou-se junto ao muro de protecção da cidade proibida Aguarda-se a divulgação pelo teclado de BC (nota de srg)

.

ESCOLA DA QUINTA NOVA - CRESCIMENTO


ESCOLA VELHA - JANELA EMPRESTADA


O novo ano escolar está a abrir as portas. O primeiro-ministro, equipado de “corta-fitas” de inauguração de um centro escolar em S. Martinho dos Mouros, teve honras de benzimento[1] católico. Tal como no tempo do grande império de Belém dos pastéis.
A concentração dos alunos em pólos educativos testemunha a progressiva desertificação de grandes zonas do rectângulo (antigo jardim à beira-mar …).
Em Bustos, o edifício-escola do Corgo teve o tratamento que o seu estado de saúde exigia[2; consultar Escola Primária Nº 1 de Bustos em obras, de Alberto Martins] As janelas foram substituídas por outras de desenho e material diferentes. Com perdas para caixilhos e para a história. A aceitação da mudança parece ter sido consensual entre as hostes pré- e post-colombianas.
A alteração até poderá ser um balão de ensaio para ser aplicado futuramente no quase-decrépito “Palacete do Visconde”. Trocar, ou substituir janelas e portadas por materiais diferentes com alteração do visual, ninguém irá notar passados dias. `

Regressando à escola nº1:
Se aquele edifício tem o ‘desenho’ que mereceu elogiosas apreciações, deve-se ao arrojo dos membros da Junta de Freguesia de Bustos de então que modificaram o projecto inicial, conforme atesta:
“Foi ainda deliberado modificar a planta[3] do alpendre de entrada do edifício da Escola Primária, sendo substituído o telhado por um terraço com grade, em cimento armado e a construção de uma cinta em cimento armado cingida às paredes das retretes para segurança das mesmas …”[4]
Bustos estava (e continua) longe do poder, mas tinha sensibilidade e gosto pelas coisas públicas. Com a actual alteração do janelame da escola, estou convicto que a nova divulgação de um ex-libris da freguesia anote alteração havida no séc. XXI.

Entretanto as paredes mudaram de cor. O rosa foi-se à vida, que já lá estava há muito tempo e a terra não pode com a maldita, seráfica e repugnante cor vermelha. Um ‘azul bebé’ com tendência para o escuro, está mesmo a calhar com o novo ciclo da viradeira partidária. Os coevos pavilhões pré-fabricados que teimosamente vegetam no parque escolar de Bustos, irão ser classificados relíquias do património.

Entretanto o Colégio de Bustos continua a cumprir com a sua obrigação com as obras anuais de manutenção. Neste defeso, a presença da grua indicia a realização de grande intervenção. As coberturas dos pavilhões foram uniformizados, e foram aproveitados os espaços “no sótão” para a instalação do arquivo morto, que já não deve ser pequeno.
Um bom ano para a comunidade escolar

Disponibilidade. Dedicação. Abnegação. Tolerância. Firmeza. Esforço. Persistência. Trabalho. Mais trabalho. Inspiração. Divertimento. Profissionalismo. São alguns dos ingredientes q.b. para o êxito dos alunos. Os seus resultados irão reflectir-se, um quarto de século depois.
Até lá, pode acontecer que o Palacete, a escola do corgo e o bustos sonoro-cine sejam sublimados em distintos painéis de azulejos e que Bustos pertença à Palhaça.

E siga a rusga
12.09.2007
sérgio micaelo ferreira


[1] Pode ter sido prenúncio de espirro, mas o gesto do senhor primeiro-ministro aparenta a configuração de uma benzidela. (uma interpretação da foto de Paulo Ricca na página de abertura do Público de 12.09.2007)
[2] (http://www.bustosalupa.blogspot.com/ . aqui . Escola Primária Nº 1 de Bustos em obras
Acta da sessão ordinária da Comissão Administrativa da Junta de Freguesia de Bustos, de 13 de Maio.1934. Manoel Simões Micaelo Junior, Manuel dos Santos Vieira e Manoel Simões Aires Júnior eram respectivamente Presidente e Vogais. E Herculano Silva, o secretário interino.

[3] Houve uma primeira grande alteração da planta imposta pela Junta de Freguesia.

[4] Acta da sessão ordinária da Comissão Administrativa da Junta de Freguesia de Bustos, de 13 de Maio.1934. Manoel Simões Micaelo Junior, Manuel dos Santos Vieira e Manoel Simões Aires Júnior eram respectivamente Presidente e Vogais. E Herculano Silva, o secretário interino.

11 de setembro de 2007

OLIVEIRA DO BAIRRO (SAÚDE) - SAPientíssima supressão

aqui

11 de Setembro: um Bustuense em NY

Todos recordamos o Mário do Abel dos tempos em que era o único tractorista de Bustos. A par dele, só o João do Lombomeão. Estávamos em meados dos anos 60 e bem me lembro do Mário deixar o empoeirado tractor à porta do Piri-Piri enquanto jogava umas suecadas. O vício convidava e viviam-se tempos em que havia um tempo para tudo. Usando as palavras dele, se perdia umas horas do dia, logo as recuperava à noite, lavrando à luz dos faróis e aproveitando para escapar às horas do calor abrasador.
O Mário, filho do Ti Abel da Tanoeira, emigrou em 1974 para a América, onde continuou a trabalhar com máquinas (rectro-escavadoras, giratórias e bulldozers). Foi viver para New Rochelle, Estado de New York, ali pertinho da "Big Aple" ou Grande Maçã, designação por que é conhecida a maior cidade dos States.


Quando as famosas torres gémeas ruíram o Mário estava a trabalhar na ponte George Washington, a cerca de 4/5Km do fatídico local. Ocupava-se na reconstrução das rampas de acesso à conhecida ponte. Construída em 1931, será a ponte mais movimentada do mundo: são 2 tabuleiros sobrepostos, com 6 pistas cada um, fora as pistas pedonais e para bicicleta, num vai-vem constante de gente, carros e bikes.
O Mário ainda se lembra da hora a que o 1º avião suicida embateu numa das torres: 8 e 45, hora local.

Cedo o nosso Mário foi chamado a trabalhar na remoção dos escombros das torres gémeas e na limpeza do local, que passou a ser designado por "Ground Zero". Foi aí que, durante 7 meses, labutou como responsável pelas cargas do contorcido ferro, que o cimento, esse, ficara parcialmente pulverizado, tal o poder destrutivo do impacto dos 2 aviões.
Guardou desse tempo algumas recordações físicas, sobretudo notas semi queimadas do Tio Sam, distribuídas por familiares mais chegados. Pena ter deixado nos States todos os registos do penoso tempo que ali viveu.
Foram 7 longos meses de labuta constante. O turno dele iniciava-se às 6 da tarde e terminava à mesma hora da madrugada e o vai-vem das grandes máquinas era constante.
Não é fácil arrancar palavras ao amigo Mário: "Contado não é nada. Só quem viveu aqueles momentos pode ter uma ideia do que se passou".
As máquinas escavaram até cerca de 40 metros abaixo do nível do solo, com limpeza do próprio metropolitano que passava por debaixo e onde existia uma estação do metro destinada a servir as Twin Towers.
Ao que me contou, o local vai albergar lojas para o pequeno comércio, bem como uma única torre, a "Ground Zero" (ler texto aqui), ainda mais alta que as anteriores e ainda um cemitério/memorial dedicado às cerca de 3.000 vítimas da criminosa destruição das famosas torres.
Foram muitos os portugueses envolvidos na limpeza do fatídico local; seriam a maioria, a par duns quantos italianos e espanhóis.
De Bustos, só o nosso Mário, como quem lembra que estamos cá para o que der e vier. E que a desgraça não nos deixa ficar de braços caídos.

*
OSCARDEBUSTOS

7 de setembro de 2007

SIG Municipal dá-se a conhecer

O Sistema de Informação Geográfica do município de Oliveira do Bairro encontra-se inserido no projecto SIGRIA (Sistema de Informação Geográfica do Distrito de Aveiro).
O objectivo dos 11 municípios que fazem parte deste bem útil projecto foi o de pôr à disposição dos cidadãos e das instituições um instrumento moderno de apoio ao conhecimento, planeamento e gestão do nosso espaço físico. Disse "foi", porque desde 2006 que o sistema se encontra aplicado no terreno.

Como é que o projecto se esparramou? Numa explicação simples, disponibilizando através da internet as plantas de ordenamento do nosso espaço territorial, bem como a cartografia registada, as redes de transportes, os equipamentos colectivos, a segurança e protecção civil e a gestão urbanística.
Lembro aqui que há tempos o nosso Alcides Freitas, consultor do governo do Estado da Califórnia para as questões urbanísticas e ambientais, ficou impressionado com tamanha informação disponibilizada. E, ainda por cima, de tão boa qualidade.
Entretanto, já vos falei do SIG de Oliveira do Bairro em texto de 23/7/2005,
aqui.
Actualmente, a CM tem 5 funcionários adstritos ao SIG. Nem todos pertencem ao quadro, como vem sendo hábito na Administração Pública, o que prova à evidência que a chulice do Estado e dos seus organismos tentaculares está para durar. Como está para durar a estratégia de sacrificar os quadros técnicos em favor dos administrativos. Portuguesices de pouca monta...
No que agora importa, os serviços dirigidos pelo muito prestável e empenhado eng.º geógrafo João Pinto vão abrir-se à comunidade. A equipa do SIG é competente e está aberta a sugestões, críticas e dúvidas, que podemos enviar para
sig@cm-olb.pt. A malta do SIG resolveu ir mais longe:
- O próximo dia 25 vai ser o "Dia do SIG". Entre as 9H30 e as 16H30 haverá colóquios com os agentes mais directamente ligados ao ordenamento do concelho: empreiteiros, gabinetes técnicos e topógrafos (de manhã) e protecção civil, bombeiros e polícias (à tarde).
O cidadão comum, esse, pode passar pelos Paços do Concelho entre as 10 e as 12H30. Nem que seja para bisbilhotar.
A cena vai acontecer na sala de exposições, à entrada dos ditos Paços.
É de ir, meus senhores, é de ir, que isto de não sabermos que terrenos estão ou não inseridos nos perímetros urbanos é coisa que deixou de ser segredo dos deuses.
Está tudo site do nosso SIG, ali mesmo.
Só que não é fácil aceder aos dados que procuramos e eu até já prometi uma guia para o efeito. Ainda por cima, o servidor camarário ainda não dispõe da largura de banda desejada (a ideia parece ser quadriplicar a actual), já pedida à toda poderosa PT, o que torna o tempo de acesso lento e os downloads dos mapas demorados, sobretudo durante as horas do chamado expediente.
Mas o sacrifício vale a pena.
E, vá lá, não desesperem...

*

OSCARDEBUSTOS