31 de julho de 2007

Cantábus anima Bustos dia 12 de Agosto


No próximo dia 12 de Agosto irá ter lugar, em Bustos, mais uma edição do Festival Bienal de Música Tradicional - Cantábus. A organização é da associação Orfeão de Bustos e segue o espírito que deu origem a este evento em 2005. O encontro de grupos que se dedicam á promoção e reinterpretação da música tradicional portuguesa, a apresentação de quadros etnográficos da região e a apresentação, pelo grupo anfitrião Cantares Populares de Bustos, de um tema de recolha local especificamente preparado para o evento, constituem assim as bases de preparação deste festival.

Este ano o tema etnográfico apresentado no desfile que será feito desde o largo da feira de Bustos, pela Rua Jacinto dos Louros, até ao adro da Igreja, será a ida a Romarias como o S. Tomé de Mira, à N* Sra de Vagos ou à Sra. da Ascenção do Buçaco. Para apresentar este trabalho de reconstituição da ida à romaria como nos princípios do séc XX pediu-se a colaboração através da apresentação de testemunhos aos idosos da Sta. Casa da Misericórdia de Oliveira do Bairro e da ABC Bustos, a quem desde já a associação Orfeão de Bustos apresenta os respeitosos agradecimentos. Foi também pedida colaboração ao Rancho de Santo António de Vagos e ao Grupo Etnográfico de Portomar. Este tipo de colaboração que a associação Orfeão de Bustos, em parceria com a Dra. Maria Clara, tem solicitado irá certamente contribuir para a apresentação de um trabalho de rigor a apresentar no próximo dia 12 de Agosto, pelas 15:15 horas.

Em termos musicais o festival contará este ano com a presença dos SempraBombar, grupo de bombos de Cordinhã (Cantanhede), com os Gaiteiros dos Popularis (Anadia) e ainda com os seguintes grupos de Cantares Populares: Ventos da Ria (Estarreja), Cantares do Vouga (Sever de Vouga), Cantares do Moinho (Oliveira do Bairro) e os Cantares Populares de Bustos.

A particularidade deste festival é ainda o facto de o mesmo estar integrado nos festejos em honra do S. Lourenço de Bustos, estando a própria comissão de festas de 2007 em parceria com a associação Orfeão de Bustos a apoiar esta iniciativa, cabendo a ambos a apresentação de outras apetecíveis atracções como porco no espeto, bebidas, petiscos e docinhos.

No próximo dia 12 de Agosto aguarda-se então uma tarde de domingo de aberto convívio e homenagem às nossas raízes musicais e à etnografia, onde a população local já está plenamente envolvida e se aguarda a visita de todos os interessados por estas temáticas.

Regina Alves

Apontamentos desaparecem: sabotagem dos romanos?

Terão presente o post de 27/7 sobre a camarária reunião, parte I.
Logo quando eram esperadas novidades tão bombásticas quanto verídicas, as 5 folhas de apontamentos estão dadas como desaparecidas. O mistério adensa-se, enquanto o processo construtivo emperra!
Passe de mágica? Foram de férias para o Algarve? Sabotagem dos invasores romanos?

Estarão escondidas no menhir do Obelix, como parece apontar a imagem acima?
Oskarix não desarma! Enquanto houver um romano vivo a persistente busca continuará!
Que o céu me caia em cima da cabeça se percebo tamanho mistério!
*
*
Entretanto, a Comissão das Altas Instâncias assobia para o lado e vive de forma obcecada a febre construcionista.
O Urbitecto do regime descobriu a natureza mais profunda da arte, embora tenha sido obrigado a constatar que o movimento de edificação abrandou. Para Eugen Robick, simetria é sinónimo de grandeza e a simplicidade vale mais do que mil descobertas. Ouçamo-lo, num momento mais embaciado do seu relatório:
No entanto, sou obrigado a constatar que este amplo movimento de edificação abrandou e que alguns dos meus mais dilectos projectos permanecem inexplicavelmente suspensos.
Ainda assim, "A Febre de Urbicanda" assola a cidade, reflectindo a amena grandiosidade do Poder! (*)

Que fazer, como diria o Lenine?
oskarixdebustos
(*) Extraído, com muitas citações, da obra prima da BD (banda desenhada), "A FEBRE DE URBICANDA", Edições 70, comprado em 8/11/1990.
Obrigado SCHUITEN e PEETERS. Vocês são o máximo!

30 de julho de 2007

Toponímia de Bustos com novas placas

Tinha-as visto no exterior do armazém da Junta, ali no Corgo, ao lado da praça do peixe (e também da Praça Vermelha).
Em poucos dias, cada uma delas foi colocada no respectivo lugar e parece-me não haver rua, travessa ou largo que as não tenha recebido.
Terá sido o Fernando Grangeia a lançar mãos à obra, pois, tanto quanto sei, o nosso Presidente goza umas merecidas férias.
*
A ver se também vou uma semanita, lá para a 2ª metade de Agosto, que o corpo já pede descanso, embora saiba que vos deixe a morrer de saudades...
*
oscardebustos

29 de julho de 2007

Festa em honra de São Lourenço dias 9, 10, 11 e 12

Nos próximos dias 9, 10 e 11, de Agosto a Festa em Honra de São Lourenço vai animar Bustos, à qual se junta a realização no dia 12 do II Cantábus Festival Bienal de Música Tradicional.

Programa:

  • Dia 9:

---------16:00h- Missa Solene com a participação do "Orfeão de Bustos".

---------17:00h- Procissão acompanhada da "Banda Filarmónica da Mamarrosa".
-------- Grupo de Bombos " Os Abelhões" de Barreiro de Viseu.

---------18h30m- Concerto pela " Banda Filarmónica da Mamarrosa".

---------22:00h- Arraial com a "Orquestra Fina Estampa" de Viana do Castelo.

  • Dia 11:

---------22:ooh- Actuação do Grupo "MPS" do Porto.

  • Dia 12: II Cantábus Festival Bienal de Música Tradicional ( A tarde contará com porco no espeto, doces e petiscos regados com bom vinho)

---------15h30m- Desfile para a rua Jacinto dos Louros com os grupos participantes no festival e figuras alusivas ao apontamento etnográfico ¨Ida para a Romaria¨

---------16:00h- Festival no adro da igreja:

------------- ¨Ventos da Ria¨ ( Estarreja)

------------- ¨ Toca a Bombar¨ ( Cantanhede)

------------- ¨ Gaiteiros do Popularis¨ ( Anadia)

------------- ¨ Cantares do Vouga¨ ( Sever do Vouga)

------------- ¨ Cantares do Moinho¨ ( Oliveira do Bairro)

------------- ¨ Cantares Populares de Bustos ¨ ( Oliveira do Bairro)

---------22:00h- Continuação do festival com a participação de:

------------- ¨ Bombos Venezuelanos de Ouca¨

------------- ¨ Rancho Infantil de Ouca¨

------------- ¨ Rancho de Ouca ¨

------------- ¨ Rancho da Palhaça¨

------------- ¨ Rancho de São Simão da Mamarrosa¨

Ao longo da Festa serão sorteadas uma bicicleta ( primeiro prémio); uma garrafa de Wisky ( segundo prémio); duas garrafas de espumante ( terceiro prémio); duas t-shirts ( quarto prémio).

28 de julho de 2007

IBEL Cabeleireiros: Carlos Alves na net

O futuro de Bustos é hoje.
Ele é o Notícias de Bustos e o Bustos à Lupa. Eles são muitos os links nos dois blogues, vários deles reportados a sítios ligados a Bustos.
O Carlinhos Alves não era pessoa para se deixar ficar nas encolhas. Vai daí, o seu e da esposa Zaida salão de cabeleireiros, passou a estar ligado à net.

Melhor: tem um site na internet.
Foi certamente fundamental a ajuda do inestimável e polivalente filho – o Paulo Alves – e do ajudante Mário Fernando (mais um viciado nas virtudes do mundo internáutico e ao qual pertence o pc).
*
Como se não bastasse o salão do Carlos ser a nossa ANOP (agência de informações), um "sítio" onde se pode falar de tudo e de todos - até dizer umas bacoradas -, agora o cliente decente pode aceder à net.

Atenção: não é para ir namoriscar as piquenas, via hotmail, messenger ou coisa que o valha!
É para consultar blogues, informes de Bustos e do mundo e arredores.
Melhor:
Quem quiser saber se o seu terrenozito está inserido nos perímetros urbanos definidos pelo PDM, na REN ou na RAN, até pode aceder a partir do pc do Mário Fernando, a quem ensinei umas coisitas sobre o site do SIG (Sistema de Informação Geográfica) Municipal.
Não, não é concorrência à Câmara, que o Carlos respeita-a e – quiçá – até a admira.
Mas sempre dá algum jeito e a clientela da barba e cabelo agradece.
*
Em que terra deste Portugal meio tristonho é que se pode ir cortar bem o cabelo, com qualidade, bom ambiente, amizade e, ainda, aceder à internet?
Só mesmo em Bustos!
Sim, aqui mesmo pertinho de mim, pelo “rato” do Carlitos Alves!
*
É o que vos conta o
oscardebustos
*
site:
http://www.ibelcabeleireiros.ptwebsite.com/index.php?ID=1

V º Fórum de Bustos

27 de julho de 2007

Reunião Camarária – Parte I

Juro que não me lembrava que ontem era dia da reunião camarária da última 5ª feira do mês, por isso mesmo aberta ao público.
Juro que só fui lá porque um cliente e amigo me telefonou à pressa e em cima da hora, quase implorando que o representasse numa importante reunião na Câmara (pensava eu que com o correlativo Sr. Vereador), onde estava em jogo a legítima defesa dos seus interesses enquanto condómino. Mais vos juro que o amigo Sr. Vereador do Pelouro das Obras Particulares confunde “condómino” com “condónimo”, pormenor de somenos, não fosse a língua portuguesa tão traiçoeira e a linguagem jurídica domínio de meia dúzia de eleitos.
As juras estão feitas, depois destas duas outras juras muito minhas: 1ª - só um verdadeiro “Ranger” aguenta tanta batalha, emboscada e golpe de mão; 2ª – o fragor da batalha dá-me um gozo do caraças e ele tem de haver outra vida para botar o soninho em dia (a ver se troco as voltas ao raio do stress pós-traumático de guerra).

Mas vamos ao que conta e muito.
O longínquo ponto 3 da 2ª parte da ordem de trabalhos (OT) - o tal que afinal me levou ali – estava agendado para as calendas da reunião. Vá lá e ainda bem que não foi o penúltimo ponto: descobri que havia um aditamento à OT. Tinha, pois, de ser paciente, mas bem longe de imaginar que me ia sair...
...
A sorte grande!
Formalmente, a reunião era “Ordinária/Extraordinária”, tipo duplex ou, se preferirem, 2 em 1. Primeiro registo, de que já me apercebera: o actual executivo prima pelo pragmatismo e eficiência organizativa, que o Sr. Presidente não brinca em serviço e é um experimentado gestor vindo do tecido empresarial de fino recorte. Ainda bem, para mal de muitos pecados…
O pano começou a abrir em grande, logo no Ponto 2, dedicado ao “período de antes da ordem do dia/assuntos de interesse concelhio”:
- O Sr. Pres. deu a palavra ao Director do Centro de Saúde (CS) de Oliveira do Bairro, Dr. Fernando Martins. Que me desculpem os outros, mas gosto dele como do grande amigo cedido a Bustos a custo zero, o bem nosso Dr. Manuel Santos Nunes. Já não bastava serem dois excelentes profissionais, cada um deles Director do seu CS; ainda por cima, tinham que pertencer ao reduzido círculo dos verdadeiros servidores desse inalienável direito dos cidadãos à saúde.
Como saberão, já fui colega de vitivinicultura do Dr. Fernando Martins e só vos digo que nem aí o concidadão brinca em serviço. Em linguagem simples e coloquial, explicou aos muitos presentes que vamos ter novos horários no CS do nosso concelho.
A reestruturação do serviço público vai trazer um ganho de 38 horas semanais nas consultas ambulatórias, representando um acréscimo de 150 consultas/semana, a efectuar no local de trabalho de cada médico, o qual ainda realizará 4 horas de consulta programada ao sábado e uma vez por mês.
O CS quer avançar com uma Consulta de Atendimento Complementar ou Consulta Aberta, das 8 às 24H, de 2ª a 6ª feira e das 8 às 20H de sábados, domingos e feriados. Tudo vai dar 36H extraordinárias por semana para os médicos, o que, ainda assim, representa uma redução de 34H semanais em relação ao actual SAP que o Sr. Ministro garante que vai à vida.
Na altura, julgo ter percebido as razões de ciência do polémico Ministro: só a título de horas extraordinárias e serviços de banco, muitos SAP eram um sorvedouro de dinheiros públicos, muitas vezes para atender menos pacientes do que o somatório da equipa médico+enfermeiro+auxiliar+administrativo que estava de turno da noite.
Acrescento eu: a saúde pública não será propriamente uma lucrativa empresa estatal e as ratio de que os economistas e financeiros gostam muito de falar deviam ficar mais vezes no aconchego dos livros e sebentas. A gente logo vê onde isto vai parar e eu já estou como me disse horas depois o Vereador António Mota a propósito doutra coisa: “estou como o S. Tomé; quero ver para crer”.

Mas as novidades para a Saúde Pública concelhia não se ficam por aqui: mantém-se as consultas de desabituação tabágica e Saúde Escolar, com 2 e 3 horas por semana, respectivamente e vão ser criadas consultas de Alcoologia com 4H por semana e consultas de Adolescentes com 2H/semana. Os "colegas" e a malta nova que se cuidem…
Mais: serão criadas condições para passarmos a ter uma equipa inserida no designado Programa Nacional de Saúde do Idoso, que actuará no C. Saúde e no domicílio.
E ainda vamos ter (iremos mesmo?) uma equipa de enfermagem para visitas domiciliárias à puérpera (mamãs nos 120 dias seguintes ao nascimento) e ao recém-nascido, com cuidados continuados e paliativos no domicílio.
Para início do difícil processo, talvez Setembro. Deus o oiça!

O Sr. Presidente da Câmara era o rosto da satisfação e da consciência do dever cumprido, sobretudo quando anunciou (penso que foi ele) que irá mesmo em frente a construção do novo Centro de Saúde.
Faço minhas as palavras do Sr. Vereador da muito querida Palhaça, terra de que, por sinal, gosto muito: ver para crer.
*
A procissão da camarária reunião ainda vai no adro. Juro que não demoro muito e que tenho muito e do bom para vos contar.
Inté, diz o

oscardebustos

25 de julho de 2007

Igreja de Bustos aguarda obras


Errei na minha intervenção no Forum: afinal, a Comissão Fabriqueira da Igreja de Bustos já assinou o contrato de empreitada para o restauro da Igreja.
Embora a demolição da residência paroquial não conste do orçamento, ainda assim o dinheiro angariado nem chegará para pagar metade dos custos da obra.
*
Segundo o "L'Osservatore Romano" e apesar da grave crise financeira que atravessa, o "Instituto per le Opere di Religione" (mais conhecido por Banco do Vaticano) pondera subsidiar o restauro da nossa Igreja a fundo perdido.
O bom Povo de Bustos diz que é mais simplex continuar os peditórios pela freguesia.
Além de que a Senhora Câmara promete uma ajudinha...
*
oscardebustos

Desemprego...

adaptado há muitas luas dum desconhecido cartonista brasileiro.
*
oscardebustos

24 de julho de 2007

V FÓRUM - O Bustuense Neo Pato


23-10-1924 / 1-10-2006

Com a verdade me perco, com a verdade me salvo. Quero-a na minha companhia, tenho que a dizer! E a verdade é esta: as «forças vivas» de Bustos - ou seja, a opinião pública que prevalece entre nós - não cuida de preitear quem mais se distingue ao serviço da terra. Ora, se quem se esforçou pela comunidade recebeu em resposta um geral encolher de ombros, como esperar que outros conterrâneos avancem de peito levantado?
Digo isto com pena, sabendo que os actos de justiça elevam quem os recebe e não menos enaltecem quem os promove. Por mim, tenho muita honra em participar nesta evocação do eng. Manuel dos Santos Pato, o inesquecível amigo Neo, e nesta homenagem. É homenagem singela mas ainda bem que não tardou mais! E ainda mal porque lembra, aos nossos olhos, até pela semelhança dos nomes e dos casos individuais, o bustuense seu pai, dr. Manuel dos Santos Pato. Ambos, afinal, dois cidadãos dos mais ilustres e dedicados desta freguesia desde que ela existe, e ambos democratas verticais, devotados à promoção crescente da nossa comunidade, homens afáveis e discretos, de grande carácter, cultos e fraternos.

Aos dois, pai e filho, eu conheci e apreciei de perto. Nasci na Barreira, na casa agrícola do meu pai, na vizinhança da casa familiar dos Santos Pato. Ouvia a sineta chamar, com toques diferenciados, cada elemento da família e ia contemplar da rua, no jardim daquela casa, o repuxo na taça de água onde nadavam belos peixes vermelhos. O Neo tinha já seis anos quando eu saí da casca. Como ele, também rolei, brincando, pelo chão, mas ainda andava ao colo quando o Neo, o António e o irmão falecido na flor da idade saíam na fotografia que hoje lembro. Aquela nossa pequena diferença de idades motivou percursos pessoais desfasados. Por exemplo, não acamaradámos na infância. Quando depois comecei a escrevinhar e a ir falar com o dr. Santos Pato, o Neo já andava longe, a cursar Engenharia na Universidade.
Vi-o, já homem feito, a dançar nos bailes do clube com garbo juvenil e óbvio prazer. Era um grande dançarino. Uma das parceiras que lhe recordo foi Nazaré Costa, a futura emigrante e autora do livro «O Destino». Enraizado neste chão natalício, o eng. Neo nunca deixou de aparecer pelo centro de Bustos, no barbeiro, onde calhava, em busca de convívio. E foi assim que, à mesa do café, na roda que o incluía a ele e a outros amigos - como Jorge Nelson Micaelo, Assis Francisco Rei ou Augusto Simões da Costa - lancei e ganhou pernas para andar a ideia de formarmos uma «Comissão de Melhoramentos» em 1959, posta em público no início do ano seguinte e da qual fui uma espécie de secretário para todo o serviço.

Já a morar no Porto, convenci os meus pais a construir a casa da Picada sob projecto dos engs. Neo e Neftali Sucena, com escritório em Águeda. O terreno era exíguo mas eles saíram-se tão bem que «a casa da curva», como a designavam, passou, desde que ficou feita, em 1955, a ser referenciada como solução-modelo. Mas obra dele de bem maior vulto, bem entendido, foi a construção da nova igreja.
É preciso notar que o eng. Neo esteve presente em todas as manifestações cívicas da nossa terra apesar de residir em Mourisca do Vouga. Não faltou, por exemplo, aos quatro fóruns que já realizámos. Manteve o velho hábito de, nos fins de semana, vir estanciar no nosso centro, onde ficava em conversa com qualquer conterrâneo ou grupo de amigos. Acompanhava atentamente a evolução da freguesia, sentia-lhe o pulsar e as arritmias, revelando inteligência lúcida, largueza de espírito e um acendrado sentimento bairrista. Nunca o vi sem serenidade, sem a devida compostura, ou envolvido em disputas mesquinhas, deselegantes, a disparar piadas fáceis, aliado ao bota-abaixo. Apoiou sempre as iniciativas prometedoras, viessem de onde viessem.
Nos últimos tempos, lamentava que o centro de Bustos – e será apenas o centro? – estivesse de algum modo a desertificar-se. Acompanhei-o no lamento. Também eu, chegado do Porto e desejando ver caras conhecidas, sentia o mesmo. Ia-se de um café para outro, olhava-se para sul e para norte, para nascente e para poente, percorria-se a Rua 18 de Fevereiro, subía-se a Jacinto dos Louros até às palmeiras do largo da igreja, tornava-se a olhar, entrava-se por ali acima até circundar a rotunda do Sobreiro e… onde se esconderiam agora os conterrâneos? Dentro das suas casas, debaixo de telha, sob telhado de vidro? Não há dúvida, bem precisados estamos destes fóruns convivenciais!

Termino esta breve evocação com três observações breves:
* O centro da vila precisa de sofrer um arranjo urbanístico verdadeiramente criterioso para se revitalizar; uma intervenção no antigo cinema poderá em breve desencadear o processo.
* É tempo de a freguesia homenagear a memória do dr. Manuel dos Santos Pato, homem com méritos pessoais e gestos meritórios em prol de Bustos lamentavelmente pouco conhecidos.
* Herdeiro da sorte do pai, o Bustuense emérito Neo Pato merece de nós o reconhecimento público de uma dívida de gratidão que, pelo menos na minha modesta opinião, deve abraçar pai e filho no mesmo acto para se tornar mais justa.

Arsénio Mota
___________

23 de julho de 2007

VºFÓRUM: LIVRO



Um livro contendo vários depoimentos sobre a vida e obra do Engenheiro Santos foi uma das iniciativas promovidas pela comissão organizadora do Vº Fórum. Este trabalho, cujos textos irão ser publicados no "NB", foi também assinado por todos quantos estiveram presentes no almoço e depois oferecido à viuva, D. Celina Pato. Momento igualmente significativo e inovador foi a apresentação de um diaporama com imagens da vida e obra do homenageado, num trabalho organizado por Dina e Pedro Costa.


Mas o saudoso Engenheiro Pato não foi o único homenageado da tarde. Também Natalino Rodelo recebeu uma placa de homenagem, forma da Comissão organizadora agradecer o desenho a carvão que este fez para abertura do livro de homenagem atrás referido. Cândida Guerra recebeu também uma pequena lembrança por ser, com os seus 90 anos, a bustuense mais idosa presente no encontro.

Vº FÓRUM: COMISSÃO ORGANIZADORA

A comissão organizadora do Vº FÓRUM DE BUSTOS: Dorinda Capão, Manuel de Oliveira(Cataluna), Dina Costa e Ditosa Luzio.

MULHERES


Só mesmo as mulheres de Bustos poderiam ter organizado o V Fórum de Bustos da forma como o vivemos.
É certo que andava sem dormir e estava ainda dominado por uma letargia que procurei disfarçar. Mas deu para perceber.
A Dina, a Dorinda e a Ditosa foram as principais autoras dum trabalho a todos os títulos notável. Concedo: o Manelzito Cataluna (parece que ainda há dias saiu da escola) deu uma ajuda e o Serginho esteve no seu melhor (excelente, a “Resenha do Processo que Tornou Possível a Construção da Igreja de Bustos”, texto da autoria do Eng.º Naftali Sucena, mas trazido à luz em opúsculo pelo sempre atento nosso Sérgio).
Foram as MULHERES DE BUSTOS - tinham de ser elas - a chegar tão longe e com tanto esmero. Esmero que só Mulher sabe ter.
Não esqueceram, sequer, de nos lembrar através das imagens nas paredes da sala de convívio que estávamos ali por causa da Escola da nossa infância, da Escola que nos forjou para a vida
e para o mundo. Que nos forjou, sobretudo, para os laços de amizade e companheirismo que nem a morte do Carlitos Luzio é capaz de separar.

O que significa que a morte não consegue tudo e que, se calhar, até consegue muito pouco.
Por isso, continuam bem vivos aqueles Bustuenses que marcaram para todo o sempre a nossa Terra e as nossas memórias. Os seus legados são o melhor dos testemunhos e deixo-vos aqui 4 (quatro) exemplos, entre muitos outros:
- O 1º, na pessoa desse grande bustuense que foi Jacinto dos Louros, a quem devemos o que somos como freguesia;
- O 2º, na pessoa do Dr. Manuel dos Santos Pato, a quem devemos o que Bustos é como paróquia, essa espécie de freguesia dos crentes;
- O 3º, na pessoa do Eng.º Néo Pato, pela grande obra que é a demasiado esquecida Igreja de Bustos.
- O 4º, o Carlitos Luzio, porque é a memória da Escola da minha geração e porque nos deixou um outro legado: o de que precisamos de ser e agir como ele, que foi a vida inteira um

Pescador de Sonhos

Resta-me falar doutras duas Mulheres que estiveram no Forum: a minha Mãezinha, que acertou na mouche quando decidiu inventar-me (dizem que o meu Pai ajudou muito à missa, que ele não brincava em serviço). Esta Mulher personifica a mãe de cada um de vós, que eu não sou rapaz para puxar a brasa só para a minha sardinha.

Há outra Mulher, que também esteve connosco no passado sábado. Parece que estava ali de propósito e bem ao vivo para nos lembrar a Escola das nossas infâncias. Digo-o porque foi a primeira Mulher a dar aulas na Escola Primária de Bustos, quando as paredes interiores de adobo ainda nem estavam rebocadas. Terá sido ainda antes da inauguração, datada de 1937, que a pressa em ensinar os filhos de Bustos era grande.
Esta Mulher chama-se Benilde Simões Guerra e terá 86 anos.
Nasceu em Bustos como as suas irmãs e é uma das três filhas ainda vivas do Pai de Bustos, Jacinto dos Louros.
Nem de propósito!
*
Bendito Fórum, que serve para lembrar que Bustos existe e tem gente de valor.
Cabe-nos continuar a obra. Vou mais longe: cabe-nos lutar por uma nova Bustos, de mudança, de intervenção, de crítica atenta, construtiva e profunda. É preciso sair da letargia.
O resto, que será o desenvolvimento sério, equilibrado e sustentado, virá parar às mãos de Bustos como a fruta madura.
*
Inté, diz o
oscardebustos

Cicloturismo de Bustos saiu à rua 22 de Julho


O X Cicloturismo de Bustos realizou-se no dia 22 de Julho, tendo partido da Feira do Sobreiro com destino ao Parque de campismo da Vagueira. O tempo foi favorável à realização do evento tendo participado aproximadamente duas centenas de ciclistas.

No final do dia a organização tinha para os ciclistas um porco no espeto, e entrega de prémios de participação. Para obter mais informações poderá ler uma reportagem sobre a iniciativa no Bustos à Lupa e ter acesso a aproximadamente 200 fotografias.

22 de julho de 2007

V Fórum de Bustos


Ontem, 21 de Julho de 2007 decorreu no salão Sóbustos o V Fórum de Bustos tendo como homenageado este ano o Engº Néo Pato.

O Fórum de Bustos proporcionou aos Bustuenses um almoço de convívio, com direito a intervenção em Fórum aberto. Na ocasião foi também dado a conhecer um pouco sobre a vida do Engº Néo Pato. Para ler uma reportagem sobre o V Fórum de Bustos clique Bustos à Lupa


*Fotografia- Intervenção de Cândida Guerra, filha de Jacinto dos Louros.

21 de julho de 2007

HOMENAGEM AO ENG. NÉO PATO


Recordando o Eng. Manuel dos Santos Pato, "Neo"
com estima e consideração.-

Dizem que a vida é mesmo assim,
(Tudo na vida tem principio e fim)
Ainda assim, é difícil de aceitar
A implacável injustiça “emersa”
Que esta verdade nos encerra,
Não me resigno, por mais que a razão mo peça,
À ceifa dos melhores homens da minha terra.-

Genuíno Bustuense de alma e valentia
Ergueu a bandeira da liberdade e da democracia,
E conheceu a prisão, por crime de pensamento
Foi homem íntegro, cortês, leal que nunca nos faltou
Em tudo digno do mais alto merecimento
Pelo conteúdo da sua essência
Lá está na prisão em que a morte o encerrou
Donde continua a sua marcada história
cá ficou a saudade… a mágoa da sua ausência,
…! O Neo Pato, revive na celebração da sua memória!...

Bustos, 28 de Junho de 2.007
Ulisses de Oliveira Crespo
(O cronista da vila)

NOTA:
Resenha da anotação no livro
Em honra ao Eng. Manuel dos Santos Pato. “Neo”

ALGUMAS RECORDAÇÕES DO ENG. PATO




O Eng. Pato foi um dos mais ilustres filhos desta terra de Bustos, isto, não se deve ao facto de ser filho de quem era. É certo que o seu Pai, Dr. Santos Pato, era o maior proprietário da Freguesia, mas também não será por esse facto que ele era a pessoa mais estimada e respeitada, mas sim, por tudo quanto fazia para o engrandecimento da terra.
Como advogado que era, embora não exercesse a profissão, estava sempre de braços abertos a ouvir as pessoas e a dar-lhes os conselhos.
O Eng. Pato teve uma educação familiar exemplar, também deve ter herdado de seu Pai a formação política que tinha.
Seu Pai foi um republicano convicto e o Eng., um democrata activo. Dessa actividade política, um dia, é preso pela Pide e passa algum tempo em Caxias como preso político.
É certo que o Eng. Pato era pessoa infalível nas sessões clandestinas do M.D.P. que se realizavam em Aveiro.
Apesar de a sua formação política não estar de harmonia com o sistema vigente, é convidado pelo Sr. Santos Pereira, presidente da Câmara de Oliveira do Bairro para engenheiro da Câmara. Aceitou o lugar e mantinha uma certa intimidade com o presidente, de quem era também muito amigo.
Um dia, na Câmara, o Eng. Pato encontra-se com o Dr. Acácio Azevedo, director do Colégio de Oliveira do Bairro, com quem conversa. O Dr. Acácio estava grandemente preocupado porque lhe faltava um professor de Físico – Química para completar o elenco docente.
Pergunta ao Eng. Pato se não sabia de alguém que pudesse ocupar esse lugar. O Eng. Pato, após ter pensado um pouco diz-lhe ‘conheço o dono da Farmácia de Bustos que talvez possa resolver-lhe o problema. Vamos falar com ele e depois veremos”.
O Eng. Pato e o Dr. Acácio aparecem-me na Farmácia e após as apresentações, o Dr, Acácio convida-me a ocupar esse lugar. A princípio não aceitei, porquanto estava à frente da Farmácia. Contudo, depois de reflectir um pouco e de muita conversa, aceitei, mas nas seguintes condições: o Dr. Acácio teria de procurar um novo professor, porque eu iria colmatar essa falta durante algum tempo, até que ele conseguisse o novo professor.
Que aconteceu?
O tal professor nunca apareceu e eu finalmente fiz todo o percurso como professor.
Confesso que foi um percurso que muito me agradou e do qual tenho boas e agradáveis recordações.
A quem se deve tudo isto? Ao Eng. Pato.
O Neo Pato, como era conhecido, quando estudante em Coimbra, era um apaixonado pelo futebol. Foi um dos fundadores dos Azuis de Bustos, assim como também atleta onde participou em alguns campeonatos.

ENG. PATO PROVOCA MUDANÇA DE SISTEMA
Entre várias intervenções, o Eng. Pato tem duas que são dignas de registo.
A primeira, muito antes do 25 de Abril.
Como é do conhecimento geral, noutro tempo, os Presidentes das Câmaras e das Juntas de Freguesia eram muito contestadas pela Oposição e não só.
O Eng. Pato era um democrata por excelência e muito activo. Apesar de estar na Câmara, participava activamente na vida política para mudar o Sistema. Foi numa dessas eleições para a Junta da Freguesia de Bustos que se consegue fazer com que o presidente da Câmara, Santos Pereira, incluísse na lista da Junta de Bustos duas pessoas indicadas pelo Eng. Pato, pois “eram de inteira confiança e muito respeitadas”. Essas duas pessoas, da Oposição, eram Assis Rei e Manuel Joaquim dos Santos. A lista foi eleita e a partir daqui o Sistema mudou, graças ao Eng. Pato.
A outra intervenção do Eng. Pato é no após 25 de Abril.
É certo que a seguir ao 25 de Abril todo o movimento democrático português entrou em actividade constante e permanente para a formação das Comissões Administrativas, tanto para as Câmaras como para as Juntas de Freguesia.
Nas sessões realizadas na Mamarrosa, o Eng. Pato, um dos activistas mais em acção, ao fim de alguma discussão consegue apresentar uma lista para a Câmara Municipal de Oliveira do Bairro, que foi aprovada por todos.
Essa lista era constituída por Dr. Manuel dos Santos Pato (médico da Mamarrosa), Dr. Fernando Peixinho (Oiã) e Assis Rei (Bustos).
Aqui está o Eng. Pato a pontificar na vida política do Concelho de Oliveira do Bairro.

Assis Francisco Rei, 21.07.2007
Nota – o texto não foi revisto pelo autor (NB,srg)

20 de julho de 2007

Viagens na Minha Terra

Os TOB (Transportes de Oliveira do Bairro) andam por aí, a lembrar a obra literária do Almeida Garrett sobre o seu percurso pelas terras de Santarém dos meados do séc. XIX.
Duas carreiras diferentes, em dois bonitos autocarros (alugados) de 20 lugares/cada.
A promessa do actual executivo camarário está a ser cumprida. Valha a verdade: não há partido concelhio que a não tivesse inscrito no seu programa eleitoral.
Os 2 horários (uma para cada carreira) vêm em 2 grandes folhas de couve, tipo A4, que a tipografia não foi a tempo de os apresentar muito dobradinhos até à data da inauguração. E até têm espaço para um recorte destinado a sugestões, que vão chegando à Câmara.
Como se trata duma fase experimental, para valer em Julho e Agosto, ficamos à espera dum pequeno e único caderninho de bolso, mesmo que mantendo as 2 sugestivas cores.

Eu explico o porquê das bem pensadas 2 linhas:
- A chamada linha verde desenvolve-se a norte do eixo da EM 596, que liga Bustos a Oliveira do Bairro, abarcando as freguesias de Bustos, Palhaça, Oiã e Oliveira do Bairro (neste caso, abrangendo só a parte desta freguesia que fica a nascente da linha do caminho de ferro). A Mamarrosa, o Troviscal e os lugares de Vila Verde, Camarnal, Montelongo, Serena e Lavandeira, ficaram de fora.
- A linha laranja tem mais que ver com o eixo sul da principal estrada municipal, linha esta que apenas toca na freguesia de Oiã em 2 pontos: largo de Malhapão e capela da Silveira. Embora a Junta local seja CDS, a linha laranja começa na Mamarrosa, vem a Bustos (idem), passa pelo Troviscal (idem), pelos tais 2 locais de Oiã (nem por isso), de novo pelo Troviscal, depois por Vila Verde, Camarnal e por aí adiante (idem, que estamos na freguesia de Oliveira).
Ao todo e por dia temos 12 percursos, começando o gira-gira às 7H30, no centro de Bustos e acabando à 19H15, na Quinta da Gala.
E andei eu uma vida inteira pela Assembleia Municipal a dizer ou a mandar dizer que Bustos e a Mamarrosa eram uma espécie de sudoeste asiático ou Kosovo do concelho…
A linha verde funciona de manhã e a laranjinha da parte da tarde; daí as 2 cores, é o que penso.
Ao todo, são 326Km por dia, mas se fossem menos a Câmara pagaria o mesmo à empresa prestadora do serviço, qualquer coisa como 275€/dia, o que dá uns 5.000€/mês. O acordo feito (ao dia e não ao quilómetro) explica tantos percursos de ida e volta.
Também se percebe que o objectivo do serviço público seja o de orientar a rede de transportes de forma a contrariar a tradicional tendência centralista. A solução é simples: se é preciso ir à sede do concelho, também a sede do concelho deve vir às freguesias. Bem achado, apesar do vaivém quase constante.
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Como viajar é conhecer pelos nossos próprios olhos, fui viajar nos TOB, o que fiz ontem de manhãzinha. Aproveitei a falta do popó e também não me estava a imaginar falar de cátedra sem conhecer os TOB no próprio terreno.
Também são só 50 cêntimos - é certo que sem direito a pequeno almoço -, o autocarro é cómodo e as estradas estão em bom estado, com excepção da rua principal da Murta, a receber obras, com vereador e tudo a acompanhar os trabalhos.
Mas vamos ao que interessa:
A divulgação, apesar dos 1.000 esgotados horários, não chegou ainda a muitos e o pessoal não está para olhar para a berma da estrada. Até eu olhei melhor e lá estão os indicadores das paragens, em vias de receber o respectivo horário mal a coisa passe a definitivo.
Sempre pensei que a linha verde ia ganhar em n.º de passageiros. Errado: pelo menos por enquanto, a linha laranja é a mais concorrida e um dos seus trajectos já transportou 11 passageiros. Sinal dos tempos ou o n.º de automóveis per capita é mais baixo a sul do eixo transversal do concelho?

Ontem de manhãzinha só eu entrei no autocarro na 1ª paragem do 1º percurso do dia, ali logo a seguir aos CTT de Bustos. A partir da rotunda do Arieiro uma passageira fez-me companhia e ao simpático condutor; a nossa concidadã ia fazer fisioterapia à capital e ficou cheia de pena porque o autocarro não pode parar onde a gente pede e muito menos à porta da nossa casinha, que a lei diz que é proibido; mas o condutor foi de coração bom e lá a deixou à porta da clínica. Acreditem: metros à frente cruzámo-nos com uma viatura da GNR/BT. Ufa, desabafou o bom samaritano. Lá me safei da multa!
Durante a hora que demora o longo percurso fomos sempre os mesmos 3, em amena cavaqueira. Eu, mais com a preocupação de perceber os porquês do percurso: e o que não percebi, foi-me explicado depois, por razões que se compreendem, até porque os TOB estão na fase inicial de ver para crer e só depois decidir mais em definitivo.
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E agora as minhas críticas:
1ª - A carreira das 7H30 (Bustos/Oliveira do Bairro) deve começar no Sobreiro, junto à rotunda da Tia Maria, até porque o autocarro passa lá para começar o percurso no centro de Bustos. E, afinal, o Sobreiro é o maior lugar da freguesia, não fazendo sentido que os munícipes do Sobreiro tenham de vir a Bustos para apanhar o autocarro.
2ª - As paragens nas zonas industriais são para esquecer: as voltas pelo princípio do Barreirão (cerâmicas) e pelas Zonas Industriais da Palhaça e de Oiã não servem para recolher ou despejar trabalhadores. A explicação é simples: quem vai de autocarro para o trabalho quer garantias de que o vão buscar ao fim do dia, o que não é o caso. E sempre se poupava algum do precioso tempo.
3ª - São voltas a mais e não é possível agradar a gregos e troianos, ainda que se compreenda a preocupação de percorrer quase todos os lugares de todas as freguesias. Afinal, estamos perante um serviço público.
4ª - Bom grado a tal vontade de descentralizar, procurando inverter o fluxo de trânsito só no sentido da convergência para a sede do concelho, tarde ou cedo a linha verde ficará reduzida a uma viagem de ida, logo pela manhã e outra de regresso, cerca do meio dia.
Mais do que popular, o serviço quer-se útil. Todos sabemos que os transportes públicos dão prejuízo, mas impõe-se minimizá-los. Nesta fase experimental os múltiplos e vastos percursos não oneram o município, mas isso acabará por acontecer, que as leis do mercado não perdoam, muito menos em tempos do mais puro e feroz mercantilismo.
5ª - Chegados à capital e para evitar a volta pelo Repolão, Cercal, Murta e regresso ao centro, deveria existir uma paragem perto da GNR ou do Hospital que permitisse a saída dos passageiros que vão para as repartições públicas, hospital e tribunal, evitando-lhes a voltinha do Cértima; e com a vantagem dessa nova paragem servir as 2 linhas.
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Para terminar: os custos são suportáveis e o serviço público justifica-se, se cumprir uma função merecedora de tutela municipal.
Esperemos que não aconteça como noutros municípios, onde o serviço foi extinto ou reduzido ao mínimo. A experiência ensina que as pessoas não aderem muito, tal a vicieira do carrinho próprio. Mas depois toda a gente grita ao morto, que lá se foi o serviço de transporte público, é uma injustiça, abaixo a câmara, abaixo o governo e viva o benfica.
Ou não fossemos portuguesinhos da silva…
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oscardebustos

19 de julho de 2007

O ENGº PATO E A CONSTRUÇÃO DA IGREJA DE BUSTOS

(Extractos de um depoimento do Eng.º Neftali da Silva Sucena)
Natural de Águeda, tendo cursado engenharia civil na Universidade do Porto, o Eng.º Neftali da Silva Sucena foi um dos companheiros de estudo, depois de profissão, do Eng.º Santos Pato com quem colaborou em inúmeros projectos, nomeadamente na construção da Igreja de Bustos. É o processo da construção desta importante obra que Neftali Sucena invoca num interessante depoimento de que publicamos extractos. A versão integral pode ser lida aqui.


O Eng. Pato licenciou-se em Engenharia Civil nos meados do mês de Julho de 1952.
Já casado com a D. Celina passaram a residir no «palacete» construído pelo sogro, em Mourisca do Vouga.
Por razões de vária ordem decidiu encetar a sua carreira profissional na área da residência e para tanto foi alugado o 1º andar de um prédio situado na Praça Conselheiro Albano de Melo da então vila de Águeda, onde se instalou um rudimentar Gabinete Técnico destinado à elaboração de projecto de obras de construção civil, particulares e públicas.
A actividade iniciou-se em meados do ano de 1953 com a elaboração de um projecto de um edifício destinado a comércio e habitação, encomendado pelo Sr. Vitorino Reis Pedreiras, e que veio a ser construído em Bustos, de frente da Capela (Igreja) então existente. (…)
A primeira obra pública construída foi o edifício para a Administração Florestal de Águeda, iniciada em 1958 e concluída em 1960.
E a actividade seguia, continuadamente.

Ora acontece que no dia 27 de Outubro de 1954, o Padre António Henriques Vidal foi nomeado pároco da freguesia de Bustos com a pesada incumbência de reanimar pastoralmente a adormecida paróquia.
Passados uns tempos, eis que surge no Gabinete Técnico a pessoa do Padre Vidal, sorridente, confiante, voluntarioso e destemido, solicitando ao Eng. Pato, natural e morador em Bustos durante muitos anos, preciosas informações acerca da gente daquela freguesia, com vista a estabelecer uma estratégia adequada a um bom entendimento.
O Eng. Pato não recusou os seus bons ofícios e expôs longamente as virtudes e os naturais defeitos dos seus conterrâneos (…)
E o que foi certo, foi as visitas continuarem com o mesmo espírito, ora para obter novos conselhos, ora para relembrar tempos passados durante os quais o Gabinete Técnico já tinha prestado valiosa colaboração nas manifestações caritativas realizadas na paróquia de Águeda e também orientadas pelo Padre Vidal, durante os anos de 1951 a 1954, na qualidade de coadjutor desta freguesia.
Vem daqui o natural conhecimento donde nasceu uma sã amizade entre os personagens que mais tarde viriam a prestar uma útil colaboração na magna e quase impossível missão cometida ao destemido Padre Vidal. Gente jovem, simples, bem intencionada, sem grandes ambições, sensível à solidariedade e capaz de a praticar. As idades oscilavam entre os 26 e os 32 anos, sendo eu, o mais novo, e o Arquitecto Carneiro, o mais velho. (…)

O Eng. Pato era um oposicionista militante. Cultivara este ideal desde os bancos da Universidade e manteve-o fulgurantemente luminoso por toda a vida.
Aproveitou todas as oportunidades para propagar as suas convicções. Procurou por todos os meios possíveis lutar contra a ditadura do Estado Novo. Participou e destemidamente na organização de conferências, comícios, palestras, congressos e campanhas eleitorais, em colaboração com verdadeiros amigos, solidários e fiéis. O evento mais relevante e de maiores consequências, consistiu na realização do 1º CONGRESSO REPUBLICANO, do qual foi secretário-geral o excelente cidadão, o ilustre escritor e distinto médico, Dr. Mário Sacramento, que teve lugar na cidade de Aveiro, no ano de 1957. (…)
Desde o momento em que o Padre Vidal começou a frequentar o Gabinete Técnico do Eng. Pato, gerou-se a ideia consensual de que, entre outras, a missão máxima transmitida pelas superiores hierárquicos e a cumprir a todo o custo e a qualquer preço pelo novo pároco da freguesia de Bustos, seria a realização de amplificação da capela (Igreja) de S- Lourenço.
Mas o Padre Vidal, durante anos não revelou o objectivo de tão ambiciosa missão! (…)
Veio ao conhecimento público que a Comissão Fabriqueira havia comprado aos herdeiros do Visconde, um terreno anexo à capela de S. Lourenço.
Estavam lançados os dados!

Em breve se fez anunciar o Padre Vidal através do ruído do motor do seu “dois cavalos”.
Surge prazenteiro, ufano, mais risonho do que nunca, ocupando de imediato a sua habitual posição e reclamando atenção de todos, pois pretendia expor um assunto da maior importância.
Silenciados os presentes, o Padre Vidal, com ar triunfante, anunciou que estavam reunidas as condições para se iniciarem todas as diligências e estudos indispensáveis para a construção da obra de ampliação da capela de S. Lourenço, transformando-a na Igreja Matriz da Freguesia de Bustos.
Para tanto vinha apresentar duas propostas: a primeira, para que o Sr. Arquitecto Carneiro se encarregasse da elaboração do projecto da obra; a segunda, para que o Eng. Pato tomasse a seu cargo a empreitada da obra em causa. (…)
Definido, finalmente, e de maneira definitiva e irrevogável, o terreno adquirido para a construção da nova Igreja, a sua localização, forma e dimensões, o Arquitecto Carneiro empenhou-se, verdadeiramente, a elaborar possíveis esquemas para o futuro templo, muitas vezes com prejuízo das suas actividades profissionais.
E quando tal acontecia, o Padre Vidal aparece a anunciar uma iniciativa que viria a produzir muito apreciáveis resultados e a possibilitar a ultrapassagem dos obstáculos que ainda subsistiam: - A viagem a Singeverga com o objectivo de sermos bem esclarecidos sobre as correntes de modernidade que enchiam de ar fresco certos centros religiosos onde estudos e reflexões aprofundados por mestres abades, preparavam os fundamentos para a grande viragem por tantos almejada.
Então, uma bela manhã de fim de Primavera, lá partimos no incansável “dois cavalos”, com destino ao convento beneditino de Singeverga, situado a pouca distância de Santo Tirso. (…)
Só a partir daquele momento se tomou verdadeiramente consciência de uma grande aspiração, de uma grande ideia, ainda indecisa, ainda indefinida, nascidas da interiorização da necessidade de a objectivar, de a materializar.
E desde então a ideia do projecto a imaginar, não saiu mais da cabeça do Arquitecto Carneiro.
Uma imagem de retórica que o abade utilizou passou a ser a estrela orientadora do seu pensamento, o símbolo que ele estava, daqui para o futuro, empenhadíssimo em materializar! Disse e repetiu o surpreendente abade: a igreja, o edifício … são pedras mortas; os homens é que são as verdadeiras pedras vivas; a sua comunicação, comunhão e acção é que constituem a Igreja. O óptimo seria que as igrejas se reduzissem a tendas. A partir daqui o símbolo que o Arquitecto Carneiro procurou metamorfosear foi – tenda com muita luz natural! E o Eng. Pato, vislumbrando o surgimento de um projecto ao nível de tão grande ambição, tornou-se atraído pelo elan vigente e interiormente determinado a assumir as responsabilidades da construção da obra a criar.(…)
Ao fim de alguns meses, foi encantador e reconfortante contemplar, na pureza da alvura do gesso, a miniatura da futura Igreja, toda a beleza do conjunto constituído pelas sucessivas “tendas” que lá surgiram e davam prova concludente da transformação do símbolo em arremedo da realidade. Esta maqueta constituiu motivo de um imenso júbilo para o Arq. Carneiro e ainda mais para o Padre Vidal que a partir de então podia exibir para os seus paroquianos, uma visão realista e antecipada da futura Igreja.



Entretanto, a batata quente passara para o Eng. Pato. Começou então um grande quebra-cabeças para ele, aliás como oportunamente previra. Estavam a surgir as anunciadas canseiras e preocupações.
A questão que se punha era como encontrar o método que permitisse calcular a estabilidade e segurança de tais estruturas previstas no projecto por forma a conseguir-se o seu dimensionamento.
E em seguida perguntava-se qual o processo a adoptar para a sua construção.
Perante tal embaraço, eis que surge uma informação inesperada que acabava por confirmar o velho princípio, já em vigor no tempo dos romanos, de que “a sorte beneficia os audazes”. Por virtude de contactos ligados à actividade de empresário de cerâmica, o Eng. Pato tem conhecimento de existir uma grande unidade do ramo no concelho de Torres Novas.
Sem delongas, eis o Padre Vidal e o Eng. Pato, empreendendo mais uma viagem à descoberta de tal empresa. E encontraram-na. Com grande espanto viram construídas enormes abóbadas, de grande vão e de grande altura, com betão simples tendo incorporados elementos cerâmicos por forma a constituírem lajes delgadas e aligeiradas. Os elementos cerâmicos eram construídos pela empresa que as utilizou nas suas abóbadas e agora fabricava para o mercado. Obtiveram o preço do material e o custo aproximado por metro quadrado, em planta, da construção das abóbadas. Foi uma dádiva de “mão beijada”. Mas conseguiram mais uma informação preciosa: a direcção de uma casa comercial de Lisboa que alugava tubos de aço adequados à construção de andaimes e de cimbres.(…)
Concluída a pesquisa informativa e mesmo na ausência da sua apreciação crítica, o Eng. Pato, durante a viagem de regresso, decidiu optar, sem mais hesitações, pela construção de abóbadas semelhantes às que acabara de observar.
Para tanto, impunha-se, previamente, o estudo dos respectivos perfis. Foi o período de maior esforço intelectual desenvolvido pelo Eng. Pato em todo este processo. Agarrou-se ao estirador durante dias consecutivos, relendo sebentas e tratados em busca de uma solução para o problema. Julgo que foi um tempo de ocupação tão absorvente que até pôs à margem a actividade política.
E como “quem porfia sempre alcança”, também chegou para o Eng. Pato aquele feliz momento de dar uma palmada na testa e dizer – “achei”. (…)
Foi então que o Eng. Pato mais uma vez evidenciou a sua capacidade de líder. Tendo confiança no trabalho que acabara de realizar e estando certo das suas convicções relativas à possibilidade de, a partir de agora, e somente de agora, de se iniciar com segurança, a construção da nova Igreja, deu um murro no estirador e ao mesmo tempo um grande berro, exclamando: “Não vai haver alteração nenhuma! Eu com base no desenho a lápis traçado neste papel, vou construir a Igreja”! (…)

Mas eis que toda a organização vem a sofrer um rude e inesperado golpe na madrugada do dia 1º de Dezembro de 1962 quando a PIDE bate à porta da residência do Eng. Pato e o leva sob a prisão, primeiro para Coimbra e depois para Caxias de onde só foi libertado em 8 de Fevereiro de 1963.
Terão que parar os trabalhos de construção da nova Igreja? Era a pergunta que a todos atormentava.
Realizou-se uma reunião da equipa responsável e em breve foi deliberado dar continuidade aos trabalhos em curso. (…)
Após o festejado regresso do Eng. Pato, os trabalhos prosseguiram sem mais percalços até à conclusão da obra. (…)
E o que é curioso é o facto de nunca ter havido entre o dono da obra e o construtor nenhum contrato escrito! Desde a altura em que o Eng. Pato abandonou a posição racional e se deixou envolver pelas razões do coração, tudo ficou acordado em poucos instantes, tendo por fundamentos a amizade, a confiança e o sentido comprometedor das palavras. (…)

Acabada a obra, fecharam-se as contas. Então, como hoje, nunca chegou ao meu conhecimento, o facto de o Arq. Carneiro ter recebido qualquer importância monetária para pagamento dos honorários que lhe eram justamente devidos. Eu acredito inteiramente que ele acabou por se contentar com a inefável alegria e a grande felicidade de ter conseguido objectivar o belo.
De certeza, sei que o Eng. Pato nada cobrou pelos prolongados aconselhamentos, assessorias e diligências prestadas durante meia dúzia de anos, bem como pelos aturados cálculos por ele elaborados. (…)
Do meu ponto de vista o Eng. Pato foi o herói maior desta aventura, considerada quase inverosímil. E não só nesta, mas em muitas outras que, nestas circunstâncias não importa reportar.





18 de julho de 2007

NÃO TE ESQUEÇAS DE ME AVISAR! (Santos Pato)




Eng. Manuel Ferreira dos Santos Pato (Néu)
23/10/1924 - 1/10/2006

Ser idêntico em todos os momentos e situações. Recusar-me a ver o mundo pelos olhos dos outros e nunca pactuar com o lugar comum.in Miguel Torga, Diário XVI, (Montalegre 1. Setembro. 1990).
(Diário Vols. IX a XVI), Publicações D. Quixote, 2ª edição integral. 1999

“Não deixa de ser simbólico que um homem que esteve sempre presente nos momentos em que se decidia algo para Bustos e em prol de Bustos, tenha morrido momentos depois de estar reunido com todos os descendentes vivos de Jacinto dos Louros” (Belino Costa, Notícias de Bustos, 1.10.2006)
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O V Fórum de Bustos, encontro de alegria e de confiança no amanhã, ao dedicar a sua divisa à memória do Eng. Manuel Ferreira dos Santos Pato, abriu uma nova janela de reflexão sobre as coisas do nosso chão e de reconhecimento das figuras que contribuíram para aumentar o prestígio da nossa Freguesia.
Como não somos mal-agradecidos, honramos quem foi grande, por isso, antevejo que o ano 2007 irá contribuir para que Bustos passe a estar mais atento aos seus.

Tive a felicidade de conhecer o Eng. Manuel Ferreira dos Santos Pato, ainda não andava na primária. Durante o percurso da vida nunca lhe perdi o rasto. Sempre falámos a olhar direito um para o outro. Foi um dos meus ídolos. Por isso, não é fácil traçar um alinhavo sobre o Amigo e Mestre.
O silêncio poderia dizer mais.
Incursão nas Caves Borlido, foto de Orlando L Pereira

MAS, HOJE, A TERTÚLIA CHAMA-ME…
Lótus. Hora de “bica e parlamento”. O Eng.º Santos Pato, facilmente reconhecido pelos óculos ray ban de longa tradição, entra na Pastelaria aconchegado por sorriso calmo e límpido, ultrapassa o balcão, dirige-se à prateleira, onde está guardado o seu tabaco, tira um cigarro, recoloca o maço e senta-se. O André, lesto, serve bica e água. É o sinal da entrada na ordem do dia.
O Eng.º Pato anuncia o último êxito do seu PS. A contestação não se faz esperar. O debate aquece. O André, entretanto, vai acender o cigarro. É o momento do fumoir a completar o ritual. O argumento e a contra-argumentação rodopiam em andamento acelerado.
...
Por vezes, mal ocupva o seu lugar na tertúlia, ‘a oposição’, de farpa afiada, lançava para cima da mesa a última barraca protagonizada pelo partido da rosa. Num ápice, o Eng.º Pato, seguro da sua convicção militante, rebate com fundamentação teórica qualquer arremetida do adversário. O confronto verbal, rijamente vivo e, por vezes contundente, normalmente decorre em atmosfera onde sobressai a urbanidade de trato.
De salto em salto, a conversa atravessa indistintamente vários domínios do conhecimento, onde o Eng. Santos Pato patenteia um apport não-dogmático sorvido desde a juventude na fonte dos racionalistas do século das luzes.

SEMPRE BUSTOS


E, quando a vivacidade coloquial ia perdendo fulgor, bastava o anúncio de evento que projectasse a terra prometida de Bustos, invariavelmente, disparava a recomendação “Não te esqueças de me avisar”. E instantaneamente o azimute da conversa apontava para o devir de Bustos ou para uma revisita ao sótão da memória da alma telúrica do nosso terrunho, qual livro aberto que teimosamente se recusou escrever.
Sempre foi claro o desejo do Eng.º Santos Pato manter-se ligado ao terroir onde nasceu.

ESCOLA DA ATAFONA E O SAXOFONE DO FERNANDO ROSÁRIO

Júnior dos três irmãos, descendente da respeitável Família Maria da Conceição Almeida Ferreira Santos Pato e Dr. Manuel dos Santos Pato (da Barreira, mas natural da Mamarrosa), o Eng.º Santos Pato frequentou a “Escola da Atafona”[1] que ficava numa dependência da casa. Aí fez a primária e aprendeu Francês sob a regência do pedagogo Padre Agostinho Pires – que na ocasião estava impedido de paroquiar. A actividade de mestre-escola, para além de constituir uma fonte de rendimento, também garantia a refeição do meio-dia em casa abastada...
A iniciação da dança aconteceu no espaço em frente à casa do indefectível republicano Manuel dos Santos Rosário, membro da primeira Junta de Freguesia de Bustos. A música dançante era debitada através de um saxofone artesanal feito a partir de tubos graças ao engenho e arte do seu tocador Fernando Rosário, filho de Manuel.

AGUENTE DAÍ SEU NÉUZINHO…(Joaquim Pintor)

Como tantos outros, o Eng.º Pato aprendeu a jogar futebol em bola de trapos. O campo de jogos ficava localizado no Barreirão, em terreno do Dr. Pato onde mais tarde se instalaria a Cerâmica de Bustos, L.da. Um “Caneca” fervoroso vestiu a camisola dos Azuis de Bustos, tendo sido um esteio na defesa ao lado do seu amigo e mestre da bola, Joaquim Ferreira Tavares (Joaquim Pintor). Eram dois “béques” inexpugnáveis. Ficou célebre o aviso proferido com sotaque de S. Tiago de Riba Ul “…aguente daí seu Néuzinho que daqui não passa nenhum”.
Campeão no primeiro ano de actividade da União Desportiva de Bustos; em Coimbra, onde fez os preparatórios do curso de Engenharia, é instado a jogar pela Briosa[2]. Declina porque a exigência dos treinos não se harmonizava com o tempo para o estudo. Além disso, era orfeonista do Orfeão Académico[3] e exercia militância política[4] de oposição ao regime opressivo de Salazar - actividade esta que mais tarde lhe franquearia as portas da Prisão Política de Caxias.

COMISSÃO DE MELHORAMENTOS/1960 OU A SAÍDA DA PASMACEIRA

O Eng. Pato, com outros bairristas locais, integra o movimento vanguardista da Comissão de Melhoramentos que em sessão pública realizada no Salão do Centro Recreativo de Instrução e Beneficência apresenta uma “carta de intenções" apontando as linhas mestras dirigidas ao desenvolvimento de Bustos. Uma circular-convite avoca que “As energias vitais de cada bustoense, do primeiro até ao último, [são] indispensáveis na tarefa comum da construção de uma Terra que nos mereça, como uma casa nossa. Todos são necessários, porque todos são bustoenses!”.

Na pujança dos seus trinta e oitos anos, pelas “seis horas da manhã do 1º de Dezembro de 1962”[5], o Eng.º Santos Pato é «visitado» na Mourisca do Vouga por dois agentes da PIDE. «Queriam fazer umas buscas».
Nada de comprometedor encontraram, pois estava tudo escondido em bom recato. Enquanto o Eng.º Santos Pato prepara a sua toilette, a esposa, D. Celina Correia Santos Pato – com o sangue-frio endurecido pelo trabalho clandestino do marido, oferece-lhes chá, o que espanta os agentes. “Era para empatar tempo …”
A PIDE deterninara, o Eng. Pato tinha de ir para Coimbra. “É preciso levar roupa?” “Não, só vai esclarecer alguma coisa e depois volta”.
Horas depois, Manuel do Carmo Santos, sem saber de nada, dirige-se à Mourisca, pergunta pelo Eng.º Pato e a D. Celina, para não alarmar as pessoas da casa, responde evasivamente. “O Engenheiro não está! Vieram aqui uns senhores de manhã para ver uma obra …
”Só quando ia a caminho do escritório é que a Celina me contou o acontecido. A seguir partimos para Bustos informar os Pais”, conta Manuel do Carmo.
Esta leva de detidos juntou quinze[6] oposicionistas que “provavelmente faziam parte do grupo do Trianon (Aveiro), onde pontificava o Dr. Mário Sacramento”. Na Malaposta, junto ao Pompeu, a GNR, que tinha Virgílio Pereira da Silva sob custódia, esperava pela chegada da PIDE. O causídico de Anadia "foi sempre a insultar e a berrar contra o Salazar” até Coimbra (Santos Pato).
Aqui processou-se a identificação e “às três da manhã do dia seguinte levaram-nos para Lisboa”.


Os dias passaram e, “primeiro que se soubesse que o Eng.º Pato estava em Caxias foi um caso sério”.
Manuel do Carmo ainda se recorda das agruras passadas com a primeira visita. “Já próximo da cadeia, perguntava onde ficava Caxias e ninguém respondia” … “As pessoas tinham medo”.

A PIDE «BRINCA» AO JOGO DO GATO E DO RATO

Todas as segundas-feiras a D. Celina visitava o Eng. Santos Pato. “Mas uma vez mudaram o dia da visita, sem nos avisar. Foi uma viagem em vão …”. Pensavam que domavam a nossa vontade, mas o resultado foi insuflar o desejo de revolta.“Até eu, que era o encarregado da administração da empresa e pretendia levar a documentação do escritório para ser assinada e receber instruções do Eng.º Pato, não podia entrar, apesar de ser primo da Celina”. Usavam todos os meios para boicotar o andamento das obras que estavam a decorrer. “Coube à Celina ser a interlocutora entre a empresa e o Eng. Pato”
Bustos não lhe está esquecido. Manuel do Carmo (na foto acima, um jovem com vinte e um anos, então contabilista da empresa, passa a arcar com responsabilidade da sua administração) ainda se lembra das frequentes deslocações para acompanhar a construção da igreja, que atravessava uma fase tecnicamente complicada. “Foram tempos difíceis. Valeu-nos a coesão da equipa e a qualidade dos colaboradores” …
Como era Inverno, “por vezes a estrutura metálica de apoio baloiçava com a força do vento que até assustava.” O Arq. Rocha Carneiro apanhou lá uma pneumonia em consequência de ter subido a um arco para verificar pormenores da obra.

UNIVERSIDADE DE CAXIAS

Entretanto os presidiários combatiam a ociosidade ocupando-se com actividades intelectuais, entre outras, jogavam xadrez em tabuleiros construídos na prisão (as peças foram feitas a partir do miolo de pão), frequentaram um curso de literatura administrado pelo Dr. Mário Sacramento, especialista em Fernando Pessoa. E a formação política não foi esquecida. “A PIDE chamava-nos o grupo dos intelectuais", recordava o Eng.º Santos Pato.
“Para sair da prisão foi outra saga. A um sábado (9 de Fevereiro 1963?), a PIDE telefonou para o escritório. Atendi, mas não quiseram falar comigo. Só falavam com a esposa. Tive de ir à Mourisca avisar a Celina. Estabelecido o contacto, ficámos a saber que podíamos ir buscar o Eng.º Pato e tínhamos de levar catorze contos e cem escudos [70,33€] para a caução. Os bancos estavam fechados e estávamos no tempo de vacas magras, pelo que andámos por aqui e ali a pedir aos amigos para juntar a quantia exigida. Partimos depois do almoço, passámos por Bustos para levar o Dr. Pato. Chegados à António Maria Cardoso e "não fomos atendidos. Aguentámos duas horas de seca até que o Eng.º Pato fosse «libertado».
Mal o Eng. Pato saiu, foi direito ao barbeiro – vinha todo esgadelhado, nunca tinha feito a barba ou cortado o cabelo no tempo da reclusão.
À noite, foram todos ao Maxime. O Dr. Pato também.
Era a merecida válvula de escape para retemperar forças e poder a enfrentar os novos amanhãs.

A LIBERDADE – EM PRIMEIRO LUGAR

O Eng.º Pato prosseguiu a sua luta pela liberdade, não se escusando a defender os valores democráticos incorporados no ADN recebido do seu Pai, Dr. Manuel dos Santos Pato, (republicano perseguido desde o golpe de 28 de Maio);
Não se coibe de discutir em público a política repressiva da ditadura.
Participa em eventos promovidos pela oposição republicana, onde habitualmente discursava;
Transporta até Espanha o seu amigo Manuel Alegre (Rafael, na clandestinidade) na sua fuga para o exílio.
Colabora no Secretariado do II Congresso Republicano de Aveiro (1969).
Intervém no movimento associativo de Águeda. Para reactivar o adormecido Orfeão de Águeda, assume o lugar de Presidente da Direcção, mas vê o seu nome riscado a vermelho pelo Governador Civil de Aveiro. Para o seu lugar avançou o seu Colega e Amigo e Eng. Neftali Sucena. Mais tarde, o Eng. Santos Pato assume a Presidência da Direcção.



Legenda: Águeda - Pensão Santos
Orfeão de Águeda convida o Orfeão Académico de Coimbra
Sebastião D. Lobo, Adriano Correia de Oliveira, Celina C. Santos Pato, Orquídea Dália Flores, Hélder Flores, M.ª Manuela Flores (Nela), M.º Emília Amaral, Eng.º Santos Pato, Dr. Raposo Marques.
 
Colabora no “Bairrada Livre” com duas cartas abertas, a primeira dirigida ‘ao Povo do meu País’ onde se regozija pela abertura das “portas das prisões lembrando que a Liberdade entrou em golfadas de sol e alegria na tua casa, com um abraço de fraternidade e de solidariedade humana…”, mas avisa, “… tens agora um dever de consciência que te impõe” defender a Liberdade. Termina com um apelo parafraseando o slogan muito em voga, ‘unidos jamais seremos vencidos’(BL,12.07.1974)

A segunda “Carta aberta aos trabalhadores do meu País”, (BL 26.07.1974), Recorda a grande festa do primeiro 1º de Maio após o 25 de Abril que depôs nas tuas mãos o direito de discutires o teu trabalho e o teu salário e reconheceu-te o legítimo direito à greve….” Para mais adiante alertar “A greve é uma arma muito poderosa que, utilizada indiscriminadamente para fugazes vitórias a curto prazo, pode, no entanto, pôr em risco a economia nacional e o teu futuro”.

DEPUTADO (PS) À CONSTITUINTE

É eleito Deputado à Constituinte pelo Partido Socialista pelo círculo eleitoral de Aveiro, sendo um dos subscritores (juntamente com Aquilino Ribeiro Machado e Emídio Serrano) de propostas sobre a habitação, em defesa do bem-estar da família[7] e do controle das rendas[8] e sobre o imobiliário[9].

Em pleno “Verão Quente” a 26 de Agosto 1975 faz uma intervenção da tribuna, em que critica a política do governo provisório de Vasco Gonçalves, a actuação do Partido Comunista Português e da 5ª Divisão; defende a via do socialismo em liberdade; elogia «o Documento dos Nove», uma peça de bom-senso e apela ao Presidente da República que demita o primeiro-ministro.
Subscreve, com outros Deputados, uma proposta no sentido da substituição da designação «Assembleia dos Deputados» por «Assembleia da República». (11.03.1976) Mota Pinto terá sido o autor desta designação.
Em 15.01.1976, “O Sr. Deputado Santos Pato (PS) requereu ao Ministério do Equipamento Social informação sobre a actividade do Conselho Consultivo do LNEC e sobre a existência de algum projecto com vista a tornar operacional e pragmático aquele Laboratório na procura de soluções adequadas à crise do sector da construção civil”.

FORA COM O CACIQUISMO

Profundo conhecedor da realidade sociológica dos meios pequenos e das manobras dos caciques minando os alicerces do edifício da jovem democracia, em 31.03.1976, profere uma intervenção de fundo invectivando o hemiciclo para este tomar medidas de defesa dos ideais do 25 de Abril.
Preocupado com o avanço das forças retrógradas, recorda: “Defendi durante toda a minha vida a democracia, a liberdade e o caminho para o socialismo. Mas não posso admitir, por isso mesmo, que essa democracia e a liberdade possam ser destruídas pela própria democracia e pela própria liberdade.” Para mais adiante advertir que há “um aparelho que não pôde ser destruído, porque não tinha estrutura: era o aparelho do caciquismo local”, aparelho esse que actuando “de baixo para cima, possa ser destruída a nossa revolução”.
O Eng. Santos Pato encontra as raízes do caciquismo “principalmente nas câmaras municipais, nos presidentes e nos seus vogais, nas juntas de freguesia, nos presidentes e seus vogais, que através da licença do cão ou da licença do carro de bois conquistavam os votos para a situação.”
E, alertando os colegas do hemiciclo, conclui a sua intervenção: “Se as capacidades previstas na Lei n.º 621-B/74 não forem realmente revistas neste artigo 15.º, nós estamos sujeitos a que esse aparelho do caciquismo tenha possibilidade de actuar e de levar às câmaras municipais, particularmente numa grande parte do território nacional, verdadeiros fascistas” [10].

PARTICIPAÇÃO CÍVICA E SOCIAL

Sem pretender reescrever o seu curriculum, o Eng. Santos Pato pertenceu a órgãos sociais da Associação Humanitário dos Bombeiros Voluntários de Águeda, do Recreio Desportivo de Águeda, do Orfeão de Águeda (já referido), entre outras. Apoiou Instituições através da prestação de serviços.
Foi sócio de várias empresas.
Estimulado pela aragem de fraternidade universal soprada pelos ventos da Revolução dos Cravos, o Eng. Santos Pato, quando director de serviços em Coimbra, contacta um líder do povo rom para colher informações indispensáveis à elaboração de um projecto de uma habitação-tipo adequada aos seus usos e costumes. Após várias reuniões, foi elaborado o projecto, construída a habitação e entregue ao beneficiário. A contento.

ACTIVIDADE PROFISSIONAL

Para além do elevado conhecimento de engenharia civil, o Eng. Santos Pato possuía uma visão apuradsa do ordenamento global.
As coberturas metálicas de grandes pavilhões industriais em Águeda começaram a ser feitas com a intervenção do Eng. Santos Pato. É conhecido o episódio da estrutura de cobertura do Pavilhão da Camisaria Judia, teve de ser feita em madeira, porque não havia soldadores em Águeda capazes de fazer o serviço.
O Vasco Neves, da Blometal, com raras qualidades e conhecimentos de soldadura foi o colaborador por excelência do Eng. Santos Pato na construção das grandes coberturas. Certa vez, a cobertura do pavilhão que o Vasco Neves estava a construir em Castelo Branco caiu. O Eng. Santos Pato responsável pelos cálculos da estrutura de suporte da cobertura, não quis acreditar. Deslocaram-se ao local e verificaram que a cobertura mantivera-se ligada sem qualquer fractura. O problema não era da cobertura, estava na fragilidade dos alicerces.

PRESTIGIADO ENGENHEIRO CIVIL

A actividade no ramo de engenharia deveria merecer um tratamento mais profundo por alguém da mesma especialidade. Entretanto é reconhecido que assessorou tecnicamente várias empresas, e, quando visitava qualquer grande obra, havia sempre um funcionário que o reconhecia. Surgia mais uma oportunidade para recordarem a execução de trabalhos em grandes obras.
Em pleno período marcelista, o prestígio profissional do Eng. Santos Pato é reconhecido ao ser convidado a acompanhar os trabalhos do Plano Integrado de Aveiro-Santiago (PIAS), na qualidade de engenheiro independente. Se não fosse a intervenção do Eng. Santos Pato na reformulação do ordenamento do seu plano, hoje o bairro seria uma bomba socialmente explosiva.
Mas a ascensão não terminou. Foi nomeado para ocupar um lugar de maior responsabilidade em Coimbra. Onde se reformou.

SANTOS PATO – MILAGREIRO
Assessor de uma grande empresa de obras públicas, elabora um plano para o desmonte de um Penedo de granito.
São utilizando explosivos e a vizinhança alertada. Parecia estar tudo em ordem. Mal se houve a explosão, sai de um casebre uma jovem a fugir de medo. Há anos que a menina estava entrevada. A partir desse momento passou a andar normalmente. Aconteceu o «primeiro milagre».
O segundo foi o construtor fazer uma casa nova com todos os requisitos. Daí afirmar-se que não era por acaso que o seu nome ia a “Santos”. Recorde-se que o Eng. Santos Pato era republicano, laico e socialista e assim manteve a sua coerência

BUSTOS BENEFICIOU ALGO DA INTERVENÇÃO DO ENG. MANUEL FERREIRA DOS SANTOS PATO?


Acontece, não raras vezes, ouvir juízos de valor favoráveis ou depreciativos emitidos sem haver o menor fundamento.
A pergunta mais vulgar, que faz saltar a língua, normalmente comandada pela clubite partidária é: “Ele o que é que fez pela Terra?”
Esta pergunta não pode ser dirigida à memória do Eng. Manuel Ferreira dos Santos Pato (Néu Pato).
Bastava ter sido um lutador pela Liberdade que malhou com os costados na prisão, como Manuel Reis Pedreiras, Amaral Reis Pedreiras, Arsénio Mota e outros conhecidos, mas esta não é resposta que se aplique a Bustos, porque até hoje os valores defendidos pelo 25 de Abril ainda não mereceram qualquer referência na toponímia local.
Mas existe uma igreja, estudada, desenhada, projectada e construída e em parte decorada pelo gabinete e empresa do Eng. Manuel Ferreira dos Santos Pato (Néu Pato).
Não foram poucos os técnicos que se dedicaram árdua e gratuitamente ao trabalho de concepção do modelo da igreja. Em trabalho inédito da autoria do Eng. Neftali Sucena explica com pormenor o percurso da sua construção.
Eng. Manuel Ferreira dos Santos Pato, Eng. Neftali da Silva Sucena, Arq. António Filomeno Rocha Carneiro, Mestre Júlio Resende (todo o vestíbulo da entrada igreja é deste Mestre), X Costa trabalharam de borla. E nem sequer um bem-haja mereceram.
Não acredito na ingratidão das gentes de Bustos. Só por distracção das entidades responsáveis o nome destes artistas-beneméritos não consta em placa alusiva. Há a acrescentar outros, enttre os quais «o jovem» Manuel do Carmo.

A IGREJA CAI ... NÃO CAI

Já que abordo a igreja lanço mais um alerta, em consequência de conversas tidas com o Eng. Santos Pato, tive conhecimento que a igreja não tem projecto de pormenor. A arcada é uma estrutura leve e está unicamente estabilizada pela compressão entre todas as secções. Está construída em catenária invertida, pelo que a estrutura de suporte dos fusos cerâmicos não existe. Apenas há uma fina malha de ferro com cimento no exterior a revestir os fusos cerâmicos. Se alguns destes fusos se deteriora a instabilidade surge, a força de gravidade encarrega-se de fazer aluir a igreja. Aos poucos. Ficará a torre que até hoje não se desviou do zénite. Era outro orgulho do Eng. Santos Pato observar a junta de dilatação e não se detectar qualquer desvio. O Arq. Rocha Carneiro evitava olhar para o alto, porque a vista era agredida pelo implante das "cornetas"
Quando se procedeu ao isolamento da cobertura, fizeram de tal maneira que taparam todas as zonas de ventilação. Em consequência, surgiram focos de humidade. A próxima intervenção terá de ser feita com mais cuidado e sob a vigilância atenta de engenheiro civil, a menos que se pretenda acelerar o processo erosivo.
A manutenção e conservação da igreja tem de ser feita por especialistas

CADA POVO TEM A CULTURA QUE PODE (Miguel Torga)


O Eng. Manuel Ferreira dos Santos Pato conhecia Bustos como poucos. Partiu com mágoa por não ter visto aplicadas em local condigno as placas de Homenagem a Jacinto Simões dos Louros e ao Dr. Manuel dos Santos Pato que foram descerradas no antigo salão do Centro Recreativo de Instrução e Beneficência, por ocasião das comemorações do 40º aniversário da criação da Freguesia de Bustos, Tiveram de ser retiradas «por motivo de obras». As placas estão (estavam) a dormir na cave do edifício da Junta de Freguesia de Bustos. E lá continuam. Para sustento da mágoa.
UM OBRIGADO
... por ter tido oportunidade de poder conversar sobre o Eng. Manuel Ferreira dos Santos Pato.
Um agradecimento à Família do Eng. Santos Pato e aos Amigos pela cedência de material indispensável à elaboração desta peça.
Parabéns à organização “forumista” - 3 Dês + 1
Até Sábado, na SÓBUSTOS

sérgio micaelo ferreira, 18.07.2007

Notas:
1
- Escola assim designada, porque aí tinha funcionado tal atafona, que entretanto estava desactivada. João Teixeira, Manuel da Conceição Pires, Aurélio Reis Pedreiras, Manuel Domingues (Azurveira), Joaquim Domingues, Manuel Simões Aires (das bicicletas), Augusto Simões da Costa (Serafim), José Pires e eventualmente outros, foram companheiros dos irmãos Santos Pato – António, José e Manuel (Néu). No grupo, havia uma aluna do Sobreiro.
2-Briosa – título de jornal académico criado pelo Dr. Manuel dos Santos Pato.(informação do Eng.º Manuel Ferreira dos Santos Pato - Néu).
3- Em 1947 foi em digressão a Espanha.
4- Militante do MUD (Juvenil?)
5-Segundo inédito de Neftali Sucena.
6- Para impedir que fosse arquivado no esquecimento, o Dr. Armando Seabra (Aveiro) registou o nome dos companheiros de cela na cercadura da ilustração de um poema datado de Caxias em 12.XII.1962 e que o “Litoral” 28.03.1996 reproduziu. Alfredo Pereira, Armando Seabra, Costa e Melo, Figueiredo Leite, Guilherme Santos, João Sarabando, Joaquim Silva, José Gouveia, Júlio Calisto, Manuel Ferreira dos Santos Pato, Manuel das Neves, Mário Sacramento, José Oliveira e Silva, Reinaldo Saraiva, Virgílio Pereira da Silva, para que conste.
7-Proposta de substituição apresentada por Aquilino Ribeiro Machado, Santos Pato e Emídio Serrano. “Art. 15º – Todos os cidadãos têm direito, para si e para a sua família, a uma habitação adequadamente dimensionada e dotada de condições de higiene e conforto que preserve a intimidade pessoal e a privacidade familiar” Diário das sessões, 8 DE OUTUBRO DE 1975
8-Proposta de emenda “3 – O Estado adoptará na habitação social uma política tendente a estabelecer um sistema de renda compatível com o rendimento familiar.”Aquilino Ribeiro – Santos Pato – Emídio Serrano, 9 DE OUTUBRO DE 1975
9- Proposta de substituição: “4 - O Estado e os organismos de administração local exercerão um efectivo contrôle do parque imobiliário, procederão à necessária nacionalização ou municipalização dos solos urbanos e definirão o respectivo direito de utilização.” Aquilino Ribeiro – Santos Pato, 9 DE OUTUBRO DE 1975
10- O discurso induziu o seguinte aditamento ao ARTIGO 15.º: “2 - São igualmente inelegíveis para os órgãos das autarquias locais os que tenham desempenhado nos cinco anos anteriores a 25 de Abril de 1974 funções de presidência em quaisquer órgãos das autarquias locais sem prejuízo de reabilitação judicial referida no n.º 2.”, subscrita por Vital Moreira e Fernanda Patrício. O Eng. Santos Pato foi abraçado no hemiciclo por aquele deputado.