4 de julho de 2007

A MARAVILHA DAS MARAVILHAS!

O blog de Oliveira do Bairro abriu inscrições aceitando candidaturas às sete maiores maravilhas (leia-se aberrações) do nosso concelho. Em resposta a tão interessante pedido aqui apresentamos a nossa candidata à mais fantástica e esplendorosa maravilha/aberração concelhia:

A CASA DO PADRE DE BUSTOS



“A casa de Deus? Como?... Se Deus é imenso.
Depois de longas conversas com o Padre Vidal, acabo por concluir que apenas teria de criar um abrigo, onde os homens se juntam para encontrar Deus. Porém, com a dignidade que Deus merece...”

São palavras do Arquitecto Rocha Carneiro (escritas em Agosto/2000 e publicadas no JB), o homem que concebeu e desenhou a igreja de Bustos. Ele sabia que os homens passam e a obra fica. E que na obra o homem se espelha, nela mostra arte, inteligência, reflecte um tempo e uma época. A igreja de Bustos é uma obra tocada por muitos artistas e um deles, Francisco Xavier de Viveiros Costa (X.Costa), escultor açoriano, para além do relevo cerâmico que cobre a parede lateral esquerda do baptistério (“Moisés Salvo da Águas”) ofereceu à igreja o desenho monumental que se encontra na fachada posterior, feito com pedaços de vidro de garrafa, versando o tema ““Deixai vir a mim as criancinhas”.

Tudo foi pensado e concretizado, como escreveu Rocha Carneiro, “com a dignidade que Deus merece.” Tanto por dentro como por fora. No exterior foi até construído um passeio, em calçada portuguesa, rodeando o templo. Passeio que se alargava junto à fachada posterior ajudando assim a enquadrar a parede arqueada, pintada de branco de onde ressaltava a grande imagem desenhada por X Costa. E esta, quando o sol bate nos pedaços de vidro com que foi desenhada, parece ganhar vida e ter luz.

Até aqui tudo faz sentido. Tudo é digno. Mas a partir daqui tudo é grotesto e estúpido. O que se passou chega a ser indigno. De Deus e dos Homens. Foi ontem. É hoje. Será amanhã. Ninguém, ainda menos os católicos, poderão dizer que dali lavam as suas mãos.

O que se passou de tão grave?

O que tão simplesmente aconteceu foi que o senhor prior, estando necessitado de uma casa para sua humana habitação, a construiu no tal passeio que existia junto à fachada traseira da casa de Deus. Violando as mais elementares leis de urbanismo, todos os códigos e regulamentos, cuspindo sobre o trabalho do arquitecto e do escultor, desprezando a obra e a dignidade que Deus merece, edificou a sua casinha, quase paredes meias com o templo. E logo depois para que a junção se desse, e também porque dava jeito um telheiro para arrumar o automóvel em dias de invernia (e nos outros), mandou instalar uma cobertura plástica unindo os pés da patriarcal figura desenhada por X Costa com a porta de entrada do seu humilde lar. Alapou-se a uma das paredes da igreja!





Também os padres, porque são homens, pecam e tomam como suas coisas que não lhes pertencem. Também os padres erram.
O crime foi feito. Está cometido.
É grave, mas pior ainda é ver que perdura. Escandaloso é que a casa e o seu anexo plastificado continuam a abarracar a igreja de Bustos, a nossa mais imponente obra de arquitectura, ainda hoje. Ainda agora. O pior são os cúmplices que não estranham o atentado, nem se indignam. Nem nada!
Valha-nos Deus!

Corem de vergonha ó gentes de Bustos! Já não há respeito? Já nem por Deus se tem consideração? Já não há vergonha?

É preciso avançar com a demolição daquela ilegalidade, daquela injúria. Cumpra-se o que um dia propôs Sérgio Ferreira : “Arrombar a casa do pároco, ajardinar o espaço e colocar holofotes no chão para iluminar o mural corresponde ao pedido de desculpas adequado.”

Não há outra forma de recuperarmos a nossa credibilidade, o nosso respeito perante os vindouros, ou seremos tomados como gente de baixa estirpe, sem gosto nem valores. E de escassa inteligência. Gente desprezível!
Demolir aquele nojo é essencial. E se o actual pároco, ou o futuro, precisar de um lar pois que o instale no edifício inacabado em frente da igreja. Dessa forma, esse outro atentado arquitectónico que até agora só serviu para instalar um Banco (e não é o Espírito Santo), encontrará, finalmente, uma boa razão de ser. Espaço não falta para um bom apartamento e muito ainda sobrará. Como a obra tem estado parada por dela não haver necessidade, é uma graça termos um tão bom motivo para dar um destino àquela bustuense obra de Santa Engrácia.
De uma só vez podemos acabar com um horroroso mamarracho que mancha a nossa vida colectiva, e dar, décadas depois da primeira pedra, utilidade a uma obra que de tanto estar parada já perdeu qualquer sentido.
Haja coragem! Haja homens! Haja fé!

Belino Costa

5 comentários:

  1. Falei há tempos com o Padre Arlindo sobre o assunto, que me disse também defender a demolição da residência paroquial e que a sua localização não fazia sentido.
    O problema estará apenas no necessário pilim (grana, papel) necessário para avançar com a nova residência.
    Não sei o que pensa a Comissão Fabriqueira, que julgo ser a entidade competente para avançar com a obra.
    Entretanto, as obras do edifício paroquial ali ao lado, propriedade da mesma Comissão, estão paradas há anos, ao que parece porque a arquitecta autora do projecto terá impugnado umas alterações na cobertura do edifício.

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  2. Anónimo14:59

    A fé é pouca e o silêncio imenso...
    Até o blogue de Oliveira do Bairro se calou e fechou os olhos...
    Exemplar!

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  3. Anónimo00:06

    A mim parece-me que o blog de oliveira do bairro divulgou. Pior foi que ouvi dizer que a vereadora Laura Pires e o vereador António Mota querem promover uma igreja nova para a Palhaça e até já receberam uma comitiva dessa freguesia para o efeito. Talvez os pseudo membros da Assembleia municipal de Bustos nos possam esclarecer no que realmente interessa e não atirarem-nos areia para os olhos como cordeiros dos partidos que representam e não verdadeiros filhos da terra.

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  4. Anónimo23:10

    A casa do padre deve ser para divulgar o nome de Bustos

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  5. Anónimo23:17

    Com o desprezo que se tem pela igreja, a casa do padre ? deve ser conservada para mostrar a realidade de Bustos no roteiro do "concelho" de Oliveira do Bairro

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