30 de junho de 2006

«QUERIDA ESTAÇÃO» DOS CTT! (*)

...
Uma simples caixa postal, criada em 1886, não podia servir bem a população da freguesia de Bustos no início dos anos 20. A expansão das actividades comerciais, industriais, culturais e sociais em geral exigia com urgência uma estação telégrafo-postal na localidade.

Foi no termo de Maio de 1927 que a Junta de Freguesia local, presidida por Manuel Francisco Rei, viu criado pelo Governo, a seu pedido, aquele serviço público, que só em 14 de Outubro seguinte viria a ficar instalado numa Casa particular. Era, apenas, o começo de uma pequena «odisseia», que Manuel Joaquim d’Oliveira Sérgio recorda, com pinceladas de cores vivas, no opúsculo «Há males que vêm por bem – Como foi criada a Estação Telégrafo-Postal em Bustos», publicado em 1956.

Um grupo de meia dúzia de bairristas teve logo que angariar nas próprias aIgibeiras a quantia de 5700$00[1] para custear a aparelhagem necessária à estação. Naquela altura, quando a franquia de uma carta importava em dez centavos[2] (ou ainda menos?), 5700$00 era bastante dinheiro. Mas, em 1930, foi preciso ir além disso e comprar também o terreno próprio para construir o edifício da estação, o qual custou 9.000$00[3] e foi pago pelo mesmo grupo, e outros elementos da população. Por outro lado, este grupo responsabilizava-se pelo pagamento do aluguer anual (200$00[4]) das instalações provisórias e teve de pagar 13$40[5], por cabeça, pela escritura de doação do terreno ao Estado...

Assim, com o progresso arrancado «a ferros», merece homenagem esse grupo de bustuenses animosos, parte dos quais eram comerciantes: Manuel Nunes Pardal, Herculano da Silva, Albano Tavares da Silva, Manuel Francisco Domingues, dr. Manuel dos Santos Pato, Manuel Reis Pedreiras, Vitorino Reis Pedreiras e Manuel Joaquim d'Oliveira Sérgio. A lista não é exaustiva e a ordem dos nomes é arbitrária.

A estação telégrafo-postal começou a funcionar apenas em 1 de Janeiro de 1928. A Junta de Freguesia pagou a condução das duas malas do correio desde 10 de Junho de 1929 até 19 de Fevereiro de 1932. A partir desta data, tal encargo ficou reduzido a metade. A despesa da condução das malas postais passou integralmente a ser suportado pelos Correios em 16 de Janeiro de 1940 e só em 1 de Agosto de 1946 a estação começou a beneficiar de distribuição oficial de correspondência (carteiro, para Bustos e Mamarrosa).

Em 15 de Fevereiro de 1950, as malas postais deixaram de circular por via ferroviária, passando a ser conduzidas pela carreira de camionagem Coimbra-Aveiro. A seguir veio um edifício novo e a instalação da central telefónica automática, inaugurando melhores tempos...

Enfim, foi longa a luta que fez nascer e manter a estação local dos Correios. Deixou uma estrada de sacrifícios. Por isso se justificou bem toda a música e foguetes, toda a alegria e tristeza que rodearam, no dia inaugural, a «querida Estação».

Rematando com Manuel Joaquim d'Oliveira Sérgio, diremos, transcrevendo o seu opúsculo:
«Como vêem, os que naquele tempo ainda não existiam ou eram crianças, e é a estes que me propus dar este esclarecimento, o letreiro que encimava a fachada do edifício dos Correios não representava a expressão da verdade, pois que, a fazer-se um letreiro, deveriam incluir-se nele os nomes de todos aqueles que, pela obra, se sacrificaram». (a)
__
(*)Arsénio Mota, Bustos – elementos para a sua história, Edição da Associação de Beneficência e Cultura de Bustos, 1983.
­­________
[a] Desaparecido o opúsculo, perdeu-se uma franja da História de Bustos.
Na fase inicial da sua actividade, os correios tinham pouca procura, logo arrecadava pouco dinheiro. Perante tão diminuto movimento, Bustos poderia ser penalizado pela Administração dos Correios. Havia que dinamizar o movimento da “querida estação”. Num golpe de magia, Manoel Joaquim d’Oliveira Sérgio compra selos aos contos de reis. As receitas da estação telégrafo-postal trepam em flecha, tendo desaparecido as ameaças de cortes nos serviços da estação.
O Senhor Sérgio, prestigiado comerciante, tinha previamente acertado com alguns fornecedores que os pagamentos pudessem ser efectuados em selos do correio.
[Ainda será possível recolher mais pormenores desta peripécia que proporcionou melhor sustentabilidade «à querida estação»?
- A gravura representa tão só um esboço do letreiro colocado a meio do edifício. É provável que exista alguma foto a reproduzir a fachada dessa estação dos correios]
(srg)
___________
[1] 28,43 €
[2] 0,0005 €
[3] 44,89 €
[4] 1,00 €
[5] 0,07 €

ART DECO


Art deco: estilo virado para a aplicação decorativa dos objectos, misturando a modernidade dos anos 20 e a arte de povos até então mal conhecidos (África, América do Sul). Foi uma arte aplicada a edifícios, móveis, vidro, joalharia, etc..
Gosto muito de arte deco.

Sábado não haverá Arte Deco,
mas conto com ela para as meias finais...
*
oscardebustos

BUSTOS FORA DA CAIXA POSTAL ELECTRÓNICA


O lançamento do novo serviço da internete ‘viaCTT’ pretendia proporcionar a criação de uma da caixa postal electrónica por cidadão. Mário Lino bem declarou – “o serviço está acessível a todos os portugueses”, só que a entidade governamental não contou com a inexistência da internete na estação dos correios.
Intramuros não causa espanto, já que a ‘biblioteca’ de Bustos foi servida pela internete, só que a sua ligação foi cortada com a intervenção do “alicate da autárquico”.
A instalação de um tentáculo de “Aveiro Digital” não justifica a amputação de um meio considerado imprescindível em qualquer pólo de leitura.

Há um século, os influentes de Bustos lutaram pela criação de uma estação de correios e telégrafo-postal. É certo que tardou a sua instalação em Bustos,mas teve apreciável incremento graças à 'habilidade' engendrada por um respeitável comerciante local..
E hoje?
(sérgio micaelo ferreira)

28 de junho de 2006

"QUASE TUDO NADA" DE ARSÉNIO MOTA



Já está editado "Quase Tudo Nada", o livro com que Arsénio Mota conquistou o prémio literário Carlos de Oliveira.
Aqui fica um cheirinho para abrir o apetite à leitura:

“Quando acordou de nascer, estava deitado numa cesta, à sombra de uma oliveira em campo aberto. Não se via ninguém mas ouviam-se sons espaçados: um rancho de cavadores, em fila ombro a ombro, manejava as enxadas. As lâminas penetravam na terra fresca com um pequeno estampido, surdo e metálico, enquanto os homens soltavam uma espécie de exclamação, ah!, que soava também como o arquejo do esforço feito.
Soube que era nascido porque via um céu azul claro e ouvia aqueles sons cavos e ritmados, entre o piar dos pássaros que por vezes, voando, rasavam a cesta onde Tumim abria os olhos para o mundo. Saudariam eles, de asas abertas, o seu nascimento?”

Não percam tempo porque o prazer da leitura espera-vos. Encomendem o livro na vossa livraria habitual, na Câmara Municipal de Cantanhede ou via “Campo das Letras”, aqui .

Quase Tudo Nada
Campo das Letras
R. D. Manuel II, 33-5º
4050-345 PORTO

campo.letras@mail.telepac.pt

PALHAÇA - HISTÓRIA DOS ESPAÇOS SOCIAIS E COMUNITÁRIOS [séculos XIX e XX] COM VELAS DO 3º ANIVERSÁRIO

(arranjo de srg) Posted by Picasa

25 de junho de 2006

NINA DO POMPEU DEIXOU-NOS

Deveu-se a ela o célebre molho do frango de churrasco, essa invenção bustuense.
Tudo começou em princípios dos anos 50 até que em 1963 o amplo espaço da antiga mala-posta passou a acolher o famoso “Pompeu dos Frangos”. A Nina era a autora do famoso tempero, cujo segredo guardou ciosamente durante parte da sua vida.
Mais tarde e à frente do célebre restaurante da Malaposta, o filho Carlos herdou o segredo que a casa ainda mantém.
Nina Fabiano dos Santos faleceu aos 81 anos e com a sua morte é uma marcante geração de bustuenses que aos poucos se perde irremediavelmente.
Vai hoje a sepultar pelas 19 horas, que é tempo de ir para junto do seu e nosso Pompeu, ali no cemitério de Anadia.
Rapariguita, em meados dos anos 30, entrava em peças de teatro de que aprendeu a gostar quando começaram a ser representadas na serração do pai, o Ti Sebastião Fabiano.
No dia de Páscoa de 1947, inaugurou com o Pompeu o “Café Recreio”, como aqui lembrou o Altino em texto de 6 de Abril passado.
Ainda no café Recreio apura os seus dotes de cozinheira, tornando célebre o arroz de miúdos, afinal um aproveitamento das miudezas dos frangos caseiros que o Pompeu começou por assar no fogareiro para os amigos da “molhaca”.
O frango de churrasco e o arroz de miúdos cedo ganharam fama nacional: Amália Rodrigues, Shegundo Gallarza e outros vip´s de então eram visitas mais ou menos regulares, o que levou a família Pompeu a mudar-se para a espaçosa mala-posta, de que começaram por ser arrendatários.
A Nina foi uma figura incontornável do Pompeu dos Frangos; se deixou de cozinhar, passou a ser uma espécie de “polícia” da cozinha e guardiã do templo, em especial do molho do frango e da apurada técnica do arroz de miúdos.
Os anos não perdoam, a vida continua, mas Bustos perdeu mais um ícone da geração que mais terá marcado o pulsar da nossa terra.
*
oscardebustos

22 de junho de 2006

O outro S. Lourenço


A fazer fé num documento de 1742 apresentado “pelo Capitão Miguel Simões do lugar de Bustos”, este requeria a benesse de ser sepultado na “capela de S. Lourenço”.
Só pode tratar-se da antiga igreja paroquial de Bustos, entretanto ampliada e cujo arco do cruzeiro tinha a data de 1733.
A escultura de madeira do nosso orago será do séc. XVIII e todos a conhecemos, nem que seja da procissão do S. Lourenço que se vem fazendo no último dia das festas de Agosto.
Só que este ano o S. Lourenço vai percorrer as ruas da freguesia sem o apoio das festas populares. Tudo porque ainda no ano passado a comissão das festas se desentendeu com o pároco e vai daí em agosto só teremos missa e procissão.
S. Lourenço, S.to António, Sra. do Leite (ou Virgem do Leite), Sra. de Fátima, Sr. dos Aflitos, Sra. dos Emigrantes, S. João do Milton, S. Martinho, Sra. das Necessidades, Sra. da Saúde e até o malfadado S. Gregório, todos eles irão passar sem o ruído dos sons pagãos.
O vazio das festas levou-me a indagar sobre o Santo, obviamente estranho às zangas entre os mortais bustuenses. E foi assim que fiquei a saber que a igreja católica venera dois São Lourenços:
O nosso, que acabou queimado na grelha a fogo lento no ano de 258, vítima da perseguição do imperador romano Valeriano. Mais tarde, o imperador Constantino Magno pôs fim às perseguições dos 1ºs cristãos e erigiu em sua honra uma basílica no local do seu sepulcro.
O outro S. Lourenço, dito “de Brindes”, que pregou por Itália, Espanha, França, Bélgica, Holanda e Portugal, onde faleceu em Lisboa a 26 de Julho de 1619.
Este S. Lourenço de Brindes não teria lugar em Bustos: reza a história que preferia dormir no chão e que se levantava à noite para rezar, além de comer pão, água e verdura como penitência.
Bem poderemos dizer que estava longe de ser “colega” e não seria difícil imaginá-lo à porta do Barrilito a impor-nos penitências e abstenções, para mal dos nossos pecados e dos do Padre Arlindo…
*
Nota final: A 15 de Agosto do ano passado permiti-me publicar aqui um texto sobre a maior procissão de Bustos, texto que recomendo para quem quiser perceber os seus meandros.
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oscardebustos

FOTO ÁLBUM: À PORTA DA FARMÁCIA



Dois saudosos Mestres da Fraternidade Bustuense, António Farmacêutico e Eduardo dos Correios. Na foto, tirada à porta da Farmácia “Assis Rei” nos anos sessenta do século XX, entre os jovens Rui Jorge (à esquerda), Jó Duarte, Luís Ala e Óscar Aires (à direita).

O António era farmacêutico, enfermeiro, médico, conselheiro e o mais que fosse preciso. O Eduardo vendia os selos, escrevia as direcções e, se necessário fosse, as próprias missivas.
Eles eram parte integrante e fundamental da alma que habitava o centro da aldeia. A sua paisagem humana.

LUZIO TEM O «Z» NO SEU SÍTIO



Da peça "FOTO ÁLBUM: INAUGURAÇÃO DOS CTT"

O grafo ‘Luzio’ com “z” mereceu o comentário de um ‘anónimo’ em defesa do “s”.
Eis o seu teor:

“Assistimos ao repetido e até constante hábito de escreverem o apelido «Lusio» com «z», decerto por lembrança do «luzir» ou «luz». Mas, atenção, isso é errado! O apelido «Lusio», existente em Bustos, creio que nada tem a ver com «luz»! Provém da Itália clássica e do latim, designando um jogo antigo e já esquecido. Portanto, evite-se o erro.”
--
Nota de NB
Por melhor vontade que Notícias de Bustos tenha em seguir a preocupação que assiste ao ‘anónimo’, o editor tem de respeitar o grafo “Luzio” com 'z', conforme atesta a assinatura exposta na ilustração.

20 de junho de 2006

PONTUALIDADE PRESIDENCIAL ACREDITADA PELO BIOCAN PARK

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O BioCnat Park não parava de olhar para o relógio. Soou o apito das onze e meia e ao longe não se vislumbrava a mais leve onda de poeira, prenúncio da grande visita dos peregrinos da ciência tecnológica.

‘Gente importante nunca chega a horas’ diz a língua afiada no esmeril do ancestral desprezo pelo cumprimento da hora marcada, ‘ainda vai demorar meia hora’ seria o palpite da aposta. Mal tinha passado dois minutos do combinado no programa e o Presidente da República assoma ao Parque de Biotecnologia de Cantanhede. Uma onda de espanto e admiração atravessou os figurantes de comícios. O rigor da chegada teve réplica no fecho da visita. A pontualidade marcou a visita presidencial ao Parque Biotecnológico de Cantanhede.

Carlos Faro cumpriu a sua missão de «mordomo». Milton Costa, que por acaso estava em Portugal, recebeu Cavaco Silva, que não chegou a entrar no departamento do microbiologista por “aquilo mais se parecer com um labirinto” e alguém podia perder-se. E à cautela …

Cavaco Silva ficou a saber que neste sector são desenvolvidas actividades específicas do Instituto Português de Acreditação; de análise microbiológica da água e dos alimentos; do estudo de «peças» clínicas, de pesquisa relacionada com a terapêutica contra a tuberculose, etc.

O Pólo Tecnológico de Cantanhede existe em resultado da cooperação tripartida – autarquia, universidade e sector empresarial. Está lá o know how - acumulado ao longo de anos e anos graças ao trabalho persistente dos investigadores, bem longe das luzes da ribalta.

Não abunda a mão-de-obra do universo do ‘plano tecnológico’ e ela não se faz do pé p’ra mão. Há necessiade do conhecimento ser profusamente derramado pelas novas gerações, para que tal aconteça e se comeecm a colher os frutos passados duas décadas, urge reformular o currículo do sistema educativo, aumentando a componente científica, a iniciar no ensino básico.
A intordução da aprendizagem do Inglês também merece uma curta reflexão.
É ponto assente que hoje é indispensável dominar esta língua.
A frequência facultativa da disciplina de Inglês a partir dos últimos anos do 1º ciclo apenas motiva 0 aluno para a sua aprendizagem e não tarz melhoria quantitativa do seu conteúdo programático.

Vejamos: Tanto faz que o aluno tenha iniciado aprendizagem de Inglês no 3º ano, ou não, os dois cumprem o mesmo programa nos 2º e 3º ciclos. E, no final da escolaridade obrigatória (9º ano, por enquanto) é atravessado com um fugidio bloco semanal de uma hora e quarenta e cinco minutos incompletos. Com esta carga horária que competências da língua inglesa carreia o aluno ao entrar na vida activa? É mesmo o definhar do balão do conhecimento da língua inglesa.
Quando foi introduzido o Inglês no 1º ciclo, deduzia-se que os alunos iam aprender mais, afinal, a quantidade é a mesma.

Em época de globalização para todas as preocupações, o sistema educativo tem de ser revisto, mas sem aumento da carga horária.
A tarefa não será pera doce, mas a revisão tem de ser feita, para que fermente a carente «massa crítica».

Nota:
Ainda hoje se questiona qual o fundamento que teria obrigado Acílio Gala a recusar a implantação de um tentáculo do BioCan Park no concelho de Oliveira do Bairro. Teria sido por motivo da ideia da dua implantação não ter partido do então Presidente da Câmara e não querer «dar» a coroa de louros ao presidente da câmara Jorge Catarino (do PSD)?

sérgio micaelo ferreira

FOTO ÁLBUM: INAUGURAÇÃO DOS CTT

5 de Agosto de 1956

“ Efectivou-se hoje a inauguração do edifício dos CTT, às 5 horas da tarde, com a presença do secretário do Correio-Mor e algumas individualidades da Direcção técnica de Coimbra.
A cerimónia começou pela bênção feita pelo pároco e, depois da visita ao edifício, o representante do Correio-Mor dissertou sobre a nova instalação e a sua origem, oferecendo aos visitantes um desdobrável com dados elucidativos da origem desta estação, citando o nome dos beneméritos que para ela contribuíram com o seu obolo espontâneo e altruísta em prol do bem comum. A sala estava já composta com a assistência que a enchia totalmente. Terminada a cerimónia teve lugar um simples copo de água (na foto) no qual o pároco fez um improvisado discurso (…). O pequeno copo de água teve lugar no salão do primeiro andar que se encontrava quase repleto. Por fim tomei eu o uso da palavra, saudei os que a esta terra vieram em missão e na representação dos altos cargos administrativos dos CTT e ainda aqueles outros que a esta vieram em boa vontade. Faço uma resenha da história de Bustos, sua dilatação e engrandecimento, disse-lhes que um povo laborioso e bom habita estas paragens, onde o terreno é o melhor aproveitado e onde se tiram as melhores colheitas.
Falei da nossa emancipação e disse que nós, sedentos de mais e melhor, resolvemos, a nossas expensas (apenas de meia dúzia) dar a esta terra uma estação telégrafo postal, salientando entre os beneméritos Manuel J.O.Sérgio, o principal obreiro desta construção que agora se vê altamente ampliada. Por fim falou de novo o secretário do Correio-Mor que agradeceu (…).

Vitorino Reis Pedreiras

Na foto vêem-se, entre outros, António Simão ( pai do Dr. Jorge Micaelo), Manuel Luzio, D. Ercília, D. Zairinha, Manuel João Moleiro (da Póvoa), Padre Vidal (o primeiro da esquerda) e Vitorino Reis Pedreiras ( meio cortado, à direita).

19 de junho de 2006

FOTO ÁLBUM: RAMBÓIAS

No verso da foto pode ler-se: Recordação do grande parque da Cúria, “ Os Dez Rambóias”, 10 de Junho de 1939.

Do grupo da rambóia (pândega, estroinice, vida airada) apenas oito fizeram a viagem até à Cúria, cada um deles envergando o melhor fato e o chapéu das ocasiões especiais. São eles
(da esquerda para a direita):

Augusto S. da Costa, António Crespo, Manuel Simões da Costa (Serafim), Amadeu Tarrafo, António Henriques, Manuel Luzio, Leonel Canão e Pompeu Aires (dos frangos).

17 de junho de 2006

TENHO UMA IDEIA



“ Mas acaso a minha ideia merecia cair no poço do esquecimento, como se não prestasse para mais do que prestam as que nada valem?
Uma Ideia bem disposta e brincalhona não é má, até é bonita. E ela, além disso, era esperta, amiga. Uma ideia assim não podia desaparecer. E, na verdade, não desapareceu. Uma bela ocasião, caminhava eu distraído por uma rua, plaf!, salta-me a Ideia para os ombros. Põe-se num instante às cavalitas, pega-me em duas mechas de cabelos como se fossem as rédeas de um cavalo e faz-me galopar como um rapazinho em férias. “

***

Já está nos escaparates a segunda edição do livro “Tenho uma Ideia”, de Arsénio Mota, com ilustrações de Fedra Santos. Esta edição, do Campo das Letras, inclui também “Viagem ao outro lado do espelho”. A não perder.

14 de junho de 2006

EM TEMPO DE CANÍCULA, BENJAMINS SOFREM



Os últimos jogos disputados pelos infantis B realizaram-se debaixo de sol abraseirado, só que os responsáveis pela equipa dos jovens já precavidos de umas boas litradas de água para combater a transpiração e o sufoco respiratório, lá iam enganando as sedes de cada um...
Em Estarreja, o pontapé de saída aconteceu às 14H00, mais cisco, menos cisco, conforme o determinado pela Associação. Faltou o registo da temperatura, mas isso é um preciosismo sem interesse já que os «atletas» tinham ou deveriam ter o físico «curado» pelos ares de inverno bem adornados com as chuvadas ventosas em alguns jogos do campeonato.
Sempre cauteloso, Daniel Pereira Santos bem avisava os seus “pupilos a irem à linha” para refrescar a cabeça e beber alguma água. Era a lei das compensações líquido perdido, água reposta. A quantidade de água foi tall que só à conta de Beatriz Costa foram despejados quinze litros, bem medidos.
Contam as «crónicas» que a vitória por 3-0 a favor das camisolas "tinto & branco", garantiu a permanência na I Divisão.
E que melhor pretexto haveria para a caravana rumar até ao Parque da Seara?
Se outro tivesse sido o resultado, "o convívio de encerramento da época não falharia". Animado piquenique fecharia a abóbada da formação de futebol apoiada na dedicação de equipa onde desempenharam o papel de treinador e (educador), Daniel Pereira Santos, de delegados, Fernando Manuel Domingues Oliveira e Beatriz Costa.
Desde a primeira hora, os pais não regatearam apoio, passando pela organização e oferta dos transportes.
Um misto de alegria e de saudade emoldurou a foto família dos infantes.

FEIRA COM PORCO NO ESPETO

Os iniciados cumpriram o seu “encontro” final marcado para o recinto da feira, à volta de um porco no espeto oferecido por Paulo Idílio (treinador). O Nelson e o Paulo fizeram a dupla técnica que conseguiu manter a equipa na I Divisão.
Qualquer jogador dos iniciados é simultâneamente aluno.E qual será a sua primeira prioridade: estudar ou jogar?
Paulo Idílio não tem dúvida. Alguns atletas “estão comigo há sete anos”. Desde sempre que é dada a prioridade aos trabalhos escolares. A reforçar, relatou um recente episódio de ter dispensado os atletas do treino que antecedeu o último jogo, acompanhado com um veemente recado, … “Têm de estudar para os testes!”.

Um pormenor deu brilho ao convívio da feira. Em cada época, Paulo Idílio destaca o atleta do ano dos seus pupilos. Quem teria sido o atleta contemplado? (a divulgar …)

A longa duração do campeonato de futebol dos escalões jovens entra pelos dias de canícula. Não raramente ouvem-se vozes a discordarem de tão longa extensão do calendário.
Sendo o futebol jovem um complemento educativo, o desporto federado deveria calendarizar as suas actividades de modo a que os alunos dedicassem mais tempo aos seus trabalhos escolares.

Só que, numa terra onde o futebol é rei, os estudos estão fora de jogo.
(sérgio micaelo ferreira)

QUINZENA CULTURAL DA PALHAÇA

A Quinzena Cultural da Palhaça, com início marcado para o próximo sábado, é um belo exemplo de como uma freguesia e as suas forças vivas são capazes de colaborarem e unirem esforços na promoção cultural das suas gentes e na divulgação das actividades desenvolvidas pelas suas associações.

Olhem para o programa que se segue, e corem de vergonha meus senhores.

Parabéns à gente da Palhaça e à sua Junta de Freguesia, a primeira do nosso concelho a ter uma página na Internet, http://www.jf-palhaca.pt/ . Eles aqui tão perto e nós tão longe…


17 de Junho - Sábado

21:00 – Sessão de abertura da “ Quinzena Cultural 2006” da vila da Palhaça.
Local: Largo das Escolas da Palhaça

21:30 – Sarau de Poesia.
Local: Largo das Escolas
Organização: Acurep

22:00 – Inauguração da Exposição “Percursos”
Local: Salão da Junta de Freguesia
Organização: Escolas do 1º CEB da Palhaça e Jardim de Infância

22:00 – Inauguração da Exposição de Tapeçaria e Bordados
Local: Salão da Junta de Freguesia
Organização: Ensino Recorrente da Palhaça.

22:15 – Inauguração da Exposição Arlindo Vicente
Local: Pólo de Leitura da Palhaça
Organização: Museu S. Pedro da Palhaça.

23:30 – Apresentação da Página de Internet da Junta de Freguesia da Palhaça.
Local: Praça de S. Pedro
Organização: Junta de Freguesia da Palhaça.

23 de Junho – Sexta-feira

17:00 – Abertura da Feira do Livro (com tasquinhas regionais)
Local: Praça de S. Pedro
Organização: Centro Social e Paroquial de S. Pedro da Palhaça.

21:00 – Noite Jovem
Local: Praça de S. Pedro

24 de Junho – Sábado

14:00 – Feira do Livro (com tasquinhas regionais)
Local: Praça de S. Pedro
Organização: Centro Social e Paroquial de S. Pedro da Palhaça.

21:00 – Noite do Trabalhador Rural
Local: Praça de S. Pedro
Organização: Grupo Folclórico S. Pedro da Palhaça.

21:30 – Actuação do Grupo Cantares Populares de Bustos
Local: Praça de S. Pedro
Organização: Grupo Folclórico S. Pedro da Palhaça.

22:00 – Teatro: “Comédia à Moda da Casa”
Local: Praça de S. Pedro
Organização: Grupo Cénico do Teatro da ADREP

25 de Junho – Domingo

8:30 – Caravana Cicloturista
Local: Praça de S.Pedro
Organização : ADREP

14:00 – Feira do Livro
Local: Praça de S.Pedro
Organização: Centro Social e Paroquial de S. Pedro da Palhaça.

29 de Junho – Quinta-feira

10:00 – Missa seguida de procissão em honra de S. Pedro
Local: Igreja da Palhaça
Organização: Junta de Freguesia da Palhaça.

14:30 – “Vamos às Marchas” – Marchas Populares pelas crianças do Centro Social Paroquial S. Pedro da Palhaça
Local: Largo das Escolas
Organização: Centro Social Paroquial S. Pedro da Palhaça

16:30 – Actuação da Banda da Mamarrosa
Local: Praça de S. Pedro
Organização: Junta de Freguesia da Palhaça.

21:00 – Actuação do Grupo de Cantares do Silveiro
Local:Praça de S. Pedro
Organização: Junta de Freguesia da Palhaça.

22:00 – Actuação do Grupo Folclórico de S. Pedro de Palhaça
Local: Praça de S. Pedro
Organização: Junta de Freguesia da Palhaça.

11 de junho de 2006

VIVA PORTUGÁU!



Hoje de manhã quando abri a janela fui a tempo de ver o último avião a partir rumo à Alemanha. As ruas estavam desertas de carros e pessoas. E por entre o enorme silêncio escutei, ao longe, o ladrar de um cão.

Todos tinham partido. Com a população ausente no estrangeiro eu podia finalmente existir sem a perseguição de bandeiras, cachecóis e demais indumentárias verde rubras.

Respirei bem fundo, abri os braços à luz do sol, e quando me preparava para lançar o grito de libertação verifiquei que nem em sonhos sou capaz de apuro e de mestria.

O meu vizinho da casa em frente, um emigrante recém-chegado, abria a porta da rua com duas bandeiras na mão, uma de Portugal outra do Brasil. Desfraldou os panos ladeando a entrada e acendeu o grelhador. Deve-me ter visto especado, seguindo-lhe os movimentos, porque levantando a garrafa de cerveja em saudação gritou:
- Hoje é p’ra ganhar. Viva Portugáu!
Olhei-o, eu e ele, os dois únicos habitantes de todo o território. Nesse preciso instante percebi não ter escape possível, pelo que me atirei da janela ripostando: Gooooolo!

BC

10 de junho de 2006

10 DE JUNHO 2006 - DIA DE MEMÓRIA

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10.06.2006 PORTUGAIS

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DIA DE FESTA

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1580 CAMÕES 2006

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Macau, 10 de Junho de 1987.

Na Gruta de Camões

Tinhas de ser assim:
O primeiro
Encoberto
Da nação.
Tudo ser bruma em ti
E claridade.
O berço,
A vida,
O rastro
E a própria sepultura.
Presente
E ausente
Em cada conjuntura
Do teu destino.
Poeta universal
De Portugal
E homem clandestino.

(Miguel Torga, Antologia Poética, Publicações Dom Quixote, 5ª edição, 1999)

8 de junho de 2006

FEIRA MEDIEVAL NO TROVISCAL



O Grupo Centro Stórico de Finale Ligure, Itália, vai estar presente na Feira Medieval que se realiza nos próximos dias 9, 10 e 11, no Parque de Merendas do Troviscal, que terá como momento alto um Torneio de Armas a Cavalo no domingo, à tarde. A Feira Medieval é organizada pela Companhia de Teatro Viv’arte, em parceria com a Câmara Municipal de Oliveira do Bairro.


PROGRAMA


Sexta-Feira, dia 9, a partir das 20 horas: Os últimos preparativos nas barracas e tendas para abertura da Festa; convívio em jeito medieval de todas as colectividades participantes na Festa da História, e confraternização festiva com comes e bebes, bailias e folias ao som da gaita de foles.
Sábado, dia 10, a partir das 15 horas: Abertura da Feira Medieval; arruada de tambores e timbalões; jogos tradicionais de índole medieval; encantadores de serpentes e contadores de histórias; danças e folguedos; comes e bebes nas tabernas da feira; teatro medieval; mostra de armas com Vivarte e Cavaleiros do Tempo, e espectáculo de malabares com fogo
Domingo, dia 11, a partir das 10 horas: Abertura da Feira Medieval; visita do meirinho às tendas de mercaderes; torneio de armas com a participação de Vivarte, Espada Lusitana, Centro Storico de Finale e Cavaleiros do Tempo; comes e bebes nas tabernas da Feira; exibição de falcoaria; actuação da Compagnie de la Gran’Goule du CEP Poitiers ; cortejo Histórico com todos os participantes; juízo de heresias e malfeitorias e seu público castigo; espectáculo de fogo e encerramento da Feira.

7 de junho de 2006

PROCISSÃO & FUNERAL - A COLISÃO DESNECESSÁRIA



(editado em 5.06.2006 e agora reeditado para tentar ultrapassar anomalia técnica)


Pompeu João Domingos faleceu após doença prolongada. Em cumprimento das convicções político-religiosas, o funeral – civil – partiu da Casa Mortuária de Bustos pelas 19H00, neste domingo, dia 4.
À mesma hora, e paredes-meias do adro, forma-se a procissão.
As crianças da 1ª comunhão vestidas a rigor com o seu “hábito” de monge, aconchegavam os lírios que emprestavam uma atmosfera de inocência alheada do espinho encravado na procissão.
Em simultaneidade cronometrada, saem o acompanhamento do féretro e o cortejo da procissão.
“Um funeral ao lado de uma procissão[1]! Será possível!?
...
Ia tudo calmo, cada grupo a cumprir a sua devoção.
As balizas da separação Estado-Igreja estavam a ser cumpridas. Mas foi sol de pouca dura em dia de festa e de dor.
Aproximava-se o carro fúnebre do cruzamento da Rua Jacinto dos Louros com a "Av." São Lourenço e logo, qual açambarcador, a irmandade, ocupa toda a largura da rua e posta-se na frente da viatura, cortando o avanço.
A bronca montou barraca. A língua soltou, as recriminações e os nervos saltaram qual fulminante. Discussão e revolta na assistência. “Não há direito!” “não há respeito!” ... "É uma vergonha".
...
Faltou a sabedoria e habilidade de um Cavanhaque. Ele teria servido de sinaleiro no “ponto de desencontro” dos contrários e esta crónica não teria saído a lume.
Por certo, a entidade religiosa já teria requerido a autorização para a realização da procissão, indicando o itinerário e hora do cortejo. Até porque se trata de uma actividade calendarizada. Caberia à entidade civil a marcação da hora do funeral de modo a evitar a explosiva sobreposição.
O Poder Civil (a) falhou. Tem de estar mais atento para evitar destapar o caldeirão dos conflitos.
Já que os itinerários do funeral e da procissão eram divergentes, a igreja poderia ter ordenado a interrupção da emissão da música. A atmosfera de religiosidade das crianças não teria sido afectada e a igreja teria mostrado que respeita a diversidade de opções religiosas.
...
Apesar de não ter sido católico, Pompeu João Domingues era uma Pessoa de Bem.
Não foi Pompeu João Domingues membro da direcção da Casa do Povo de Bustos, a convite do P.e António Vidal?
Porquê tanta papice caseira?
sérgio micaelo ferreira
[1] Sobre o local de implantação da Casa Mortuária junto à frente da Igreja, escrevi em carta, subordinada ao tema 'À volta da Igreja':
"11) A Casa Mortuária ao serviço da “torre de babel”. Merecia ter outra localização.
Hoje, como ontem, há cidadãos que têm opções religiosas diferentes. A implantação da Casa Mortuária junto à igreja não funcionará como uma provocação desnecessária?
É lugar adquirido que a postura ecuménica [tende a] esbater as fronteiras alicerçadas nos fanatismos, no entanto, teria sido mais prudente a escolha de outro local para a implantação da Casa Mortuária." ...
( 29.07.2004)
a) O Poder Civil falhou por não ter sido previdente. Bastava ter aprovado uma "postura" que evitasse a sobreposição das duas situações.
Lavar as mãos na companhia de Pilatos, não basta.

UNIÃO DESPORTIVA DE BUSTOS CATA MIGALHAS


O ‘BUSTOS’ CATA MIGALHAS
Enquanto a máquina das publicidades, telejornais, telelés, mesas redondas, esquinadas derrama a felga dos futebóis das montras europeias ou mundiais por todo o canto que fala, o ‘União’ assegurou a continuidade do «mister» Joaquim Tavares à frente dos seniores. Seguindo o dito “quem não tem dinheiro, …” o clube irá apostar na composição de uma equipa jovem.
A 1ª divisão distrital de futebol é bem mais exigente quer no aspecto competitivo quer no financeiro. Dentro das quatro linhas, o ‘Bustos’ irá cozinhar as omeletes com os ovos que tiver à mão. Já na tesouraria terá de esgaravatar muito para encontrar a varinha mágica que ajude a satisfazer os encargos financeiros.
Descontando o interregno[1] de vários anos, a actividade da ‘União Desportiva de Bustos’ contou sempre com o apoio da população e amigos.
Por certo não faltará apoio na próxima campanha de 2006/2007, ainda que as vacas esqueléticas não queiram abandonar os terrenos da economia.

(sérgio micaelo ferreira)

[1] Actualmente a União Desportiva de Bustos tem dois sócios nº 1.
Um tem raiz na fundação do clube.
O outro foi conquistado no período da regenação da U.D.B., após o interregno.
É inquestionável a participação deste último associado na re-fundação desta estrutura desportiva.
Ambos afirmam ter o direito de usar o cartão com o número um.
Como se pode resolver este imbróglio, ainda em vida dos protagonistas?

"...tudo foi feito para evitar o desagradável incidente.”


Do texto “Funeral e Procissão – a colisão desnecessária”, editado em 5.06.2006, a parte: “Em simultaneidade cronometrada, saem o acompanhamento do féretro e o cortejo da procissão” mereceu o esclarecimento de um interveniente na busca do ajustamento das horas de saída da procissão e do funeral:
Eis a declação:

“Entretanto, para algumas pessoas, como é o seu caso, poderia ter ficado a impressão de que o funeral teria saído em simultâneo ou mesmo depois, o que é falso.”

Nota: A simultaneidade cronometrada não obedeceu ao disparo da partida de qualquer prova de alta competição, mas sim ao som da música da festa saída dos altifalantes animadores do cortejo.
Coincidência ou não. Aconteceu.

O interlocutor–conciliador assinalou com clareza a sua intervenção no processo e apontou os limites que devem circunscrever a sua actuação:
“Qualquer actividade civil tem direito de ser conduzida de modo a não impedir o bom decorrer de outras actividades. Qualquer actividade religiosa também, presumo, terá o dever de, face aos seus imprevistos, se reorganizar e respeitar as actividades que giram no meio envolvente.”

E a terminar, demarca-se da causa que provocou ‘a desnecessária colisão’:

"Se houve algum atraso este não foi da parte da sociedade civil. Se houve intolerância esta não foi protagonizada pela sociedade civil. Se houve falta de coordenação, esta não se pode atribuir à sociedade civil, tudo foi feito para evitar o desagradável incidente.”

Comentário:
Para evitar a colisão dos momentos de alegria, festa, procissão com os de dor, luto, funeral, basta o poderes civil e religioso acertarem a agenda e fazê-la cumprir.

Ainda que do incidente brotem várias leituras, ele servirá para se repensar a vivência do condomínio de Bustos. [Que não precisa de mais achas para a fogueira]

sérgio micaelo ferreira
(agradecido pelas achegas de esclarecimento)

6 de junho de 2006

UMA LIMPEZA!

Agora que jornais, televisão e rádio nos garantem que somos portugueses graças à existência de Selecção Nacional de Futebol, agora que todos os editorialistas afiançam o que valor de Portugal, a sua honra, o seu orgulho, a sua força e criatividade estarão em campo no próximo Campeonato Mundial de Futebol, agora que as bandeiras voltaram ao casario pátrio, agora que os heróis e representantes da raça lusa dão pelo nome de Figo, Deco, Cristiano Ronaldo, Pauleta e demais seleccionados pelo brasileiro Scolari, eu venho avisar:
- É falso, há mais Portugal para lá do futebol!
E cuidado, porque aqueles que a todo o instante nos bombardeiam com o vírus futebolístico, sugerindo que ganhar o campeonato do mundo será tão fácil quanto limpar o rabo a meninos, ocultam o mais importante, não nos falam do verdadeiro e único ponta de lança que nos pode ajudar a recuperar da crise:
- O papel higiénico preto.
Nem mais. O papel higiénico preto, Renova Black de seu nome, é mais do que um exemplo, é a prova de que nós portugueses somos grandes mesmo sem bola. Somos até capazes de transformar o acto de limpar o rabo num negócio de alto gabarito. Haja fé nas fezes. Nós que quando vamos à sanita nos sentamos no “trono”. Somos evoluídos, modernos, finos até no defecar…
E se Londres já tinha o melhor treinador do mundo, José Mourinho, passou agora a ter o mais distinto e civilizado, o mais chique papel higiénico do planeta.

Baralhados? Então façam o favor de ler a crónica do brasileiro Ivan Lessa (a imprensa estrangeira não se ocupa só de futebol), na página da BBC Brasil, sobre a nova descoberta portuguesa. Uma delícia a ler aqui.

Belino Costa

4 de junho de 2006

TEMPOS DE REGA

Gemia a nora sob o peso dos alcatruzes, gargalhava a água caindo na caleira, deslizando em enxurrada para fora do poço, correndo pelo rego, regando o frondoso campo de milho.
Atrás do grande boi amarelo de olhos tapados eu marchava, chapéu na cabeça e uma longa vara na mão, anunciando ao animal que se parasse a caminhada circular lhe garantia uma pancada seca, ou até uma ferroada com o afiado aguilhão. O boi nada via, mas pressentia os meus passos pequeninos e caminhava sem parança por entre a música do engenho e o ecoar do mergulho dos alcatruzes no fundo do grande poço.

Tudo então era maior do que eu, o boi, a nora, o poço, a vara. E o céu era imenso, a vastidão dos campos parecia não ter fim…
Caminhava o boi pisando e repisando o caminho, abrindo um sulco no chão e eu, já farto de tanto andar sem sair do mesmo sítio, inventava maneiras de manter o boi em andamento sem que tivesse de caminhar. Era fino o bicho pois pressentindo a minha presença, o assobiar da vara vergastando o ar, acelerava a passada mal se aproximava do lugar onde, sentado, aguardava o seu passar. Por fim até disso me cansava. E farto de tanta monotonia, de tão grande prisão, com a minha mãe conduzindo a água, escondida pelo milho, deixava a vara enterrada no chão em sinal de ameaça omnipresente, e partia em busca de ninhos, da fruta brilhando nos pomares ou fazia corridas entre pequenos pedaços de madeira rego adentro.

Esquecido do boi, da vara e dos alcatruzes era menino e brincava.


Mas o boi mesmo de olhos vendados tinha vistas largas, tudo pressentia, e logo parava a marcha circular saboreando o descanso. Até que minha mãe surgia, de enxada na mão, chamando por mim, reclamando da falta de água, lembrando-me um velho refrão: “ Em casa deste home(m) quem não trabalha não come.”
Contrariado, incompreendido, voltava a pegar na vara, retomava a função. E nessa noite, ao deitar, depois de me aconchegar as mantas, a minha mãe haveria de me sussurrar uma vez mais:
– Dorme filho, descansa que amanhã é dia de pica o boi!

Passaram alguns anos e o meu vizinho latoeiro deixou de fazer alcatruzes. Surgiram os motores de rega acabando com a arte, revolucionando o trabalho. Mas ainda assim sem livrar os miúdos da sua parte no labor da casa. O roncar do motor substituiu o chiar dos alcatruzes e eu passei a cumprir nova função, a anunciar o momento da chegada da água ao fim de cada rego.
– Já chegou! – gritava eu lá do fundo, escondido entre o alto milho. E minha mãe, na outra ponta, a golpes de enxada conduzia a água para um novo leito.
– Já chegou! – repetia o grito monótono, mais uma vez, e outra, e mais outra, em tardes sem fim. Até ao dia em que a monotonia e o aborrecimento desapareceram sem mácula. Foram-se, sem mistério ou milagre!
Tudo porque transformei os campos de milho em salas de leitura. Sentado na terra, com os pés descalços no fim de cada rego, bem podia ler as aventuras dos “Cinco” porque não precisava dos olhos para cumprir o que me era pedido. Bastava sentir a frescura da água lambendo os dedos dos pés para gritar sem dúvida ou hesitação:
– Já chegou!
E depois, desfolhando mais uma página, mudava de lugar, sentava-me mais adiante.

Belino Costa

SABE-SE LÁ

Lá porque ando em baixo agora/ Não me neguem vossa estima/
Que os alcatruzes da nora/ Quando chora/ Não andam sempre por cima/ Rir da gente ninguém pode /Se o azar nos amofina /E se Deus não nos acode /Não há roda que mais rode /Do que a roda da má sina.

Sabe-se lá/ Quando a sorte é boa ou má/ Sabe-se lá /Amanhã o que virá /Breve desfaz - se/ Uma vida honrada e boa /Ninguém sabe, quando nasce /Pró que nasce uma pessoa.

O preciso é ser-se forte/ Ser-se forte e não ter medo/ Eis porque às vezes a sorte /Como a morte/ Chega sempre tarde ou cedo/ Ninguém foge ao seu destino/ Nem para o que está guardado/ Pois por um condão divino /Há quem nasça pequenino/ Pr'a cumprir um grande fado.

Amália Rodrigues

2 de junho de 2006

FRANGO DE PIRI-PIRI NASCE NO RECREIO


6 de Abril de 1947

"Inaugurou-se hoje, em Bustos, o Café Recreio, de que é proprietário o Manoel Simões Aires. Esta nova casa comercial veio preencher uma lacuna no nosso meio que se vai a pouco e pouco modernizando, o que nos alegra constatar.Várias pessoas fizeram uso da palavra enaltecendo tal iniciativa(...) Prestei a minha homenagem ao Aires pelo seu arrojado empreendimento (...)O café que se apresenta com bons móveis, está muito decente e repleto de fregueses."

Vitorino Reis Pedreiras
in " Memórias de Outros Tempos"

" O primeiro café de Bustos foi o do Pompeu Simões Aires. (...) Aí cresceu e lançou raízes o gosto do frango de churrasco, que atraía de longe correntes de apreciadores e que depois se expandiu pelo país."

Arsénio Mota in "Bustos do Passado"

1 de junho de 2006

BIBLIOTECA DOS CANECAS - PERCURSORA DA BIBLIOTECA FIXA Nº 26 DA FUNDAÇÃO CALOUSTE GULBENKIAN

(uma relíquia do espólio da União Desportiva de Bustos
os cadernos de Agostinho da Silva faziam parte do recheio da biblioteca)
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ASCENSÃO OU MOTIVAÇÃO? ...MAS QU'ESPIGA !

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NUNO BARATA
LÍDER DO GRUPO PARLAMENTAR DO PSD


"Claro que concordo com a mudança.

Estivemos contra a data da alteração do Feriado Municipal, bem como toda a oposição, porque a data anterior tem fundamentações culturais e históricas no concelho. Será reposto algo que não devia ter sido mudado. Para além disso, a população não estava identificada com o novo feriado".
***
JORGE MENDONÇA
LÍDER DO GRUPO PARLAMENTAR DO CDS-PP


"Um Feriado Municipal tem sempre a ver com
o pensamento de cada Executivo. Não acho bem que, pouco tempo depois de ter sido deliberada uma data, se venha propôr uma nova mudança e sufragar um novo dia. Na minha opinião, penso que não é correcto o Executivo andar a tomar decisões a reboque de um abaixo-assinado" .

***
HENRIQUE TOMÁS
LÍDER DO GRUPO PARLAMENTAR DO PS


"Sou claramente a favor da mudança do
Feriado Municipal para a quinta-feira de Ascensão. A data já foi mudada várias vezes, mas penso que, de uma vez por todas, se deve decidir por uma só data. A mudança deve ser feita consoante a tradição popular e o povo, que está claramente de acordo com a proposta apresentada".

(in LitoralCentro, 31.05.2006)

http://www.centro-recursos.com [TEM OLIVEIRA DO BAIRRO À JANELA]

http://www.centro-recursos.com

A consultar
por indicação de Paulo Figueiredo

FERIADO MUNICIPAL - REPOSIÇÃO CONSENSUAL

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MANUEL SILVESTRE
VEREADOR DO CDS/PP

“Assinei um desses abaixo assinados”
"Eu próprio já assinei um desses abaixo assinados com vista à mudança do dia do feriado municipal. Tenho muitos amigos que hoje não trabalham e que respeitam essa tradição. Hoje, é o dia do Buçaquinho. Este dia da Ascensão tem uma conotação de convívio e de uma parte religiosa. Acho que a câmara deve pensar num evento para ser realizado nesse dia que alie o cariz tradicional ao religioso”

***

JOAQUIM SANTOS
VICE-PRESIDENTE DA CÂMARA [PSD]

"Dará ainda mais força"
"Estou de acordo, até porque também já assinei a petição que andava a circular por aí. Será que a petição não entrará na câmara municipal dentro de pouco tempo? Penso que se podermos juntar esse documento a este início de procedimento, dará ainda mais força. Concordo com o vereador Manuel Silvestre: até me considero autoconvidado para daqui a um ano estarmos num pic-nic nos Atómicos, no Repolão."

(in Jornal da Bairrada, 31.05.2006

FÓRUM DE BUSTOS - 22 JULHO

FERIADO MUNICIPAL - MOTIVAÇÂO OU ASCENSÃO?

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Apresenta-se uma compilação de excertos dos projectos da recente elevação a Cidade e a vilas do concelho de Oliveira do Bairro.
Pela 'chapa' da motivação, fica-s e a saber que houve necessidade de estimular “a aceleração do seu desenvolvimento sustentado”.

Vejamos:

OLIVEIRA DO BAIRRO. ELEVAÇÃO DE VILA A CIDADE
“Exposição de motivos”
“A elevação da vila de Oliveira do Bairro a cidade é mais um forte estímulo para a aceleração do crescimento sustentado, o que já se verifica, com as consequentes repercussões administrativas e financeiras.” (do PROJECTO DE LEI N.º 63/IX do CDS/PP)
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(Elevação a Vilas, por ordem alfabética)

BUSTOS. ACESSO À CATEGORIA DE VILA
“Motivação”

“A elevação da povoação de Bustos a vila é mais um forte estímulo para a aceleração do seu desenvolvimento sustentado, com as consequentes repercussões na atracção de novos investimentos e melhoria da qualidade de vida.” (do PROJECTO DE LEI N.º 135/IX do CDS/PP)

*
MAMARROSA. ACESSO À CATEGORIA DE VILA
“Motivação”

“A elevação da povoação da Mamarrosa a vila é mais um forte estímulo para a aceleração do seu desenvolvimento sustentado, com as consequentes repercussões na atracção de novos investimentos e melhoria da qualidade de vida.” (do PROJECTO DE LEI N.º 134/IX do CDS/PP)
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PALHAÇA. ACESSO À CATEGORIA DE VILA
“Motivação”


“A elevação da povoação da Palhaça a vila é mais um forte estímulo para a aceleração do seu desenvolvimento sustentado, com as consequentes repercussões na atracção de novos investimentos e melhoria da qualidade de vida. (do PROJECTO DE LEI N.º 137/IX do CDS/PP)

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TROVISCAL. ACESSO À CATEGORIA DE VILA
“Motivação”

“A elevação da povoação do Troviscal a vila é mais um forte estímulo para aceleração do seu desenvolvimento sustentado, com as consequentes repercussões na atracção de novos investimentos e melhoria da qualidade de vida.” (do PROJECTO DE LEI N.º 136/IX, do CDS/PP)

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Comentário:
A maioria ocasional e monopartidária da Assembleia Municipal passou uma esponja pelo Dia da Espiga/Ascensão/Municipal em que os Senhores do Município vestiram os adereços da era de quinhentos, abrilhantando a feira medieval e decidiram transferir a data do Município.

Apesar de Oliveira do Bairro ser um concelho pequeno, a composição do seu território agregou povoados que pouco tinham de comum e que até “pertenceram a suseranos” diferentes. Excluindo o exercício centrípeto do poder, Oliveira do Bairro não conseguiu desenvolver uma chama anímica que ligasse as diferentes freguesias. Daí uma das razões para explicar a dificuldade em encontrar no calendário um dia do seu município[1].

O Dia da Espiga/Ascensão foi um grande dia da Bairrada-genuína e da Igreja (até honras de dia santo e feriado eram acumuladas).
Actualmente, a tradição das romarias e das merendas, como se diz, “já não é o que era”, mas ainda há quem vá ao campo apanhar a espiga de trigo (para que nunca falte o pão – um pão também guardado juntamente com o ramo, que se conserva seco e rijo, sem apanhar bolor); o ramo de oliveira (do desejo de paz e da luz alumiar o espírito); as flores – papoilas da alegria, malmequeres do ouro e prata e o alecrim da força e da saúde, etc.

Antigamente, os trabalhos eram religiosamente suspensos entre as dez e as onze horas. Por agora ainda há nichos onde a tradição da “espiga” está tão arreigada que, as pessoas no seu local de emprego, não podendo interromper o serviço naquela hora,esgueiram-se durante durante um quarto de hora …celebrando na melhor das clandestinidades.

Actualmente, o ramo “Dia da Espiga” campestre é r€comp€nsado pelos embrulhos previamente enformados e postos à «di$po$ição» nos centros comerciais. A tradição alimenta o negócio, só que o seu volume de vendas está bem longe do impacto provocado pelo marketing do importado “Dia das Bruxas”. O que é nosso, não presta.

Se fosse eleitor no concelho de Oliveira do Bairro, assinaria a petição da reposição do Dia da Espiga/Ascensão no Feriado Municipal.
Por maior satisfação traga ao ego de alguns membros do partido proponente , este dia sempre congrega um apport bem mais sólido que o dia das elevações a cidade e vilas…

Entretanto, aprecio a intervenção do Prof. Eng. Manuel Silvestre ao apresentar a sugestão:
“Se a data vier a ser mudada proponho que se faça um evento que, ao mesmo tempo, proporcione o convívio entre as pessoas” (Litoral Centro, 31.05.2006).
É o mínimo que se pode desejar, já que a Bairrada está cada vez mais fraccionada pelo pequenos-grandes protagonismos. Até o leitão da Bairrada deixou de ser um símbolo da «região».

Já que o objectivo fundamental das promoções a vila é o de carrear “mais um forte estímulo para a aceleração do … desenvolvimento sustentado[2]…” das freguesias de Bustos, Mamarrosa, Palhaça e Troviscal, proponho que o dia 26 de Agosto seja dedicado ao “Dia da Motivação” , conforme consta dos projectos-lei.
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[1] No projecto de elevação de Bustos a vila, por exemplo não consta a existência da biblioteca fixa Fundação Calouste Gulbenkian, a mais antiga do concelho que foi paulatinamente desactivada com ajuda dos executivos de Acílio Gala e Manuel Pereira. Hoje é Polo (adormecido) de Leitura sem ca(u)sa própria. No geral, Bustos tem sido uma colónia da sede do concelho.

[2] Extraído dos projectos do CDS/PP da elevação a vila.
...
sérgio micaelo ferreira

MERCADO DA PULGA

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http://mercadodapulga.atspace.com/

MERCADO DA PULGA * HARD BAR * SÁBADO

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