Hoje de manhã quando abri a janela fui a tempo de ver o último avião a partir rumo à Alemanha. As ruas estavam desertas de carros e pessoas. E por entre o enorme silêncio escutei, ao longe, o ladrar de um cão.
Todos tinham partido. Com a população ausente no estrangeiro eu podia finalmente existir sem a perseguição de bandeiras, cachecóis e demais indumentárias verde rubras.
Respirei bem fundo, abri os braços à luz do sol, e quando me preparava para lançar o grito de libertação verifiquei que nem em sonhos sou capaz de apuro e de mestria.
O meu vizinho da casa em frente, um emigrante recém-chegado, abria a porta da rua com duas bandeiras na mão, uma de Portugal outra do Brasil. Desfraldou os panos ladeando a entrada e acendeu o grelhador. Deve-me ter visto especado, seguindo-lhe os movimentos, porque levantando a garrafa de cerveja em saudação gritou:
- Hoje é p’ra ganhar. Viva Portugáu!
Olhei-o, eu e ele, os dois únicos habitantes de todo o território. Nesse preciso instante percebi não ter escape possível, pelo que me atirei da janela ripostando: Gooooolo!
BC
11 de junho de 2006
VIVA PORTUGÁU!
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E vai um a zero....
ResponderEliminarEspero que, pelo menos em sonhos, vivas num rés do chão...
ResponderEliminaroh Rui Costa volta que estás perdoado!
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