“Fazem ideia do que é o café do Cartaxo? Não fazem. Se não viajam, se não saem, se não vêem mundo esta gente de Lisboa! E passam a sua vida entre o Chiado, a Rua do Oiro e o teatro de S. Carlos, como hão-de alargar a esfera de seus conhecimentos, desenvolver o espírito, chegar à altura do século!”
.................................................................in Almeida Garrett, “Viagens na minha terra”, Livraria Civilização, (segundo uma edição revista por Teófilo Braga), Série Popular nº 34, Porto, 1956.
.................................................................in Almeida Garrett, “Viagens na minha terra”, Livraria Civilização, (segundo uma edição revista por Teófilo Braga), Série Popular nº 34, Porto, 1956.
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“Esta minha viagem através da América, numa distância de 4.800 quilómetros, que levei seis dias a percorrer, termina aqui. Para mim foi uma experiência que jamais irei esquecer.”
in Alcides Freitas, VIAGEM ATRAVÉS DA AMÉRICA (5), Notícias de Bustos, 25.5.07.
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O pulsar do dia-a-dia da vida mundial também se reflecte na circulação de cidadãos à volta do planeta, utilizando os mais diversos meios.
Entre o grosso dos viajantes de longas distâncias, existem os audazes aventureiros determinados na busca de novos ‘horizontes’ nos sítios mais recônditos. Alguns destes heróis foram expostos na vitrina da revista ‘Olá’ de 4 de Novembro de 1989 na reportagem ‘Os Globe-trotters’ creditada por João Pedro (texto) e por Nereu (fotografia)
Sobe novamente à cena o apontamento “BELINO COSTA – PELAS 7 PARTIDAS DO MUNDO”, (25.05.2007) para enxergar alguns feitos de BC, “o exótico da Ásia”[1]
PELA EUROPA DO INTER-RAIL, DOS CAMPOS DE TRABALHO E DAS EMOÇÕES
Belino Costa (BC), português de Bustos, é um viramundo por conta própria & risco e teve a sua iniciação caminhante em 1977/8. O inter-rail e o campo de trabalho formaram o cimento que durante as férias agregou jovens contemporâneos da torre de babel oriundos de todos os pontos da rosa-dos-ventos.
O trabalho comunitário – limpeza da mata e das margens de um ribeiro de uma localidade próxima de Frankfurt –, os convívios e os encontros furtivos ao luar e a passagem por Paris são registos que ficaram dessa época.
Ano seguinte. Ano de emoções.
Visitar Auschwitz (progenitora do Tarrafal de Salazar) e observar a ‘provocação’ do Solidariedade (Polónia) ao regime da Cortina de Ferro mereceram bem o sacrifício suportado na ininterrupta e “extenuante viagem sobre carris entre Aveiro e Varsóvia” (BC).
Kielce foi o destino, “onde me dispus a trabalhar na limpeza final de um albergue para velhos” (BC).
Kielce foi o destino, “onde me dispus a trabalhar na limpeza final de um albergue para velhos” (BC).
1980/81. Ano da Travessia da Europa.
BC estadiou em Copenhaga, mas o afago das sereias fê-lo passar por Belgrado com destino a Atenas. Aqui sentiu a sensualidade dos elementos da natureza.
“Com 20 dólares no bolso ainda tentei ir até à Hungria mas fuiretido na fronteira onde fiquei com um casal francês e um paralítico grego com quem acabei por viver uma história surreal” (BC)…
Entrou em Portugal, esfomeado, “mas satisfeito” (BC).
Calcorreou toda a costa sul da Europa até Itália e visitou a ilha de Córsega. A ‘mochila’ vinha recheada de recordações de bons momentos.
Calcorreou toda a costa sul da Europa até Itália e visitou a ilha de Córsega. A ‘mochila’ vinha recheada de recordações de bons momentos.
MARROCOS – A VIAGEM DA VIRAGEM
À beira do Guadiana, o convite de um cidadão americano para jogar uma partida de xadrez em pleno deserto no cimo de uma grande duna, iria ampliar a perspectiva das viagens à volta do planeta. "Conhecer … e ser conhecido", convivendo com as pessoas de longínquas e lendárias terras
Viajante por conta própria na busca do desconhecido, BC tem o mesmo espírito das luzes do cirurgião Mestre Afonso[2] (séc. XVI) conforme escreveu: “… para fazer a vontade a minha curiosidade, que foi sempre mais de saber novidades e coisas do mundo que de adquirir fazendas nem riquezas…”.
Em 1988, BC viveu com uma família berbere em Fez (Marrocos), passeou por todo o país, utilizando os transportes públicos. As trincheiras da guerra junto à fronteira com a Argélia, o Grande Atlas (tendo ultrapassado o Figuig, oásis cercado com mais de cem mil palmeiras) e a partida de xadrez no meio das grandes dunas são algumas referências da ”mais reputada viagem” (BC).
A contenda entre os peões, cavalos, bispos, torres não incomodou o remanso das rainhas e dos reis em campo, porque os pirilampos das estrelas da abóbada celeste não conseguiram iluminar o chão axadrezado do templo.
1989 – ANO DE GRANDE AVENTURA
Avião até Nova Iorque e após permanência “de algumas semanas na Grande Maça (ou melhor dizendo, em BrooKlin)”, o aventureiro BC e o amigo americano, Jeff Broom de seu nome, “eis-nos atirados à grande atravessia”.
Em Chicago – cidade do vento – ‘entregámos um carro e comprámos um velho Pontiac Grand Prix e fizemo-nos à estrada. Precisámos de quase 3 semanas para chegar a Los Angelos, mas pelo meio não faltaram incidentes, e coisas de espantar’.
GRANDE CANYON – ENTRANHAS DO SÍTIO MAIS FANTÁSTICO … DA NATUREZA
E BC continua a folhear o ‘livro de bordo’: “O mais extraordinário foi descer o Grande Canyon, caminhada às entranhas do sítio mais fantástico que a natureza tem para nos oferecer.
Depois de Los Angeles e S. Francisco fiz toda a costa do Pacífico emdirecção a norte. Até que chegado a Prince Rupert, no Canadá, apanhei o barco em direcção a Juneau, capital do Alasca.
GLACIER BAY (CANADÁ) – OUTRO LUGAR EXTRAORDINÁRIO
Visitei outro lugar extraordinário, o parque nacional Glacier Bay, local onde se encontra uma série de grandes glaciares. Ver e Ouvir osgrandes rios de gelo a desaguarem sob a forma de enormes paredes de gelo que desabam é experiência inaudita que marca.
PORTUGUÊS?!! NUNCA TINHA VISTO UM!
Coligindo da reportagem citada ‘Os Globe-Trotters’, na travessia canadiana, BC vê-se detido pela polícia na sequência de ter cometido duas infracções graves: excesso de velocidade e falta de carta de condução, esquecida nalgum restaurante. Perante a apresentação passaporte, o agente policial ficou atónito. “Português!? Nunca tinha visto um português!” (Revista Olá). E as pesadas multas foram perdoadas, mas mostrou a realidade minorca de Portugal Também aqui, no Alasca, foi protagonista de um outro episódio não raro de acontecer quando se convive com etnias diferentes.
Relata BC:
“Outra vez no Alasca passeava na borda de uma estrada quando um carro parou ao pé de mim e me abordou. O homem ao volante, o rosto largo de um esquimó, abriu a janela e perguntou-me se queria boleia outra vez. Respondi-lhe que não precisava e que ele nunca me tinha dado boleia antes. Aí o esquimó mostrou um espanto real e exclamou:
– Eu nunca te dei boleia!?
– Não! – respondi – Nunca me deu boleia.
Aí ele abanou a cabeça e disse:
– Pois é, vocês parecem-me todos iguais!”
BC VIRA ESTRANGEIRO NA ÁSIA
– Não! – respondi – Nunca me deu boleia.
Aí ele abanou a cabeça e disse:
– Pois é, vocês parecem-me todos iguais!”
BC VIRA ESTRANGEIRO NA ÁSIA
Voltou a descer até Vancouver e apanhou o avião para Hong Kong.
“Chegado à Ásia toquei o outro lado do mundo, virei estrangeiro. Os efeitos da matança na Praça de Tianamen de 4 DE JUNHO DE 1989 ainda ecoavam fortemente nos ouvidos dos direitos humanos. E como sempre “quis ir à China[3], comecei por Macau e depois subi o rio das Pérolas até Cantão.”
Ao chegar à Ásia, o apalpar das viagens com os ponteiros do relógio apercebe-se que «a distância em relação à Europa é incrível. Parece que os outros continentes encolhem. A viagem [foi] alterando as nossas perspectivas» (Revista Olá).
NO TRIÃNGULO DOURADO DAS GUERRAS DE ÓPIO
BC regressa a Hong Kong (ainda british) e parte “para esse país caloroso, a Tailândia.”
Bangkok de hoje pouco tem a mostrar do velho Sião ao viajante da diversidade.
Aqui, “comecei pelo norte, andei pelos confins da selva, no célebre Triângulo Dourado [Birmânia, Laos e Tailândia] das guerras do ópio. Acompanhado por um guia visitei tribos que se dedicavam ao cultivo da papoila e à noite depois do cantar das mulheres, deitado na esteira, aproximava-se um velho de dentes cariados que me estendia o longo cachimbo. À segunda vez que ele repetia a operação já eu fechava os olhos e via filmes em ecran panorâmico até que a luz da manhã me trazia de volta à realidade. Pode parecer ficção mas foi, mesmo assim, ainda que invariavelmente se ouvissem tiros no meio da escuridão, sabe-se lá vindos de que fronteira.
Depois da emoção do norte nada melhor que uma viagem até as ilhas do sul e aí …os filmes foram outros”. (BC)
EXÓTICO SOU EU, BELINO COSTA.
À medida que palmilha os continentes, BC sente que «Um dos aspectos curiosos é estarmos na Europa e termos a noção de que estamos no centro do mundo, vamos para a América e o continente central é a América …» (Revista Olá)
O aventureiro de Bustos, continua a programar fugas dos ares normalizados pelas globalizações em busca de terras de lendas, carregado de exotismo conforme a sua revelação: “É inesquecível sentir, em plena Ásia, que o exótico sou eu” (Revista Olá).
NOTA FINAL
Crónica incompleta e distorcida por defeito de informação e de linguagem.
Viagens de apertar o nó na garganta e estadias de sonho estão escondidas em algumas gavetas.
Um agradecimento aos colaboradores que tornaram possível o aparecimento desta quase-crónica.
‘e siga a rusga’
NOTA FINAL
Crónica incompleta e distorcida por defeito de informação e de linguagem.
Viagens de apertar o nó na garganta e estadias de sonho estão escondidas em algumas gavetas.
Um agradecimento aos colaboradores que tornaram possível o aparecimento desta quase-crónica.
‘e siga a rusga’
sérgio micaelo ferreira, 13.09.2007
[1] in Gustavo Pires, A Aventura desportiva – O Desporto para o Milénio, Edição da Câmara Municipal de Oeiras, 1990
[2] Mestre Afonso, Itinerário da Viagem que fez por terra da Índia [mais propriamente de Ormuz] a Portugal (1665).
[1] in Gustavo Pires, A Aventura desportiva – O Desporto para o Milénio, Edição da Câmara Municipal de Oeiras, 1990
[2] Mestre Afonso, Itinerário da Viagem que fez por terra da Índia [mais propriamente de Ormuz] a Portugal (1665).
in Literatura dos Descobrimentos e da expansão portuguesa. Organização e … M. Ema Tarracha Ferreira. Biblioteca Ulisseia de Editores Portugueses .nº 39.
[3] Em 1994, BC visita Pequim onde é protagonista de um episódio (a) de certo modo análogo ao ocorrido na Caminhada do Zambeze, tesetmunhado pelos exploradores Roberto Ivens e Hermenegildo Capelo
(cena ocorrida no acampamento de Muene Cuando)
“Perante nós agachavam-se em grupo umas velhas damas, a quem um cavalheiro acocorado explicava todos os nossos actos.
Um dos nossos casos que mais as interessava, conforme parece, consistia em saber se o nosso corpo era branco como a cara, e, sendo possível resolver-se isto sem conveniente exibição, o mesmo sujeito pediu-nos por acenos que puxássemos a camisa, a fim de convencer aquelas senhoras do que debalde lhes afiançava.
Feito isto, deixámos um quadril a descoberto, facto que causou verdadeiro assombro, se não receio pouco lisonjeiro para o exemplar. … "
Hermenegildo Capelo e Roberto Ivens, A Caminho do Zambeze, Publicações Europa-América, Mini-biblioteca.
*
(a)A cena passou-se junto ao muro de protecção da cidade proibida Aguarda-se a divulgação pelo teclado de BC (nota de srg)
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[3] Em 1994, BC visita Pequim onde é protagonista de um episódio (a) de certo modo análogo ao ocorrido na Caminhada do Zambeze, tesetmunhado pelos exploradores Roberto Ivens e Hermenegildo Capelo
(cena ocorrida no acampamento de Muene Cuando)
“Perante nós agachavam-se em grupo umas velhas damas, a quem um cavalheiro acocorado explicava todos os nossos actos.
Um dos nossos casos que mais as interessava, conforme parece, consistia em saber se o nosso corpo era branco como a cara, e, sendo possível resolver-se isto sem conveniente exibição, o mesmo sujeito pediu-nos por acenos que puxássemos a camisa, a fim de convencer aquelas senhoras do que debalde lhes afiançava.
Feito isto, deixámos um quadril a descoberto, facto que causou verdadeiro assombro, se não receio pouco lisonjeiro para o exemplar. … "
Hermenegildo Capelo e Roberto Ivens, A Caminho do Zambeze, Publicações Europa-América, Mini-biblioteca.
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(a)A cena passou-se junto ao muro de protecção da cidade proibida Aguarda-se a divulgação pelo teclado de BC (nota de srg)
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Ó céus! Acabo de achar outro Belino no mundo, e ainda por cima português! E eu que pensei que era o único... Saudações do Brasil.
ResponderEliminarSou um velho amigo do Belino Costa e ja nao o vejo a mais de vinte e cinco anos. Vivo nos EUA e gostaria que esta mensagem lhe fosse passada.
ResponderEliminarAntonio Garcez
garcetz@aol.com