13 de setembro de 2007

ESCOLA VELHA - JANELA EMPRESTADA


O novo ano escolar está a abrir as portas. O primeiro-ministro, equipado de “corta-fitas” de inauguração de um centro escolar em S. Martinho dos Mouros, teve honras de benzimento[1] católico. Tal como no tempo do grande império de Belém dos pastéis.
A concentração dos alunos em pólos educativos testemunha a progressiva desertificação de grandes zonas do rectângulo (antigo jardim à beira-mar …).
Em Bustos, o edifício-escola do Corgo teve o tratamento que o seu estado de saúde exigia[2; consultar Escola Primária Nº 1 de Bustos em obras, de Alberto Martins] As janelas foram substituídas por outras de desenho e material diferentes. Com perdas para caixilhos e para a história. A aceitação da mudança parece ter sido consensual entre as hostes pré- e post-colombianas.
A alteração até poderá ser um balão de ensaio para ser aplicado futuramente no quase-decrépito “Palacete do Visconde”. Trocar, ou substituir janelas e portadas por materiais diferentes com alteração do visual, ninguém irá notar passados dias. `

Regressando à escola nº1:
Se aquele edifício tem o ‘desenho’ que mereceu elogiosas apreciações, deve-se ao arrojo dos membros da Junta de Freguesia de Bustos de então que modificaram o projecto inicial, conforme atesta:
“Foi ainda deliberado modificar a planta[3] do alpendre de entrada do edifício da Escola Primária, sendo substituído o telhado por um terraço com grade, em cimento armado e a construção de uma cinta em cimento armado cingida às paredes das retretes para segurança das mesmas …”[4]
Bustos estava (e continua) longe do poder, mas tinha sensibilidade e gosto pelas coisas públicas. Com a actual alteração do janelame da escola, estou convicto que a nova divulgação de um ex-libris da freguesia anote alteração havida no séc. XXI.

Entretanto as paredes mudaram de cor. O rosa foi-se à vida, que já lá estava há muito tempo e a terra não pode com a maldita, seráfica e repugnante cor vermelha. Um ‘azul bebé’ com tendência para o escuro, está mesmo a calhar com o novo ciclo da viradeira partidária. Os coevos pavilhões pré-fabricados que teimosamente vegetam no parque escolar de Bustos, irão ser classificados relíquias do património.

Entretanto o Colégio de Bustos continua a cumprir com a sua obrigação com as obras anuais de manutenção. Neste defeso, a presença da grua indicia a realização de grande intervenção. As coberturas dos pavilhões foram uniformizados, e foram aproveitados os espaços “no sótão” para a instalação do arquivo morto, que já não deve ser pequeno.
Um bom ano para a comunidade escolar

Disponibilidade. Dedicação. Abnegação. Tolerância. Firmeza. Esforço. Persistência. Trabalho. Mais trabalho. Inspiração. Divertimento. Profissionalismo. São alguns dos ingredientes q.b. para o êxito dos alunos. Os seus resultados irão reflectir-se, um quarto de século depois.
Até lá, pode acontecer que o Palacete, a escola do corgo e o bustos sonoro-cine sejam sublimados em distintos painéis de azulejos e que Bustos pertença à Palhaça.

E siga a rusga
12.09.2007
sérgio micaelo ferreira


[1] Pode ter sido prenúncio de espirro, mas o gesto do senhor primeiro-ministro aparenta a configuração de uma benzidela. (uma interpretação da foto de Paulo Ricca na página de abertura do Público de 12.09.2007)
[2] (http://www.bustosalupa.blogspot.com/ . aqui . Escola Primária Nº 1 de Bustos em obras
Acta da sessão ordinária da Comissão Administrativa da Junta de Freguesia de Bustos, de 13 de Maio.1934. Manoel Simões Micaelo Junior, Manuel dos Santos Vieira e Manoel Simões Aires Júnior eram respectivamente Presidente e Vogais. E Herculano Silva, o secretário interino.

[3] Houve uma primeira grande alteração da planta imposta pela Junta de Freguesia.

[4] Acta da sessão ordinária da Comissão Administrativa da Junta de Freguesia de Bustos, de 13 de Maio.1934. Manoel Simões Micaelo Junior, Manuel dos Santos Vieira e Manoel Simões Aires Júnior eram respectivamente Presidente e Vogais. E Herculano Silva, o secretário interino.

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