12 de agosto de 2007

'PONTE' DA VALA DO SARDO - EVOCANDO MANUEL JOAQUIM



Momento de Festa congregou amigos à volta da mesa desenhada em U no ‘pátio das memórias’ com o fito de evocar Manuel Joaquim dos Santos & companheiros de fartas e famosas venturas.


El Cid Óscar desunhou-se para apresentar o «tronco» lavado e aperaltado a rigor e, quando largou o equipamento de ‘capataz da quinta’ já os convivas tinham bem acomodado o fatiado de presunto e escolhidos os néctares vinícolas para a grande maratona da tarde.


Quis a buena dicha trazer de volta o valioso material documental de uma célebre exposição na ABC que era suposto estar destruído. Alberto Martins, o mister do «Bustos à Lupa», está de parabéns.


Do lote de fotografias de ‘Bustos d’Outrora’ optei por destacar a do pontão de eucaliptos(?) sobre a Vala do Sardo para homenagear Manuel Joaquim. Ao olhar para a foto, “Se não arregalei os olhos, pelo menos desmesurei-os. Tinha nas mãos um achado surpreendente” (in Arsénio Mota, Organum, dez contos com livro dentro, campo das letras, 2004). O documento espelha bem a precariedade da circulação de pessoas e bens há meio século atrás.


A primeira reclamação de Bustos para se construir a ‘ponte’ sobre a Vala do Sardo para ligar Bustos à Quinta dos Troviscais, ao se conhece, foi publicada na “Gazeta de Cantanhede”, em texto de Arsénio Mota.


Mais tarde, em consequência da morte de Sebastião Catarino, da Quinta dos Troviscais, ocorrida na enxurrada na Vala, Manuel Joaquim dos Santos natural do Montouro, reforçou a Manuel dos Santos Pereira, Presidente da Câmara de Oliveira do Bairro a necessidade de ser construída a ‘Ponte’.


As Câmaras de Oliveira do Bairro e de Cantanhede recebem autorização de Lisboa, para a sua construção, o Eng, Santos Pato (Néu) projecta, a Junta de Freguesia de Bustos faz os alicerces – para diminuir a despesa camarária e Duarte Nuno constrói. A ‘Ponte’ é inaugurada com “banquete” no Piri-Piri. Duarte Nuno, o construtor, falta.


Segundo Manuel Joaquim dos Santos, foi Manuel Peralta, da Póvoa – antigo lanceiro da Rainha D. Amélia –, que ia trabalhar para a Quinta dos Troviscais, o primeiro a passar pelo pontão.


A ‘Ponte’ da Vala do Sardo veio aproximar e de que maneira, as populações de Bustos e da freguesia dos Covões. Ficaram célebres as deslocações de caravanas de Bustos aos festejos do Montou. Que o digam o VT, o Chico, o Augusto Serafim (com a Ford) e tantos outros.


Um obrigado a Arsénio Mota, autor da colecção de fotografias agora descoberta por Alberto Martins.


Os protagonistas presentes ajudaram à lavra, as histórias mais condimentadas foram escutadas e condimentadas com bastante piri-piri
Manuel Joaquim, continuas no meio de nós.


sérgio micaelo ferreira, 11.08.2007

1 comentário:

  1. Apesar de ser meu pai, mas sendo quem foi e como foi em tudo na vida, é justo que eu ressalte o esforço que fez no sentido de aproximar Bustos da sua freguesia de nascimento - Covões:
    1. Empedramento, seguido do alcatroamento da estrada da Póvoa, (de que foi empreiteiro um tal "Sr. Américo Cortez");
    2. Arranjo da fonte e da ponte da Belguinha;
    3. Construção da ponte em cimento armado da Vala do Sardo.
    Manuel Joaquim "Ferrador" guardou religiosamente o livro de receitas e despesas do período em que foi Secretário da Junta, parte dele vivido durante a presidência do Dr. Assis Rei. Viviam-se os famosos tempos em que uma Junta de Freguesia da oposição foi escolhida pelo Pres. da Câmara e pelo Governador Civil da ditadura salazarista na convicção de que eles eram homens da confiança do regime. (O Serginho já falou disso)
    Tempos em que a Junta distribuía remédios pelos pobres da freguesia (é claro, comprados na Farmácia Assis Rei). Tal como distribuía por eles géneros alimentícios e lhes pagava ou ajudava a pagar os funerais. São constantes os registos bem documentados duma Junta que, embora rodeada da mais vergonhosa injustiça social, era solidária com os bustuenses mais carentes (por fora, meu Pai ainda se fartou de emprestar dinheiro para a malta fugir da miséria e tentar nova vida nas américas).
    *
    Falarei disso mais em pormenor um dia destes, se as noites continuarem a ser grandes para mim e os deuses continuarem a aquecer-me com o seu bafo.
    *
    Foto: ao lado do meu pai está o Abel Carteiro, homem de vasta cultura e grande coleccionador de livros de alfarrabista, que mandava vir de Lisboa. Tão bem que me recordo dele e tão amigos que nós éramos! Foi para a África do Sul e lá terá morrido.
    Houve em Bustos 3 homens que me seduziram muito, exactamente por terem sido coleccionadores de livros raros, sobretudo ligados à Democracia, à República e ao Progresso: Abel, Pompeu João Domingos e ti Manuel (?) Martins da Póvoa, que vivia quase em frente à adega do Aniano Martins.
    Se sou o que sou, devo-o a eles, ao Ti Carradas (o meu verdadeiro anjo da guarda) e, claro, ao meu Pai, de quem herdei todo o ADN que então havia no mundo bom.
    Com 13/15 anitos já era um peregrino dos livros
    e da Liberdade,
    ao alcance da mão.
    A merda dos partidos anda a querer estragar o resto dos meus dias.
    Mas eu não deixo e hei-de
    LUTAR,
    LUTAR,
    LUTAR.
    Porque
    É urgente
    preservar a
    MEMÓRIA
    dos Nossos.
    Porque é urgente
    ter
    RAÍZES.

    ResponderEliminar