- Ti Francisca, ó ti Francisca! O Sr. Antoninho manda dizer que a mulher está na hora – era o recado pronto, ainda dito em correria.
Meteu-se pela caleja, galgou a subida, direita ao muro dos Tabordas e fez a praça em três tempos.
- Tesoura! Fio! Água quente! Uns pozinhos de cinza!
- Cinza, não, ti Chica. Não me ponha cinza na criança!
O homem ficou-se na sala ao lado, que parir é coisa de mulher. Abriu-lhe as pernas e espreitou. A mulher arfava, contraía-se, alargava-se, resfolegava de novo, a abrir-se. A boca era quase um grito vivo, repuxada, num esgar de medo e de dor, os olhos descomandados, ora a cerrar-se, ora quase que a saltarem em trejeitos de loucura.
- Força! Agora! Não morre não, que eu não deixo. Agora! Já se vê a cabecinha. Força! Já saiu! Uma menina! Cortou-lhe a vide, atou-a com um fio, molhou-a com o álcool.
- Modernices! A cinza era melhor – resmungou, desconfiada da excelência da troca.
(…)
in Odete Ferreira, “freixo à la minuta” … – recontos – (A Chica Parteira), Edição da Câmara Municipal de Freixo de Espada à Cinta, 1996.
Meteu-se pela caleja, galgou a subida, direita ao muro dos Tabordas e fez a praça em três tempos.
- Tesoura! Fio! Água quente! Uns pozinhos de cinza!
- Cinza, não, ti Chica. Não me ponha cinza na criança!
O homem ficou-se na sala ao lado, que parir é coisa de mulher. Abriu-lhe as pernas e espreitou. A mulher arfava, contraía-se, alargava-se, resfolegava de novo, a abrir-se. A boca era quase um grito vivo, repuxada, num esgar de medo e de dor, os olhos descomandados, ora a cerrar-se, ora quase que a saltarem em trejeitos de loucura.
- Força! Agora! Não morre não, que eu não deixo. Agora! Já se vê a cabecinha. Força! Já saiu! Uma menina! Cortou-lhe a vide, atou-a com um fio, molhou-a com o álcool.
- Modernices! A cinza era melhor – resmungou, desconfiada da excelência da troca.
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in Odete Ferreira, “freixo à la minuta” … – recontos – (A Chica Parteira), Edição da Câmara Municipal de Freixo de Espada à Cinta, 1996.
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O Portugal ‘homiziado trasmontano’, escondido na penumbra envergonhada da periferia dos poderes, por vezes sai-se das cascas e revive uma realidade terceiro-mundista.
Por exemplo, na IP4 bombeiros, não-certificados (?) no exercício de obstetrícia, têm procedido a serviço de partos. Felizmente com êxito.
À semelhança do que acontece no alto-mar em que o local nascimento do recém-nascido é assinalado pelas coordenadas onde ocorreu, o mesmo deveria acontecer com o caso acontecer na estrada. Como tal, cada ambulância deveria ser dotada de GPS para assinalar a longitude e a latitude, pois não basta assinalar o quilómetro, o hectómetro e o número da estrada, até porque volta e meia, a estrada desaparece porque houve requalificação, reabilitação ou reconversão ou desvio, etc.
Outro caso – acidente na zona de Moncorvo. Houve necessidade do sinistrado ser transportado de helicóptero. Só que o persistente nevoeiro obrigou o acidentado a fazer a viagem de ambulância até Vila Real e aí ser heli-transportado. Foram gastas 'apenas' cerca de quatro horas até chegar ao hospital a fim de ser tratado.
A redistribuição do serviço de saúde está apoiada em qualificados estudos. Não duvido. Só que a egocêntrica Lisboa abandona ao deus dará migalhas da população. Será a “carne para canhão” em nome da gestão eficiente?
Ou o Paço de Lisboa pretende afugentar o Homem do interior, que por ironia, está mais próximo da Europa doadora?
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Eduardo Prado Coelho, Carlos Alberto Portugal Correia de Lacerda vão ser momentaneamente lidos, comentados e lembrados. À semelhança de Camões.
O costume.
sérgio micaelo ferreira, 29.08.2007
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Eduardo Prado Coelho, Carlos Alberto Portugal Correia de Lacerda vão ser momentaneamente lidos, comentados e lembrados. À semelhança de Camões.
O costume.
sérgio micaelo ferreira, 29.08.2007
Nota – Parabéns à equipa de Bustos, vencedora dos últimos jogos concelhios. E uma saudação aos participantes que ajudaram a abrilhantar a festa. – (Esta Festa também poderia incluir uma componente dedicada ao emigrante.)
srg
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