26 de outubro de 2005

RESCALDO DAS AUTÁRQUICAS [2]– O IMBRÓGLIO DE BUSTOS

( composição, srg)
Por Fernando Vieira
[Presidente da Direcção da União Desportiva de Bustos e membro da Assembleia Municipal, eleito na lista do CDS, em 2001]
Esta reflexão está no prosseguimento de “Autárquicas em Oliveira do Bairro – Reflexões sobre uma derrota anunciada”, editada neste blogue em 21.10.2005.
___________________
EM ROTA DE COLISÃO
Vive a vila de Bustos um momento extremamente dedicado em termos de governação. Tendo um presidente eleito sem apoio maioritário da população, em minoria parlamentar (4 vereadores da oposição contra três da situação), em rota de colisão com as associações, e sem o apoio camarário, que sempre marcou os seus anteriores mandatos, prevê-se uma gestão extremamente complicada.

PARA A LATA DO LIXO
É preciso analisar as razões deste conjunto de derrocadas do presidente da Junta. O apoio popular perdeu-o quando, após lutar pelo “seu” plano de pormenor do Sobreiro, seu amigo e Presidente da Câmara Municipal, nunca teve coragem de aprová-lo, mesmo estando pronto para o mesmo a mais de dois anos e tendo maioria na Câmara e Assembleia Municipal. Vai agora para a lata do lixo.

GESTO PURO E NOBRE
Muitas promessas feitas para as eleições de 2001 e não atendidas atempadamente, em que o Secretário da Junta teve que se esforçar para cumprir, num gesto puro e nobre de autarca (promessa feita, promessa realizada); a ausência mais acentuada da presidência, decorrente de sua vida empresarial e pessoal, também desgastaram a imagem presidencial. Deve o Presidente da Vila de Bustos a sua vitória ao trabalho incansável do seu Secretário, que, tendo percebido com muita precocidade, o descontentamento geral, se desdobrou em apoios e resoluções dos problemas existentes.

CONTRA A U. D. BUSTOS
Faz parte também da perda do apoio popular o ter se posicionado ao lado do seu eterno aliado, o Presidente da Câmara contra a U. D. Bustos, abandonado o povo que o elegeu, envergonhando e humilhando toda a população, que se sentiu traída e sem voz. Não percebeu que a sua atitude atingiu em cheio, não só a Direcção desta associação como também os seus adeptos, onde tinha vários amigos, que o apoiavam plenamente, como atingiu também todas aquelas crianças que já tinham no seu universo iluminado do futuro a perspectiva de um campo relvado. Não percebeu e talvez ainda não tenha percebido que as angústias dos filhos tocam profundamente as sensibilidades paternas. Pareceu e parece não perceber um dito popular muito corrente na nossa terra – “Quem meus filhos beija, minha boca adoça”.

MAIS QUATRO ANOS DE ESTAGNAÇÃO?
O que se pergunta agora é se a vila de Bustos consegue aguentar mais quatro anos de estagnação no seu desenvolvimento.Tendo um segundo mandato aquém do primeiro, que se caracterizou pelo diminuto investimento feito na ainda freguesia de Bustos, devendo-se isto também ao canalizar de verbas do presidente da Câmara para a sua “terra”, as perspectivas futuras incluem projectos dispendiosos e de pouca possibilidade de realização.

BUSTOS QUER DIVIDIR O IPSB (a)?
Propor um novo pólo educativo quando temos o melhor pólo educativo da região? Bustos tem que se orgulhar do IPSB. Tem que estar ao seu lado e lutar sempre para o seu maior desenvolvimento. Os filhos de outras freguesias e vilas querem vir para o IPSB e Bustos quer dividir o IPSB? É preciso conhecer a verdade sobre as quais a Câmara Municipal anterior se baseou para denegrir e não apoiar o IPSB. Terá sido para garantir um lugar para um autarca em fim de mandato em outro pólo educativo e por isso era necessário desviar os alunos do IPSB?

QUE BAIRRO SOCIAL?
População já existente em Bustos ou aberto para a população em geral? Não se pode transformar ou criar guetos em Bustos. Não pode haver exclusão social e de pessoas. Não se pode acantonar pessoas. É necessário pensar a sério o que se quer como Bairro Social, para mais tarde não nos arrependermos. Bairro económico é antes de tudo, oferecer condições de melhor sobrevivência aos menos favorecidos.

“CACHIMBO DE PAZ” PRECEDIDO DE ACTOS DE CONTRIÇÃO
Caminha Bustos para uns quatro anos de governação com muita conflituosidade, muitas guerras políticas, e a ameaça latente da brevidade de gestão. Quer mostrar trabalho muito rapidamente, para ocultar a inoperância anterior, será factor de desagregação entre as entidades e as pessoas.O que fazer pela vila de Bustos? Vejo apenas uma saída para a Vila de Bustos. Que os “caciques se sentem no tapete da cordialidade e fumem o cachimbo da paz”. Mas este “cachimbo da paz” tem que ser precedido de alguns actos de contrição. As responsabilidades devem ter paternidade. Os responsáveis pela paternidade têm que se penitenciar publicamente. Os humilhados e ofendidos têm que sepultar a sua revolta e não levar continuamente a sua dor.

ESCOLA PÚBLICA OU IPSB? A ESCOLHA
Neste contexto, ainda vejo alguma possibilidade para a Vila de Bustos. Sem o mesmo, muito provavelmente num breve período de tempo voltaremos todos às urnas de voto.Se a nossa rede escolar pública em Bustos é boa, e por isso nos sentimos felizes, temos também que dar a possibilidade de escolha para os pais das crianças, que querem ter o seu filho a frequentar o IPSB desde a creche. Não é essa a lei corrente em relação aos médicos de família, onde cada um escolhe o seu. Não terá a educação o mesmo direito?

EM DEFESA DO IPSB
É obrigação da população e dos seus autarcas defenderem o IPSB e demonstrarem a sua indignação a cada turma que retiram deste grande colégio. É obrigação do povo de Bustos lutar por mais turmas no IPSB desde a creche até o 12º ano ou os cursos profissionalizantes. Um IPSB grande e forte é um garante ao nosso futuro e ao futuro dos nossos filhos.

AQUECIMENTO DAS ESCOLAS, JÁ!
O que se precisa de atacar, com determinação, são as condições das escolas de Bustos e da Quinta Nova. Se o Ministério da Educação não consegue colocar aquecimento nestas escolas, vamos então nós resolver o problema. Não conseguirá a Junta de Freguesia colocar aquecimento nas escolas públicas da Quinta Nova e Bustos e pagar a factura em quatro anos de mandato? Não será o aquecimento um factor muito mais importante no momento? Não haverá firmas em Bustos que realizem tal obra e financiem o projecto? As soluções para os problemas imediatos passam sempre pela vontade de resolver. O aquecimento das escolas é um problema imediato. Mas se a junta não o conseguir fazer, creio que uma “Comissão de Amigos das Escolas de Bustos”tomará este projecto em mãos e vai partir para a solução final.

QUE PROJECTOS PARA BUSTOS?
O que mais temos de projectos para os próximos quatro anos. Criação do centro Cívico? Que tipo? Aonde? Quais valências? “Escutaram o galo cantar ao longe.”Novamente, após oito anos, o Bairro Económico? Aberto ou fechado?
___________
[1] Com a devida vénia, reproduz-se o texto publicado em 27.10.2005 no Jornal da Bairrada, pág. 34, na Secção DIVERSOS. A inclusão de sub-títulos é da responsabilidade de Sérgio Micaelo Ferreira.

(a) IPSB, sigla de Instituto de Promoção Social da Bairrada, vulgarmente conhecido por Colégio de Bustos [nota de srg]

10 comentários:

  1. Anónimo08:02

    Não foste tu ò Brasileiro que disseste em plena campanha eleitoral que se o CDS te desse aquilo que te prometeu, que os voltavas a apoiar? Para catavento não te falta nada nem mesmo o vento que nestes dias tem sido muito

    ResponderEliminar
  2. Anónimo10:12

    A reflexão (2) do Dr. Fernando Vieira indica uma imprecisão na composição da Assembleia de Freguesia, onde diz haver “(4 vereadores da oposição contra três da situação)”. No concreto, o CDS alcançou 4 mandatos; o PSD (4) e o PS (1);
    outra imprecisão: “Se o Ministério da Educação não consegue colocar aquecimento nestas escolas …”. As autarquias passaram a ter a responsabilidade de dotar as escolas do 1º ciclo (antiga primária) com este equipamento.
    Nota: 1) Os textos do Dr. Fernando Vieira abrem a porta à discussão-em-canal-aberto: Bustos, Que Futuro? 2) As Associações de Pais e Encarregados de Educação são os agentes que podem e devem lutar com o fim de alcançar a almejada solução, independentemente da existência de outras comissões ou associações amigas.
    Sérgio Micaelo Ferreira

    ResponderEliminar
  3. Anónimo10:14

    O "Rescaldo das Autárquicas - 1", foi um vómito; este "Rescaldo das Autárquicas - 2" é um regórgito: o que é mau, muito mau mesmo, tanto para o próprio autor como para quem acredita em quem começa já a pôr-se ao jeito de alguém (não interessa quem, desde que seja contra quem vier a suceder ao Manuel Pereira na candidatura pelo PP, ou contra o fantasma do Gala)para as próximas autárquicas, e a perfilar-se na fila para o beija-pés ao próximo Executivo municipal!

    ResponderEliminar
  4. Anónimo11:42

    Quem assim intervem contra Fernando Vieira mostra uma desonestidade confrangedora -- esquece-se vergonhosamente da promessa que Gala lhe fez e que não cumpriu! Haja vergonha! E não tragam para estes comentários as baixezas da política concelhia CDS! Por favor, calem-se tais bocas, estamos fartos de merda

    ResponderEliminar
  5. Anónimo18:27

    Apesar dos comentários de anónimos, sei que o Fernando Vieira descreve a realidade da Junta de Freguesia. Acho que ele devia ter dito que o Secretário foi o Sr. Manuel Luzio e que foi ele que manteve a Junta em funcionamento. Vou em breve descrever muitos aspectos da Junta cessante, mas menos diplomaticamente que o Fernando Vieira. Milton Costa

    ResponderEliminar
  6. Anónimo16:21

    Onde esteve o Presidente Fernando Vieira durante a campanha?
    É muito facil falar à posteriori.
    Será que se o CDS/PP tivesse ganho a Câmara estes artigos sairiam a público??

    ResponderEliminar
  7. Anónimo17:06

    O Presidente da UDB fez muito bem em não se meter na política. Eu também não. O que é importante é desmacarar os problemas, longe da política partidária. Claro que o Jornal da Bairrada (JB) nunca publicaria aquilo que ele escreveu antes das eleições. Permite que agora se digam coisas que eram anteriormente censuradas, porque agora existe uma dama nova para seduzir visto a dama velha ter fugido para Lisboa. O JB apoia sempre o poder, porque lhe convem. Nesta altura vejo o Armor Pires Mota a ser muito solicito para o Mário João Oliveira.
    Claro que o Fernando Vieira seria capaz de escrever este texto no tempo da antiga Senhora. Ele tem coragem ao contrário dos anónimos que nunca assinam o que escrevem. Milton Costa

    ResponderEliminar
  8. Anónimo22:12

    “caciques* se sentem no tapete da cordialidade e fumem o cachimbo da paz”!!!!
    Estamos na Europa e não num qualquer país 'terceiro mundista' da América do Sul de onde é originário o autor deste artigo.
    *Cacique = Chefe Tribal.

    ResponderEliminar
  9. Anónimo22:32

    Ò 'sem paciência': mais baixo do que estes comentários só mesmo o teu!

    ResponderEliminar
  10. Anónimo18:55

    Fazer mais uns remendos na escola n.º1???


    A escola n.º 1 não tem condições, não é por falta de aquecimento... é porque está mal localizada, o ruido é imenso, as janelas estão numa posição que perturbam a concentração etc...
    Fazer uma escola nova é imperativo.
    Mas o conceito de Polo Educativo é que está mal deturpado, pois não é uma escola até ao nono ano...
    Isso já temos e de boa qualidade o IPSB.
    Uma escola até ao 4º ano (amtiga 4ª classe) com espaço para recreio, biblioteca, sala de TIC's, etc.
    Mas por favor nãp pensem em mais remendos numa escola datada de 1937...

    ResponderEliminar