O MESTRE DE CERIMÓNIAS
Nas reuniões de Bustos do antigamente,
Em qualquer festa ou procissão,
Em que as pessoas assistiam solenemente
Mas desfilavam todas de montão.
Não respeitavam as filas e por qualquer lado,
Toda a gente por aí cochichava,
Até que um dia apareceu o homem indicado,
Que ia a todas as reuniões e as orientava.
E sem vestimentas finas ou qualquer «frack»
Simulava de “Mestre-de-Cerimónias”,
Assim era o “Joaquim Cavanhaque”,
Que assistia a festas, desfile e outras custódias.
Sempre apoiado na sua bengala,
Que lhe dava aspecto e certo conceito,
A todas as festas e desfile ele ordenava,
Estava sempre “presto” a reclamar a qualquer sujeito.
(…)
Sem ribetes ou outras confrarias,
E ainda que alguns não concordem,
Desde esse até os nossos dias,
Em Bustos começou-se a desfilar em ordem.
um excerto do poema de Ulisses de O. Crespo, Lustros de Bustos
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Arsénio Mota (AM) dá-nos a conhecer a personagem do poema "Cavanhaque": Era um alcunha que poderá "ter sido originada pelo estilo de barba que o homem usou, com nome francês que ficou aportuguesado".
A organização do desfile do funeral teria tido influência da União Liberal de Bustos? [O artigo 13º dos seus estatutos de 1.o1.1932, obrigava: "Os sócios têm o restrito dever de comparecer em bom estado normal e aprumo, e durante o cortejo marchar silenciosos, mantendo intervalos de dois metros, dando assim ao acto a solenidade que ele exige." (a)]
O livro (inédito) de Ulisses Crespo, "Lustros de Bustos", merece ser publicado, depois de poda adequada.
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(a) in Hilário Costa, Memórias de um Bustoense, 1984, pág. 34
srg
(a) in Hilário Costa, Memórias de um Bustoense, 1984, pág. 34
srg
O livro do Ulisses Crespo está inédito. Lembra figuras populares de Bustos e alguns episódios divertidos. O «Cavanhaque» era alcunha de um indivíduo da Póvoa que conheci já idoso. Essa alcunha pode ter sido originada pelo estilo de barba que o homem usou, com nome francês que ficou aportuguesado. Terá ele ido à guerra de 1914-1918?
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