Herculano Silva (Sofia) faleceu.
A notícia chegada em turbilhão do Brasil fez abrir a arca das recordações de alguns amigos que partilharam bons momentos na oficina do seu pai, Manuel Silva (o Sofia), ali junto à adega do ti Mota Guerrilhas.
Herculano (Sofia), ainda novo, ajudava o pai no fabrico – artesanal – de quadros de bicicleta. Para conseguir um quadro desempenado, o ti Sofia seguia técnica expedita, imaginada por Amadeu Rilho[1]. Os tubos eram colocados sobre uma matriz plana, fixados entre si por cravos para que a estrutura fosse soldada na posição correcta.
A pintura e a montagem etavam à responsabilidade do Herculano. Para espanto dos convivas de rua, os traços eram feitos a tira-linhas. “Saíam na perfeição”.
Mas a sua habilidade estendia-se pela mecânica das armas. Armeiro nas horas vagas, fazia armas rudimentares, mais parecidas a canhangulos.
Ao lusco-fusco, era vê-lo rodeado de amigos, munido com a sua arma, escondidos junto do alambique do Mota Ventura. Abre o "ferro", deita um cisco de pólvora a servir de fulminante preso por elástico, puxa o gatilho... e ouve-se um estoiro. Os pardais caíam que nem tordos. O Mário Bolo enchia o saco e ao serão havia farta pardalada. A qualidade das armas melhorava com a produção.
O Herculano "Sofia" era sempre o primeiro a experimentar as armas antes de as entregar aos «clientes». Um dia, puxa o gatilho e o cano não suporta a explosão. A sua mão esquerda(?) fica chumbada. Mas não desanimou.
…
À Família enlutada,
as condolências de Sérgio Micaelo Ferreira.
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