GENTE DA NOSSA GENTE – 2
LEITÃO NA ADEGA DO TI’MANUEL JOAQUIM
Mensageiro – “Estando os príncipes reunidos em círculo ...”
Sófocles, “Ajax”, Editorial Verbo, Biblioteca Básica Editora, livros RTP, 4
Foi no passado domingo, 26 de Novembro de 2006, na Adega do sempre recordado Manuel Joaquim dos Santos (Ferrador) que sob os auspícios do Dr. Óscar dos Santos, aconteceu uma singular reunião, onde, ao de leve, se debateu o “ACONTECER BUSTUENSE”.
O "ágape" esteve muito bem decorado, pois contou com as mãos dos experts em culinária, com destaque para o colega Dr. Aleixo, Mestre na preparação e grelhados do camarão tigre. A assadura do nobre leitão (de origem caseira, mas abatido conforme as normas divulgadas pelo diário oficial) contou com a participação de mão-de-obra americana: o experiente James Ray. Há a destacar a preciosa colaboração da Mãe do Óscar, Benilde Figueiredo, não deixando escapar o mais pormenor das minudências da culinária.
Para cumprir a palavra ADEGA, lá estavam os bons vinhos bem aconchegados, a decorar a sala de visitas – na boa tradição bairradina.
A cortar a fita do início da cerimónia, o Óscar submeteu a concurso a pinga da última colheita, produzida a partir de perlas oriundas do nosso chão. Corpo jovem, ainda tem virtualidades algo escondidas, certificou um 'escanção'. E lavrou a sentença: ‘merece ser bebido só por distintos colegas’. E avisou para não deixar azedar o vinho como aconteceu
com a colheita do ano anterior.
O Adélio Santos (Barroca) cumpriu com rigor a trincha do leitão e bafejou todas as travessas com uns cibos da apetecível costela.
A reunião de trabalho atingiu nível bastante elevado. A comida de excelência carimbou o repasto.
Há um adágio popular que aponta para que as coisas boas devem repetir-se. Assim, os ‘guardiões’ do cenáculo já planearam o próximo “ágape”com um prato da comida tradicional e será servida à mesa como no antigamente do antigo. Será a concretização de mais uma aspiração que vem adubar as nossas raízes. Tal e qual. "É isso manelzito".
Foi um encontro salutar. Foi um encontro para reforçar os laços da fraternidade.
AMÁLIA EM 78 ROTAÇõES
Para além do novo Audi ter sido molhado conforme o estatuto manda, houve uma surpresa. António Romão exibiu uma excelsa raridade. Era uma caixa muito antiga com uma “micro-grafonola”. Em silêncio reverencial, ouviu-se Amália Rodrigues cantar ‘é uma casa portuguesa’ e ‘confesso que te amei’ gravadas em discos de 78 rotações. Etiquetas Columbia e Melodia. Foi um momento sublime.
Provou-se uma hiper-reserva de aguardente vintenária/trintenátria? Do bagaço das Terras de Basto. “Uma delícia, ó Eng. Ruca!”. Tem de ser servida a conta-gotas, para que o sabor chegue longe. Provada a nova bagaceira, ela foi reprovada (chumbada) pelo técnico de experiência feito, Milton Costa. “Retiraram-lhe a çoleima”.
CIRCUITO DAS ADEGAS
Um destacado convidado – não Bustuense – propôs a organização do circuito das adegas do concelho. E adiantou, «teria de ser seleccionada e recuperada uma adega por cada freguesia” ou disse aldeia?. A proposta foi bem recebida. “Não era no intervalo dos bailes que a malta ia beber do pipo dos solteiros?” “Lembram-se do vinho branco do Mário Rei?” Bem, não me atrevo a divulgar o nome do proponente, porque teve o atrevimento de só dizer bem dos ‘distintos guardiões’.
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Fora da crónica:
Está bem próximo o centenário do nascimento dum grande bustuense, Hilário Simõesda Costa, que alguns tentam esconder. Esta efeméride não pode ficar esquecida....
No entretanto, Bustos vai a caminho do centenário da sua emancipação como junta de freguesia e os seus próceres ainda não foram reconhecidos com qualquer monumento para recordar tão digna GESTA.
Ora pois.
ASSIM É BUSTOS E A SUA GENTE!?
Ulisses Oliveira Crespo, cronista da vila