31 de dezembro de 2005

O DESEJO DE SER INÚTIL

Saint-Exupéry - O Último Voo


"No fim desta história de Pratt, Saint Exupéry cai.
Aparentemente não na vertical, talvez em diagonal, mas não é claro.
As lendas são à prova de imbecis. E até os sábios ficam perplexos."

[Humberto Eco, no prefácio ao livro de BD de Huggo Pratt: Saint-Exupéry - O Último Voo]
*
oscardebustos
(MC: sabe bem regressar à juventude.
A tua prenda de Natal ajudou mesmo!)

29 de dezembro de 2005

A CASA DE ALMEIDA GARRETT



Fiquei escandalizado, zangado e desgostoso ao saber da iminente demolição da casa, em Lisboa, onde viveu e morreu o grande escritor Almeida Garrett. Este edifício foi declarado imóvel de interesse municipal pelo executivo de Santana Lopes, mas agora o novo presidente diz não ter dinheiro para restaurar e manter o prédio. O dono do imóvel é o actual Ministro da Economia (de quem, felizmente, nem sei o nome) que quer construir um novo. Ganhar dinheiro!

A demolição virou palavra de ordem, mas no resto da Europa não é assim, há países onde o património é respeitado. Numa terra Inglesa (Salisbury) os edifícios construídos no século XIV são olhados como locais sagrados e ninguém pensa em demoli-los, em várias cidades italianas vi edifícios centenários que nunca serão demolidos, porque são amados pelas pessoas que lá vivem. Já estive num hotel na Alemanha que foi construido no século XVI , não é muito confortável mas pertence ao património de um povo. Nessa cidade, Marburg, há uma igreja dedicada a Santa Isabel, a verdadeira santa do Milagre das Rosas, tia da santa portuguesa, que era uma boa mulher, mas a quem não podemos atribuir o tal milagre. Menciono isto porque me parece revelador já que somos capazes de copiar “milagres” mas não seguimos a atitude cultural e cívica dos outros. Somos copiadores incompletos!
Um país que permite que o bonito edifício onde viveu e morreu Almeida Garrett seja demolido é um país sem respeito pelo seu património, pela sua História. É uma bosta!

Também no nosso concelho se anunciam crimes graves. Crimes bárbaros! Diz-se que o actual executivo da Câmara Municipal planeia demolir o antigo edifício sede depois transformado em cadeia.
Tal não pode nem deve acontecer, pelo que daqui lanço o meu apelo: Por favor, respeitem o nosso património, a nossa História!
É preciso ter coragem, é preciso ter a honra e o orgulho de conservar a nossa herança comum, conservar o património edificado, parte integrante da nossa memória.
Por favor, respeitem o passado. Ainda que os nossos antepassados não votem, não podendo assim ajudar a vencer a próxima eleição.

Milton Costa

27 de dezembro de 2005

TODA A VERDADE SOBRE O MENINO JESUS

[…ou de como o Milton conheceu o Menino Jesus]

O Menino Jesus (MJ) mora perto do S. João do Sobreiro e é vizinho do Milton Costa (MC). No tempo em que o MC andava na escola de Bustos o MJ ainda não morava no S. João; mas isso foi antes de Cristo, ou como agora parece que se diz, “Antes da era Comum”. Cheira-me que esta denominação foi instituída pelos amaricanos e o MC até sabe da poda porque andou a estudar para cientista na terra deles.
Aliás e por esta altura do ano, o MC costuma ir comigo ao Portinho podar vergueiros e depois trazemos as vergas em molho para a minha casa agarradas à parte exterior da porta do carro dele. O Milton conhece bem o Portinho, sobretudo na parte que toca à vinha (e não só) do Manuel Joaquim, que vai fazer um ano se sentou à esquerda do Pai do Menino Jesus.
A história do carro justifica-se porque agora os tempos são outros: ambos temos viatura (movida a “óleo de rocha” do Asterix) e eu até tenho um tractor.
É triste, mas já não há carros de bois, que isso foi transporte da era de “Antes do IBEC”, ou seja, de antes da era da Ideia do Bairro Económico do Cabeço. Ouvi dizer que amanhã à noite vai começar a era da Nova Ideia do Bairro Económico. Estas ideias todas fazem-me lembrar os planos quinquenais do tempo do Estaline, enquadrados naquilo que os camaradas chamavam NEP ou Nova Política Económica. Parece que é isso que vai nascer na terra: uma Nova Ideia de Bustos.

Voltando à parábola da verdade sobre o MJ…
Na tarde da consoada, o Palácio e Quinta da Bacalhoa (1) que eu ofereci em livro e vinho ao MC, desfizeram um mito, que era o de todos pensarmos que o MC sabia tudo (2).
Lá saber, sabia.
O que ele não sabia era o que era “ir ao treino”.

Acontece que tivemos de sair à pressa de minha casa, mal acabara de lhe ofertar o fabuloso livro/garrafeira do Palácio e Quinta da Bacalhoa e de receber dele outro livro, este sobre Hugo Pratt e o seu famoso personagem de banda desenhada, o Corto Maltese.
Anda depressa, antes que os “colegas” debandem para a ceia da consoada!
Palavras do Senhor (sim, dele, do MC!).
E lá fomos ao sacro sacrifício do Barrilito, não fosse o Santo Agostinho fechar as portas do céu sem nos dizer patavina ou, pior que isso, sem pedir licença ao Menino Jesus.

E foi aí, ó meus, de pé, junto ao altar que os amaricanos apelidaram de “snack-bar”, que o MC me confessou a sua ignorância: uns dias antes calhou de encontrar o Menino Jesus no centro de Bustos, que lhe perguntou se ele ia ao treino naquele dia.
Ao treino? - questiona MC...
Sim, ao treino, responde-lhe o Menino Jesus...
MC não entendia, estava confuso, aquelas palavras do Senhor não constavam do seu vocabulário e, que se lembrasse, não vinham nos livros científicos que ele tão bem dominava; nem as vislumbrava nos canhenhos de História, Arte ou Literatura; tão pouco as escutou ao longo da sua vida de peregrino e viandante.
Ó Dr. - atalhou gozoso o MJ - que diabo, estou a perguntar-lhe se vai hoje ao Barrilito!!
E foi então que se fez luz no espírito de MC.
Que vergonha! - confessou-me ele no lugar sagrado. E continuou: “Eu que julgava ser sábio e até me interesso tanto pelos assuntos da UDB, afinal não sabia o que era “ir ao treino”!
Moral da História:
No próximo Natal vou oferecer-lhe um curso intensivo de treinador de futebol!
E mais não diz o
oscardebustos
*
- PS (salvo seja), em jeito de aviso aos crentes: o Menino Jesus é Amândio de sua graça. Que se saiba não vai à missa e muito menos à catequese, embora raras vezes falte às homilias do Santo Agostinho. Em verdade vos digo: fica-lhe em caminho…
- PPS: para dissipar dúvidas, é favor lerem o famoso artigo científico do prof. MC, aqui dado à estampa no passado dia 15 sob o título “O Barrilito visto do céu”
*
Notas:
(1) Palácio e Quinta da Bacalhoa: http://www.azeitao.net/quintas/bacalhoa.htm
(2) A modos do Filipe Segundo, que tinha tudo o que queria...menos um fecho éclair, como poetou o António Gedeão, aliás, Rómulo de Carvalho, professor e autor dum manual escolar do meu tempo do liceu, salvo erro de ciências físico-químicas.

24 de dezembro de 2005

CEIA DA NOITE DE NATAL

Esta noite vais cear tarde e acabar à mesa a desoras, de rabo dorido e papo cheio do que já te arrependes de ter engolido.
Ainda assim, a mesa continua cheia de doces, fritos, bolos-rei de tamanhos diversos mal encetados, rectângulos de aletria espalhados pelas travessas, comestíveis ao monte, garrafas por abrir - a ritual farturinha.
E amanhã será obrigatoriamente servida ao almoço a «roupa velha».
Vais dar, não tarda, as prendinhas que te puseram a cabeça em dor e os euros em baixa, para alívio da loja do chinês e do comércio em geral.
E vais descobrir de novo que nunca consegues oferecer uma bugiganga que aos destinatários agrade ou sirva num qualquer sentido.
E vais receber em troca outras bugigangas que também não esperas, que não te agradam nem te servem para nada, mas que terás de conservar à vista em sinal de gratidão.
E o serão, desta vez, nem conseguiu já reunir a família toda, consumou-se a dispersão e os lutos nas frondes da árvore genealógica… e resta-te o cachecol da saudade, com a respectiva melancolia, para te envolver o pescoço.
Consola-te, porém, a ideia de que estás a festejar o solstício de Inverno, costume antiquíssimo dos povos ancestrais que amavam a luz e o Sol criador e que, séculos depois, a Igreja (em aliança com o imperador romano) usurpou para o transformar no mito do Cristo com toda a dramatização elaborada que sabemos.
[Os Antigos pensavam que o soltício ocorria dia 25, depois a ciência, mais exacta, atinou no dia 22 de Dezembro, mas o costume permaneceu.]
A consoar na noite de Natal com os parentes mais chegados, ficas com a certeza de que os teus dias já começam a aumentar, minuto a minuto, e que a luz, mais luz, está a chegar porque o Sol, agora distanciado, baixo, se eleva e aproxima. – A. M.

TODA A VERDADE SOBRE O NATAL

Amanhã é oficialmente assinalado o dia do nascimento de Jesus. E quem era esse ser humano, feito da mesma matéria e à nossa imagem e semelhança?
Alegadamente “ o Criador do homem fez-se homem” (Liturgia das Horas), nasceu em Belém no dia 25 de Dezembro vindo da barriga de uma tal Maria que engravidou sem ter sabido como. (E nisso acredito piamente porque também aconteceu com uma rapariga minha conhecida.)

O nascimento de Jesus foi tão comum quanto a sua frágil existência. A exemplo de tantos outros pregadores usou a palavra em busca da luz, como outros pensadores procurou a resposta para a eterna dúvida: Existimos para além da morte? Nós que inevitavelmente “vimos da terra e a ela regressamos”.

O grande problema, a questão maior – tão filosófica quanto política –, surgiu em consequência da morte de Jesus, melhor dizendo, do seu assassinato na cruz.

Está tudo escrito de forma muito humana, muito reveladora da essência política das escrituras. O Evangelho de S. João é um verdadeiro manifesto acusando os Judeus pela morte de Jesus. Palavras, palavras, palavras.
Palavras – “No princípio existia o Verbo” –, que justificaram dois mil anos de perseguições e uma grande variedade de crimes hediondos. Tudo muito terreno e muito humano. “ E O Verbo fez-se homem/ e veio habitar connosco”.
A perseguição aos judeus foi mais do que uma demonstração de intolerância, foi uma prova de estupidez. Ao fazerem-no os cristãos esqueceram o essencial, que a morte era necessária e fundamental para que Jesus fosse Cristo. Sem a sua morte não existiria a ressurreição abrindo para todos os crentes as portas do reino dos céus.
Faltou clarividência aos cristãos que perseguiram e condenaram os judeus quando deveriam ter agradecido delicadamente. De outra forma Jesus teria morrido velho ou de alguma doença, e não sendo uma vítima e um mártir quem iria falar dele, divulgar-lhe a palavra?

A cristandade deu-nos catedrais belíssimas, inúmeras obras de arte e uma Igreja organizada e poderosa que tem cometido múltiplas atrocidades e praticado muita caridade. Mas o poder e a influência da cristandade está em declínio, hoje em seu redor já não gira o universo… E ao invés do que dizem as escrituras este não pára de crescer, de se afastar...

Nesta era de Globalização Planetária não se diz Antes de Cristo ou Depois de Cristo, já não é assim que se datam os acontecimentos históricos. Agora é necessário integrar judeus, muçulmanos, budistas, hindus, demais confrarias igrejas e religiões, pelo que se escreve Antes da Era Comum e Depois da Era Comum.

Foi a segunda morte de Jesus.

Tudo mudou, tudo está diferente. Agora o Natal que não é mais uma festa religiosa, nem celebra qualquer nascimento.

Vivemos na Era Comum. Agora festeja-se a existência de um velho chamado Pai Natal que veste de vermelho e anda por aí aos milhares, escalando varandas, janelas e paredes dos prédios e casas de Portugal inteiro. Tudo se resume a um boneco fabricado na China.

Belino Costa

PS: Texto inspirado num comentário de Milton Costa. (BC)

22 de dezembro de 2005

SOLSTÍCIO, du BOCAGE & BARRILITO

Ainda está fresca a visita relâmpago do solstício do frio.
Por estas bandas, o Sol esticou a noite o mais que pôde. Nada de estranhar. Felizmente.
A mãe-Terra partiu para a enésima viagem de retorno ao solstício do Verão. Houve festa partilhada entre a luz do Sol e a da Lua.
Enquanto o Sol anda a pôr achas na fogueira lá para as bandas do trópico de Capricórnio, por aqui, Manuel Maria du Bocage – o Elmano Sadino – recusou-se a participar na comemoração dos duzentos anos da sua partida (15.09.1765 – 21.12.1805). Continua a ser um modelo de irreverência, libertinagem. Poeta repentista viveu convicto de ter a liberdade de pensar e de amar.
Poetou para conviver, e como tal, nada melhor para celebrar o poeta do que ser lembrado por distintos confrades d’O Barriltito’.
Sugiro que o distinto du Bocage seja alcandorado à categoria de confrade benemérito de O Barrilito, mas que não traga custos para o distinto Agostinho.
Tal a acontecer (du Bocage ser aceite distinto Benemérito), será provável que aumente exponencialmente o ocasional turismo do grande triângulo estratégico de Bustos ("Praça Vermelha", O Barrilito, SubMundo - a ordem é quase arbitrária).


Novo calendário está a surgir carreado de promessas, alegrias, promessas, festanças, promessas, amores, promessas, desemprego, promessas, doenças, promessas, miséria, promessas, arbitrariedades, promessas, exclusão, promessas, fome, promessas, campo de futebol, promessas, bairro do cabeço, promessas biblioteca, promessas, espaços verdes, …

Haja Boas Festas adornadas com luz na mente, calor no coração e 2006 solidário.

Sérgio Micaelo Ferreira

20 de dezembro de 2005

BAIRRO DO CABEÇO NA ORDEM DO DIA

A Junta de Freguesia de Bustos (ou o seu Presidente) em 2004 solicitou um ‘Pedido de Competências’ relacionado com o Bairro Económico. A próxima reunião de Assembleia de Freguesia irá debater e por certo aprovar mais outro Pedido de Competências para o Presidente da Junta poder outorgar escrituras de compra de dois terrenos.
É um sinal de querer fazer andar com o que parecia estar ou estava parado[1].
Aguarda-se que a condução do processo não vire em arma de arremesso partidário, para justificar mais atrasos.
Para andar a passo de lesma já basta a burocracia.
Pois, pois.
...
[1] Óscar Santos, Bairro Económico do Cabeço: Uma Vergonha!, no blogue Bustos – do Passado e do Presente, Fevereiro 24, 2005. Começa assim:
O início do Processo
Data de 22/11/1991 a declaração escrita dos nossos conterrâneos Adélio Reis Pedreiras e mulher, Cacilda de Oliveira Reis, a autorizarem o loteamento dum seu terreno no Cabeço “que doaram à Junta de Freguesia de Bustos para implantação de um Bairro Económico”.


(srg)

ASSEMBLEIA DE FREGUESIA REÚNE


A Assembleia de Freguesia de Bustos reúne no próximo dia 27 do mês corrente, pelas 20 horas no salão da Casa da Freguesia, Rua Jacinto dos Louros, nº 6; 3770 – 018 BUSTOS.
O itinerário da Ordem de Trabalhos (OT) proposto pelo presidente da Assembleia de Freguesia, Mário Reis Pedreiras, consta da convocatória datada de 13 de Dezembro.
A) Período “Antes da Ordem do Dia”:
1 – Actividades da Junta de Freguesia;
2 – Outros assuntos de interesse para a Freguesia.
B) Ordem do Dia:
Ponto 1 – Apresentação do Plano Plurianual de Actividades e Orçamento para o ano económico 2006, para a provação.
Ponto 2 – Pedido de competências (Bairro Económico).
C) Período de Intervenção Aberto ao Público.
...
O período das vacas magras irá atingir a actividade da Junta de Freguesia para o ano 2006 conforme se deduz da Introdução do “Plano Orçamental Para o ano 2006”, … ‘só podemos concluir que o plano e Orçamento apresentado, terá que ser inferior ao nosso desejo, no entanto o nosso objectivo é trabalharmos nas prioridades que definimos e nas acções apresentadas’, mas ressalva "a política salarial desta Junta de Freguesia" que "vai ao encontro do poder de compra dos nossos trabalhadores".
O orçamento proposto atinge o montante global de 171.574,00 €[1] (cerca de trinta e quatro mil e quatrocentos contos).
O “Pedido de Competências (Bairro Económico)” será tratado ulteriormente.
Augura-se bom e profícuo trabalho dos novos eleitos.
A primeira sessão da Assembleia deverá contar com alguma assistência a denotar interesse pela coisa pública ou mera curiosidade.
...
A sessão da assembleia do dia 27 trará surpresas? Finalmente será exposta a foto de Jacinto dos Louros? Surgirá a justa proposta e da devida homenagem a Manuel Simões Luzio Júnior?

[1] 34.397.499$00


(srg)

19 de dezembro de 2005

PARQUE DE ESTACIONAMENTO (PROVISÓRIO)



O centrão de Bustos está dotado com um parque de estacionamento localizado a sul do parque desportivo. E não é pelo facto de não estar sinalizado que tem tido diminuta ocupação.
Hoje, a junta de freguesia tem mais um espaço que se encontra devoluto (foto). Por estar mais próximo o centro, por estar à vista do transeunte, o terrado poderia servir de local de parqueamento de viaturas. Ainda servisse provisoriamente de parque
Não é por acaso que uma ou outra viatura já tenha estacionado no terreno onde esteve implantada a casa de Manuel Luzio.
Com divulgação, sinalização, sensibilização, algum trabalho de máquina e pouco mais, talvez seja possível retirar algumas viaturas dos «estacionamentos» do centro e da rua do Cabeço.
[Obs. - actualmente o terreno está mais aplanado do que a foto indica]
[srg]

FESTAS DA QUADRA

,

16 de dezembro de 2005

"CORISTAS CANTARAM COM ALMA" (Helena Nogueira)


Orfeão de Bustos visto pela imprensa (do Região de Águeda, com a devida vénia)

FESTAS DA QUADRA



..
A SOBUSTOS promove a sua Festa de Natal no domingo, dia 18, a partir das 14H30.
O fim de semana promete ser animado.
As nossas íris, por certo, irão soltar mais um brilho de alegria neste reencontro de famílias.

15 de dezembro de 2005

O BARRILITO DO CÉU

Há dias visitei o Google Earth (http://earth.google.com/) onde podemos ver o planeta através de imagens de satélite. Dirigi-me para Portugal e fui à procura de Bustos. Ampliei a imagem e encontrei o nome de Aveiro e depois Oliveira do Bairro, Vagos, Sangalhos, Oiã. Não vi o nome de Bustos aparecer na imagem, nem o nome da Palhaça, nem o da Mamarrosa ou do Troviscal. Mas não desisti, segui a estrada de Oliveira do Bairro para Bustos, passei pela Póvoa do Forno, o Porto Clérigo (ou Crelgo ou Crelbo), Feiteira e vi aparecer a rotunda da Ti Maria, no Sobreiro.
Já estava em território conhecido e segui para o centro de Bustos. Um pouco adiante parei, entusiasmado com o que via e não me refiro ao “Submundo”. Ali, no cruzamento da Rua Jacinto dos Louros com a Rua do S. João via o edifício onde, de acordo com alguns, funciona o Centro Social do Sobreiro ou, segundo o falecido Sr. Manuel dos Santos (da Barroca), uma das “sedes” da Junta de Freguesia.

Como já se aperceberam estou a falar do famoso restaurante e snack-bar “Barrilito” que pertence ao amigo Agostinho Pires. É ali que se juntam “as pessoas mais distintas de Bustos” como eu próprio, o Amândio (Menino Jesus) Ferreira, o Mário Justiniano, o Humberto (Chico) Reis Pedreiras, o Mário Canão, os irmãos Mário e Carlos Canão, o Mário Grangeia (Chico da Carne), o Belino Costa, o Oscar Santos, o Sérgio Ferreira, o Virgilio e Diamantino Ribeiro, o António Sá, o António Romão (da Póvoa), o António Romão (da Azurveira), o Gil (da Cluna, aliás Coluna), o Ferreira, o Manuel Fabiano, o Mário Graça, o Jó Duarte, o Adélio e Mário Santos (da Barroca), o Mário Pires, o Alberto (Caçalho) entre muitos outros.

É no Barrilito que, ao fim da tarde, podemos falar um pouco com os amigos, comer um petisco e beber um copo de vinho tendo a simpática supervisão do Agostinho. Notem que só mencionei nomes de homens porque, na verdade, raras mulheres vi por lá. Lembrei-me disso quando recentemente estive em Jerusalém para participar numa reunião da Federação Europeia de Microbiologia (que inclui Israel). Em dado momento fui a um café na cidade velha frequentado por palestinianos. Estava acompanhado pela Presidente da Federação que me perguntou se não notava alguma coisa estranha.
Olhei em redor com toda a atenção. Os homens, alguns deles com roupas tradicionais, fumavam cachimbos de água e bebiam café turco ou chá, enfim nada de especial tendo em conta o local. Respondi que não via nada de estranho e ela espantou-se dizendo: “ Então não vês que tirando eu só há homens. É a tradição muçulmana, os cafés palestinianos são só frequentados por homens porque as mulheres ficam em casa.”
Confesso, fiquei um pouco envergonhado por não ter notado a ausência de mulheres no café, mas nada disse. E ainda menos referi a “tradição muçulmana” de Bustos, lembrando-me que alguns cafés da minha terra são quase exclusivamente frequentados por homens, pensando no Barrilito onde muito raramente entram mulheres, e quando entra uma logo alguém dá o alerta avisando os amigos para não dizerem palavrões.

Mas voltemos à nossa viagem vista do céu. Em volta do Barrilito descobri, por exemplo, a carrinha do Chico da Carne parada em frente da casa e descobri, estacionado ao lado do snack-bar, um automóvel branco. Parei ali, estava perante uma visão capaz de provocar o meu espanto. O carro branco só podia ser o Renault do Chico Pedreiras, o satélite espião tinha apanhado o Chico com a boca na botija…


Segui em frente pela Rua Jacinto dos Loiros e concluí que a imagem de satélite não era recente, o Largo da Igreja aínda não tinha sido transformado em Praça Vermelha. A foto deve ter sido tirada por volta do meio-dia, provavelmete no Verão porque as árvores têm folhas muito verdes. Não vi o carro vermelho do Sr. Manuel Luzio (que tratava constantemente de todos os assuntos da freguesia) estacionado ao lado da Junta, presumo que teria ido a casa almoçar, e não estava à espera de ver os automóveis dos outros membros da Junta que pouco lá vão. É também possível que a imagem tenha sido tirada a um sábado mas, seguramente, nunca ao domingo, pois o Barrilito está fechado ao domingo e assim o carro do Chico não teria sido fotografado.
É impressionante o que se pode ver nas imagens de satélite no Google Earth, é fantástico como podemos viajar pelos locais mais próximos ou mais recônditos do mundo. O que me deixou a pensar nas imagens dos satélites militares dos Estados Unidos. Esses observam tudo tão pormenorizadamente que até são capazes de dizer: “Coisa estranha, o Chico hoje não fez a barba!”

Milton Costa

14 de dezembro de 2005

MARCOS DIZEM


A requalificação das antigas estradas nacionais que passa pelo centro de Bustos ainda deixou um número bastante restrito de marcos: o quilométrico e o hectométrico. A que atravessa o Sobreiro ficou limpa de marcos.
Actualmente, na Freguesia de Bustos, são raros os vestígios da intervenção da antiga Junta Autónoma das Estradas: restam marcos e alguma sinalética de localização ou orientação
O pouco que existe poderá ser conservado?

(sérgio micaelo ferreira)

FÁBRICA DE SERRAÇÃO E MOAGEM

13 de dezembro de 2005

SOS - MUITO URGENTE - DIVULGAR RAPIDAMENTE

From: "Conceicao Coelho" conceicaocoelho@cm-tomar.pt
Subject: FW: MUITO URGENTE - DIVULGAR RAPIDAMENTE
Date: Wed, 30 Nov 2005 15:05:31 -0000
Confirmei agora com o Hospital Pulido Valente que a Constança ainda não tem dador.
21 de Novembro, 11:10h h
(Margarida Cabral)
A Constança Castelo Branco Mota da Silva Marques, de 7 anos, tem uma doença do foro oncológico e está em estado muito grave.
Está internada no IPO, precisando de fazer um transplante de medula.
Como não se tem encontrado, até agora, medula compatível (não existe também nos bancos de medula nacionais nem estrangeiros), venho por este meio pedir que:
Quem tiver idade entre os 18 - 45 anos;
Mais de 50 Kg;
Não tiver recebido nenhuma transfusão de sangue;
Faça o teste de compatibilidade, de 2.ª a 6.ª feira, das 8h - 16h, no:
Centro de Histocompatibilidade do Sul Hospital Pulido Valente Alameda das Linhas de Torres Telefone: 217 504 100
Obrigada
Luísa Biscaya
POR FAVOR NÃO APAGUEM ESTE PEDIDO E ENVIEM-NO A OUTRAS PESSOAS PARA QUE SE SALVE ESTA CRIANÇA.

SINALÉTICA? UM DIA - TALVEZ


Falta sinalética a indicar "Bustos" no itinerário da saída da A17 pelo Fontão. Apenas Há uma placa junto à estrada nacional ex-333. Um bem-haja à autarquia do concelho vizinho(?).

(Pelo menos) Faltam duas placas a sinalizar a A17 junto à bifurcação da Rua 18 de Fevereiro com a Jacinto dos Louros.

Persiste a circulação viária pelo centro centrão de Bustos-lugar e o seu maior afluxo de trânsito no sentido Sobreiro-Barreirão (Zona das Indústrias). À medida que avança a intervenção pra a urbanização local, é desejável que se crie uma via estruturante a libertar o povoado da pressão das viaturas pesadas.
A comodidade da circulação rodoviária pressupõe (também) a existência de sinalização. Quem deixe a A17 no Fontão e se dirija ao Barreirão, à saída não encontra qualquer placa a indicar Bustos. A sinalética apenas vai surgir junto à estrada Ouca-Bustos. È pouco.
A mesma falta de duas placas a sinalizar a A17 se constata no centro de Bustos, pelo menos.
Havendo dificuldade em colocar o material imposto pelas normas em vigor, sugiro que se coloquem placas de madeira, mesmo toscamente pintadas (a exemplo da actual sinalética para o Cabeço de Bustos, que cumpre a sua função).


(Sérgio Micaelo Ferreira)


Nota.

A banda sul da Rua Jacinto dos Louros está lantejoulada para a festividade da transição do calendário. Fica bem à vista. Merece Postal Ilustrado. Sinal mais. srg

9 de dezembro de 2005

BUSTOS - Forno de Cal (vestígio)

(ft,bc-2005)
Posted by Picasa

FORNOS DE CAL HIBERNAM ESQUECIDOS

Na subida do Vale Maior no caminho Póvoa – Fornos – Penedos houve dois fornos que durante gerações debitaram pedra “cal viva” e “pedra rijal”. Ainda lá estão vestígios de um.
O forno dos "Vieiras" apresentava a superfície “vitrificada” pela acção do calor. Uma pesquisa pelos detritos talvez talvez encontre alguns vestígios desse “vidro” com tonalidade esverdeada.
A propósito da actividade da indústria de cal, Armor Mota[1] constata: “restam vagas lembranças e os sítio dos fornos e pouco mais. Tudo é quase só cinza escoada no tempo.”
Por sua vez, a indústria” dos fornos de cal foi, segundo Arsénio Mota[2], “no seu tempo a primeira actividade industrial não directamente ligada à agricultura. Por outro lado, as pedreiras e os pinhais que alimentaram de lenha aqueles fornos acabaram por dar o nome a lugares e pessoas". Em nota de roda pé este autor indica mais bibliografia sobre os fornos de cal, onde se destaca a de Rosinda de Oliveira[3].
A actividade desenvolvida á volta dos fornos dos Fornos ainda não foi estudada. A existência de um “nicho” de fósseis também poderá atrair o trabalho de alguma tese de licenciatura ou trabalho de mestrando.
Mas fará sentido recuperar um forno de cal?
Será que viria trazer uma mais-valia à ‘reconstrução’ da memória colectiva de Bustos?

A autarquia local tem produzido um esclarecedor e prolongado silêncio sobre os estudos dos vários ontens e longínquos anteontes.
nrp
[1] Alma e Memória, edição da Câmara Municipal de Oliveira do Bairro, 2002
[2] Estudos Regionais da Bairrada, Livraria Figueirinhas, com o apoio das Câmara Municipais de Oliveira do Bairro, Anadia e Aveiro, 1993
[3] Fornos de Cal, série de artigos editads pelo Jornal da Bairrada (22.11.1992 a 22.05.1992)

(Sérgio Micaelo Ferreira)

6 de dezembro de 2005

UNIÃO DESPORTIVA DE BUSTOS ESCAPA A PESADA MULTA


UNIÃO DESPORTIVA DE BUSTOS ESCAPA A PESADA MULTA


O último jogo do campeonato das “Escolas” disputado entre o ‘UDBustos’ e o Oliveira do Bairro (0 – 11) durou apenas meio-tempo e mereceu do "comentarista-repórter" uma coluna a desancar nos responsáveis do clube visitado encabeçada pelo expressivo e contundente título “Uma vergonha” publicado no Jornal da Bairrada de 30.11.2005.
Confrontada com a afirmação “de falta de respeito” pelo clube da sede do concelho, a Direcção do ‘Bustos’ diz não aceitar e é a primeira a lamentar que os seus atletas e a equipa técnica não tenham comparecido a tempo de iniciar o jogo à hora estabelecida pelo calendário de jogos.
Vamos aos antecedentes:
1) Na sexta-feira anterior ao jogo, o responsável pela equipa teve problemas do foro particular e não teve possibilidade de comunicar à Direcção a sua ausência, daí o desconhecimento do elenco directivo do que se estava a passar com a equipa dos «escolas».
2) Há a acrescentar a realização de “uma festividade desportiva no Colégio de Bustos”, que retirou alguns jogadores do universo dos convocáveis.
3) Havia quatro “atletas” constipados, segundo o Dr. Fernando Vieira.

Enfim, foi mesmo dia aziago.

No intervalo, o delegado do Bustos contactou os responsáveis do Oliveira do Bairro no balneário do visitantes a expor a hipótese de não haver segunda parte. Que foi prontamente aceite.
O "comentarista-repórter" autor de “Uma vergonha”, ao escrever “mas era bem melhor para os miúdos não terem jogado”, não percebeu que os preliminares do jogo tinham o objectivo de o ‘União Desportiva de Bustos’ escapar à pesada multa de 150,00€ (no caso de haver falta de comparência) … e os dinheiros não abundam pelas bandas do clube da ultra-periferia da sede do concelho.
Sou dos que pensa que o incidente ampliado pelas janelas da informação não irá prejudicar as relações entre os dois clubes.
Os «benjamins» do ‘UDB’ bem podem ser considerados os heróis do dia, pois ao entrarem em campo fugiram ao camartelo da multa e os seus nomes estão aqui, em primeira mão:
Luís Filipe Almeida,
Tiago Ferreira,
Gonçalo Mota,
Miguel Oliveira,
Gabriel Coelho,
Ruben Pato.


Do relatório do jogo, o senhor árbitro escreveu: “O jogo terminou ao intervalo devido à equipa do Bustos ficar com dois jogadores lesionados, ficando assim com quatro jogadores não podendo prosseguir o jogo segundo as leis do jogo”.
Que fica para a outra história do jogo.

E parabéns justos e desportivos aos «benjamins» do OBSC.
(Se o argumentista invertesse os papéis dos figurantes, os repórteres do desporto de Bustos não amachucariam a equipa adversária)

(Sérgio Micaelo Ferreira, adepto da União Desportiva de Bustos e da formação desportiva)

5 de dezembro de 2005

4 de dezembro de 2005

NÃO SE EMPRESTA! (Arsénio Mota)

A gente lembra-se. Até anos recentes, os bustuenses usaram nas suas lides uns carros de mão feitos de madeira, resistentes e durázios mas pesadões mesmo sem carga. Serviam para acarretar sacas de adubo, lenhas, feixes de erva, qualquer coisa. Pois se chegaram a servir para levar doentes ao médico!
As pessoas mais idosas conheceram uns carros mais antigos, também com rodas de madeira, e esses eram dos piores: as crianças gemiam para conseguirem movê-los à força de braços e pernas.
Depois apareceram as rodas de ferro, o peso dos carros foi reduzido pelos respectivos carpinteiros. Reduzido apenas um pouco, é claro, porque deviam resistir sob qualquer carga.
Imagine-se o sucesso que teve em Bustos o primeiro carro «nova vaga»! Era bastante mais espaçoso, podia levar a cómoda, o armário ou guarda-loiças da cozinha e empurrava-se com uma mão solta, quase com um dedo, pois era leve como o vento: tinha varais metálicos, uns belos taipais e – oh. espanto! – duas rodas com pneus julgo que de motorizada!
Todos o sabemos, a moda nova não tardou a pegar. E pegou de estaca! Até algumas motorizadas começaram a circular por aí rebocando carrinhos daqueles atrelados na traseira! Volta e meia, faziam um jeitão…
Mas enquanto aquele primeiro carrinho «nova vaga» foi novidade, rodeou-se de exclamações de maravilha onde quer que o vissem. Era como se a gente estivesse habituada a tipóias tiradas por vacas e de repente visse um Rolls Royce a luzir! E o dono (quem se lembra do seu nome?, quem tem uma foto?) mostrava que só queria despachar-se, abalar, talvez esconder-se.
Não lhe faltava motivo. Todos lhe pediam o carro emprestado, uma vez e outra, para um servicinho. E o dono cansou-se, afinou e por fim embatucou. Deixou até de responder aos pedidos, argumentar, justificar-se. Zangasse-se quem quisesse! Ele, mudo, só apontava para as letras bem pintadas num taipal que diziam: «Não se empresta». - A.M.

3 de dezembro de 2005

ARMOR LANÇA VINHAS

Políticos presidentes ex-presidentes vereadores ex-vereadores autores leitores antigos aprendizes tarimbados pelos jornais e amigos pintaram o grande salão da câmara com as cores do arco-íris. Em pé descortinou-se um ex-presidente, um vereador, por sinal da Oposição, um medalhado do município e um ou outro carola da comunicação social. [protocolo na Mesa, protocolo a meio-gás no resto, como de costume].
Tanta diversidade já não se via por aqueles lados vai um ror de tempo.
O título “As Vinhas da memória” [10,00€], publicado pela nóvel editora do Luso roble azul, encheu o auditório e a mesa. Foi lançado um repto. Por aqueles lados anseiam que apareça mais material para publicar, …
Livro de oito contos bairradinos faz uma viagem a sítios e estórias do mundo rural.

Como devem ter ouvido já dizer, naquele tempo, a educação de casa, mal ou bem, centrava-se basicamente nesta trilogia: trabalho, pão e pau. Naquele dia, …


Já extra cerimonial, Clara Guitas entregou a Armor Pires Mota uma pena, a querer dizer: serve-te dela, não pares de escrever.
Sérgio Micaelo Ferreira
..
Quantos ledores, tantas as sentenças - Sá de Miranda

2 de dezembro de 2005

TI MARIA - EMBAIXADORA DE BUSTOS

Um ex-libris da freguesia, a Ti Maria, faz hoje, dia 2 de Dezembro, 88 anos de idade. É obra!!! E ainda lê o jornal sem óculos e coordena a cozinha do restaurante do filho, Joaquim Costa Tavares ou, simplesmente, Quim.” - Alexandre Duarte, 2.12.2005 (Bustos – do passado e do presente)

aqui [Nota: o comentário ao 'Parabéns Ti Maria!' esboça um percurso da Ti Maria no mundo da restauração]

Neste dia de parabéns de aniversário, regresso por momentos ao tempo do TIMARIA, localizado junto às Bombas da BP, no Sobreiro.
O restaurante, que espalhou o nome de Bustos por bastante longe, foi um lugar de convívio da tertúlia do União. Era daqui que partia o primeiro apoio ao clube. No final dos treinos ou dos jogos registava-se a passagem pelo TIMARIA.
Maria Emília que já tinha alguns anos de trabalho na restauração (Café Recreio, Pompeu dos Frangos, Piri-Piri), pensou estabelecer-se “a pensar no futuro dos filhos”. Só que faltava o sítio. Bateu a várias portas, até que encontrou a boa vontade do Mário Vieira.
O feliz acaso de Freitas (Pai do Professor) ter deixado vago o espaço onde funcionara a oficina de cantaria, levou o Mário Vieira (de Perrães), que fora amigo do marido, proferir as palavras certas: “Está descansada Maria, tu não ficas descalça, arranjo-te o prédio e, se precisares de ajuda, conta comigo”.
Joaquim Tavares tinha emigrado de São Tiago de Riba Ul para Bustos com destino às obras de pintura do Clube de Ferreira da Silva.
Joaquim Pintor, como era conhecido, foi um dos pioneiros do Futebol em Bustos, tendo alinhado pelos Canecas, onde pontificavam: o oficialmente esquecido mecenas Manuel Sérgio, Mário Vieira (de Perrães), Jorge Micaelo, Neo Pato, entre outros. É do "tempo da bola” que ficou cimentada a Amizade entre Joaquim Pintor e o Mário Vieira.
Os Ferreiras Tavares (Joaquim, Manuel, Jacinto, Fausto, todos pintores), que um dia se “naturalizaram” bustuenses, também merecem ser recordados.
Mário Vieira, um amigo de Bustos e defensor acérrimo da camisola dos Canecas, também tem lugar na foto da fundação do TI MARIA.
Apenas quando enviuvou, a Ti Maria entrou na restauração pela mão do Pompeu (ainda no Café Recreio), mas trouxe algumas especialidades aprendidas na Figueira da Foz, que ainda hoje dão a volta ao mundo: a “chanfana” e o “bacalhau à Ti Maria”, entre outras.
Maria Emília tem o estatuto de embaixadora de Bustos que só tem prestigiado a sua terra de adopção.
Parabéns, Ti Maria
(Sérgio Micaelo Ferreira)

Quantos ledores, tantas as sentenças - Sá de Miranda

29 de novembro de 2005

UM ALERTA - FALTA DE SEGURANÇA



O Pontão de Vale Maior no caminho vicinal Póvoa - Fornos - Penedos não tem qualquer protecção lateral. Um alerta à consideração do executivo local.

( sérgio micaelo ferreira)

28 de novembro de 2005

FOTO-ÁLBUM: CANTARES POPULARES DE BUSTOS

Regina, do Montouro (voz e percussão), Jucelina, do Sobreiro (voz e percussão), Dany, do Troviscal (viola baixo e voz), André, da Póvoa (flauta e voz), Rafael, de Oiã (viola e voz), Cecília, do Troviscal (voz, percussão e bombo), Elmano, de Bustos (cavaquinho e voz), Aníbal, do Passadouro (acordeão).

ANDRÉ GRANJO – PERCURSOS DO CURRÍCULO

Já passaram alguns calendários desde o tempo em que André Granjo estudava no ‘Colégio de Bustos’, onde mais tarde teria a responsabilidade de coordenação da equipe do IPSB[1] que ganhou pela primeira vez as Escolíadas nos Três Pinheiros, e das seguintes em que o colégio participou.
Destaca-se também a co-autoria[2] do projecto do ‘Colégio de Bustos’ selecionado para representar Portugal na Europália em Bruxelas.
O facto de André Granjo “Em 2003, em negociações, realizadas com o apoio da câmara, trata do projecto de construção e projecto de criação da Escola de Artes da Bairrada”

E ainda o de ter apresentado provas públicas de acesso ao grau académico de MESTRE, no melhor Auditório de Coimbra, o seu currículo merece ser divulgado.
(O seu Currículo está disponível na Secção OUTROS TEXTOS)

[1] Instituto de Promoção Social da Bairrada (‘Colégio de Bustos’)
[2] André Granjo e Miguel Águas
Sérgio Micaelo Ferreira
Nota: "Propõe um Director Administrativo e um Director Pedagógico e submete às entidades competentes (DREC) o processo para autorização de funcionamento. Posteriormente, a mesma Câmara suspende o processo, afasta-o do projecto, mas vem retomá-lo com as mesmas pessoas por ele indicadas, porque foi o único meio legal de abrir a Escola ainda em 2003/2004"
A Câmara afasta-o 'da sua escola de Artes', mas continua a ser o estratega da sua forma e conteúdo.
Quantos ledores, tantas as sentenças - Sá de Miranda

27 de novembro de 2005

ROSSIO DA PÓVOA - Regresso às origens?



Rossio da Póvoa- Largo da Póvoa - Largo Nosso Senhor dos Aflitos -
o largo dos três nomes; duas capelas; um sino
Para quando o regresso às origens? Rossio, de nome próprio.
(Sérgio Micaelo Ferreira)

26 de novembro de 2005

ANDRÉ GRANJO - MAIS MESTRE

André Granjo preserva o brilho da batuta do seu bisavô José Oliveira.
É também o momento de recordar o ‘4 de Fevereiro de 1911’, dia da primeira apresentação da Banda Escolar do Troviscal.

Sérgio Micaelo Ferreira

(O Concerto realizou-se no dia 23 de Novembro aqui

Consultar neste Blogue:

25.11.05 - ANDRÉ GRANJO PRESTA PROVAS, por Milton Costa)

...........
apostila inserida às 14H14:
André Granjo é um dos talhadores da ideia “Escola das Artes da BAIRRADA”, conforme está em texto vindo a lume:
“Abílio Manuel Morgado, secretário de Estado da Administração Educativa, Maria de Lurdes Cró, directora-regional Educação do Centro e o autarca Acílio Gala presidiram, no último sábado, à inauguração oficial da Escola de Artes da Bairrada que entrou em funcionamento, no passado mês de Novembro.Uma obra que ultrapassou os 650 mil euros e que segundo António Dias Cardoso “se deve à iniciativa da União Filarmónica do Troviscal, que pretendeu criar um ensino de música com a qualidade que o seu maestro André Granjo sonhou”. aqui


extraído de ‘Um belo exemplo!’ editado no blogue Bustos – do passado e do presente, maio 19, 2004

25 de novembro de 2005

ANDRÉ GRANJO PRESTA PROVAS

Decorreu na passada quarta-feira, pelas 21h30, no Teatro Académico de Gil Vicente, em Coimbra, um concerto da Banda da Polícia de Segurança Pública (PSP) dirigida pelo Maestro André Ganjo.
O Maestro André Granjo escolheu diversas partituras de compositores clássicos e contemporâneos tais como Beethoven, Strauss, Tull e Reed. A sala estava quase cheia e as composições musicais foram apresentados com profissionalismo e emoção.
Este concerto fez parte das provas de mestrado do Maestro André Granjo, descendente do saudoso mestre José de Oliveira, que me deixaram orgulhoso por ele ser do Troviscal e por ser continuador da tradição musical da família.
É realmente um prazer ver e ouvir uma banda como a da PSP, dirigida por um jovem que alguns políticos locais diziam que “não prestava”. Parece que presta e o concerto foi disso prova.

Milton Costa

24 de novembro de 2005

AS ANDANÇAS DE UM ESCRITOR BUSTOENSE


Posted by Picasa

“Mas um homem não foi feito para a derrota – disse. –
Um homem pode ser destruído, mas não derrotado».
Ernest Hemingway, O Velho e o Mar

Completam-se este ano as quinquagenárias andanças de um Bustoense pelas encrespadas veredas das palavras. A homenagem-reconhecimento que, no Sábado, lhe foi prestada teve apenas o demérito de ter sido tardia. Bustos, a sua terra natal, apesar de a ela ter dedicado três monografias a contar a sua história – tem ostensivamente ignorado a sua actividade como mostrador de realidades, isto é, como escritor empenhado em espalhar balões de palavras para ajudar a combater a cinzentânia do universo cultural bustoense.

Ora, este animoso lutador pelo intransferível direito à liberdade individual e colectiva, bem merece que os seus concidadãos natais lhe erijam um busto, não de granito, mármore ou vil metal, senão o que é formado pela leitura das palavras que, com afã e ternura, que foi arrancando de si e semeando nos seus livros com estrénua dedicação. É, pois, através da leitura das suas escrivivências (as vivências daquele que vive o que escreve e escreve o que vive) que se presta homenagem a um escritor. Além disso, é a esta singela homenagem – de reconhecimento que Arsénio Mota almeja.

Assim, não deixem que o escritor que soube combater (combater-se) para alcançar os seus sonhos, seja destruído precisamente na terra que o viu nascer. Aliás, a derrota que a vida inflige a todos os seus usuários é mais fácil de suportar através do diálogo do leitor com a obra. Como Santiago – o velho protagonista de O Velho e o Mar de Heminguay – Arsénio Mota não se deixou abater pelas vicissitudes que se oponham à consecução dos seus sonhos.

Deste modo, em tempos que a Bairrada, como o diagnosticam as acutilantes palavras de um dos seus amigos[1], “parece deixar-se embrulhar novamente, em espesso manto de silêncio cultural, é proibido esquecer o que Arsénio Mota fez por ela e também pela terra onde nasceu”. (...) Ambas lhe devem muito, resta saber se uma e outra têm feito o que devem para merecer Arsénio Mota. Por isso, não desmereçam o contributo que ele tem desempenhado em prol da cultura bairradina, leiam os seus livros.

mairaduarte@sapo.pt

[1] Carlos Braga, in Arsénio Mota- 50 anos de escrita, p. 61

22 de novembro de 2005

A FESTA EM FOTOS



Sara Reis da Silva:

«E se, como muitos preconizam, a literatura de qualidadepreferencialmente vocacionada para os mais novos é aquela que é também lida de modo aprazível pelos adultos (…), julgamos que o brevíssimo olhar que, nesta abordagem, lançámos sobre alguns textos de Arsénio Mota acaba inevitavelmente por testemunhar alguns desses “doces sabores” que provámos na leitura das suas palavras.»

Carlos Braga:

«Quer falemos em jornalismo quer falemos em literatura, temos que lhe agradecer uma escrita limpa, enxuta e sóbria em adjectivos, despida de superficialismos, que faz dele uma espécie de operário das palavras, que as trabalha arduamente até se transformarem em “pequenas maravilhas de dizer expurgado [e] de concisão, que na aparente simplicidade da palavra nua captam os ritmos dominantes da vida”. A escrita de AM é um rio de muitos conhecimentos, cujo caudal engrossa à custa dos afluentes culturais mais variados.»



Serafim Ferreira:

Arsénio Mota – 50 anos de escrita «é acima de tudo o enaltecimento por uma vida dedicada à literatura (…) E isso basta para justificar este livro: uma espécie de “memória descritiva” de um itinerário intelectual tão singular e coerente.»

E lá fora o brilho dos diospiros...

21 de novembro de 2005

ARSÉNIO MOTA EM BUSTOS - VISTO DE LONGE

"Bustos sentou-se à mesa"
(Óscar Santos)
(adaptado da capa "Bustos - Elementos para a sua história", Arsénio Mota, edição ABC, 1983)
***
Pela oportunidade, reproduz-se o 1º comentário:
"Crítico Atento said...
Que coisa mais pirosa e infantil!!!!
9:57:07 AM"

ARSÉNIO NOTA: FINALMENTE

Escutem amigos:
Que vale torturarmo-nos com dramas só nossos,
Que vale nascermos para a distância
Se estamos presos ao sítio


(extraído de “O canto desconforme”, o 1º livro publicado pelo “Arsénio de Bustos”, em 1955)
*
Bustos sentou-se à mesa com um dos seus filhos mais ilustres e representativos.
O pretexto foi mais do que divulgado neste blogue: a apresentação perante a nossa terra do livro comemorativo dos seus 50 anos de escrita.
Nascido na Barreira a 25 de Abril de 1930, Arsénio Mota é o “ausente mais presente” (Altino dixit) de Bustos. Um dos oradores convidados, o palhacense Carlos Braga, exprimiu melhor do que ninguém o momento de festa que partilhámos com esse bairradino e bustuense ilustre; momento que o nosso operário das palavras não esquecerá.
A memória das suas raízes bustuenses e bairradinas tem-no acompanhado nas suas obras.
Bustos deve-lhe a biblioteca fixa da Gulbenkian, das 1ªs a nascer no Portugal rural de então e que foi inaugurada em 18 de Fevereiro de 1961; como lhe deve o seu envolvimento na Comissão de Melhoramentos de 1960. Funda em 1990 a Associação de Jornalistas e Escritores da Bairrada e pela sua mão passamos a conhecer a literatura de Bairrada.
Mas Bustos deve-lhe sobretudo a arte da escrita.
A homenagem que lhe prestámos no sábado foi mais do que merecida e, notou-se bem, soube-lhe a mel. O Grupo de Cantares Populares de Bustos embalou o convívio com o “som da origem”; o Dr. Jorge Micaelo tirou da alma dos seus 84 anos um fado de Coimbra; a voz límpida da Gladys del Cármen completou os sons.

Bem pode dizer-se que a tarde de sábado foi dedicada
“A quantos sonham palavras de esperança
e de cara contraída pelo cansaço
as buscam sem remédio nas lutas quotidianas…”

(citado do livro de poemas de Arsénio de Bustos, “A Voz Reencontrada”
*
Oscar de Bustos

17 de novembro de 2005

ARSÉNIO MOTA EM BUSTOS, SÁBADO - DIA 19

REENCONTROS

"ESCREVE MAIS, PÁ, SEMPRE!"

[Pires Laranjeira, 5.03.2002] (1)

A surpresa atropelou o sossego.
Um SOS transmitido pelo velho Morse debitava: o Arsénio Mota vem assaltar Bustos STOP Acompanha-o mortífero exército armado com a mais terrível e silenciosa arma de combate: a palavra escrita... STOP

O Bustos distraído, pachorrento e desbibliotecado não merece ser invadido por Bárbaros que passam dias e dias a escrever só para confundir a ideia de pessoas com mãos calejadas... se fossem mas é trabalhar …
Bem afastados da confusão, dirigentes de associações da alma de Bustos desmontam a notícia “alarmante” e organizam a sua defesa - um almoço no próximo sábado na A.P.A.L.B
………………………………………………………
Vamos espreitar a realidade.
Arsénio Mota completa cinquentanos de escrita publicada em livro. (A primeira intervenção na imprensa data de 1953?) e do seu longo currículo destaco a pendular persistência de escrever e de desvendar o baú da letárgica Bairrada. [Neste momento, os ventos da divulgação cultural são adversos. A segunda edição, revista e aumentada de “Figuras das Letras e Artes na Bairrada”, não dá à luz porque perpassa o desinteresse das câmaras bairradinas em promover a sua publicação].
Oxalá, seja rebate falso!
Cidadão da nossa diáspora, Arsénio Mota é o ausente-mais-presente, como o atesta a publicação de livros, dando a conhecer o fruto de longa pesquisa no labirinto da história ou fixar o imaginário dos povos de Bustos. Mesmo que se queira fugir, em qualquer trabalho escrito sobre a nossa «térrinha», torna-se obrigatório a consulta bibliográfica de Arsénio Mota.
A Serafim Ferreira o estratega da organização do tal «exército» “Arsénio Mota – 50 Anos de escrita” as felicitações por ter reunido tantos amigos e homens de artes e letras à volta do escritor natural de Bustos e cidadão da «galáxia de Gutenberg».
Um bem-haja a Arsénio Mota colaborador, leitor e comentador dos jornais de parede virtual de Bustos que está desde o primeiro minuto com os bloguistas de expressão bustuense (data de 27.04.2004 a sua primeira intervenção de fundo com um trabalho de reflexão:"DA AGRICULTURA"
Arsénio Mota e Bustos (através das instituições promotoras e de animação) estão de parabéns por se revisitarem.
Lembra-te, não deixes de escrever, pá!
______________
(1) in Posfácio "Não escrevas mais, pá", de Pires Laranjeira, escrito para "Letras sob Protesto" de Arsénio Mota, Campo das Letras, 2003.
Sérgio Micaelo Ferreira
A comissão promotora da iniciativa é integrada por:
(Por ordem alfabética)
Áurea Martins Simões – Associação Sóbustos;
Belino Costa – Notícias de Bustos;
Fernando Vieira – União Desportiva de Bustos;
João Martins Oliveira – Associação de Beneficência e Cultura;
Manuel da Conceição Pereira – Junta de Freguesia de Bustos;
Mário Belinquete – Associação Orfeão de Bustos;
Mário Reis Pedreiras – Assembleia de Freguesia.
Momento etnográfico – Grupo de Cantares Populares de Bustos

16 de novembro de 2005

HOMENAGEM A ARSÉNIO MOTA

Serafim Ferreira, o coordenador do livro “ Arsénio Mota 50 Anos de Escrita,” também irá estar presente na apresentação desta obra que terá lugar na sequência do almoço-homenagem que se realiza no próximo sábado na A.P.A.L.B (Associação de Produtores e Assadores do Leitão da Bairrada), Quinta da Queimada, em Bustos. Também ele não quer deixar de estar presente até porque muito bem entende o simbolismo da ocasião. Como escreve no prefácio do livro o escritor Arsénio Mota vive no Porto,“mas sempre de malas feitas e os olhos postos na sua vila de Bustos, espécie de “ Iasnaia Poliana” a que regressa como se de lá nunca tivesse saído.”

Recorda-se que as inscrições encerram quinta-feira, dia 17.

Porque a homenagem do próximo sábado tem merecido a atenção da comunicação social aqui ficam as ligações para algumas notícias no Moliceiro, Região Bairradina e Jornal da Bairrada, .

14 de novembro de 2005

MEU PAI E A 1ª GRANDE GUERRA (Arsénio Mota)



O Sérgio, ao assinalar aqui o aniversário do Armistício (ver dia 11), citou os nomes dos bustuenses que participaram na Primeira Grande Guerra em África e depois em França. Lá apareceu o nome do meu pai, Manuel Simões Mota (o Mota «Guerrilhas», alcunha herdada do meu avô paterno, com raízes na Azurveira) e isso despertou-me para recordações da infância.
Na verdade, ainda brinquei com algum do espólio militar que meu pai guardava no sótão, onde eu ia descobrir, cobertos de poeira e teias de aranha, objectos curiosos como o capacete metálico (um simples prato com correia e fivela para segurar nos queixos), uma parte qualquer de máscara antigás, tecido espesso com visores salientes como olhos de boi para tapar a cara, talvez uma baioneta e uma cartucheira (a memória vacila nestes dois pormenores) e… uma lata oblonga, fechada mas pesada, a cobrir-se de ferrugem. Um dia pusemos-lhe diante dos olhos, à mesa, aquela lata intrigante. A sorrir com a expressão de quem reencontra algo familiar, o meu pai anunciou-nos que era carne de conserva, de cavalo, ração de combate! Muitas vezes eles, combatentes por terras de França, comeram daquilo sentados no peito de um boche morto…
E estará ainda boa? Garantiu que sim, sem dúvida, e fez a prova abrindo a lata e comendo a carne logo ali. Estávamos entre 1935 e 1937, portanto uns vinte anos após o Armistício. Meu pai regressara da guerra, casara, enviuvara sem filhos e tornara a casar e até tivera tempo de se rodear de quatro rebentos, o último dos quais se espantava vendo um comestível aguentar tanto tempo sem apodrecer… E era carne de cavalo!
A memória enreda-se, entretanto, noutras memórias.
Avassalando o mundo entre 1914-1918, a Primeira Grande Guerra marcou uma viragem na história. Foi a última, lembre-se, de combate em trincheiras (e também a «última» pela garantia dada pelos políticos: a seguir, ó maravilha, o mundo iria ficar em paz!)… Apareciam os primeiros aviões, os primeiros tanques, mas os alemães já recorriam aos gases. Cheguei a conhecer em Bustos um homem que fora gaseado, sobrevivera mas com deficiência (psicomotora, parece). De qualquer modo, o mundo em geral não tornou mais a ser o mesmo.
Para «humanizar a guerra» - objectivo aliás impossível! – foi constituída a Sociedade das Nações (depois substituída e reformada como Nações Unidas). As potências vencedoras impuseram outras decisões políticas não menos determinantes, sobretudo no Médio Oriente, onde nunca mais deixaram de se fazer sentir com gravíssimos e crescentes resultados. Neste quadro surge a figura do famoso Lawrence da Arábia, o inglês que mobilizou os árabes e todos, Lawrence incluído, acabaram traídos… E faz-se lembrar o apagamento de países como a Arménia, o que empurrou para o exílio em Paris o milionário Calouste Gulbenkian, mais tarde cativado por Lisboa…
Era, afinal, a expansão mundial do automóvel e a concomitante procura do petróleo que começava a caracterizar o século XX, o século do «ouro negro», motivo contínuo de guerras e poluições várias…

Arsénio Mota

1ª GRANDE GUERRA (II) - OLIVEIRA DO BAIRRO. Honra aos seus Mortos.

1ª GRANDE GUERRA - MOÇAMBIQUE.MUEDA. MONUMENTO.

Em Negomano, na fronteira norte de Moçambique com o ex-Tanganica, as forças alemãs massacraram as tropas portuguesas e fizeram bastantes prisioneiros. Em Mueda foi erigido um monumento dedicado à memória dos militares abatidos neste combate.
(srg)