17 de novembro de 2005

ARSÉNIO MOTA EM BUSTOS, SÁBADO - DIA 19

REENCONTROS

"ESCREVE MAIS, PÁ, SEMPRE!"

[Pires Laranjeira, 5.03.2002] (1)

A surpresa atropelou o sossego.
Um SOS transmitido pelo velho Morse debitava: o Arsénio Mota vem assaltar Bustos STOP Acompanha-o mortífero exército armado com a mais terrível e silenciosa arma de combate: a palavra escrita... STOP

O Bustos distraído, pachorrento e desbibliotecado não merece ser invadido por Bárbaros que passam dias e dias a escrever só para confundir a ideia de pessoas com mãos calejadas... se fossem mas é trabalhar …
Bem afastados da confusão, dirigentes de associações da alma de Bustos desmontam a notícia “alarmante” e organizam a sua defesa - um almoço no próximo sábado na A.P.A.L.B
………………………………………………………
Vamos espreitar a realidade.
Arsénio Mota completa cinquentanos de escrita publicada em livro. (A primeira intervenção na imprensa data de 1953?) e do seu longo currículo destaco a pendular persistência de escrever e de desvendar o baú da letárgica Bairrada. [Neste momento, os ventos da divulgação cultural são adversos. A segunda edição, revista e aumentada de “Figuras das Letras e Artes na Bairrada”, não dá à luz porque perpassa o desinteresse das câmaras bairradinas em promover a sua publicação].
Oxalá, seja rebate falso!
Cidadão da nossa diáspora, Arsénio Mota é o ausente-mais-presente, como o atesta a publicação de livros, dando a conhecer o fruto de longa pesquisa no labirinto da história ou fixar o imaginário dos povos de Bustos. Mesmo que se queira fugir, em qualquer trabalho escrito sobre a nossa «térrinha», torna-se obrigatório a consulta bibliográfica de Arsénio Mota.
A Serafim Ferreira o estratega da organização do tal «exército» “Arsénio Mota – 50 Anos de escrita” as felicitações por ter reunido tantos amigos e homens de artes e letras à volta do escritor natural de Bustos e cidadão da «galáxia de Gutenberg».
Um bem-haja a Arsénio Mota colaborador, leitor e comentador dos jornais de parede virtual de Bustos que está desde o primeiro minuto com os bloguistas de expressão bustuense (data de 27.04.2004 a sua primeira intervenção de fundo com um trabalho de reflexão:"DA AGRICULTURA"
Arsénio Mota e Bustos (através das instituições promotoras e de animação) estão de parabéns por se revisitarem.
Lembra-te, não deixes de escrever, pá!
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(1) in Posfácio "Não escrevas mais, pá", de Pires Laranjeira, escrito para "Letras sob Protesto" de Arsénio Mota, Campo das Letras, 2003.
Sérgio Micaelo Ferreira
A comissão promotora da iniciativa é integrada por:
(Por ordem alfabética)
Áurea Martins Simões – Associação Sóbustos;
Belino Costa – Notícias de Bustos;
Fernando Vieira – União Desportiva de Bustos;
João Martins Oliveira – Associação de Beneficência e Cultura;
Manuel da Conceição Pereira – Junta de Freguesia de Bustos;
Mário Belinquete – Associação Orfeão de Bustos;
Mário Reis Pedreiras – Assembleia de Freguesia.
Momento etnográfico – Grupo de Cantares Populares de Bustos

3 comentários:

  1. Tenho do Arsénio 3 trabalhos antigos e dados à estampa; dois, são livros da sua 1ª poesia, publicados sob o pseudónimo "Arsénio de Bustos": "O Canto Desconforme" (de 1955, com desenho de capa do António Rebordão Navarro) e "Hoje com harmonia dentro" (poemas do mesmo período de 1952-55).
    O 3º trabalho, já sob o nome de Arsénio Mota, intitula-se "os intelectuais e os artistas são socialmente úteis?" e foi escrito em Caracas em Janeiro de 1959, mas não tem indicação da data de edição.
    Trata-se do espólio que me resta depois da famosa exposição no salão nobre da ABC (hoje, polo de leitura, após a extinção da Biblioteca Fixa da Gulbenkian).
    O Arsénio tivera o cuidado de me remeter em 14/2/1984 um conjunto de publicações suas, destinadas àquela exposição.
    Na sua cartinha o Arsénio fala no seu 1º livro, o "Experiência o maior salário", cujo ambiente situou na Bustos rural (dos anos 50, certamente). Livro que mantinha - como penso que mantém - inédito.
    A especial exigência e o preciosismo formal com que olha para a sua escrita têm-no impedido de divulgar tudo quanto escreveu.
    Será porque, como então escrevia no opúsculo que citei, "o povo não costuma ver irmãos em intelectuais e em artistas"?

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  2. Anónimo11:52

    Esclareço o amigo Oscar: o livro «Experiência o Melhor Salário» esteve anunciado e chegou a estar na tipografia, a editar por edições «Bandarra», acompanhou-me imensos anos, depois dissipou-se. Alguma coisita dele ficou mais tarde no livro «A Última Aposta», da Livros Horizonte. Mas outras obras minhas ficaram inéditas, completas ou incompletas. Um percurso literário já longo como o meu tem naturalmente casos desses...

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  3. Por anda a "A Última Aposta" que não aparece ao público?
    O livro "Arsénio Mota - 50 anos de escrita" esgotou na FNAC (Porto). já que adquirido o último exemplar, a menos que haja reposição. Aveiro ainda não tem o livro à venda ...
    Sérgio Micaelo Ferreira

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