24 de novembro de 2005

AS ANDANÇAS DE UM ESCRITOR BUSTOENSE


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“Mas um homem não foi feito para a derrota – disse. –
Um homem pode ser destruído, mas não derrotado».
Ernest Hemingway, O Velho e o Mar

Completam-se este ano as quinquagenárias andanças de um Bustoense pelas encrespadas veredas das palavras. A homenagem-reconhecimento que, no Sábado, lhe foi prestada teve apenas o demérito de ter sido tardia. Bustos, a sua terra natal, apesar de a ela ter dedicado três monografias a contar a sua história – tem ostensivamente ignorado a sua actividade como mostrador de realidades, isto é, como escritor empenhado em espalhar balões de palavras para ajudar a combater a cinzentânia do universo cultural bustoense.

Ora, este animoso lutador pelo intransferível direito à liberdade individual e colectiva, bem merece que os seus concidadãos natais lhe erijam um busto, não de granito, mármore ou vil metal, senão o que é formado pela leitura das palavras que, com afã e ternura, que foi arrancando de si e semeando nos seus livros com estrénua dedicação. É, pois, através da leitura das suas escrivivências (as vivências daquele que vive o que escreve e escreve o que vive) que se presta homenagem a um escritor. Além disso, é a esta singela homenagem – de reconhecimento que Arsénio Mota almeja.

Assim, não deixem que o escritor que soube combater (combater-se) para alcançar os seus sonhos, seja destruído precisamente na terra que o viu nascer. Aliás, a derrota que a vida inflige a todos os seus usuários é mais fácil de suportar através do diálogo do leitor com a obra. Como Santiago – o velho protagonista de O Velho e o Mar de Heminguay – Arsénio Mota não se deixou abater pelas vicissitudes que se oponham à consecução dos seus sonhos.

Deste modo, em tempos que a Bairrada, como o diagnosticam as acutilantes palavras de um dos seus amigos[1], “parece deixar-se embrulhar novamente, em espesso manto de silêncio cultural, é proibido esquecer o que Arsénio Mota fez por ela e também pela terra onde nasceu”. (...) Ambas lhe devem muito, resta saber se uma e outra têm feito o que devem para merecer Arsénio Mota. Por isso, não desmereçam o contributo que ele tem desempenhado em prol da cultura bairradina, leiam os seus livros.

mairaduarte@sapo.pt

[1] Carlos Braga, in Arsénio Mota- 50 anos de escrita, p. 61

1 comentário:

  1. Anónimo18:39

    MairaDuarte bate no ceguinho ao escrever: "É, pois, através da leitura das suas escrivivências (as vivências daquele que vive o que escreve e escreve o que vive) que se presta homenagem a um escritor.".. Não foram desenvolvidos hábios de leitura e de reflexão. Isso é muito esquisito.

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