21 de novembro de 2005

ARSÉNIO NOTA: FINALMENTE

Escutem amigos:
Que vale torturarmo-nos com dramas só nossos,
Que vale nascermos para a distância
Se estamos presos ao sítio


(extraído de “O canto desconforme”, o 1º livro publicado pelo “Arsénio de Bustos”, em 1955)
*
Bustos sentou-se à mesa com um dos seus filhos mais ilustres e representativos.
O pretexto foi mais do que divulgado neste blogue: a apresentação perante a nossa terra do livro comemorativo dos seus 50 anos de escrita.
Nascido na Barreira a 25 de Abril de 1930, Arsénio Mota é o “ausente mais presente” (Altino dixit) de Bustos. Um dos oradores convidados, o palhacense Carlos Braga, exprimiu melhor do que ninguém o momento de festa que partilhámos com esse bairradino e bustuense ilustre; momento que o nosso operário das palavras não esquecerá.
A memória das suas raízes bustuenses e bairradinas tem-no acompanhado nas suas obras.
Bustos deve-lhe a biblioteca fixa da Gulbenkian, das 1ªs a nascer no Portugal rural de então e que foi inaugurada em 18 de Fevereiro de 1961; como lhe deve o seu envolvimento na Comissão de Melhoramentos de 1960. Funda em 1990 a Associação de Jornalistas e Escritores da Bairrada e pela sua mão passamos a conhecer a literatura de Bairrada.
Mas Bustos deve-lhe sobretudo a arte da escrita.
A homenagem que lhe prestámos no sábado foi mais do que merecida e, notou-se bem, soube-lhe a mel. O Grupo de Cantares Populares de Bustos embalou o convívio com o “som da origem”; o Dr. Jorge Micaelo tirou da alma dos seus 84 anos um fado de Coimbra; a voz límpida da Gladys del Cármen completou os sons.

Bem pode dizer-se que a tarde de sábado foi dedicada
“A quantos sonham palavras de esperança
e de cara contraída pelo cansaço
as buscam sem remédio nas lutas quotidianas…”

(citado do livro de poemas de Arsénio de Bustos, “A Voz Reencontrada”
*
Oscar de Bustos

2 comentários:

  1. Opotuna intervenção de Óscar bloguista Santos
    19.11.2005 Acontecimento único. Os povos de Bustos & amigos estiveram na festa do lançamento do livro sobre a vida literária do conterrâneo "Arsénio Mota - 50 Anos de escrita". O comentário de ÓscardeBustos levanta a questão: alguém se recorda da sua participação cívica no primeiro elenco directivo da União Desportiva de Bustos, na elaboração do programa da famosa Comissão de Melhoramentos, na criação da Sala de Leitura instalada no estabelecimento onde funcionou a Barbearia dos Luzios, sucessora da Farmácia Veiga, na criação da Biblioteca Fixa nº26 (da Fundação Calouste Gulbenkian. Alguém se lembra das crónicas especialmente dedicadas a Bustos, quendo trabalhava no Jornal de Notícias? (srg)

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  2. Anónimo19:05

    «Soube-lhe a mel», diz o amigo Oscar Santos. Afirma a evidência, cai em redundância, pois… como poderia a nossa reunião da sábado não me saber a mel?! Evidentemente, foi gratíssima e memorável para mim mas, atenção, não pelo «protagonismo» que me proporcionava. Nada disso. O «mel» chegou-me por dois lados (e talvez a emoção e a confusão do momento tenham desfocado a respectiva limpidez), a saber:
    1 – Eu via reunida por fim, no mesmo acto, uma população antes algo esmigalhada; desejara isso, exactamente, havia meses, tentando evitar que a apresentação do livro na minha terra concorresse, mais uma vez, para agravar divisionismos internos que sem dúvida iriam ocorrer se a reunião fosse em lugar menos «neutro; todas as entidades de Bustos figuraram na Comissão promotora, representando as diversas correntes de opinião – e foi possível contar creio que 110 conterrâneos e amigos próximos!
    2 – Os meus conterrâneos em geral conhecem-me pelo lado de fora, por não se interessarem desde sempre pelo que me interessa: escrever. Ora eu imagino que, escrevendo, tenho honrado a minha terra natal. Aliás, honrei-a, com três livros a esta terra dedicados, tal como honrei a Bairrada cultural enaltecendo-lhe os valores jacentes e tal como honrei o jornalismo (sentindo embora que a profissão pouco ou nada me honrou a mim. Poucas pessoas são capazes de avaliar o esforço, a dedicação e o custo real requerido para elaborar uma obrinha modesta! Por exemplo, o amigo Oscar recorda a Biblioteca Fixa, a Comissão de Melhoramentos; o Sérgio lembra a minha breve colaboração na Direcção da União Desportiva, e talvez isto não aconteça por acaso. O acto de escrever anda sem valia social bastante – e peço desculpa por o dizer! Alguns companheiros, quando estão bem disposstos, têm afirmado que eu «escrevo bem». E repete-se por aí esta verdade, que para se «escrever bem» é preciso, acima de tudo, «pensar bem». É coisa que dá trabalho como o malho!
    Bom, voltemos ao ponto. Eu quis divulgar o livro dos «50 anos de actividade literária» na minha terra, arranjando modo de o poder levar oferecido a quem o quisesse, no suposto assumido de que eu até consigo honrar Bustos. Amigos, se nisto estou enganado, por favor, abram-me os olhos! Digam-me a verdade!

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