1 de março de 2007

É PRÓS GOSMAS!


Antes do Manuel Ferreira da Silva abrir o Clube Recreativo (1936) era numa velha serração que existia onde é o aido do Fabiano, na Póvoa, que se representavam as peças de teatro. Na altura as peças de teatro tinham grande sucesso, muita procura. Era êxito certo e garantido. Ora aconteceu que certa noite os mais atrasados não conseguiram bilhete. A sala estava repleta e os que estavam do lado de fora, malta nova e atrevida, não queriam perder a peça. Logo pensaram maneira de conseguir entrar, que é como quem diz, foram de maroteira. Vai daí chegaram ao aido do meu pai (Serafim Simões da Costa) e lançaram lume a um monte de vides.

Aos gritos de, Há fogo! Há fogo, todos saem a correr para fora do improvisado teatro dispostos à melhor das ajudas. Dominar as chamas foi coisa rápida e fácil, pelo que pouco depois todos regressaram para assistir ao espectáculo. E quando voltaram já as primeiras filas estavam ocupadas por aqueles que antes não tinham conseguido entrar. Mas todos se ajeitaram sem grandes protestos dado os conhecimentos e amizades. Quem se enfureceu com a brincadeira foi um dos artistas, o célebre Manuel Pardal.

O Pardal, figura gorda e anafada, homem extrovertido, não era só conhecido pelos seus chistes engraçados, era também respeitado como pessoa e homem de negócios, com estabelecimento de taberna em Bustos. Mas a sua fama, a que a presença nos palcos apenas aumentava o brilho, afirmara-se sobretudo por via dos seus talentos de curandeiro, a ponto de ser olhado com o respeito que se dá a um verdadeiro médico, daqueles que se formam nas Faculdades de Medicina.
Pois naquela noite, espreitando por entre a cortina do palco, o Manuel Pardal via os finórios que tinham aproveitado a confusão para ocuparem os melhores lugares da sala. Logo ali, à sua maneira, decidiu fazer uma tropelia que denunciasse os meliantes. Dar-lhes uma lição!
Todos se preparavam para o início do espectáculo quando Manuel Pardal apareceu à boca de cena. Chegou e bateu as palmas para que lhe dessem atenção, depois, virando o largo traseiro para a plateia, largou três portentosos trovões que deixaram a assistência atordoada. Por fim, abrindo os braços, anunciou:
- É prós gosmas!
Soaram palmas, apoiados e muitas gargalhadas. E os da primeira fila coraram de vergonha.

Augusto Simões da Costa

1 comentário:

  1. Anónimo14:53

    Bem-vindo, Augusto Serafim (Augusto Simões da Costa).
    A “cena” dos 2gosmas2, felizmente já não tem actualidade.
    Há muitos episódios por contar. Do tempo da escola da atafona (?), do tempo do Sr. Sérgio, do tempo das feiras, do tempo dos correios, do tempo do canecas, dos Carnavais, do tempo da urna para um porco … etc e outros etc. E do seu correligionário Hilário Simões da Costa.
    Saudações do
    sérgio micaelo ferreira

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