26 de março de 2007

HILÁRIO COSTA - 3 "... FOI UM CIDADÃO EXEMPLAR", Oscar Santos



Conta-nos o Sr. Hilário que nasceu a 12 de Março de 1907 e que aos 19 anos já estava nos Estados Unidos da América a lutar pela vida.


Emigrante durante quase uma vida, foi um português de torna viagem. Sempre com um pé na sua terra natal, aqui regressava para retemperar o amor pela terra-mãe, pela liberdade, pela democracia e pelo progresso.


Foram esses os seus valores de sempre: valores de defesa e enaltecimento da Família, da Pátria, da Liberdade, da Democracia, do Desenvolvimento e da Instrução dos seus concidadãos.


Esteve nas grandes iniciativas ligados ao progresso e ao lazer de Bustos: os primeiros passos no futebol, então praticado pelo Luzitano Foot-Ball Club no local da futura feira do Sobreiro, a cuja criação também esteve ligado em 1937; movimentos associativos nos Estados Unidos ligados à colónia de emigrantes portugueses; promoção de actos cívicos junto das Escolas Primárias de Bustos; foi ainda membro fundador da União Liberal de Bustos, de que foi Presidente em 1935, ano em que a PIDE começou a perseguição dos democratas bustuenses ligados a esta associação cívica e republicana; criação e divulgou na América, a partir de 1969, o jornal “Farol da Liberdade” e, em Bustos, juntamente com o Dr. Santos Pato da Mamarrosa, o jornal “Bairrada Livre”, este após a libertação do País da jugo da ditadura, em 1974.


Em 1979, com outros 10 bustuenses, participa activamente na aquisição do Palacete de Bustos e na criação da Associação de Beneficência e Cultura de Bustos, a nossa ABC. Logo no ano seguinte parte para a Venezuela com a D. Aldina para promover uma campanha de angariação de fundos para aquisição do Palacete, périplo que obteve grande sucesso, não fossem os nossos emigrantes o grande esteio e a personificação do orgulho Bustuense.


Presidiu à 1ª Junta de Freguesia, eleita em plenário nos primeiros tempos da Liberdade de Abril.


A sua formação escolar elementar não o impediu de publicar dois livros de poemas: “Versos dum Emigrante” em 1954 e “Rosas e Espinhos”, este em 1955. e um poema dedicado à Mamarrosa, demonstrando o seu amor à nossa freguesia-mãe. Procurou chegar às suas raízes e às raízes da nossa aldeia, escrevendo em 1984 “Bustos – Memórias dum Bustoense” e a “Árvore genealógica da Família Costa”, em 1988.


Hilário Costa foi um cidadão exemplar, um marco inesquecível de Bustos e dos bustuenses.
Nobre, voluntarioso, lutador, amante da sua Terra, das suas Gentes, da sua Pátria.


Hilário Costa foi um Homem feliz e realizado:
- Na Família, cuja essência tão bem defendeu, como o primeiro e maior pilar de qualquer sociedade, matriz da verdadeira paz, da harmonia, do amor ao próximo, da Liberdade maior;
- Nos Amigos e na Amizade que, como poucos, cultivou e tão bem retribuído foi;
- Na Solidariedade para com os seus semelhantes, sobretudo os mais carenciados;


Recordo aqui, ainda miúdo, os magustos anuais nas Escolas de Bustos que sempre promovia, mesmo quando estava fisicamente longe; mais recordo, impõe-se realçá-lo, a sua solidariedade material e moral para com as crianças mais desprotegidas e a solidariedade perante a comunidade de Bustos.


- E realizado, finalmente, nessa Felicidade última e primeira de ter podido ainda viver e participar naquilo que de mais valioso e belo contém a verdadeira Liberdade: acima da diversidade de ideais própria dos cidadãos livres, a UNIÃO dos mesmos nas grandes causas, aquelas que vêm fazendo convergir as nossas vozes, as nossas mãos, as nossas acções e esquecer aquilo que – descobrimos agora – não chega para nos dividir.


Se existe uma outra e sublime vida para além da morte física, Hilário Costa olha-nos agora do paraíso, bem junto ao Grande Criador, a quem acena, embevecido, vaidoso de nós, como que a dizer-Lhe: vês como eles Nos merecem?


Sim, devemos merecê-lo e aos nossos dignos antepassados!


Bem Haja, Amigo Hilário Costa e Até Sempre!
*
Bustos, 17/3/2007

2 comentários:

  1. Dois comentários:
    1º - A foto deve ter sido tirada por um estalinista de província; eu explico: à medida que Estaline eliminava os inimigos internos, ia-os apagando das fotos oficiais. Assim também, a minha foto do texto foi retocada, pois eu não estou assim tão careca (ou estarei?);
    2º - A expressão que usei relativamente a HC, "português de torna viagem", teve como inspiração os chamados vinhos de "torna viagem", vinhos que eram exportados (sobretudo no séc. XIX) para as Américas, mas acabavam por regressar ao porto de origem por falta de comercialização. Comprovou-se que a viagem ou "roda" desses vinhos nos porões das naus aumentava a sua qualidade; a tal ponto que os barris chegavam a ser embarcados para fazerem a viagem de retorno e assim os valorizar.
    HC foi um pouco isso, um português de torna viagem.

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  2. Anónimo18:46

    2 - Gostei da explicação torna-viagem. Cada vez que Hilário Costa regressava dos Estados Unidos podia comparar a o fosso que separava a imprensa entre as duas margens da ribeira. E, quanto a eleições. Nem se fala. Até parece irreal.

    1 -Por acaso não foi o J. Stalin. Nem ele deve ter dado uma mãozinha …
    Ponho a hipótese da máquina fotográfica ter tentado escalpar a tua frondosa cabeleira para fazer parte do espólio do futuro museu etnográfico em honra de Motecuhzoma Xocoyotzin ou será que pretendes aproximar-te do cabelo “à Santo António”. Entretanto, a próxima vez que fores ao Mestre-Fígaro Carlos Alves pede para cortar o cabelo à máquina de pente 3 e foge para férias durante dois meses. Para curtires a carecada.

    sérgio micaelo ferreira, na circunstância 'fotógrafo', 27.03.2007.

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