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[1] In Hilário Costa, ‘Bustos - Memórias de um bustoense, 1984
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Do Dr. Manuel Simões Guerra
Filho do sr. Jacinto dos Louros
Meu caro Amigo:
Recebi outro dia, entregue por minha irmã mais velha, a cópia de duas cartas da América, qualquer delas invocando «Justa Homenagem» ao meu padrinho Dr. Manuel dos Santos Pato, e a meu Pai, Jacinto Simões dos Louros.
São duas cartas pelo seu pronto espírito e fervor bairrista, que se compraz na lembrança do seu mundo de nascença e das figuras portadoras de características facetas temperamentais que nele deixaram rasto perdurável.
A leitura dessas cartas impressionou-me profundamente, pois os nomes nelas focados constituem nímbos imperecíveis na minha saudade.
Meu Pai, homem voluntarioso, arguto e batalhador, percursor por espírito e por acção, carácter robusto, mas também profundamente generoso, que eu cada vez mais estimo e admiro, quer na faceta simultânea de idealista e de actuante, quer na de incansável bairrista, para quem não havia obstáculos que lhe detivessem a ambição de engrandecer a sua aldeia. Releve-me esta confidência pessoal: para mim, o lembrar o que foi a vida de meu Pai, é sentir grande satisfação pelo seu extraordinário exemplo de dedicação à promoção da Grei, pois nisso encontro íntima orgulho filial.
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Desejando-lhe boa saúde e um bom ano, abraça-o cordialmente o antigo condiscípulo e amigo,
Porto, 6 de Janeiro de 1973 Manuel Simões Guerra
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Com a leitura da sua «Carta da América», fiquei profundamente chocada com a sua elevada lembrança, pois não tenho palavras que possam exprimir suficientemente os meus agradecimentos, a minha eterna gratidão.
Nestas horas de tempos difíceis, lá aparece o sempre amigo, a perpetuar, lembrando, organizando uma homenagem para aqueles que partiram, para que os nomes deles jamais sejam esquecidos, mas fiquem a perdurar pelos tempos fora.
Bustos, minha Terra-Natal, enquanto me resta um sopro de vida, não mais será esquecida.
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Coimbra, 26 de Janeiro de 1973 . Felicidade Simões Guerra Lé
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Em resposta à minha carta, que foi enviada para Inhambane à D. Benilde Simões Guerra e Silva, filha do sr. Jacinto dos Louros, transcrevo um trecho onde aquela Senhora escreve numa carta que me dirigiu:
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Vim parar a estas longínquas, misteriosas e belas cidades africanas, onde exerço o professorado. Ê este o único motivo que me leva a estar ausente numa data para mim tão grata. Sim, porque além de saber do grande amor do meu Pai à terra natal, sou também bustoense, e, embora tenha saído de lá ainda muito bébé ia quase todos os anos passar as vindimas a casa do nosso falecido amigo Dr. Pato, mais tarde, já professora, lá leccionei o meu 1° ano, lá criei amizades.
Deve portanto calcular como é grande o desgosto de não estar em Bustos a 18 de Fevereiro.
Aceite um muito e muito obrigado da que talvez ainda este ano o vá conhecer para pessoalmente lhe poder agradecer.
Inhambane, 22-1-73 . Benilde Simões Guerra e Silva
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[natural do Troviscal, médico em Bustos, residia no Placete do Visconde]
Meu caro amigo Hilário Costa:
Recebi a sua carta sobre a lápide rememorando aos vindouros e apontar como modelos de homens bons e prestáveis ao público, os nomes do Dr. Manuel dos Santos Pato e Jacinto dos Louros.
Concordo absolutamente com tudo o que o meu caro Hilário refere e daqui lhe quero dar um abraço de parabéns, pela sua ideia e concretização de tal lembrança.
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Bustos, 28-11-72 . António Vicente
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Do Engenheiro Manuel dos Santos Pato
Recebi a última carta do meu amigo, Engenheiro Manuel dos Santos Pato, depois duma troca de correspondência com ele, referindo-se a terem retirado do átrio do Sonoro-Cine de Bustos a placa com os nomes do seu pai e do sr. Jacinto dos Louros caso que muito o feriu e não pretendia autorizar a colocação de placas na rua da Barreira, como eu pretendia, com o nome de seu Pai.
Finalmente, escreveu-me:
Meu Bom Amigo:
Recebi a sua carta.
Estou-lhe muito grato pela generosidade e entusiasmo que dedica à comemoração do próximo dia 18 de Fevereiro, em Bustos, incluindo a homenagem a meu Pai e a Jacinto dos Louros.
Apesar dos infelizes antecedentes que lhe descrevi, reconheço que não tenho o direito de me opor à vontade do Povo da nossa Terra.
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Do dr. Assis Francisco Rei:
O seu apelo foi bem recebido por todos os Bustoenses.
Já tivemos uma reunião com a Junta de Freguesia, onde esteve o padre e um grupo de pessoas e aí se tomou conhecimento de se fazer uma festa no dia 18 de Fevereiro, aproveitando-se esse dia para dar o nome às ruas de Bustos-Sobreiro, (Rua Jacinto dos Louros) e Barreira-Azurveira (Rua Dr. Santos Pato), colocando-se as respectivas placas indicativas.
Estamos a pensar em fazer-se uma sessão solene à tarde e à noite fazer-se um jantar de confraternização.
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Bem, Amigo Hilário e por hoje termino, enviando um saudoso abraço a toda a família.
Bustos, 22-1-1973 . Assis Francisco Rei
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