24 de março de 2007

HILÁRIO SIMÕES DA COSTA - ERRÂNCIAS

Hilário Simões da Costa
Nasce na madrugada do dia 12 de Março de 1907.
1914 ― dá entrada na Escola da Quinta Nova.
1918 (3 de Agosto) – faz a 4ª classe na Escola de Bustos. (termina os seus estudos oficiais).
1919 ― é empregado no estabelecimento do seu tio Augusto Costa (Quinta Nova).
1920 ― (com 13 anos) sai do emprego, abre loja e taverna. (mantém o negócio durante 3 anos).
1923 a 1926 ― passa estes anos “em suave convívio duma alegre mocidade”.
1923 – participa na realização dos “primeiros exercícios de Futebol em Bustos, no terreno do Dr. Santos Pato, onde está instalada a Feira”.
1926 (12 de Dezembro) – emigra para os Estados Unidos …
“Em Oliveira do Bairro embarquei no comboio que me transportou a Lisboa e dela segui para Cherbourg, na França. E, naquele porto francês, embarquei no navio americano “George Washington”, que me levou a New York”

“Enquanto o navio seguia o seu destino pensei em coisas que me eram muito queridas e escrevi esta quadra em louvor da minha mãe:Suprema entre as mulheresSejas sempre, mãe queridaE vai guiando, se puderesOs passos da minha vida”

1926 (22 de Dezembro) – chega à América para lutar pela vida.

– Em New Rochelle vive parte dos 48 anos de emigrante.

(lá comecei a trabalhar na construção de estradas. Alguns desses trabalhos eram feitos com pá e picareta, ou com um marrão pesadíssimo a partir pedra, como escravo)

1928 – é secretário da Assembleia-Geral do Portuguese Sporting Club, de Perth Amboy, New Jersey. Com o clube participa nos festejos do 1º centenário da cidade de Perth Amboy, com um barco montado no estrado de um camião. O barco à vela conquista o 1º lugar.

­– Promove a conferência “acerca da «Rocha de Dighton» e do navegador português – Miguel Corte Real” proferida pelo Cônsul de Portugal, Dr. Gilberto Marques. Pinta a «Rocha» e oferece o quadro à Sociedade de Geografia de Lisboa.

1932 (com 25 anos) – regressa a Portugal em consequência da "grave crise económica que o Presidente Hoover criou (ou não evitou) e atirou para o desemprego milhões de trabalhadores, obrigando-nos a abandonar a América e vir para as nossas terras; para não termos de caminhar, em bicha, de mãos estendidas, e não passarmos fome.”

1932 (29 de Dezembro) – é eleito secretário do “Luzitano Foot-Ball Club”. O primeiro clube a ser fundado em Bustos para a realização de futebol e bailes.

– Pinta os quadros que oferece às escolas de Bustos.
– Passados 2 anos, regressa aos Estados Unidos. Trabalhei em restaurantes na cidade de New Rochelle e New York. Devido ao frio contraí grave doença, tendo sido levado para o Hospital onde fui operado. Doente, triste e sem o carinho da minha mãe e dos meus familiares e amigos, eis a realidade dum emigrante!
– Volta a Portugal para recuperar a saúde. Tive novamente de regressar a Portugal para recuperar da saúde, onde permaneci cerca de 2 anos. Mas não desanimei. Era necessário emigrar, procurar longe da Pátria – o que a Pátria não oferecia…

1933 – O Luzitano é extinto, por aclamação dos sócios e é fundado o «Foot-Ball Clube de Bustos», tendo sido eleito seu presidente.

1934 (22 de Abril) – Em momento de grande festa, oferece às escolas 10 quadros com motivos históricos e cívicos, pintados a óleo. (Alma Popular traz notícia desenvolvida). A ditadura de Salazar mandaria retirar os quadros.

1935
(Junho) – Inicia a criação da Feira: “e eu e alguns bustuenses avistámo-nos com o Senhor Dr. Manuel dos Santos Pato, para cedência do seu terreno para a feira e ele, com muita satisfação, cedeu ao nosso pedido”. Durante 11 meses admnistrou os trabalhos de preparação do terrado da feira, "fez o mapa" e estabeleceu a marcação dos feirantes.

– Preside à União Liberal de Bustos (ULB), “organização cívica de republicanos de Bustos, Mamarrosa, Troviscal e Palhaça e Taboaço, com a finalidade de realizar enterros civis e de protecção aos pobres da freguesia”.
– A PIDE detém os membros da ULB: Hilário Costa, Presidente; Daniel José dos Reis, Secretário; Manuel Mota, Tesoureiro; confisca a bandeira e os livros e faz o interrogatório nos Paços do Concelho.
­– Empreiteiro nos Estados Unidos. Na América, de 1937 a 1946, fui empreiteiro de jardins em casas particulares e jardins de restaurantes famosos. Regressei à minha terra em 1946, não me sendo possível regressar mais cedo por causa da Guerra. Fui feliz por ter regressado e casado com a mulher, Aldina Mota e Gala, que eu desejei para esposa, cujo enlace matrimonial se realizou a 28 de Setembro de 1946. Tinha 39 anos e ela 21.
Do nosso casamento nasceram dois filhos: Milton e Hilário
.

1939 (8 de Outubro) – com mais portugueses funda o “Portuguese -American Club”, em New Rochelle, New York.

1942 – é inscrito voluntário da defesa civil na condução de ambulâncias.

1942 (27 de Dezembro) – é eleito presidente do “Portuguese -American Club”, em New Rochelle, New York e reeleito a 9 de Janeiro de 1944.

1948 a 1974 – empreiteiro construtor de «Septic Tanks». “E foi meu sócio, durante 25 anos, uma amigo, natural de Nariz”.

1949/50 (?) – Oferece um pára-raios à Escola da Quinta-Nova.
1953 (30 de Julho) – é inaugurado um pára-raios que ofereceu à Escola Primária do Corgo.
1954 – Publica “Versos dum emigrante”, “tendo oferecido 500 exemplares às Escolas de Bustos, para venda em benefício das cantinas Escolares”. O regime salazarista impediu apresentação do livro na escola.
1955 – Publica o livro de poemas “Rosa e Espinhos”.
– Publica um poemeto “Eu te Saúdo Mamarrosa»!.
– Regressado a Portugal, participa em “diversas sessões de propaganda democrática, discursa em Estarreja, Ílhavo, Bustos, Mamarrosa e Troviscal, . Com alguns dos homens de maior prestígio do distrito de Aveiro, como cidadãos e democratas convictos. Muitos deles sofreram na prisão as torturas da tenebrosa PIDE e eu, se não fui preso é porque me afastei da casa à pressa, porque sabia que no dia seguinte me vinham buscar. Pois no dia seguinte bateram à minha porta e a minha esposa mostrou-lhes um telegrama que dizia: - Cheguei bem.
– Cheguei são e salvo à terra da Liberdade! E os Pides seguiram o caminho de Coimbra, desgostosos!”
– (durante doze anos, o casal (Hilário Costa e D. Aldina) oferece magustos às crianças da escola …)
– Promove uma festa de corrida das cantarinhas – com 7 esbeltas raparigas; corridas a pé, de sacos e de puxar à corda.
– Oferece um pára-raios para a Igreja nova de Bustos…

1968 – modela o seu busto em barro.

1969 – publica nos Estados Unidos o jornal «Farol da Liberdade». Nele, entre outros artigos e notícias escrevi “Carta Aberta ao Professor Marcelo Caetano, Presidente do Conselho do Governo Português”, lembrando-o que os portugueses não podiam continuar a viver em ditadura e sob a lei opressora da PIDE, e era a ele que competia dar ao povo liberdade e democracia.

1971 – Oferece segundo pára-raios à Escola Primária da Quinta Nova, por ter sido danificado o anterior durante a execução das obras de ampliação.
1973 (18 de Fevereiro) – Promove e financia uma ’Justa Homenagem’ a Jacinto dos Louros e ao Dr. Manuel dos Santos Pato, da Barreira, com a inclusão do nome destas figuras na toponímia local.
1974
25 de Abril – Revolução dos Cravos
– Vende a quota, a Firma manteve a mesma designação, Costa & Ferreira Inc.
(Maio) – Regressa a Portugal com a esposa.
- É Presidente da Comissão Administrativa da primeira Junta de Freguesia de Bustos post-25 de Abril; Jó Ferreira Duarte – Secretário; Amaral Reis Pedreiras – Tesoureiro.
(12 de Julho) – Com o Dr. Manuel dos Santos Pato (médico da Mamarrosa) publica o “Bairrada Livre”, com sede no Sobreiro, “jornal quinzenário, democrático e defensor da região bairradina”. O “Bairrada Livre” fora fundado por Cipriano Alegre.

1975 (6 de Julho) – sai o último número (nº 24) do “Bairrada Livre”, por falecimento do seu grande amigo Dr. Manuel dos Santos Pato. E por “não querer continuar com tantas despesas e responsabilidades.”

1976 – modela o busto do Dr. Manuel dos Santos Pato, (médico), da Mamarrosa.
1979 (1º de Novembro) – com mais 10 bustuenses iniciam processo da compra do palacete aos herdeiros do visconde e da formação da Associação de Beneficência e Cultura de Bustos (ABC).
1980 – desloca-se à Venezuela com a esposa . Visita familiares, amigos e angaria fundos para custear a compra do palacete. Ulisses Oliveira Crespo organiza a recepção e promove uma recepção que culmina com a angariação de 3.200 contos (15961,53€). Em Caracas lê o poema «Bustos – terra linda».

1982 (18 de Fevereiro) – com o “Sr. Vitorino Reis Pedreiras, hasteámos na varanda do Palacete as bandeiras, a nacional e a nova bandeira, símbolo de Bustos, com a presença de centenas de pessoas, a quem eu, com voz forte, disse:
- Viva Bustos! Viva o 18 de Fevereiro!”

Foi a primeira vez que estas bandeiras foram hasteadas no Palacete. E eu disse ao Sr. Vitorino: “Se o Visconde aparecesse agora aqui, com sua juventude e o grande amor pela monarquia, atirava-nos desta janela à rua!”
1983 ­– é eleito Presidente da Assembleia-Geral da Casa do Povo.
1984 – publica o livro “Bustos – memórias de um bustoense”, “tendo oferecido 400 exemplares à Associação de Beneficência e Cultura de bustos, para venda, cujo produto reverterá a favor das obras do palacete”
– sócio honorário nº 1 da Associação Beneficente Cultura e Recreio da Mamarrosa.
1986 (26 de Outubro) – pela comemoração do 70º aniversário da Banda da Mamarrosa, no Restaurante Gaúcha, recorda o seu fundador, Jaime Oliveira recordando o discurso proferido há 50 anos naquele mesmo local.

1988 – publica (‘árvore genealógica da família costa', Sobreiro – Bustos, 1988 .

30.11.1994. Despedida.
Repousa em Jazigo de Família desde o 1º de Dezembro de 1994.

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