22 de março de 2007

Hilário Costa alvo de homenagem



A freguesia de Bustos homenageou, no sábado, dia 17, pela passagem do primeiro centenário do seu nascimento, Hilário Costa, um bustuense, autodidacta e cidadão que sempre lutou pela democracia, praticante da solidariedade e amante das artes.

Para o efeito, foi constituída uma comissão composta por Ulisses Crespo, Adélio Santos [1] , Agostinho Pires [2], Belino Costa, Emília Aires [3] , Humberto Pedreiras [4] , Jó Duarte, Jorge Micaelo, Manuel Romão, Manuel Júnior [5], Mário Pedreiras [6] , Óscar Santos e Sérgio Micaelo Ferreira.
Coube a este último elemento a apresentação da sessão, que foi presidida por Aldina Mota e Gala, viúva de Hilário Costa. Depois da romagem ao cemitério, onde foi descerrada uma lápide no jazigo da família e de se ter ouvido o hino de Bustos, cuja letra pertence ao homenageado, os convidados deslocaram-se para o salão polivalente do condomínio "ABC e Orfeão".


Rosinda de Oliveira foi a primeira a usar da palavra. "Homem de fibra rija foi na vida um lutador inconformado, com a política do seu tempo, com as várias carências socio-económicas, com os grandes desníveis sociais e culturais, com os atrasos e as desigualdades", afirmou, frisando que "tudo isto tocava profundamente o seu espírito livre e ávido de democracia e igualdade. Os seus ideais nunca se conformaram com a tacanha mesquinhez dos tempos que corriam e tudo fez para ver se conseguia modificar essas vivências".
Segundo a oradora, "em 1926, portanto com 19 anos de idade, emigra. Passa por Lisboa, Espanha e França, mas é a América do Norte o seu destino e é aí que trabalha e trabalha mesmo duramente".
"Na América trabalhou primeiro numa fábrica de escultura. Podemos lembrar, a propósito, os vários bustos modelados por Hilário Costa e algumas pinturas que ele ofertou generosamente às instituições de Bustos e que atestam bem a sua invulgar sensibilidade e inspiração estética", referiu, sem nunca esquecer a dureza da sua vida.
Hilário Costa, na colónia portuguesa, fundou o jornal "Farol da Liberdade" - para aí dar largas aos seus sonhos e aos seus ideais, procurando unir todos os emigrantes, em especial, os bustuenses e de defender os seus legítimos interesses - e publica livros de prosa e poesia. Após o 25 de Abril de 1974, empolgado na luta pela liberdade que para si, era quase um sacerdócio, rodeia-se de vários amigos que com ele partilham e comungam dos mesmos ideais e é com um desses amigos que aqui lança outro jornal "Bairrada Livre".
Sérgio Micaelo Ferreira, um bustuense a residir em Águeda, interveio para elogiar a forma como foi idealizada a homenagem.

"Para que as cerimónias tivessem um fio condutor consequente e pudessem trespassar os muros do alheamento, obtivemos o apoio logístico da Associação de Beneficência e Cultura de Bustos, Associação do Orfeão de Bustos, Câmara Municipal de Oliveira do Bairro, (nas pessoas do Senhor Presidente e da vereadora da Cultura) e Pólo de Leitura de Bustos, através da drª Prazeres Duarte", agradeceu, expressando um agradecimento especial à boa vontade manifestada pela Associação Beneficente, Cultura e Recreio da Mamarrosa e pela União Filarmónica do Troviscal". "Hoje, 17 de Março, a evocação de Hilário Costa, nascido na "madrugada do dia 12 de Março de 1907", ajuda-nos a rever um passado calcorreado a custo, mas sempre orientado pelo sonho de uma sociedade mais progressiva, mais solidária, onde as barreiras controladoras das consciências nunca impedissem a luz de brilhar com todo o seu esplendor", disse.
Intervieram ainda Óscar Santos, Jorge Micaelo, Belino Costa, Manuel Romão e Mário Pedreiras, que elogiaram o trabalho de Hilário Costa.
Registo ainda para as intervenções de Prazeres Duarte (momento de poesia), Jó Duarte (membro da comissão administrativa da Junta de Freguesia de Bustos, entre 1974 e 1976), que fez reviver os tempos de gestão difícil do período conturbado de 1975, com o cofre camarário sem dinheiro. Jó Duarte recordou a tomada das decisões do Executivo colegialmente.
A terminar, Sérgio Micaelo sugeriu que fossem publicadas as intervenções, um desafio a que Laura Pires, respondeu afirmativamente.

Autor: Miguel Cunha Quarta-feira, 21 de Março de 2007 - 11:29
(in Litoral centro, editado em NB com a devida vénia)

http://www.litoralcentro.pt/index.php?zona=ntc&tema=5&lng=pt&id=801
http://www.litoralcentro.pt/


nota do editor altino:
seguem-se os nomes por que são conhecidos em Bustos:
[1] - Adélio Martins dos Santos (Barroca);
[2] - Manuel Agostinho Pires (Barrilito);
[3] - Emília Aires (Milita);
[4] - Humberto Reis Pedreiras (Chico);
[5] - Manuel Simões Luzio Júnior;
[6] - Mário Reis Pedreiras.
*
O Hilário Costa
Homem incólume e bastante "douto"
Que entre os bons estava de primeiro
Foi humanista, um grande patriota e escritos
Cantou à sua terra cá e desde o estrangeiro.

Ulisses O. Crespo, Lustros de Bustos, edição 'Glória ao Povo de Bustos' (policopiada), anterior a 13.07.2003, pg.s 107.

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