1 de outubro de 2011

O nome do Eng.º SANTOS PATO (Néu) é indissociável da história da obra da igreja de Bustos


“O Eng,º Pato não era um político de carreira,

mas no meu entendimento,

um inconformado.”

(José Maria Dias, Eng.º Pato.

O Homem. O amigo. s/d)

O nome do Eng.º Santos Pato (Néu Pato, para os bustuenses da época) está indelevelmente ligado à igreja de Bustos, por um conjunto de circunstâncias entre as quais destaco:

. ter o seu Gabinete Técnico [GT] em Águeda, onde o P. Vidal tinha sido desempenhado funções sacerdotais antes da nomeação para Bustos o que proporcionou frequentes deslocações do Pároco ao gabinete;

. ter o seu GT prestado serviço gracioso à Paróquia de Águeda, conforme atesta o Eng.º Neftali Sucena: “o Gabinete Técnico já tinha prestado valiosa colaboração nas manifestações caritativas realizadas na paróquia de Águeda e também orientadas pelo Padre Vidal, durante os anos de 1951 a 1954, na qualidade de coadjutor desta freguesia.” (1);

. ter a colaboração de técnicos de reconhecido valor que abraçaram um projecto inovador.

Não se pode secundarizar a epopeia do trabalho aturado do Eng. Santos Pato, na elaboração do projecto da estrutura dos arcos para aplicação dos fusos cerâmicos que foram sugeridos por Mário Martins. (O projecto do último arco foi concluído por José Maria Dias, em consequência da prisão política do Eng.º Néu Pato).

A utilização das “garrafas” cerâmicas trouxe mais leveza ao edifício, sem lhe retirar a característica de «tenda».

O P. Vidal foi arrojado ao aventurar-se na construção da igreja, houve poucos avanços e enormes recuos, mas o Gabinete Técnico (Águeda), composto por “Gente jovem, simples, bem intencionada, sem grandes ambições, sensível à solidariedade e capaz de a praticar. As idades oscilavam entre os 26 e os 32 anos, sendo eu, o mais novo, e o Arquitecto Carneiro, o mais velho.” (2), nunca lhe faltou com o apoio.

Um “braço direito” do Eng.º Santos Pato foi o ilustre colega e amigo Eng.º Neftali Sucena, com apurada e comprovada sensibilidade de arquiteto, relata um pormenor da ascenção do GT: “durante os primeiros quatro anos de actividade, o meio de transporte utilizado nas diversas diligências era a moto “JAWA” de 250 c.c. pertencente ao Eng. Pato.

O Gabinete também não possuía nem taqueómetro, nem teodolito! Quando se tornavam necessários, ou se pediam emprestado à Escola Central de Sargentos ou se alugavam na Sede da Ordem dos Engenheiros, em Coimbra.

E então lá partíamos os dois, empoleirados na moto, levando às costas aparelhos e utensílios, viajando para Sever do Vouga, Giesteira, Agadão, Mamarrosa, etc., a fim de se executarem os trabalhos que nos havia sido encomendados” (3)

Eng.º Néu Pato:

Como o mérito e o reconhecimento continuam com baixa cotação, tem de se esperar que em algum momento de inspiração se faça o acerto de contas com a memória e venhas a receber a notícia da colocação de uma placa onde constem os nomes das figuras envolvidas no projecto da igreja.

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(1) in Neftali da Silva Sucena, RESENHA DO PROCESSO QUE TORNOU POSSÍVEL A CONSTRUÇÃO DA IGREJA DE BUTOS, Vº FÓRUM DE BUSTOS 2007 – EDIÇÃO “NOTÍCAS DE BUSTOS” p. 8

(2) idem, p.8.

(3) Neftali Sucena, idem. pg.9

(4) in Arq. Rocha Carneiro, Igreja de Bustos e a Arte, Jornal da Bairrada, 21.09.2000, p.16

nota: foto antiga de Águeda de autor desconheicido.

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