18 de outubro de 2011

EM BUSCA DE UMA ESTRATÉGIA (1): BUSTOS


Duarte Novo, presidente da Junta de Freguesia, tem feito um bom trabalho. Tendo em conta os meios e os poderes de que dispõe pouco mais lhe será exigível. Falhou no entanto num ponto essencial e acaba por ser vítima de alguma falta de estratégia política.

Se mais razões não existissem, e elas são muitas, só o facto de integrar uma força partidária que é minoritária (o domínio concelhio do PSD é esmagador), Duarte Novo deveria ter tentado alargar a sua base de apoio, promovendo o debate de ideias, gerando aliados em torno de propostas e soluções. Um pouco menos de karaoke e um pouco mais de abertura ao pensamento teriam ajudado.
Agora está perante a irónica situação de ter ouvido o Presidente da Câmara, na sua casa, pedir propostas, mostrando toda a vontade de resolver os nossos problemas tendo ficado à espera, pacientemente, pelas ideias e soluções dos bustuenses... E se nada fizer é porque Bustos e Duarte Novo não indicaram a luz ao fundo do túnel!


Todos nós, teoricamente, podemos apresentar propostas à C.M.O.B e ao seu presidente, mas se este desejasse, realmente, a participação da população concelhia na elaboração do orçamento camarário, já tinha criado um orçamento específico para tal como, por exemplo, acontece com o “Orçamento Participativo”, em Lisboa. Nada de semelhante foi proposto ou pensado. Aqui a participação popular só interessa quando serve para adiar problemas e responsabilizar terceiros pela inacção do poder politico concelhio.

Como faltam ideias, projectos, vontade, os nossos líderes esperam que os iluminemos. Mesmo sabendo que essa é uma tarefa inglória, vale a pena tentar.
Indiquemos a primeira premissa do debate:
Tudo deve ser equacionado em dois planos, no plano das necessidades imediatas da freguesia, como por exemplo a recuperação do Palacete, e no plano de uma estratégia concelhia para a zona sul, como por exemplo o destino a dar aos terrenos da feira.

Bustos cometerá um erro crasso se defender um plano estratégico fechado sobre os limites da freguesia, sem se enquadrar numa perspectiva concelhia e distrital. Comecemos por colocar algumas questões essenciais:
Qual a função de Bustos dentro de uma estratégia concelhia de desenvolvimento? O que é que temos a oferecer? Que mais-valias, que sinergias, que trunfos temos que possam jogar um importante papel no desenvolvimento concelhio, especialmente na zona sul, a que menos cresceu na última década.

Os dados já conhecidos do último censo revelam uma realidade indesmentível, o norte progrediu, o sul quase estagnou. O concelho cresceu em população residente, tem mais 1864 habitantes do que em 2010. Desses, 1525 instalaram-se nas freguesias de Oiã e Oliveira do Bairro. Os outros 339 espalharam-se pelas restantes freguesias, ficando a Palhaça com a maior fatia, 259. A freguesia mais a sul, Mamarrosa, perdeu 39 habitantes, enquanto Troviscal quase não cresceu dado os seus 7 novos residentes. Bustos assinala um crescimento mediano com 76 novos habitantes.

Estes números são uma demonstração de que o desenvolvimento do sul do concelho tem sido descurado em prol do norte. Denunciar esta dualidade, defender a necessidade do sul do concelho ter um pólo de desenvolvimento deverá ser a primeira questão a colocar sobre a mesa. Mas para isso o executivo da Câmara Municipal terá que rever e repensar o plano estratégico de desenvolvimento, se é que ele existe. O que não será fácil porque a força eleitoral das freguesias a norte se reforçou e, para qualquer um político, são os votos que contam. Em tempo de eleições não contam as freguesias, contam os fregueses.

Belino Costa

2 comentários:

  1. Jorge Pato22:16

    Não é o Presidente da Cãmara que espera pacientemente por propostas. O povo de Bustos é que espera pacientemente pelo cumprimento das promessas. Saneamento, estado das estradas, campo de futebol, cinema e feira são apenas algumas das promessas feitas. Afinal, não precisa de ideias. Precisa é de cumprir o que prometeu.

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  2. Jorge Mendonça09:24

    Em relação ao pedido de propostas feito pelo Presidente da Câmara, dando mostras de uma vontade imensa de saber quais as ideias e soluções de presidentes de junta e dos munícipes em geral, basta aceder à pág. 2 da acta da reunião de câmara de 11 de Novembro de 2010para saber o que é que aí consta como resposta à proposta feita por um vereador da oposição sobre a implementação de orçamentos participativos! Uma ideia que apresentei e que preconizo e defendo mas que, independentemente do seu mérito nunca será levada por diante em Oliveira do Bairro enquanto o poder estiver na mão de quem está, apenas e só porque é uma ideia da oposição.

    Jorge Mendonça

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