O ENTRUDO
Salvé o deus da folia
Da abastança e da alegria
E por isso tu és venerado
Nós te adoramos, embora mascarado
Os outros deuses em nada são iguais
Querem preces, sacrifícios e oferendas
E tu dás-nos vinho e boas merendas
Que nos fazem poetas de bons madrigais
Os novos querem-te, os velhos adoram-te
É que tu só inspiras alegria e amor
E dás seiva ao cardo já secante
E toda a vegetação brota odorífera flor
Oh! Bendito sejas, bendito santo
Que nunca se apague a tua memória
É que és lenitivo para a nossa desdita
E conforto para o nosso pranto
Um dia inspirado por ti amei uma mulher
Linda e bela como ela se quer
Embora fosse amor de pouca duração
Liguei-a a mim, e ambos gravei no meu coração
Tal deus assim até dá gosto
Alegria, liberdade em pleno campo
É uma crença livre e não um deus imposto
Um deus não egoísta e melhor que santo
Vitorino Reis Pedreiras
Agricultor
1938
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