21 de fevereiro de 2010

O "REGRESSO" DE JACINTO DOS LOUROS

Mário Capão                       Jacinto dos Louros


No passado dia 18 de Fevereiro fez 50 anos que Jacinto Simões dos Louros esteve em Bustos para participar nas comemorações do 40º aniversário da criação da freguesia.

Os homens morrem mas as palavras ficam, e o discurso que então escreveu voltou a ecoar em Bustos, agora na voz de Mário Capão que assumiu com grande dignidade e muita parecença, a reconstituição da figura do nosso primeiro presidente. (Parabéns a ele e à Clarita que tratou do fato e demais adereços!)

Vale a pena aqui recordar essas palavras de agradecimento:

“Os meus agradecimentos o pelo convite que V. Exas. tiveram a gentileza de me enviar para assistir a esta festinha comemorativa da criação desta freguesia. Tal acontecimento constitui padrão de honra para o povo de Bustos e ainda hoje é, e será para os vindouros, um marco a atestar a dedicação de quantos, pelo engrandecimento da terra onde nasceram.
Encheu-nos de satisfação e constitui o coroamento de uma obra erguida com grande persistência, desinteresse e bastante sacrifício pessoal. Por isso é justa a vossa gratidão e aceito-a, na medida em que ela me é atribuída, mas nesta obra fui acompanhado por um grupo de homens de bem desta terra que por isso mesmo merecem também o vosso preito, muitos dos quais já faleceram. Mas mortos ou vivos, eu aqui os lembro sem os nomear porque foram todos os republicanos de Bustos, como também esse grande vulto já falecido que foi o Sr. Dr. Barbosa de Magalhães, que junto do governo patrocinou as minhas pretensões. Pelos que ainda são vivos, como eu, e em memória daqueles que já faleceram agradeça-vos o terdes lembrado da data da criação da nossa freguesia e a maneira como o lembrais. Muito obrigado.”

4 comentários:

  1. Ainda em que foi possível divulgar e arquivar para memória estas palavras de Jacinto dos Louros! Na verdade, ele, há 50 anos, não proferiu o seu discurso na sessão... porque, no palco, perante a assistência, ele não teve luz suficiente para ler o escrito. Optou então pelo improviso.
    Logo, o discurso, tanto quanto sei, estava inédito.
    Esta peripécia, que aqui recordo, pode ser lembrada por bastantes conterrâneos... que até podem lembrar a placa alusiva que foi então inaugurada à entrada do Bustos Sonoro Cine e que, ao que se julga, desapareceu completamente.

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  2. É como lembra Arsénio Mota. E como consta do texto editado no NB em 14 de Fevereiro de 2007 que começava assim:
    "Para a homenagem realizada por ocasião do 18 de Fevereiro de 1960, Jacinto Simões dos Louros tinha preparado um discurso onde narrava alguns dos momentos decisivos da luta pela criação da freguesia. A pouca luz que iluminava o palco e uns olhos já cansados não lhe permitiram a leitura de tão importante documento, pelo que acabou por improvisar a sua intervenção na cerimónia. Mas, uns meses depois, em carta de três de Maio, escreve a Vitorino Reis Pedreiras dizendo:
    “Incluso envio uma cópia do que tinha escrito para ler na comemoração dos 40 anos da criação da freguesia que a falta de luz não permitiu. Como uma grande parte da gente nova não conhece os trabalhos que esse facto originou, e até muitos dessa época o desconhecem, a razão porque lhe envio essa cópia, para a tornar conhecida de todos pois que só o meu amigo e compadre Dr. Pato a leu.”

    O documento acabou por ficar no fundo de uma gaveta até que hoje é finalmente divulgado, cumprindo-se assim a vontade do seu autor.
    O discurso poderá ser consultado em http://noticiasdebustos.blogspot.com/2007_02_01_archive.html

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  3. O nome de Arsénio Mota é sempre bem-vindo ao NB. O comentário do Bustuense Arsénio Mota contribui para reavivar e expandir o conhecimento de significativos episódios da história local e para ajudar a pesquisar mais dados que estão adormecidos.
    Belino Costa já trouxe à tona o episódio que Arsénio Mota viveu: o do improviso proferido por Jacinto dos Louros. Arsénio ficou esclarecido como apareceu a peça escrita que é do espólio de Vitorino Reis Pedreiras.
    Quanto ao enredo das Placas da Homenagem a Jacinto dos Louros e ao Dr. Manuel dos Santos Pato no 18 de Fevereiro de 1960, uma referência está do NB de 26.01.07 e vem expressa na Nota de
    ‘INF - Indústria Nacional de Ferramentas chega a muitos longes’.
    http://noticiasdebustos.blogspot.com/2007/01/inf-indstria-nacional-de-ferramentas_26.html


    Um bem-haja a Arsénio Mota por tornar posível rever episódios que estavam esquecidos.
    sérgio micaelo ferreira

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  4. Eis a nota expressa no NB de 26.01.07 e vem expressa na Nota de
    ‘INF - Indústria Nacional de Ferramentas chega a muitos longes’.:
    ...
    "No dia 18 de Fevereiro/1960 aconteceu a homenagem a dois baluartes de Bustos: Jacinto Simões dos Louros (dinamizador primeiro do processo de criação da freguesia) e Dr. Manuel dos Santos Pato (‘da Barreira’ – o patrono da criação da paróquia “decretada em 7 de Março de 1925”[1] pelo Bispo de Coimbra[2]. As duas placas com os nomes destas Figuras Bustuenses colocadas no Centro Recreativo de Instrução e Beneficência tiveram de ser retiradas na fase de remodelação do edifício e foram entregues a Manuel Joaquim dos Santos, então tesoureiro da Junta. Estão/estavam na cave do novo Edifício da Junta. Estão impedidas de ver a luz do dia. A Assembleia de Freguesia poderá vencer a resistência do senhor presidente da junta, se fizer aprovar e colocar as ditas placas no salão das sua sessões . É de elementar justiça.
    ...
    [1] In Arsénio Mota, Bustos – elementos para a sua história, Edição da Associação de Beneficência e Cultura de Bustos. 1983, pg.s 24.

    [2] Não fora a influência do Dr. Manuel dos Santos Pato junto do bispado de Coimbra e teria sido retardada a criação da paróquia de Bustos, até porque na época, a luta anticlerical tinha atingido o auge: o Bispo de Coimbra decretara a interdição da Banda Escolar do Troviscal – provocada pela exorbitante “taxa” exigida em pré-pagamento pelo Juiz da Irmandade das Almas para se fazer acompanhar em funeral católico – e, em retaliação, o Povo Liberal da Freguesia, decretara a interdição do clero, impedindo-o de exercer a sua actividade nessa paróquia (bibliogr. sobre a interdição: Silas Granjo, “Banda excomungada, Clero Interdito no Troviscal Republicano”, Actas do Colóquio – Anticlericalismo Português: História e Discurso; Maria Leocádia Pato, Rio da Memória – A Banda do Troviscal, Edição da Câmara Municipal de Oliveira do Bairro, 1997; Troviscal – visão histórico-cultural, Edição da Câmara Municipal de Oliveira do Bairro, 2005).
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    sérgio micaelo ferreira




    [1] In Arsénio Mota, Bustos – elementos para a sua história, Edição da Associação de Beneficência e Cultura de Bustos. 1983, pg.s 24.

    [2] Não fora a influência do Dr. Manuel dos Santos Pato junto do bispado de Coimbra e teria sido retardada a criação da paróquia de Bustos, até porque na época, a luta anticlerical tinha atingido o auge: o Bispo de Coimbra decretara a interdição da Banda Escolar do Troviscal – provocada pela exorbitante “taxa” exigida em pré-pagamento pelo Juiz da Irmandade das Almas para se fazer acompanhar em funeral católico – e, em retaliação, o Povo Liberal da Freguesia, decretara a interdição do clero, impedindo-o de exercer a sua actividade nessa paróquia (bibliogr. sobre a interdição: Silas Granjo, “Banda excomungada, Clero Interdito no Troviscal Republicano”, Actas do Colóquio – Anticlericalismo Português: História e Discurso; Maria Leocádia Pato, Rio da Memória – A Banda do Troviscal, Edição da Câmara Municipal de Oliveira do Bairro, 1997; Troviscal – visão histórico-cultural, Edição da Câmara Municipal de Oliveira do Bairro, 2005).

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