31 de janeiro de 2006

31 DE JANEIRO NA UNIÃO LIBERAL (1936)

1936, 31 de Janeiro – Dia consagrado aos percursores da República que em 1891 se bateram no Porto contra o trono carcomido dos Braganças. Houve uma reunião da União Liberal em que discursei ao auditório, sobre o significado do dia de hoje, seus motivos e suas consequências.
Continua a chover e as vinhas estão quase todas a começar a brotar.
(Vitorino Reis Pedreiras, Memórias de Outros Tempos, 1955, pág. 43.)

Notas
:

Marcos da História de Bustos continuam no índex da toponímia local (é o caso da União Liberal, Comissão de Melhoramentos/60, Rossio da Póvoa e outros…).
Por ser plural a composição da Assembleia de Freguesia de Bustos e por força de não haver maioria absoluta estão criadas as condições para se formar um grupo de trabalho (entre os eleitos) que faça a revisão dos nomes das ruas …

Há setentanos chovia, hoje convivemos com o espectro das secas.

Faltam 18 dias para o aniversário da criação da Junta de Freguesia de Bustos. Aguarda-se a publicação do programa.
1920 – Salvé o 18 de Fevereiro – 2006
(sérgio micaelo ferreira)

28 de janeiro de 2006

JOAQUIM 'ANACLETO' UM SENHOR GUARDA-REDES

Joaquim Simões Pedreiras, setenta e seis anos cumpridos, filho de Anacleto, não perde um jogo no campo Dr. Manuel dos Santos Pato, palco onde protagonizou alguns dos melhores momentos de futebol. A conversa vai esticando o fio das recordações, enquanto a UDBustos consolidava mais uma vitória.

GUARDA-REDES, POR ACASO
Aos catorze/quinze joga a interior direito no Futebol Clube de Bustos até que uma tarde azarenta de João Crespo, o Joaquim «Anacleto» lança uma boca: “Não tens vergonha de deixar entrar a bola!”.
O João, que estava a preparar-se para emigrar para Moçambique, despe a camisola de guarda-redes e, irritado, atira-a para o «Anacleto».
Este episódio marcou o início de uma longa carreira de guarda-redes que se prolongou entre os dezassete e os trinta e sete anos, e que foi interrompida na sequência de uma lesão sofrida numa disputa de uma taça popular no Campo da Amoreira da Gândara.
Ainda hoje sente dores no sítio atingido.

GAVETAS PAGAM PRIMEIRO BILHETE DE IDENTIDADE
“Aos 17 anos, fui inscrito na Associação de Aveiro”, e recorda que o seu primeiro Bilhete de Identidade foi pago pelos Gavetas”.
Entretanto Joaquim “Anacleto» teve uma arrelia com a direcção e mudou-se para os Azuis de Bustos.
No início alinhava pelas reservas ou era suplente do Artur Fontes.
Entretanto este emigra para África “e eu ascendi” à categoria principal.
Naquele tempo, o seu primo Manuel Simões, (o Latas) orientava com rigor a equipa. Todos lhe tinham respeito. “Só alinhava quem sabia jogar bem … e quem não treinava, não era convocado”.
O Latas (conhecido por ter uma oficina de latoaria junto da barbearia do ti Margaça) tinha fibra de jogador e era um virtuoso no toque de bola. Só não ingressou n’Os Belenenses, porque emigrou para o Brasil.
A talhe de foice, vem à baila a conversa tida com Inocêncio Caldeira: "poucos se recordam das camisolas dos gavetas com riscas vermelhas e pretas (à Olhanense) ou com as cores verde e amarela, em diagonal"[1].
Ainda hoje é falada a rivalidade entre gavetas e canecas que chegava a provocar animadas discussões e zangas na família.

NÃO ÉS DE BUSTOS?
Entretanto vai assentar praça na Escola Prática de Cavalaria de Torres Novas.
Na recepção, ouve um 1º cabo – de Águeda – a perguntar «Não és de Bustos?».
“Conhecia-me da bola” Foi o suficiente para fazer a propaganda … O capitão da companhia, era presidente do Desportivo de Torres Novas e pretendia que o Joaquim “Anacleto» ingressasse no seu clube, só que o soldado trocava-lhe as voltas, porque andava a tratar da sua transferência para Aveiro. Tudo em segredo.
Qualquer folga no quartel passava-a na pista de saltos dos cavalos, onde saltava os obstáculos sem fazer a corrida de chamada para o impulso. Pela facilidade com que saltava valeu-lhe o epíteto de “atleta contrabandista”. “Tinha sempre malta a assistir”.
Muda para o Cavalaria 5. Conhecida a sua aptidão para o desporto, participa nos campeonatos militares de futebol e de basquetebol.

JOAQUIM ANACLETO CAMPEÃO
Regressa da tropa. A recém criada União Desportiva de Bustos (1948), resultante da fusão dos clubes rivais, acolhe o Joaquim “Anacleto». Faz uma época em que é considerado dos melhores guarda-redes do distrito. E foi o menos batido.
Mas o “Anacleto» insiste que fazia parte de uma equipa de luxo. Pelo seu valor, os seus companheiros de ontem fariam parte de qualquer equipa de nomeada.
As vitórias de 4-0 sobre o Beira-Mar, para a taça; e nos amigáveis, 2-1 ao Anadia e ao Lousã[3] e sobre a Naval ainda hoje enchem o peito de orgulho.

Lamenta que a União não tenha subido à 3ª divisão nacional por “ter sido prejudicada” no jogo contra o Arrifanense.

De início, havia prémio de vitória e empate nos jogos fora. Em casa, era obrigatório ganhar, ão havia bónus. No fim, como havia falta de dinheiro, já não se recebia, "mas tínhamos direito a entrar de borla nos bailes" (nesse tempo, eram organizados pela UDB).

RASTEIRAS
Entretanto o «Bustos» é multado pela Associação de Futebol de Aveiro e, para não pagar a coima, muda o nome e tenta a inscrição do clube na Associação de Coimbra. A sede do ‘novo’ clube seria na Malhada. Só que o campo ficava no distrito de Aveiro. Descoberta a marosca, a inscrição foi rejeitada.
O “Bustos” passou a alinhar só em jogos particulares.

BADAJOZ, MONTIJO, BEIRA-MAR,...
Aí, pelos seus vinte e seis(?) anos o Joaquim «Anacleto» enverga a camisola d’O Elvas[2] e participa em dois jogos particulares: um com o Badajoz, em Espanha e outro no Montijo. “Pagavam-me dois mil escudos por mês” (10,00€, arredondados).
Ainda treinou no Beira-Mar. Mas como não toleravam faltas aos treinos e «pagavam só lá pr’ó fim», desisti.
Por indicação do Aguinaldo que tinha sido transferido do Beira-Mar para Os Belenenses, o Joaquim «Anacleto» ainda foi tentado a jogar nas Salésias. O Adriano Alfaiate meteu cunha a Manuel Sérgio, o Eduardo Santos (dos Correios) tinha conhecimento do interesse de Lisboa, mas o «Anacleto» teve de recusar … “a minha mãe não gostava que eu saísse de casa para ir jogar a bola”.

REFERÊNCIAS
Joaquim «Anacleto» recorda a competência de treinador do tenente Quaresma e do Simões (Latas); elogia os grandes guarda-redes de Bustos – para falar dos mais velhos – António Pato; Artur Fontes. O Duarte Branco (Bolachinha), após ter sofrido uma lesão, passou a jogar na linha avançada. Só voltou à baliza, quando o Joaquim «Anacleto», ao cair mal – e sozinho - deslocou o braço. O trabalho de recolocação foi feito pelo Dr. Jorge Micaelo.

Ainda hoje fica maravilhado ao recordar o futebol praticado pelos seus colegas.

ÁRBITRO DE TORNEIOS POPULARES
O Joaquim «Anacleto», antes de emigrar para o Canadá em 1967, ainda chegou a pisar os campos de futebol mas para arbitrar em torneios particulares. Completavam o trio, o Eduardo dos Correios e o Sol de Vila Verde. “Nós nunca fomos ameaçados”.
Em 1987, regressa à Picada.
O futebol ainda continua a correr-lhe nas veias.
A rematar, confessou: “Gostava tanto de futebol que até jogava de borla”.
'Nós jogavamos por amor à camisola'.

CONSAGRAÇÃO?
Os veteranos heróis da bola (jogadores, directores e equipas técnicas) andam por aí, esquecidos. Pode ser que um certo 18 de Fevereiro também consiga lembrar-se deles.

Quem sabe?
(sérgio micaelo ferreira)
...
[1] Estas camisolas verde e amarela em diagonal, faziam parte do equipamento oferecido por Lino Rei – director, treinador e «taxista» no seu Dodge – quando reactivou o futebol dos gavetas (Eng. Santos Pato).

[2] O Joaquim Anacleto tinha família em Elvas., e a fama das suas aptidões para guarda-redes ficou demonstrada no campo.

[3] O jogo amigável na Lousã foi conseguido graças ao empenho do Dr. Assis Rei, então Director da UDB. Nesse jogo, o Joaquim Anacleto exibiu-se a grande altura. Não queriam acreditar que o guarda-redes fosse de Bustos.

(srg)
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26 de janeiro de 2006

AINDA SOBRE O CENTRO DE BUSTOS


É gratificante, uma vez mais, ouvir discussões sobre a presente situação do Centro de Bustos. Isso é bom, ainda que só isso não seja o bastante. Digo isto porque estou a assumir que o último objectivo será o de ver melhorar as condições do centro histórico da nossa terra. Antes de se iniciar um movimento que leve à preparação de um plano urbanístico de recuperação/reabilitação para o Centro, haverá um certo número de coisas que deverão ser realizadas. Para que possamos compreender, o melhor possível, o problema que o Centro enfrenta, será necessário documentar o papel social, cultural e económico que ele teve em anos passados. Depois disso, deverão ser explicadas e documentadas com clareza as razões que levaram ao declínio da importância do Centro.
Como é do conhecimento geral, centros urbanos estão constantemente a ser afectados por forças e factores, interiores e exteriores, que contribuem para, ou causam, evoluções e mudanças, umas vezes para o melhor, outras vezes para o pior. Estudando e documentando as razões que no passado contribuíram para a importância do Centro de Bustos, e documentando também as circunstâncias que levaram ao seu declínio como centro social, cultural e económico, poderemos ajudar-nos a estabelecer objectivos realistas para a reabilitação do Centro da Vila. Não me admiraria se o papel a ser exercido pelo Centro no futuro tiver que ser muito diferente daquele que conhecemos no passado.
De momento eu diria que é prematuro começar a tomar posições sobre o que deve ser feito com este ou aquele edifício.
É necessário, antes de tudo, saber bem a história daquela zona, a sua importância no passado e as razões e os factores que contribuíram para o presente estado de coisas. Será uma maneira de conhecermos um pouco do nosso passado e do nosso presente antes de começarmos a falar inteligentemente do futuro.

Alcides Freitas

MENSAGEM DE CLARA GUITAS

NB edita mensagem de agradecimento de Clara Guitas dirigida ao Público em geral e aos Amigos que têm colaborado desinteressadamente na realização de projectos de divulgação de retalhos de etnografia com incidência local:


"O autêntico conhecimento emana diferentes raios de luz assemelhando-se a uma grande e cintilante estrela que vai iluminando todos quantos se encontram disponíveis para o receber.

A dádiva e a inter-ajuda desinteressada constituem uma verdadeira fonte de luz que é apanágio dos corações grandes ao serviço dos outros.

Muito obrigado!

Atenciosamente,
Maria Clara Guitas"

23 de janeiro de 2006

PRIMEIRO DIA DA ERA 'DIREITA EM BELÉM' - 9 DE MARÇO

Cavaco Silva é o vencedor das eleições presidenciais de ontem, 22.01.2006. É devida a minha homenagem ao político descoberto por Sá Carneiro e que conquistou duas significativas maiorias. Durante a sua falsa inactividade política, Cavaco Silva não deixou de enviar recados para o interior do PSD ou de atacar a política dos governos socialistas. Soube optar por silêncios estratégicos. Foi um vencedor preanunciado.

Os condicionamentos impostos pela federação de Bruxelas e o ambiente de contestação social irão afectar as relações de coabitabilidade entre Cavaco e Sócrates? A concretização dos projectos do Aeroporto da OTA e do TGV serão pedras postas no sapato de Sócrates?

Dos restantes cinco candidatos, Mário Soares e Manuel Alegre são os grandes derrotados. Nenhum destes candidatos conseguiu centripetar o eleitorado do centro esquerda e da esquerda. Jerónimo de Sousa (presidente da república do Bejaquistão) e Francisco Louçã disputaram outro campeonato: o da luta partidária entre o PCP e o BE.

Falando do meu candidato. Mário Soares poderia ter sido um observador da campanha eleitoral, mas aceitou candidatar-se pelo seu Partido Socialista quando viu «fugir da luta» figuras potencialmente ganhadoras. Mário Soares fez de pronto socorro do directório do ps. Mário Soares mostrou que continua a ser um estrénuo combatente no ringue democrático. Endereço a Mário Soares um forte abraço.

A “vitória” de Manuel Alegre no campeonato interno do Partido Socialista vem apenas camuflar o fracasso da sua candidatura. Não conseguiu a soma de votos que obrigasse a nova ida às urnas. Se houvesse segunda volta, por certo que franjas de soaristas e de socratistas não votariam Alegre e, provavelmente, haveria migração de votantes destas tendências para Cavaco Silva.
No entanto adivinha-se turbidez nas hostes do PS, que trará mais benifícios à direita. Será que Manuel Alegre, encantado pelo resultado alcançado, irá disputar novas primárias com Sócrates?
O próximo dia 9 de Março vai assinalar o 1º dia da Era da Direita em Belém, o acontecimento inédito post-30 anos de Abril74.
E será que a direita em Belém só lá vai estar para saborear os famosos pastéis?
Um pormenor que deve ser lembrado. A direita está lá como esteve a esquerda. Pelo voto.

As televisões, ao interromperem a emissão da intervenção do candidato Alegre, para dar voz ao primeiro-ministro, distorceram o serviço público a que são obrigadas aprestar. Foi uma vergonha o que aconteceu. Os responsáveis pela emissão deveriam ter sido demitidos com justa causa.

Resultados de Bustos.
O gráfico traduz que quatro quintos do eleitorado votaram Cavaco Silva. Bustos é globalmente de direita, para que não haja dúvidas. O restante quinto acolhe toda a esquerda. Os candidatos do campo socialista quedaram-se pelos 213 votos. É muito pouco. Com estes resultados, o PSD está em condições de aumentar a sua influência. O PS pouco tem a perder, já que continua a ser diminuta a sua expressão eleitoral.

(Sérgio Micaelo Ferreira)


22 de janeiro de 2006

EM BUSTOS: CAVACO COM MAIORIA ABSOLUTA!

Com 1117 votos Cavaco Silva é o vencedor das eleições presidencias em Bustos onde 1427 eleitores ( num universo de 2.133 inscritos) exerceram o seu direito de voto. Em segundo lugar ficou Manuel Alegre com 166 votos, seguido por Mário Soares com 47.
Francisco Louçã recebeu 34 votos, Jerónimo de Sousa 27 votos e Garcia Pereira 3 votos.

Eleições Presidenciais: Resultados

Resultados eleitorais(provisórios) mesa 1:

Eleitores: 1067
Votantes: 761

Garcia Pereira: 1
Cavaco Silva: 633
Francisco Louçã: 9
Manuel Alegre: 63
Jerónimo Sousa: 13
Mário Soares: 30

Brancos: 3
Nulos:9

RESULTADOS ELEITORAIS


Resultados eleitorais (provisórios) da Mesa 2

Inscritos: 1066
Votantes: 656 (61,54%)

Garcia Pereira: 2 votos
Cavaco Silva: 484 votos
Francisco Louçã: 25 votos
Manuel Alegre: 103 votos
Jerónimo de Sousa: 14 votos
Mário Soares: 17 votos

Brancos: 8 votos
Nulos: 3 votos

20 de janeiro de 2006

ALCIDES FREITAS EVOCA A «FESTA DO GALO»

Há uns dias, tive de ir a San Francisco visitar uns amigos. Como a distância que nos separa não é excessiva, fiz a viagem de carro. O tempo não estava tão mau, pois ora chuviscava ora fazia sol. Parecia um dia típico de Primavera, muito embora estejamos no meio do Inverno. E por aí ia eu, despreocupado e já a pensar no almoço e na boa conversa com os meus amigos. À medida que me aproximava do destino, comecei a notar ao lado da auto-estrada umas árvores plantadas para embelezar a via e que já começavam a mostrar as suas lindas flores amarelas, todas elas em forma de bolinhas mimosas. Sim, não tinha dúvida, tratava-se de acácias, também conhecidas como mimosas. Interessante é o que estas árvores em flor me fizeram lembrar...

Era eu então um jovenzito na terceira ou quarta classe da Instrução Primária. Todos os anos, lá para os fins do Inverno ou princípios da Primavera, quando as acácias começavam a mostrar as suas lindas flores amarelinhas, as crianças da escola local celebravam o dia da Festa do Galo.

Que grande festa!

A primeira coisa a fazer era encontrar um lavrador que tivesse um carro com rodas de borracha, para que fosse mais fácil a empurrar. Normalmente, esse carro era usado para o transporte de um motor de rega que era levado de poço em poço. Lembro-me bem de ter pedido o empréstimo de um desses carros ao Senhor Aires da Quinta Nova. Sabendo para que era, o Senhor Aires sempre nos deixava usá-lo. Levávamos o carro para casa dos pais de um dos alunos e ali ficava por uns dias (antes da celebração da Festa do Galo) para que o carro fosse arranjado. Era transformado numa capoeira ambulante, toda coberta com arame, com uma porta e tudo. Depois, o carro era enfeitado com flores, sendo os ramos de acácia em flor o material favorito para o adorno. Ficava uma autêntica maravilha. Lindo, mesmo muito lindo!
Agora com o carro todo arranjadinho e no dia designado, o carro era levado para a frente da nossa Escola Primária. Nesse dia, as crianças vinham para a escola todos bem vestidinhos e carregados com os seus presentes: podia ser um galo, uma galinha, um coelho, um quilo de açúcar, um quilo de arroz, um frasco de mel, etc., aquilo que cada um pudesse dar. Todos os presentes eram colocados
dentro da capoeira, em cima do carro enfeitado. E, a uma hora certa, lá íamos todos nós empurrando o nosso carro direitinho à casa do Senhor Professor -- que nem sempre vivia em Bustos. Lembro-me de ir levar o carro com os presentes ao Troviscal e a Samel, onde residiam os nossos professores dessa época. Quando chegávamos a casa do Senhor Professor, ele ali estava à nossa espera para receber os presentes, que representavam gratidão e respeito dos seus alunos e pais. Para concluir o evento, o Professor tinha para todos nós refrescos como laranjadas, pirolitos, pão de folar, tremoços, figos secos, bolachas e outras coisas boas e doces. Esse dia, Festa do Galo, era mesmo uma ocasião de alegria que continua a viver na minha memória sempre que vejo as lindas flores amarelinhas da acácia...

Alcides Freitas (Janeiro 2006)
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19 de janeiro de 2006

CADEIA NO AZULEJO ... E TODOS FICAM BEM


Deve ser reconhecido que falta (?) um projecto que transforme o centro da “vila” em cidade de Oliveira do Bairro. Os técnicos da especialidade vão ter de usar muita imaginação para conseguir obter a roupagem de centro de cidade. Eu acredito que conseguirão. Dái a necessidade de demolir o edifício da cadeia.
Acílio Gala, na Carta Aberta dirigida ao seu sucessor e publicada no Jornal da Bairrada, de 22.12.2005, escrevera a certo passo: “Eu, como ex-Presidente da Câmara deste concelho e defensor da preservação do nosso parco património, não podia ficar indiferente”.
A propósito desta afirmação, recordo que a primeira casa da Junta de Freguesia de Bustos, construída trinta anos depois dos povos bustuenses terem conseguido conquistar o alvará da desanexação da Mamarrosa, foi demolida no “reinado” de Acílio Gala e teve a mão de um Presidente de Junta de Freguesia da mesma cor política.
Pode dizer que o edifício estava a degradar-se, que era uma construção em adobe e que de um momento para o outro ruía. [O edifício da Biblioteca Municipal foi demolido e reconstruído].
Em Bustos-Sobreiro, desapareceu a hipótese de se reconstituir, in situ, quadros do Cortejo dos Reis onde o Rei Herodes (Adelino Pardal) pontificava na varanda da Sala das Sessões.
Já não vai ser possível “reviver” o mecanismo da votação nas eleições do tempo de Salazar/Caetano, em que da tal varanda da Sala das Sessões, o “arauto” fazia a chamada dos eleitores, afim de exercerem o direito de “votar”.
Já não vai ser possível reconstituir a primeira reunião da comissão Administrativa post-25 de Abril.
Já não vai ser possível, “reviver” as acesas sessões de Assembleia de Freguesia para discutir o alargamento/deslocalização do cemitério.
Na verdade, Acílio Gala ficou indiferente à demolição do edifício da “Sala das Sessões” da Junta da Freguesia de Bustos.
Também durante vários anos do seu “reinado” ficou indiferente ao tal edifício “histórico da Cadeia”. Nem uma placa informativa mereceu. Aliás, o edifício da cadeia nem pertence ao roteiro histórico de Oliveira do Bairro.
Não terá mais valor a arcada da “janela” manuelina incrustada na parede frontal do edifício situado nas barbas do futuro ex-edifício da Cadeia?
Para Acílio Gala ficar satisfeito, bastará seguir a cartilha usada pelo Senhor Presidente da Junta de Freguesia de Bustos, Manuel Pereira, quando demoliu o edifício da Sala de Sessões. Aplica uns painéis de azulejo com a imagem do edifício da cadeia, e, para ter mais força, adiciona uma placa comemorativa”Retalhos Históricos”. Este "retalhos" está implantado no sítio da primeira "Sala das Sessões" fica próximo do SubMundo à entrada da Feira.

Acerca do tal Arquivo Municipal. Deve ser feito um edifício de raiz e que tenha implantação em local condigno.

-*-
A falsa polémica da demolição/manutenção do edifício que chegou a albergar a Cadeia vem mostrar que o CDS/PP de Oliveira do Bairro ainda não fez a digestão da derrota sofrida nas últimas eleições autárquicas?

(Sérgio Micaelo Ferreira)

17 de janeiro de 2006

UM FANTASMA NO CENTRO

A vida cultural de Bustos tem vindo a degradar-se ao longo dos últimos anos. Ao lado de um aparente progresso feito de algumas obras de construção civil (o edifício sede da Freguesia, o tanque de abastecimento de água, várias capelas, o largo da Igreja e um cruzeiro) o dinamismo da nossa gente não foi correspondido pelo executivo concelhio de Acilio Gala e seu discípulo Pereira.

Centros culturais, museus, bibliotecas, instalações desportivas tudo foi feito longe de Bustos. Por cá, nada!
Entre nós instalou-se a escuridão, todos muito bem fechadinhos em casa a ver televisão. Chegámos ao tempo em que já ninguém conhece ninguém. Quase não há convívio nem sociabilização entre os mais velhos. O cinema fechou portas, o salão de festas deixou de ter actividade.
A obra de Manuel Ferreira da Silva surgida em 1936, faz 70 anos, está moribunda, parece dar os derradeiros passos. Transformou-se num enorme fantasma!


E terá que continuar a ser assim?

Talvez, se todos encolhermos os ombros e acharmos natural que se gastem milhões em museus vistosos e tenhamos ainda o desprendimento de deixar apodrecer a única sala de cinema do nosso concelho, fazendo de conta que somos muito ricos!

Para quê utilizar quando se pode deitar fora, ou demolir?

O novo executivo e a vereadora Laura Pires precisam de olhar para este equipamento cultural que não está a ser devidamente rentabilizado. Não podem fechar mais os olhos. Sem ser preciso gastar milhões o Centro Recreativo e Cultural de Bustos deve ser aberto em favor da população. Isso é possivel.

A minha proposta é simples. A Câmara tratará de alugar o espaço, situação que pode ser do agrado do proprietário. Concretizado o arrendamento a forma mais módica de dar vida àquelas duas salas seria entregar a sua utilização e dinamização a uma instituição de utilidade pública como, por exemplo, o Orfeão de Bustos.

Não seria obra de fachada, mas seria um excelente alimento para a nossa alma. O centro de Bustos poderia voltar a ter uma nova vida e eu a acreditava que o nosso passado tem sentido e tem futuro.

Escrevo isto e sei que, fatalmente, a esta hora há alguém que sonha com o camartelo e pensa, “Eu punha aquilo tudo abaixo e fazia ali um prédio de cinco andares com esquerdo, direito e uma mansarda.”

Está aí alguém?

Está aí alguém?


Belino Costa

UNIÃO DESPORTIVA DE BUSTOS FIRME NO FUTEBOL JOVEM


Resultados:
JUNIORES * Valonguense – UDB (2-0)
A União Desportiva de Bustos alcançou o 2º lugar. O Oliveira do Bairro, orientado por José Eduardo dos Santos (de Bustos) foi o justo vencedor. UDB, José Eduardo e OBSC estão de parabéns.
JUVENIS* Pampilhosa – UDB (6-0)
INICIADOS* Sanjoanense – UDB (4-0)
INCIADOS A * UDB – Pampilhosa (8-2)
Na sua série, a União Desportiva venceu todos os jogos em disputa.
*
À margem das luzes da ribalta

A prática do futebol jovem tem a vertente de um complemento educativo.
Só que havendo jogos, há necessariamente competição. Dosear a formação com a competição é a função da equipa técnica que orienta os jovens.
Outro problema que por vezes se depara é a rejeição de jovens em que a prática desportiva poderia contribuir para o seu desenvolvimento.
Estas são questões a que, amiúde, o bom-senso tem de dar resposta satisfatória.
Por vezes, os atletas mais habilidosos na prática do futebol são os alunos com maior rendimento negativo. O serviço da Educação tem de estar atento a estes jovens. A elaboração de currículos adaptados provavelmente contribuiria para o sucesso escolar destes alunos-atletas.
O Desporto Jovem não pode estar alheado da vida escolar do aluno-jogador.
(Sérgio Micaelo Ferreira)

14 de janeiro de 2006

POSTO DA G.N.R, QUE FUTURO?



O alerta já tinha sido dado por alguma imprensa regional ainda que de forma algo especulativa. Perante o anúncio governamental de que alguns postos da GNR irão ser encerrados perguntava-se se não será esse o destino do posto de Bustos. Esta dúvida levou José Manuel Ribeiro, deputado do PSD, eleito pelo Círculo de Aveiro à Assembleia da República, a apresentar, ontem, um requerimento ao Governo, através do Ministério da Administração Interna, para saber se é sua intenção proceder ao encerramento do posto da GNR de Sangalhos, concelho de Anadia, e do posto de Bustos, Oliveira do Bairro.
Segundo o Jornal de Notícias “ José Manuel Ribeiro entende que caso se confirme o fecho destes postos da GNR, a medida vai no sentido "contrário ao que o Governo defende no seu programa de governação para a legislatura, constituindo, deste modo, mais um inaceitável recuo face às promessas e garantias dadas aos portugueses".

13 de janeiro de 2006

PERSEGUIÇÃO E TIROTEIO

Bustos é hoje notícia na imprensa nacional. Tanto o Correio da Manhã como o Jornal de Notícias noticiam que “ uma patrulha da GNR de Bustos, Oliveira do Bairro, foi ontem de madrugada alvejada a tiro. Os dois soldados da GNR estavam a efectuar uma operação de trânsito, nas imediações do quartel da GNR de Bustos, junto à rotunda do Sobreiro, quando mandaram parar um outro carro ligeiro. No entanto, o condutor, mal se apercebeu da presença da GNR, efectuou uma manobra perigosa e colocou-se em fuga. Eram três da manhã. Os militares, perante as infracções ao código de estrada, perseguiram, de imediato, os indivíduos, seguindo pela EN-335, que liga Bustos a Aveiro. Após dois quilómetros de perseguição policial, os indivíduos cortaram para um caminho agrícola, na zona da Tojeira, sem qualquer iluminação e extremamente estreito, começando a disparar. A GNR diz desconhecer o número de indivíduos que estavam dentro do carro, sendo certo que seriam pelo menos dois. Não há feridos a registar nem danos no carro da GNR. Os autores dos disparos estão a monte.”

JACINTO DOS LOUROS - HOMENAGEM PARA AS CALENDAS?

+ 13.01.1963
13 Janeiro 1963
Jacinto Simões dos Louros foi a figura Bustuense[1] do início do século passado que mais pugnou pela “independência” de Bustos, para além de ter sido eleito membro do colégio da Junta de Freguesia criada em 18 de Fevereiro de 1920.e que daí saiu o seu primeiro presidente da Junta, em 9 de Maio de 1920.
Figura incontornável. Tem sido tão esquecida como a placa que foi retirada do antigo Salão do Bustos Sonoro Cine. O Bustos do 25 de Abril deve uma justa homenagem à Memória de Jacinto dos Louros.
Notícias de Bustos não deixa apagar da Memória Colectiva a Figura de Jacinto Simões dos Louros
[Tarda a afixação da sua foto em lugar de destaque na Casa - Junta - da Freguesia. E do Deputado António da Costa Ferreira que no Parlamento pugnou pela criação da Freguesia de Bustos também tem uma homenagem a haver.. ]
(Sérgio Micaelo Ferreira)

[1] O grafismo bustuense não é consensual. Compreende-se, já que se desconhece a origem concreta do termo.
Não terá chegado o momento de se adoptar um?. Arsénio Mota e filólogos que se pre(o)nunciem.. de borla.

ARTE MOLECULAR EM CONVÍVIO COM BUSTOS

Os quadros da exposição resultam da recriação artística do Nuno Micaêlo construída durante o seu trabalho de investigação dedicada ao “estudo teórico e computacional das propriedades catalíticas das enzimas em meios não aquosos”, o escopo da tese do seu Doutoramento.
Para além da sensibilidade plástica transmitida, cada quadro parece “contar” uma parcela da história do ser vivo.
A inauguração na Garfos & Letras, ali próximo dos Clérigos, proporcionou um encontro de amigos e compagnons de route do Nuno. Bustos também marcou presença, a Elisabete Silva, também a percorrer a maratona de Doutoramento, lá estava a dar uma mãozinha de apoio. Recordou o tempo de colaboradora do Orfeão de Bustos. O Arsénio Mota abriu o livro deu uma achega na área de jornalismo. A Margarida, portuense de estaca, que desdobrava o seu saber e sentir artístico, era a repórter fotográfica ao serviço do irmão. E a Clara Guitas, parece ter dito “Sou de Bustos … não regateio o meu apoio aos da minha terra”.
Ainda se falou no progressivo desaparecimento da ruralidade de Bustos, em nome de … (isso é outra história)
Entretanto, fomos surpreendidos pelo juntório de intrões do ADN, citocromo c3, ferritinas, molécula da água encapsulada, enzimas que pretendiam reclamar para si o êxito da exposição. Argumentavam que eram eles que tinham dado o corpo aos quadros e a prová-lo, estavam expostos, completamente desnudados. A manifestação acalmou ao despontar um grupo munido de umas saborosas taliscas do pata negra acompanhadas de um chardonnay – sauvigon ou sumos.
A exposição continua patente na Garfos & Letras até 12 de Março.
Para além da 'Arte Molecular' a Casa merece ser visitada.
Nota: 1) Para edição estão dois trabalhos em carteira de protagonistas que não passaram pelos bancos da universidade. A falta de prometidas fotos impedem a sua publicação.
(Sérgio Micaelo Ferreira)

11 de janeiro de 2006

TROVISCAL: INAUGURAÇÃO APRESSADA

Dois meses depois de ter sido inaugurado pelo Sr Presidente da República, Jorge Sampaio, o museu de Etnomúsica da Bairrada, localizado no Troviscal, fechou portas.
Afinal obra ainda não tinha sido formalmente entregue pelo empreiteiro que se encontra em situação de pré-falência.
Vale a pena ler a notícia do “Jornal de Notícias”, aqui.

9 de janeiro de 2006

INTERVALO PARA UMA CITAÇÃO

«Nenhum Presidente da República pode assegurar a mudança, mas um Presidente mal escolhido pode impedi-la. Um Presidente não tem poderes para fazer tudo, mas tem poderes para estragar quase tudo.»

Medina Carreira, Lusa, 8 de Janeiro (mandatário distrital do Prof. Cavaco Silva)

7 de janeiro de 2006

CONFISSÕES DUM COMBATENTE

ou
O Homem do Ano, pelas piores razões


Meu Querido Amigo Dr. Acílio Gala:
Enquanto o conheci a presidir à Câmara e lá se foram 13 anos das minhas obrigações cívicas concelhias, o Sr. foi sempre o último a rir. Trabalhador incansável, organizado, competente e astuto – muito astuto mesmo – o Sr. levou sempre, mas sempre, a água ao seu moinho.

Enquanto Presidente nunca lhe vi aprovada qualquer proposta dos outros; refiro-me às que eram apresentadas e votadas na Assembleia Municipal e cujo conteúdo procurava consagrar os anseios dos seus munícipes.
Apesar disso, foram sempre as suas propostas e iniciativas que vingaram, fruto exclusivo das suas brilhantes ideias, que até o foram muitas vezes.

O Sr. ouviu muitas opiniões dos deputados da Assembleia mas raramente as escutava, para não ter de lhe dizer que as mais das vezes fazia orelhas moucas; ou então, fazia gala da sua astúcia de velha raposa do deserto (de Moçâmedes?), reciclando-as ao seu estilo e ideologia.

Claro que já deve ter percebido do que lhe estou a falar.
À cautela, recordo-lhe a dolorosa peripécia que ainda hoje ensombra o Monumento aos mortos do seu ultramar, ou lá como é que lhe chamou, que “Monumento aos ex-Combatentes da Guerra Colonial” é que ele não é.
Sim, ensombra-o e ensombra-me.
Sabe, eu tenho de viver o drama diário de passar ao lado daquele espaço e não são poucas as vezes que lá me detenho por momentos; como lhe prometi na altura, saiba também que o faço sempre defronte à face poente do ferrugento ferro, a lembrar muito apropriadamente a ferrugem das armas e dos metais dos esquecidos tempos da guerra colonial.
Olhe: é na face poente (tinha que ser a que está virada para Bustos) que estão gravados os nomes dos meus ex-camaradas caídos em combate.
Fazendo vista grossa à salgalhada que é o contexto espacio-temporal do monumento, encontro apenas (na face poente, que a do nascente é da sua lavra) um conhecido verso de Camões a encimar a lista dos onze nossos camaradas concelhios mortos nas principais 3 ex-colónias africanas:
E aqueles que por obras valerosas
Se vão da lei da morte libertando

Esta face é a nossa e mais não lhe digo porque, que eu saiba, fomos aqueles onze e mais uns quantos a vestir o camuflado que a gente esfarrapava ingloriamente nas duras matas e bolanhas e depois tapava com os largos adesivos do enfermeiro do grupo de combate, quantas vezes para estancar o sangue ingloriamente derramado.

Pois fique sabendo, meu Amigo, que é essa visão que me levou a abandonar o revisionismo reformista, filho dilecto do economicismo socrático dos dias correntes.
Deixei-me de comodismos e de desejos de agradar e (porque não?) regressei aos meus anos 60/70, os do querido M. Bakunine.
A esse mesmo! Ao anarquista do séc. IX que escrevia:
“A SALVAÇÃO PÚBLICA NÃO DEPENDE JÁ DO ESTADO MAS DA REVOLUÇÃO”.
*
oscardebustos, o que nos “bate-estradas” enviados do mato à Família e Amigos se assinava:
Oscar Aires dos Santos
Alferes Miliciano
SPM 6276

6 de janeiro de 2006

DIA DE REIS

Hoje é Dia de Reis, o dia mais marcante na minha memória da Aldeia onde nasci.
Sim, o Cortejo dos Reis dos meus quase 6 anitos foi uma celebração verdadeiramente inesquecível e inenarrável porque nos trouxe, olhos adentro, a 1ª verdadeira pantalha dum povo de pedintes esfomeados e roído pela dureza e amargura dos trabalhos do campo.
Poderia lá o Povo daquela que era então a Aldeia mais Linda do Mundo inteiro e arredores imaginar que, exactamente no dia 4 de Setembro do mesmo ano de 1954, o ditador lá consentiria que o seu delfim avançasse com a 1ª das muitas experiências da que viria a ser, muitos anos depois, a caixinha mágica das nossas desilusões!!

Oh Cortejo dos Reis que passou pelo largo da sede da velha Junta, ali onde a feira dos 9 e 22 começava e o mundo se acabava!
Oh Cortejo, dos Reis que nem sonhavam que o camartelo do progresso os abateria um dia na emboscada de Alcácer Quibir!

- Mas deixem-me que eu cante
de pé no meio do país amado.
- Deixem-me que
Eu cantarei os homens assentados
Nas cadeiras de chuva sobre a dor

O Cortejo daqueles Reis foi um gozo palpitante e encantador para os bandos de miudagem maioritariamente descalça e onde éramos todos ora “polícias” ora “ladrões”!
Eu recordo-vos, oh companheiros desses bandos:

O Zé Bento, que era meu vizinho e um dia haveria de regressar derramado de Moçambique, juntou-se do alto dos seus 18 anitos de mecânico abispado ao amigo e vizinho Zé dos Moras, para juntos iniciarem a construção do único avião que se passeou imponente pelas ruas da minha Aldeia ainda não era meio Dia de Reis de 1954.

Foi na oficina de mecânica do aveirense Armando Maia, junto à serração do Tribuna e ali à beirinha da estrada que levava para Palhaça ou Cantanhede, que os dois conceberam aquela maravilha nunca vista: durou-lhes 2 meses a árdua mas imaginativa tarefa, que a dureza da oficina ou a dos grandes e muitos campos do Ti Zé Mora só lhes deixava livres umas horitas dos seus sonos.

Enquanto soldavam e pregavam a estrutura do avião e engendravam os seus mecanismos, as irmãs e amigas costurandeiras iam cosendo os 36 metros do pano-cru que haveria de cobrir o maravilhoso avião. Tinha 4 metros de envergadura, duas rodas à frente e uma atrás, aquelas da carreta do motor de rega do meu primo Adélio e esta ofertada pelo pai do engravatado Jaimito, que o carrinho de brincar chegado há pouco da Califórnia já o tínhamos desmontado todo para desespero do pai Rosendo…
O motor, esse era o da rega, um “Koworn Bernard” da minha Ti Rosa Figueireda, se calhar levada ao engano pelo calmo filho a quem muito mais tarde a morte levaria no El Dorado.

Mas ouçamos o Zé Bento, que a memória vivida nas Africas é das que se agarram à pele macilenta das constantes doses do quinino: o avião era movido a motor de rega com tracção por correia plana, ligada a uma “poli”, que por sua vez movia o veio da hélice dupla. Na sua rotação mecânica, eram as duas hélices que puxavam o avião pela estrada.

Vêm como aquela maravilha era um avião de verdade, a voar rente ao chão de macadame da que veio a ser Rua Jacinto dos Louros?
E nós, os pequenos Príncipes do último voo do Saint-Exupéry, a desejar que ele nos levasse aos céus dos nossos baptismos de voo…
A mim custou-me cara a espera, que ainda era cedo para ser sugado pelos ventos da guerra nas várias Áfricas...

Ah, até as duas pás da hélice eram em tamanho natural; o focinho – esse - imitava na perfeição os aviões dos grandes pioneiros, do Lindberg aos nossos Gago Coutinho e Sacadura Cabral, que no caso daquele dia mágico eram nada mais nada menos que os dois Zés amigos do peito, cada um com o seu passa-montanha e óculos, naquela cor castanha usada pelo piloto-aviador da Gafanha da Nazaré e que lhos emprestara depois da madruguenta e fria viagem dos dois na Java do Manuel dos Moras.

Que gozo e quanta alegria!
Oh maravilha das maravilhas, eu que passei a procurar-te quando já dormias na grande garagem do Ti Zé Mora, ali ao pezinho do largo da Póvoa e onde só por magia entravas mesmo à justa!
Mesmo hoje, quando olho para aquele modernaço Largo do Rossio da Póvoa, ainda sonho com o avião de lona e coberto de pó que os irmãos Manuel, Zé e Adélio foram cuidando até que se perdeu esfarrapado na memória dos tempos.
Ainda me vejo subir o escadote, entrar na carlinga e, agarrado ao volante dos meus 6 e mais anitos, a fazer VRUUUM! VRUUUM! VRUUUM!
*
O meu pai foi-se embora faz hoje um ano.
Morreu neste dia para que eu mantivesse SEMPRE a memória do
DIA DOS REIS
oscardebustos

5 de janeiro de 2006

2005: PERSONALIDADES DO ANO

E entre nós, vila pequenina, qual foi a personalidade que mais marcou o “nosso” ano de 2005?
Não foi o Pároco que continuou ausente da nossa vida cívica, limitando-se em especiais momentos a enviar mensagens. Já entre os líderes políticos ou associativos o nome do Presidente da UDB, Fernando Vieira, torna-se incontornável. Impôs-se com a sua luta pela construção do Parque Desportivo. Personificou a ruptura política do ano fazendo intervenções públicas contundentes e publicando nos jornais múltiplos artigos de opinião. O nosso médico e dirigente desportivo foi a personalidade política mais marcante de 2005. (Há até quem pense que a ele se deve a derrota do CDS.)

Alargando a busca ao conjunto da nossa comunidade outro nome se impõe: Milton Costa.

"Vamos falar com cuidado

Pois há gente que não gosta

E vejam o que aconteceu

Ao Dr. Milton Costa"

"Que por falar as verdades

E por levar a melhor

Teve sérias dificuldades

Com o plano pormenor"

Assim versejava a Cegada de Bustos no passado Carnaval. O Professor Catedrático da Universidade de Coimbra, o microbiólogo tinha-se transformado em quadra popular. Alcançara o doutoramento na universidade da cidadania, era celebrado como exemplo. Não se calara antes do Tribunal lhe reconhecer o direito a ser livre e ter opinião, não se calou ao longo de todo o ano.
Escreveu e espalhou manifestos, organizou o Fórum, foi um dos principais impulsionadores da homenagem a Carlos Luzio e da edição do livro “Pescador de Sonhos”, esteve sempre activo e presente. Foi a voz crítica, destemida e solitária que mais agitou a nossa pacata existência.

BC

4 de janeiro de 2006

2005: O ANO DE DUAS MULHERES

O ano findo assinalou a afirmação política de duas mulheres, Laura Pires e Leontina Novo, o que é obra de vulto neste concelho tradicionalmente dominado pelos homens.
Laura Pires conseguiu conquistar a concelhia do PSD, fazer da festa do casamento uma demonstração de força política, escolher o candidato à presidência do Município e ganhar a eleição. Terminou o ano como vereadora da cultura. Um ano perfeito!
O mais difícil está para acontecer, fazer obra, animar o periclitante ser. Talvez fosse aconselhável (é só uma ideia), que a nova vereadora promovesse uma reflexão sobre a dinâmica cultural do nosso concelho. Seria útil compreender esta nossa existência cultural, cívica, desportiva e recreativa disseminada por vários pólos que não se atraem.... Tudo porque não há uma centralidade forte que os una ou dinamize, o que decorre do facto de Oliveira do Bairro não ser verdadeiramente uma cidade. Não porque lhe faltem prédios, semáforos ou rotundas, mas porque não tem massa crítica.

Leontina Novo começou o ano como vereadora da cultura do elenco camarário presidido por Acílio Gala (CDS). Viu os seus méritos políticos reconhecidos quando os seus pares a escolheram como a candidata do partido para disputar a presidência da autarquia. Os mais cínicos dizem ter-se tratado de artimanha masculina (tresandava a fim de ciclo político), pois o repto era muito difícil e exigente. Leontina não virou a cara, foi à luta de peito aberto, sem recusar qualquer desafio. Foi incansável, perdeu a eleição mas ninguém lhe poder apontar a mínima culpa. Passou pela derrota com igual dignidade, continuou activa e sempre presente (como fez na homenagem a Arsénio Mota), mostrando que o seu empenho político, a sua luta cívica vão muito para lá de uma mera eleição. E que não é desonra estar na oposição.

Laura Pires e Leontina Novo, duas mulheres que marcaram o ano, dois nomes que ficarão associados ao fim do domínio masculino na política regional. Que o seu exemplo frutifique em 2006!

BC

3 de janeiro de 2006

2005 EM RELANCE

Em 2005 Bustos assinalou o seu 85º aniversário. Os festejos oficiais não tiveram o brilho que a data justificava ( ver texto do blogue) e nenhum acontecimento de índole cultural ou recreativa foi oferecido à população. Mas à falta de iniciativa e dinamismo dos políticos respondeu a sociedade marcando o ano com múltiplas iniciativas.

Vamos lá segundo as folhas do calendário.
Janeiro começou com a entrada em laboração da Labicer, uma indústria inovadora e tecnologicamente evoluída num parque industrial muito tradicional e demasiado dependente do barro. Cantou-se as Janeiras e chegou a internet gratuita à Junta de Freguesia, mas nada foi feito para se dinamizar e rentabilizar este novo equipamento.
Fevereiro foi o Mês de Bustos (aqui assim chamado e celebrado) e o mês das eleições legislativas que deram ao Partido Socialista a maioria absoluta no Parlamento. Março foi mês de franca acalmia, com as eleições do ABC a serem adiadas. Da associação ambientalista “Chão Verde” houve notícia no mês de Abril quando da eleição do novo presidente, Fernando Silva, que logo depois desapareceu nunca mais dando novas ou opinião.
Em Maio tudo voltou a animar com a realização do festival de música popular Cantabus e a eleição da nova direcção do ABC presidia por João Oliveira Martins. O momento político do ano aconteceu em Junho quando o Presidente da UDB, Fernando Vieira, entrou em conflito com o CDS e o Presidente da Junta, chegando a falar de traição. Iniciou-se uma “guerra” em defesa da construção do novo parque desportivo da União Desportiva.
Com o reencontro de amigos no Fórum, os tradicionais festejos do S. Lourenço e demais santidades lá se passaram as férias de Agosto. Os 57 anos da UDB foram assinalados com festa e jogos em Lisboa contra Os Belenenses, num mês de Setembro assinalado ainda pela divulgação da fotografia de Jacinto dos Louros. Outubro começou com a homenagem e lançamento do livro póstumo de Carlos Lúzio, “Pescador de Sonhos,” e acabou por ser dominado pelas Eleições Autárquicas com o consequente regresso do PSD à liderança do município. De uma só penada o Presidente Pereira perdia a protecção e apoio político da Câmara e via esfumar-se a ampla maioria absoluta que antes o apoiara.
Depois da disputa política ter estado ao rubro (até surgiu um blogue de gente anónima com o único intuito de participar na campanha), Novembro foi o mês do reencontro, do encerramento do ciclo eleitoral. No sábado, dia 19, todos os adversários se encontraram no almoço-homenagem que celebrou os 50 anos da vida literária de Arsénio Mota. Fechou-se o ano com uma bela prova de maturidade política e cívica. Uma celebração de bairrismo.

BC

ARTE MOLECULAR NA GARFOS & LETRAS - PORTO


(Confronte "Investigador Nuno Micaelo «pinta» Arte … Molecular", in BUSTOS - do passado e do presente, 24.03.2005)
O investigador Nuno Micaêlo, estudante de doutoramento no Instituto de Tecnologia Química e Biológica de Oeiras, expõe no espaço Garfos e Letras, Porto (Rua Cândido dos Reis, 18) de 12 de Janeiro a 12 de Março, 2006, o seu projecto artístico de Ciência e Arte.
A exposição intitulada "Arte Molecular" pretende levar ao grande público uma perspectiva molecular da realidade da vida. Única do género a ser exposta em Portugal, o autor apresenta recriações digitais da estrutura das moléculas, obtidas no decurso de pesquisas científicas. As obras pretendem confrontar os cientistas com o seu próprio objecto de trabalho bem como promover o diálogo com a comunidade artística e o público em geral, distinto das actividades formais de divulgação de Ciência.
O visitante é convidado a uma reflexão única sobre a biologia de nós próprios e da vida que nos rodeia.
Nuno Micaelo, Licenciado em Biologia pela Universidade de Aveiro, concluiu os seus estudos de licenciatura como estudante ERASMUS no laboratório de expressão génica na Universidade de Aarhus, Dinamarca, em 2002.
Nesse mesmo ano inicia a sua carreira de investigação como bolseiro no grupo de Modelação de Proteínas do Instituto de Tecnologia Química e Biológica (ITQB), e em 2003 inicia a sua tese de Doutoramento sobre o estudo teórico e computacional das propriedades catalíticas das enzimas em meios não aquosos.
Para além da publicação em revistas científicas, participa em projectos de divulgação científica para o público em geral integrados em acções de divulgação de ciência, e desenvolve ilustrações artísticas para revistas, publicações e eventos.
Desde 2003 iniciou um projecto individual sobre o estudo e a exploração de novos métodos de representação molecular numa perspectiva plástica, desenvolvendo novas técnicas e abordagens de interpretação das estruturas moleculares das proteínas e ADN.
Expõe pela primeira vez a título individual para o grande público em Novembro de 2004 no Centro Cultural de Belém e possui uma exposição residente no ITQB. Galeria on-line: http://www.itqb.unl.pt/~micaelo/art/
Contactos:
Nuno Miguel da Silva Micaêlo
Instituto de Tecnologia Química e Biológica
Apartado 127
2781-901 Oeiras
Telefone: 214469613
Fax: 214411277
Galeria on-line: http://www.itqb.unl.pt/~micaelo/art/
...
Nota do editor:
Impõe-se "um treino à Barrilito" na Garfos & Livros.

1 de janeiro de 2006

MENINO JESUS VOLTA A ATACAR


Pensavam que o Milton Costa se tinha ficado pelo livro sobre o mágico autor de "Corto Maltese? Engano vosso!!
Estava o ano a despedir-se e lá me trouxe ele a casa as prometidas garrafas. Sim, porque como diz o ditado, "o prometido é devidro".
Aliás, a prova está aqui -->
E agora pergunto: levo-as para os treinos no Barrilito? (ver texto de 27.12.2005: "Toda a Verdade Sobre o Menino Jesus")
Fui aconselhado a não o fazer. Não porque o treinador Agostinho seja contra; pelo contrário, até lhe dá gozo provar pomada de arribação.
O problema está nos seus atletas, para quem qualquer unguento serve!!
- Já viste o que era servir néctar dos deuses àqueles Colegas com a vasilha mais cravada de sarro?
Palavras do Senhor.
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oscardebustos
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P.S. (salvo seja!): chamo a atenção para a 2ª botelha a contar da esquerda (tinha que ser): de seu nome CHATEAUNEUF-DU-PAPE, nasceu em 2000 nas Côtes du Rhône, terras gaulesas, já se vê.
Como diria o Lenine: Que Fazer?