Domingo, 29 de Maio – O dia estava cinzento e um pouco ventoso, o que ajudou à falta de brilho do desfile inaugural do Cantábus que levou a música popular à Praça Vermelha (também conhecida por Largo da Igreja) na tarde do último domingo. A comitiva, partindo do Sobreiro, percorreu a rua Jacinto dos Louros de forma algo desconjuntada e sem encenação cuidada ou qualquer espontaneidade. Não fora a alegria dos gaiteiros dos Popularis, atirados para o fim do cortejo, e este teria sido tétrico. Foi esquisito, mas tudo tem uma explicação. Na frente…
30 de maio de 2005
FIM DE SEMANA EM DESFILE
Domingo, 29 de Maio – O dia estava cinzento e um pouco ventoso, o que ajudou à falta de brilho do desfile inaugural do Cantábus que levou a música popular à Praça Vermelha (também conhecida por Largo da Igreja) na tarde do último domingo. A comitiva, partindo do Sobreiro, percorreu a rua Jacinto dos Louros de forma algo desconjuntada e sem encenação cuidada ou qualquer espontaneidade. Não fora a alegria dos gaiteiros dos Popularis, atirados para o fim do cortejo, e este teria sido tétrico. Foi esquisito, mas tudo tem uma explicação. Na frente…
A abrir, logo depois da bandeira do Orfeão, dois políticos exibiam suas figuras caminhando lado a lado. Leontina Novo (vereadora e candidata à presidência da Câmara) e Manuel Pereira (candidato e presidente da Junta de Freguesia) passeavam a ânsia pelo poder, rentabilizando o investimento, o patrocínio dado ao festival.
O autarca que sempre foi convidado a participar nas actividades do Orfeão (encerramento das actividades lectivas da escola de música, concerto de Natal, Concerto de Páscoa, etc.) e nunca esteve presente, desta vez apareceu. O autarca que não quis promover o encontro e convívio das várias Associações da Freguesia, marchava qual inocente menino do coro. Pronto para o canto, desejoso de mais um mandato à frente da Freguesia. O autarca que recusou homenagear ilustres bustuenses como Hilário Costa e Arsénio Mota exibia toda a sua vaidade e oportunismo. Logo depois da bandeira, bem na frente da comitiva, antes mesmo dos músicos e cantores.
Perante tão escandaloso exibicionismo Leontina nunca se deixou intimidar, mostrando a carteira com redobrada energia, palmilhando o asfalto com os seus bicudos sapatos, tudo em cor de rosa “shocking”, resplandecente.
Enfim, artistas!
AINDA SOBRE O ARTIGO DE REGINA ALVES “Memórias em Recuperação com Clara Aires”
28 de maio de 2005
POSTAL DO ROSSIO - 7 «» Bustos no roteiro de Branquinho da Fonseca (4.05.1905, Mortágua (*) Cascais, 16.05.1974)
Os foguetes “tróis-tróis” do Ilídio ouvem-se ali para os lados do Sobreiro. Branquinho da Fonseca tinha chegado ao indefinido termo do Sobreiro. O Austin arrasta-se esfalfado com o peso de umas centenas de livros destinados à Jóia da Coroa [Biblioteca Fixa nº 26].
O Arsénio Mota, sentado na Secretária da “Sala de Leitura”, escreve um memorandum a requisitar uma revista de Cultura Árabe recentemente editada pela Fundação Calouste Gulbenkian.
O Dr. Assis interrompe a manipulação de uma receita prescrita pelo Dr. Heitor e irrompe pela cozinha do Piri-Piri a avisar a Ti Maria que apronte a chanfana.
O Abel Martins (Serralheiro) pede ao Necas (Zé Pedro) que o substitua no trabalho do torno na INF (Indústria Nacional de Ferramentas).[O patrão, Manuel Simões dos Santos (da Barroca], também era um "súcia" do grupo].
Os tiros da pólvora tinham provocado o corrupio para a “Sala da Leitura”.
Branquinho da Fonseca estaciona o carro em frente ao consultório do Dr. Jorge, que ao som da buzinadela, saía a correr do consultório, juntando-se aos parceiros da Comissão de Melhoramentos.
Os abraços misturam-se com embrulhos e guias de entrega.
Na sua calma, o Abel confere e rubrica
As estantes e os mapas de movimento são catrapiscados pelo “Barão”. O ar de satisfação é a moeda de troca dos bons resultados do movimento da biblioteca.
Branquinho da Fonseca faz uma pausa, risca no ar um arco atlântico com o braço e avança: “Oh Arsénio, oh Assis arranjem uma associação que a Fundação dá todo o apoio… Porque esperam?”. [Arsénio (Mota) já conversava com o escritor coimbrão e universal em patamar mais elevado da literatura.]
Magica o Dr. Assis: “e quem vence o entrave?”. Os ares de Oliveira do Bairro e de Aveiro permanecem inquinados. Ainda há pouco, o nome do Eng. Neo Pato havia sido riscado da Direcção do Orfeão de Águeda. Era persona non grata.
No Piri-Piri, a chanfana preparada com a mestria da Ti Maria, abria a sessão de mais um colóquio sobre as correntes literárias. A Presença já tinha voado.
Nos tempos difíceis da década de 1960, o Amigo de Bustos, o Poeta presencista e de acção, ajudou a criar e a desenvolver a Biblioteca Fixa nº 26.
José Maria Branquinho da Fonseca partiu.
O centenário do seu nascimento foi ignorado.
A Placa a assinalar a Biblioteca Fixa evaporou-se. [Está em Oliveira do Bairro. Até quando?]
Sérgio Micaelo Ferreira (ficção&realidades)
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Excerto de "O Barão":
"Não gosto de viajar. Mas sou inspector das escolas de instrução primária e tenho obrigação de correr constantemente todo o País. Ando no caminho da bela aventura, da sensação nova e feliz, como um cavaleiro andante. Na verdade lembro-me de alguns momentos agradáveis, de que tenho saudades, e espero ainda encontrar outros que me deixem novas saudades."
(in Branquinho da Fonseca, Barão. Lisboa: Relógio d'Água, 1998)
«»
Prémio Branquinho da Fonseca:
Encerra a 31 de Maio o concurso promovido pelo Expresso/Gulbenkian nas duas modalidades – obras de literatura para a infância e para a juventude.
Consultar
[Rossio da Póvoa, um topónimo a recuperar]
27 de maio de 2005
Memórias em Recuperação com Clara Aires
Obviamente falamos de Clara Aires, mulher decidida, apaixonada, exigente e que pelo rigor que o seu trabalho lhe exige, nem sempre é compreendida. Todos os fins-de-semana percorre Bustos de uma ponta à outra, na incansável esperança de mais… mais uma peça, mais um testemunho, mais uma flor, mais uma fotografia mas mais… mais qualquer coisa que lhe permita crescer nesta busca incessante pelo conhecimento dos costumes e trajes característicos da sua terra.
Conheço a Clara (sem preconceitos de títulos, que a sua obra é mais importante que qualquer título académico) há apenas 7 anos, e de perto pude acompanhar muito do seu trabalho, as suas preocupações e obstáculos, as suas motivações e conquistas. Hoje quando ao telefone para acertarmos algumas ideias sobre os quadros etnográficos a apresentar no Cantábus 2005 – Festival de Música Tradicional, não resisti a conduzir uma pequena entrevista que há tempo tinha pretensão de concretizar.
Calmamente as perguntas e respostas foram-se sucedendo. Foi com grande interesse que fui ouvindo o que tinha para me dizer. Frisou por diversas vezes que, embora tenha iniciado o trabalho de recolha e pesquisa há 16 anos, considera que é há cerca de 4 anos que tem trabalhado com os conhecimentos que lhe permitem, como a própria diz “errar menos”. O rigor na obtenção de materais adequados, o aconselhamento com pessoas com os mesmos interesses e o recurso a artesãos, alfaiate e modista de confiança, têm sido indispensáveis para o sucesso do trabalho da nossa conterrânea.
Há sempre alguns obstáculos que se levantam na reconstituição dos seus quadros etnográficos. Alguns deles relacionam-se com a composição dos próprios tecidos, os quais, por exemplo, hoje raramente são 100% lã ou 100% algodão. A dificuldade em identificar as características exactas das roupas em fotografia faz com que, por vezes, tenha de recorrer ao pedido de mais informações ou mesmo recorrer a auxiliares de visão como a lupa. É um trabalho de paciência e dedicação!
Como repetidamente me diz também “eu não faço nada sozinha”. Esta sua afirmação é sincera e quanto a mim de especial significado. Se por um lado revela o interesse que tem em ter a certeza que o seu trabalho é uma reconstituição fiel do passado, trocando impressões com várias pessoas, por outro, a frase revela também que é um trabalho de grande dimensão que necessita do contributo de todos os bustoenses e tantos quanto se lhe possam juntar. A participação em Congressos de Etnografia em Coimbra e o aconselhamento com pessoas de reconhecida credibilidade na área da etnografia, nomeadamente, José Maria Marques ( de Sever de Vouga e já falecido) e Messias da Silva (Pampilhosa), têm-lhe dado o alento necessário para conduzir a sua pesquisa e trabalhos de reconstituição de forma cada vez mais exigente e confiante.
O importante seria, de facto, criar nas pessoas em geral, o gosto pela preservação dos bens e tradições. A negação do passado empobrece o presente. Precisamos de conhecer o passado, de o comparar com o presente, de concluir o que ganhamos e o que perdemos. Sem essa atitude não deixamos de cair sempre nos mesmos erros. Quando se diz que os “portugueses têm a memória curta” sabemos que essa verdade tem tido o seu preço! E a verdade é que não há vantagens em subtrair o tempo. Há vantagens em entendê-lo e actuar em função dessa aprendizagem.
Talvez consciente da importância do seu trabalho, tem desenvolvido várias acções junto das escolas primárias, com finalidade pedagógica. Acredita que pode enriquecer as crianças e criar nelas a respeitabilidade necessária para que se possa apreciar e dar valor às recolhas e reconstituições realizadas.
Falámos também dos trabalhos que já apresentou em público, e lembra-se perfeitamente que o primeiro foi com os Cantares Populares. Com a associação Orfeão de Bustos a colaboração tem sido muito frequente e irá, inclusive, a convite da Direcção da mesma apresentar no Cantábus 2005 por ocasião do desfile, aquele que considera ser o trabalho de maior rigor apresentado até hoje.
Clara Aires colaborou ainda em diversas acções com escritores, Junta de Freguesia de Bustos, Escolas, Associações de Solidariedade Social, Cortejos, etc.
O meu desejo, e acredito que o de Clara Aires e de muitos bustoenses também, será o de poder ver, mais tarde ou mais cedo, o resultado de uma recolha tão rica, importante e necessária, num local digno onde todos possamos ir beber um pouco da sabedoria popular através da contemplação e aprendizagem com a reconstituição de trajes e costumes de um Bustos que se situa entre finais do sec XIX e princípios do sec XX, período onde residem as últimas referências do traje característicamente português.
POSTAL DO ROSSIO – 6 (#) UNIÃO DESPORTIVAMENTE DE BUSTOS EM 5º LUGAR
As saudações desportivas. Para além do precioso nicho da Formação, o Departamento Sénior da UDB merece uma boa adiafa.
Parabéns endereçados ao vencedor da Zona: Grupo Desportivo da Mealhada.
Excerto da crónica
O que perde o futebol não é o jogo propriamente dito, mas todo o barulho que se faz à volta dele. É impossível a gente alhear-se do futebol, falado, comentado, transmitido, relatado, visto, ouvido, apostado, gritado, uivado, ladrado, festejado, bebido. O futebol passa deste modo a ser uma chateação permanente. É que não há tasca, pastelaria, sala de jogos, barbearia, recanto de jardim público, quiosque, bomba de gasolina, restaurante, Assembleia da República, supermercado, hipermercado, livraria, loja, montra, escritório, colégio, oficina, fábrica, habitação, diria até, onde, de algum modo, não se ouça falar do jogo que decorre, decorreu ou decorrerá. Quando há transmissão via TV ou Rádio, então a infernização é total.
Depois, aparecem os jornais desportivos e os jornais não desportivos, os críticos, os especialistas, os entrevistadores, os grandes títulos verdadeiramente idiotas, como o da presente crónica, para não me furtar ao exemplo.
Enfim, o País fica futebol.
(…)
É grave? Não é grave? Sei lá. Verifico, apenas, que é assim por toda a parte. E isto massacra, desgosta, faz perder a razoabilidade, a isenção, o bom senso, a simples tineta.
*
- ALEXANDRE O'NEILL (1924-1986) (in «Jornal de Letras», 19.5.1984;
- in «Coração Acordeão», edição de Vasco Rosa, «O Independente», com o Patrocínio da Fundação Oriente, Lisboa, 2004)
extraído de http://members.netmadeira.com/
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* Sérgio Micaelo Ferreira
[Rossio da Póvoa, um topónimo a recuperar]
25 de maio de 2005
FERREIRA DE CASTRO - EVOCAÇÃO
O homem ama na terra os seus hábitos, se ali reside ou residiu muito tempo; ama a sua casa e o seu agro, se os tem; e, ama sobretudo, a sua infância, que lhe comandará a vida inteira e se amalgama com o drama biológico do envelhecimento e da morte. Ama esse período da sua existência por saber que jamais voltará a vivê-lo; e essa certeza de irrecuperabilidade embeleza-lhe o cenário nativo e valoriza-lhe os anos infantis, mesmo se neles conheceu a miséria, os trabalhos prematuros, as opressões e as humilhações impostas pelos adultos.
Não importa que a sua aldeia seja bela ou muito feia seja bela ou muito feia, maior do que uma vila ou minúscula como um vilar, mimosa como uma horta pegada a um jardim ou áspera como um cerro pedregoso e nu; que exponha crianças sujas, misturadas com porcos e cães na lama das congostas, durante o Inverno, ou flores sobre os muros populares, na luz de cada Primavera. Ele dar-lhe-á o seu carinho através de tudo. Inteiramente alheio ao sentido de nacionalidade e ao patriotismo, pode odiar os vizinhos ou invejar os mais abastados de bens e de espírito; mas o pueril amor pela sua aldeia será sempre sincero, desconvencional e único, porque ao amá-la é a si próprio que ele ama.
Ferreira de Castro (Os Fragmentos)
Salgueiros, (Ossela) 24.05.1898 *29.06.1974. Porto
Percursor do neo-realismo.
“A Selva” (1930) marca o zénite da sua obra.
“Defensor das liberdades e dos direitos humanos, adversário dos regimes fascistas, Ferreira de Castro não teve filiação partidária, nem adoptou uma definição ideológica. Situava-se, contudo, bastante próximo do anarquismo, opção preconizada, mais no plano intelectual do que político, por alguns dos seus mais íntimos amigos, como Jaime Brasil e Assis Esperança. A sua obra, dominada pelos temas sociais é um apelo à tolerância e à fraternidade e um protesto contra as injustiças, as prepotências e atrocidades”, in António Valdemar, Diário de Notícias, “O êxito e o esquecimento” 24.05.1998 .
24 de maio de 2005
POSTAL DO ROSSIO - 5***** PALAVRAS COM VIDA(i)
“Aqueles poucos que andam em busca de palavras sabem-nas esquivas”… “Acaba por ser uma experiência admirável ouvir a terminologia do povo bairradino e poder confirmar os ditos da boca nas páginas credenciadas. O léxico de um Camilo, de um Camilo, de um Carlos de Oliveira e outros mestres da língua aí está, refulgindo em oiro eterno, na emoção de cada descoberta. Pode-se então não parar de rebulir até fazer rasquido uma catrefa de tarantas!
Isto sem fulestrias, mas à labordaça, porque ninguém vai querer ser chona, antes quer ripar sem endróminas uma ucharia das boas sem pagar alborque… Para o preguiçoso do dicionário, mais uma vez será de esclarecer: ripar significa o mesmo que abarbatar até para o maloio capaz de se cativar com qualquer potreia inqualificável…”
Renovo o apelo. Nelson Figueiredo, liberta do segredo a tua recolha dos termos locais.
23 de maio de 2005
CANTÁBUS – Festival de Música Tradicional – NO PRÓXIMO DOMINGO
É já no próximo domingo, dia 29, que se realiza o 1º Festival de Música Popular, Cantábus, organizado pela associação Orfeão de Bustos, que convida toda a população a participar no desfile inaugural que terá lugar às 14 horas. Logo depois o espectáculo contará com a participação de:
VENTOS da RIA (Estarreja); RAÍZES do POVO (Oliveira do Bairro); RODA FOLE (Cantanhede); POPULARIS (Anadia) e CANTARES POPULARES DE BUSTOS (Oliveira do Bairro).
Pelas 14 horas os grupos musicais e populares desfilarão pela Rua Jacinto dos Louros, ao ritmo dos Gaiteiros dos Popularis, indo até ao largo da Igreja (também conhecido por Praça Vermelha), onde as várias actuações irão ter lugar. Num ambiente de alegria e tradição portuguesa poderá assistir à exibição dos mais variados instrumentos tradicionais como o adufe, a viola braguesa, o acordeão, o cavaquinho, o bombo, a gaita-de-foles, e tantos outros, assim como a actuações com surpreendente diversidade de ritmos, sonoridades e interpretações.
A não perder.
+ FEIRA DO LIVRO DE AVEIRO
Encerra a 5 de Junho (Domingo)
*
'OS LIVROS DA FEIRA'
Uma colagem a partir de Arsénio Mota, em “Letras sob Protesto”, Campo das Letras, 2003
*
Pertencemos à galáxia de Gutenberg. …
… um fulano sai ao encontro dos livros, muitos livros, e encontra-se com pessoas, mas outras vezes são os livros que nos levam ao encontro das pessoas.
*
Velha feira sempre moça, para ti corremos querendo mergulhar na multidão e naufragamos numa multidão de pessoas. Numa feira cabe muita gente, nos livros cabe todo o mundo – este mundo no seu duplo tamanho: o real e o sonhado.
…
Digam os críticos o que disserem, os livros ainda são as melhores máquinas de ensinar por meio da escrita fonética.
…
Os livros são inesgotáveis como os caminhos do labirinto que construímos para nele nos perdermos. Por isso os livros chegam a incomodar homens finitos em demasia, exactamente porque lhes fazem sentir a finitude. Mas todos os que sentem saudades do infinito não os dispensam.
…
Lêem-se poucos livros em Portugal, lamentavelmente, e o facto tem atirado para o esquecimento obras fugazes que poderemos um dia vir a relembrar. Faltam leitores, posto que se saiba, tautologicamente, que «ler mais é saber mais». Faltam leitores capazes de trespassar a mera «casca» de um livro, a sua banal aparência, e de lhes atingirem a essência …
Aprender a ler ao longo de quanto a vida nos dure ainda é melhor do que saber ler, eis o que nos sugere a multiplicidade das vozes que se faz ouvir nesta polifonia.
22 de maio de 2005
INTERVALO: “Feliz como uma criança”
“Oh! A idade venturosa da infância! Onde há outra mais feliz e mais tranquila, mais sorridente – isto é, mais egoísta?... Em volta de nós podem suceder as piores catástrofes. Se elas nos não arrancam nem os brinquedos nem os bolos, não nos atingem de forma alguma... não as compreendemos sequer...
Quando muito, correm-nos lágrimas vendo chorar as nossas mães. No entanto, é só ainda vagamente que percebemos a dor humana. Por isso as nossas lágrimas secam depressa diante dos brinquedos. E se o quadro em que nos agitamos é risonho, a infância tansforma-se-nos então num jardim maravilhoso.
Para as crianças felizes, só para elas, existe realmente um céu – o céu dos seus primeiros anos”.
Mário de Sá-Carneiro, in 'O Incesto'
POSTAL DO ROSSIO – 4***** PROGRAMA DO CDS/PP PARA O MANDATO 2002/05 (2)
Entretanto a REALIDADE -
Estará chegado o momento de reentrar em cena uma máquina escavadora OU Outra, mas que dê bem nas vistas, para que a propaganda do CDS / PP possa jurar a pé juntos "agora é que vai", numa tentativa manipuladora de angariar mais uns votos.
21 de maio de 2005
Drª LEONTINA NOVO CONFUNDE LOCALIZAÇÃO DE PARQUES EM BUSTOS
(Excerto da entrevista)
JB – "O que pretende fazer em termos ambientais? A política de recuperar os Barreiros de Bustos fracassou. Qual é a solução que aponta?
Dr.ª Leontina Novo – “Como é do conhecimento geral, tentou resolver-se o problema dos Barreiros de Bustos, mas o desfecho acabou em contencioso o que não permitiu que tivesse sido resolvido."
“É meu entendimento que a resolução do problema passa pela negociação entre a Câmara, as empresas, os exploradores de barro e outras entidades interessadas, estabelecendo parcerias e provavelmente recorrendo aos fundos do IV Quadro Comunitário."
O parque de lazer junto ao Parque Desportivo vai ser uma realidade. Terá um circuito de manutenção, parque de merendas, circuitos pedonais, campos de jogos tradicionais, uma pista para desportos radicais e trilhos. Será preservada a vegetação natural da região e criadas condições para a nidificação de pássaros, assim como a requalificação da área envolvente da lagoa, visando a protecção dos utilizadores do Parque."
(O comentário)
Dr. Paulo Alves – “Será que o campo de Jogos no Sobreiro tem lá uma lagoa que eu desconheço ou vão mudar o Parque Desportivo para os Barreiros ou eu não percebi?”
[O corpo da entrevista será tratado em outro momento.]
20 de maio de 2005
*POSTAL DO ROSSIO - 3* PROGRAMA DO CDS/PP PARA O MANDATO 2002/05 (1)
Enquanto se aguarda a confirmação(?) da candidatura do Dr. Levi Malta pelo PSD e antes das máquinas de campanha partidária apresentarem a sua publicidade, proponho uma releitura de alguns excertos do “Programa de Trabalhos do CDS/PP” de Oliveira do Bairro para o “Mandato de 2002 – 2005” e a consequente comparação entre a PROMESSA e o seu INCUMPRIMENTO.
PLANO ESTRATÉGICO DE ACESSIBILIDADES DO CONCELHO DE OLIVEIRA DO BAIRRO
“Os fluxos de pessoas e mercadorias têm para a vida dos cidadãos uma importância semelhante à da circulação do sangue, no corpo humano”
“. Ligação do futuro Nó de Vagos do IC1 à Zona Industrial de Bustos;" – Permanece desconhecida.
“. Ligação da Zona Industrial de Bustos à Zona Industrial de Vila Verde; –
“. ELABORAÇÃO DO PLANO MUNICIPAL DE AMBIENTE, para apoio dos estudos com a revisão do Plano Director Municipal (PDM)” - Permanece Desconhecido
“. Criação do projecto ECO-VALOR;” (Assunto abordado no blogue "Bustos - do passado e do presente")
CRIAÇÃO DE ESPAÇOS VERDES; COM ILUMINAÇÃO PÚBLICA DECORATIVA
“.Ajardinamento da zona envolvente à Igreja de Bustos” – A transformação do Adro na Praça Vermelha, fez-se com perda de dignidade da fronte da Igreja (Assunto abordado no blogue "Bustos - do passado e do presente")
“. Colaboração com as Juntas de Freguesia para a construção de novos espaços de lazer e de merendas.” – Estes Espaços são d
“. Harmonizar o crescimento com qualidade de vida. (Trata-se de um bom intento, não levado à prática)
*
* Sérgio Micaelo Ferreira
19 de maio de 2005
LEONTINA "REZA" POR QUADRO DE APOIO
À interrogação:
«O que pretende fazer em termos ambientais? A política de recuperar os Barreiros de Bustos fracassou. Qual é a solução que aponta?»
A actual vereadora de Cultura responde:
«Como é do conhecimento geral, tentou resolver-se o problema dos Barreiros de Bustos, mas o desfecho acabou em contencioso, o que não permitiu que tivesse sido resolvido.
É meu entendimento que a resolução do problema passa pela negociação entre a Câmara, as empresas, os exploradores de barro e outras entidades interessadas, estabelecendo parcerias e provavelmente recorrendo aos fundos do IV Quadro Comunitário.»
Ora o IV Quadro de Apoio não é o tal que ainda falta confirmar? O tal que mostrará ainda e sempre Portugal de chapéu na mão perante a Europa? E a fazer mais um português rico por cada mais uns milhares de novos pobres?
18 de maio de 2005
POSTAL DO ROSSIO - 2 (0) REPOSIÇÃO DE TOPONÍMIA
Este topónimo, de raiz mergulhada na alma do povo/povão, ainda hoje é mencionado.
O regresso à origem toponímica significaria manter viva uma parcela da Memória colectiva.
O “progre$$o” da terra não seria molestado com a restituição oficial do “Rossio”.
Ou será?
[Rossio da Póvoa, um topónimo a recuperar]
17 de maio de 2005
ABC: Já há candidatos à Direcção
Foi apresentada na sexta-feira, dia 13 de Maio, a lista candidata à Direcção da Associação de Beneficência e Cultura (ABC) de Bustos com a seguinte composição:
Direcção
Presidente: João Martins de Oliveira
Vice-Presidente: Humberto Reis Pedreiras
Secretário: Alcino Caetano da Rosa
Tesoureiro: Fernando Jorge Rito Ferreira
2º Secretário: Jorge Humberto Reis Pedreiras
Vogal: Lino da Silva Soares
Vogal: José Eduardo André Gonçalves dos Santos
Suplentes da Direcção
Daniel Albino dos Santos
Maria de Lurdes Rito
Manuel António Tavares Romão
Manuel Vieira Pernagorda
A Mesa da Assembleia Geral e o Conselho Fiscal são compostos pelos membros já em exercício. A lista para a Direcção do ABC inclui vários membros da Direcção cessante. Os novos membros da lista concorrente são João Oliveira (dos Barrocos), Humberto (Chico) Pedreiras, Lino Soares e Manuel Romão.
A Eleição dos Corpos Gerentes do ABC terá lugar no dia 3 de Junho, pelas 19:00 horas, no Salão Polivalente das Obras Sociais do ABC.
Esperamos que agora estejam reunidas todas as condições para que finalmente se realize a eleição intercalar dos Corpos Gerentes duma Associação que tanto carinho merece dos sócios e dos cidadãos de Bustos. Bem nos lembramos do enorme esforço e da boa vontade do Povo de Bustos em adquirir, inaugurar e manter em actividade o ABC.
Milton Costa
15 de maio de 2005
Crónica: Leontina e o Marquês de Sade
O facto da vereadora da cultura e candidata à presidência da autarquia, Leontina Novo, aconselhar a leitura de Marquês de Sade na “Agenda Cultural” do Município tem provocada a indignação de muita gente. Em texto aqui publicado na passada sexta-feira (“Leontina aconselha ler “Filosofia na Alcova…”) Ars pergunta: “Estará o concelho de Oliveira do Bairro, com esta orientação novíssima, no pulsar do dinamismo, a querer proclamar a mais completa libertinagem sexual e moral (reformulando de passagem todo o sistema de crenças e valores tradicionais da direita partidária)?!”
Pois aqui lhe respondo: SIM!
Com esta novíssima orientação os dirigentes locais do CDS/PP comprovam quão desenvolto está o nosso concelho, quão autênticos podem ser os seus líderes. Os tempos da política hipócrita e beata em que tudo se resumia a construir algumas capelinhas e enfeitá-las com santos e flores de plástico acabou. Finou-se no dia em que Paulo Portas apresentou a demissão para ir servir (n)a América e Acílio Gala se conformou à reforma.
Recebido o testemunho do novo presidente do partido, Ribeiro e Castro, que lhe lembrou a responsabilidade de conservar para o CDS/PP esta derradeira autarquia, Leontina aceitou o desafio com a mais profunda convicção e empenhamento. Vivia ela o sonho da presidência, imaginando-se uma espécie de Joana d’Arc à frente do exército concelhio, lutando pela manutenção do último reduto democrata-cristão, quando o escândalo do “Despacho dos Sobreiros” rebentou. Para Leontina, que piamente acreditara em Paulo Portas quando este, de lábios trementes, proclamava a “virtude” e o “sentido de estado” dos ministros do CDS/PP, foi descobrir uma nova e dura realidade, viver um pesadelo traumático.
Então não é que os jornais anunciam detenções e processos judiciais falando de indícios de corrupção, tráfico de influências e favorecimento, envolvendo os ministros tão ostensivamente proclamados de “impolutos”!!!
Então não é que se descobre que membros do anterior governo, já depois de derrotados nas eleições, ou três dias antes da sua realização, assinam despachos envolvendo muitos milhares (milhões?) de contos!!!
Então não é que ministros “virtuosos” adjudicam empreitadas a empresas que pertencem a colegas ou antigos colegas de governo!!!
Então não é que ministros com “sentido de estado” são capazes de, no interesse de amigos, alterar as datas de documentos oficiais!!!
Então não é que ministros de um governo demitido vendem património do Estado a “preços de favor” e aproveitam o período de transição para conceder autorizações especiais e atribuir valiosas licenças em sectores e áreas submetidas a condicionamento!!!
A procissão, neste caso, ainda vai no adro mas para quem sempre acreditou nas palavras de Paulo Portas e nas virtudes de homens como Luís Nobre Guedes, Telmo Correia e Costa Neves, foi mais do que um simples choque. Foi um abalo tremendo, o desabar de um mundo de convicções, o fim de todas as certezas, uma hecatombe!
Terá assim então, incapaz de se refazer do choque, que Leontina Novo começou a ler e aconselhar a leitura de Marquês de Sade. E eu, solidário, bem a compreendo. Pelo menos Donatien Alphonse François de Sade nunca foi homem de proclamar virtudes. Foi honesto quando escreveu: "A primeira lei que a natureza me impõe é gozar à custa seja de quem for." Foi clarividente quando afirmou: “Não há outro inferno para o homem além da estupidez ou da maldade dos seus semelhantes.”
Como eu a compreendo Dona Leontina! Como eu a compreendo!
Belino Costa
14 de maio de 2005
Memória: A Primeira Junta de Freguesia
Decreto que designa o 9 de Maio de 1920 com a data oficial para a realização das primeiras eleições para a direcção da nova Junta de Freguesia de Bustos. Foram eleitos: Jacinto dos Louros (presidente), Duarte Nunes Cipriano (vice-presidente), Manuel Francisco Domingues Junior (vogal), Manoel dos Santos Rosário (vogal) e Manoel da Silva Novo (vogal).
13 de maio de 2005
POSTAL DO ROSSIO(1) DA PÓVOA
António Capão apresenta um consistente estudo sobre nomes próprios, sobrenomes e apelidos usados na região; oferece um subsídio para o domínio da geografia linguística e da onomasiologia. Mostra, por exemplo, que a “casa-do-forno” em Bustos, é a “casa-de-trás” em Sosa e pode ser a “socasa” em Nariz. Faz também uma incursão pela etnografia dos instrumentos de corte.Nesta obra reserva um espaço aos estudiosos da Língua.
O termo “ir p’rà comporta” traz à liça um fenómeno regional de migração sazonal que ainda não está estudado.
A farta recolha de nome/apelidos poderia estar localizada no tempo. Os trabalhos de linguística de António Capão, compilados nesta edição, mereciam “abstract”.
É suposto estarmos perante o primeiro livro dedicado à arqueologia industrial do concelho. Venham mais. Temas não faltarão. Aproveitando a boleia do futuro Museu da Olaria, talvez calhe a vez da desaparecida Cerâmica de Bustos, L.da vir a merecer algumas páginas patrocinadas pela Câmara de Oliveira do Bairro.
A substância inserta nestas obras vem corroborar a campanha de Arsénio Mota na
Notas
(1) Designação ancestral, ainda hoje reconhecida pelos seus naturais; actualmente tem dupla toponímia: “Largo do Sr. dos Aflitos” e “Largo da Póvoa”. O vetusto termo toponímico “Rossio” merecia ser reabilitado. Os nossos avoengos souberam manter o típico nome através dos tempos.
(2) A Biblioteca de Bustos ainda não recebeu qualquer destes títulos, mas eles já estão à venda na Biblioteca Municipal, em Oliveira: “Estudo de Antroponímia Regional” – 15,00 €; “Oliveira Rocha no Coração da Bairrada” – 25,00 €.
(3) Sobre a apresentação do estudo de antroponímia, o “Jornal da Bairrada” de 28.04.2005 houve por bem citar o recado do vice-presidente da câmara: «Victor Oliveira abriu a sessão, sublinhando a falta de muitos – “aqueles que muito falam de cultura são os que não estão presentes”.
(4) Arsénio Mota, in “Estudos Regionais sobre a Bairrada”, Figueirinhas, 1993; “Pela Bairrada”, edição da Câmara Municipal de Oliveira do Bairro, 1998.
Sérgio Micaelo Ferreira
LEONTINA ACONSELHA LER «FILOSOFIA NA ALCOVA» DO MARQUÊS DE SADE!!!
O quê?! O «divino marquês», clássico do sado-masoquismo, que viveu na transição dos séculos XVIII-XIX, chega agora, finalmente, até nós? Assim em público e raso, trazido por mãos bentas e conspícuas?!
Caramba!... E não já, mínimo dos mínimos, proposto à leitura no seu outro conhecidíssimo diálogo entre um padre e um moribundo, mas sim e logo, no máximo esplendor dos seus excessos orgíacos, na obra em que o autor não só conta como justifica teoricamente tudo o que faz?!
Estará o concelho de Oliveira do Bairro, com esta orientação novíssima, no pulsar do dinamismo, a querer proclamar a mais completa libertinagem sexual e moral (reformulando de passagem todo o sistema de crenças e valores tradicionais da direita partidária)?! Avançando até uma frente em que mais nenhum partido ou ideologia consiga chegar-lhe?!
É de presumir que não. Redondamente, que não! O mais provável é que a drª Leontina tenha confiado a tarefa a alguém da sua confiança, por exemplo, a alguém da Biblioteca Municipal, por exemplo à responsável, drª Cristina Calvo. A alguém, por exemplo, que até pode falar com gosto no «prazer de ler», e de apelar constantemente para a leitura, para as estantes da Biblioteca, mas que não lê, não conhece Sade, nunca ouviu falar de «Filosofia na Alcova», que não tem ponta de curiosidade intelectual mas gosta de receber o salário do mês, que tem nojo de uma simples consulta a enciclopédia…
Drª Leontina Novo, retire imediatamente esta «Agenda Cultural» da circulação! É escandalosa! É analfabeta!
ARS