Encerra a 5 de Junho (Domingo)
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'OS LIVROS DA FEIRA'
Uma colagem a partir de Arsénio Mota, em “Letras sob Protesto”, Campo das Letras, 2003
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Pertencemos à galáxia de Gutenberg. …
… um fulano sai ao encontro dos livros, muitos livros, e encontra-se com pessoas, mas outras vezes são os livros que nos levam ao encontro das pessoas.
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Velha feira sempre moça, para ti corremos querendo mergulhar na multidão e naufragamos numa multidão de pessoas. Numa feira cabe muita gente, nos livros cabe todo o mundo – este mundo no seu duplo tamanho: o real e o sonhado.
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Digam os críticos o que disserem, os livros ainda são as melhores máquinas de ensinar por meio da escrita fonética.
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Os livros são inesgotáveis como os caminhos do labirinto que construímos para nele nos perdermos. Por isso os livros chegam a incomodar homens finitos em demasia, exactamente porque lhes fazem sentir a finitude. Mas todos os que sentem saudades do infinito não os dispensam.
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Lêem-se poucos livros em Portugal, lamentavelmente, e o facto tem atirado para o esquecimento obras fugazes que poderemos um dia vir a relembrar. Faltam leitores, posto que se saiba, tautologicamente, que «ler mais é saber mais». Faltam leitores capazes de trespassar a mera «casca» de um livro, a sua banal aparência, e de lhes atingirem a essência …
Aprender a ler ao longo de quanto a vida nos dure ainda é melhor do que saber ler, eis o que nos sugere a multiplicidade das vozes que se faz ouvir nesta polifonia.
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