26 de setembro de 2005

JACINTO DOS LOUROS: UMA FOTO PARA A GALERIA PRESIDENCIAL

Na sala de sessões da Junta de Freguesia há uma parede com a galeria fotográfica dos presidentes. Todos lá têm o respectivo retrato, todos menos o Presidente/Fundador, Jacinto dos Louros, que é ali lembrado por uma placa (foto). Na ausência de qualquer registo fotográfico foi essa a solução de recurso encontrada.

Não só falta a fotografia como nunca foi publicada biografia ou qualquer texto revelador da vida e percurso político do homem que fez frente ao poderoso Visconde de Bustos e foi eleito presidente nas primeiras eleições livres e democráticas (9-05-1920) realizadas na nossa terra.

Tal lacuna está prestes a chegar ao fim.

Amanhã publicaremos a fotografia de Jacinto dos Louros acompanhada por um texto que narra a vida atribulada do homem – órfão de mãe à nascença, tendo o pai emigrado para o Brasil de onde nunca mais voltou – que conseguiu transformar o desamparo e infortúnio em força. Não só fez frente aos poderosos do seu tempo como foi o grande obreiro do sonho de gerações, a emancipação política de Bustos e a sua separação da Mamarrosa. É um interessante e revelador testemunho (escrito em 1963) retirado do diário de Vitorino Reis Pedreiras.

Encontrar uma fotografia de Jacinto dos Louros estava a transformar-se numa missão impossível até que no passado mês de Junho bati à porta de Adélio Martins dos Reis e Dorinda Vieira dos Reis, no Sobreiro. O Sérgio dissera-me que o Adélio tinha herdado do pai o livro de actas da União Liberal de Bustos e perante tal notícia (a União Liberal é a organização fundadora do movimento associativo bustuense) não resisti a ir ver e consultar tão importante documento.

O Adélio e a Dorinda receberam-me com a simpatia de sempre e logo prometeram oferecer ao “Notícias de Bustos” uma cópia do Livro de Actas da União Liberal o que nos permitirá, logo que possível, divulgar um pouco da história da organização que, em tempos salazarentos, tinha por finalidade “organizar e acompanhar enterros civis”.
No decorrer da conversa aproveitei para lhes falar da dificuldade em encontrar um familiar de Jacinto dos Louros que pudesse ter uma fotografia do seu antepassado. Ao escutar o meu desabafo logo a Dorinda ripostou: “ Mas eu conheço uma neta do Jacinto dos Louros com quem costumo conviver quando estou na Costa Nova. De certeza que ela nos arranja uma foto do avô.”

De facto assim aconteceu e, semanas mais tarde, Adélio dos Reis entregou-me a foto que iremos publicar amanhã. Mas, simultaneamente, teve o cuidado e sentido cívico de ir entregar na sede da Junta da Freguesia outro exemplar, para que a galeria fotográfica dos Presidentes fique, finalmente, completa.

Belino Costa

1 comentário:

  1. Anónimo14:40

    Sais uma girândola. Um pequeno gesto do Belino Costa espoleta a obrigação de Bustos tributar o preito de homenagem a Jacinto dos Louros e seus «compagnos de route» que no adro da Igreja Velha teriam projectado aos quatro ventos o grito do Ipiranga que culminou com a aurora do 18 de Fevereiro de 1920. Várias gerações pressionaram par que Bustos se desligasse da Mamarrosa. … (o texto de amanhã virá trazer mais luz) A Junta de Freguesia, que tem andado distraída e não tem olhado para os vários ontens das gentes que fizeram Bustos, tem oportunidade de homenagear o grande obreiro da separação do termo de Bustos. [A criação de freguesia não se pode comparar às promoções antes das épocas de saldo a vilas por atacado ou de vila a cidade.] Também será chegado o momento de homenagear o Deputado António Costa Ferreira que conseguiu levar a sua avante no Parlamento de então. Recordo que foi a 09 Maio de 1916 que o deputado António Maria da Marques da Costa apresenta requerimento de urgência na apreciação do primeiro projecto de lei da criação da Paróquia de Bustos por desanexação da paróquia civil da Mamarrosa. No seu artigo 1º constam os lugares da futura freguesia e no artigo 2º governo é autorizado a mandar proceder a eleições nas duas paróquias no prazo de noventa dias. Aprovada a urgência, o projecto à comissão de administração pública. O deputado requerente e Ernesto Júlio Navarro assinavam o projecto.
    Duas notas: (1) Jacinto Simões dos Louros deve figurar em lugar de destaque na Casa da Freguesia (chamada Junta). (2)Será o momento de afixar asjá faladas placas de homenagem a Jacinto dos Louros e a Dr. Manuel dos Santos Pato e que a Junta teima em ignorar?

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