26 de junho de 2015

AS PRÁTICAS POUCO DEMOCRÁTICAS DA CÂMARA E O PRÉ FABRICADO

A vereadora da cultura Elsa Pires

No concelho de Oliveira do Bairro os processos de decisão política são inversos às práticas políticas correntes em Portugal. Em qualquer edilidade democrática se cumpre o mesmo processo. Começam por se fazer consultas e recolhem-se as várias contribuições (técnicas e politicas), que vão permitir ao decisor fundamentar a sua escolha. Em Oliveira do Bairro tomam-se as decisões sem consulta, estudo ou debate público.

O caso da Biblioteca de Bustos é exemplar de como as boas práticas políticas estão ausentes do nosso concelho.

Perante a necessidade de dar utilidade a um edifício como o da antiga escola primária de Bustos qualquer dirigente seguiria as regras elementares. Delegando, mas marcando datas e estabelecendo um plano de trabalhos, visaria reunir a necessária informação que lhe permitisse escolher a mais adequada função para a infraestrutura. No nosso regime isso implica, necessariamente, a audição de todos os interessados. É o primeiro passo.

Um político com visão e sabedoria iria mais longe. Tendo em conta que o edifício a requalificar está situado junto ao Parque da Vila, que começa a ter um papel estruturante, podendo ser a génese de uma nova centralidade em Bustos, proporia enquadrar o edifico e as suas funções, tendo em conta este núcleo, onde há um conjunto de infraestruturas que precisam de obedecer a uma visão de conjunto e a uma estratégia comum de desenvolvimento.

Em vez de gerir o espaço público caso a caso e em razão do improviso, trataria de elaborar, por exemplo, um Plano de Pormenor para o centro de Bustos/Parque da Vila. O gestor público competente daria início a todo um processo de consultas e debates visando a elaboração e aprovação de um Plano nas suas várias valências. A utilização do edifício da escola seria decidida em função do seu enquadramento neste núcleo de funções multidisciplinares, onde já existe uma significativa variedade de infraestruturas públicas (parque infantil, mini golf, parque de merendas, junta de freguesia, etc.)
Pensamento ou visão política é coisa que não há em Oliveira do Bairro. Nem as mais elementares práticas de gestão democrática são instrumentos utilizados no quotidiano da gestão camarária. E se não é por ignorância, é por má fé.

POR CAUSA DO PRÉ FABRICADO

Aqui o presidente da Câmara delega que é como quem diz, manda a vereadora “resolver a questão”. Esta, que não faz ideia do que são as boas práticas da administração política, visita a escola em questão. Encontra um pré fabricado instalado no recreio servindo de instalações à Loja Social e não gosta de ver tal estrutura. Terá sido por razões estéticas, só ela o saberá, que começou por decidir “demolir o barracão”. Ao informar os responsáveis da Loja Social da intenção de desmantelar o pavilhão estes perguntaram: “E para onde nos mudamos nós?”
Perante a necessidade de albergar aqueles a quem ameaçava retirar o teto, a vereadora concluiu pela sua transferência para o edifício principal.
 Sem ouvir ninguém, sem ter em conta promessas anteriores, sem considerar a história e a identidade da comunidade, sem qualquer visão estratégica, sem lógica ou entendimento decide por junto acabar com uma iniciativa que comemora 54 anos, a Biblioteca de Bustos, enterrando-a  numa sala vazia que existe no novo edifício da escola básica.
Tudo isto é obra e pensamento de uma senhora chamada Elsa Pires a quem um dia chamaram Vereadora da Cultura, a mesma que declarou ao boletim informativo Oliveira do Bairro, nº77:

“A confiança e as funções que me foram atribuídas são de uma enorme responsabilidade, que assumo com grande sentido de serviço público, tendo definido, desde o primeiro momento, que as irei exercer em nome das pessoas, para as pessoas e com os olhos nas pessoas, num ambiente dialogante e com profundo sentido de dever.”

Nem olhos nos olhos, nem ambiente dialogante, nem sentido do dever. Nem quando é confrontada com a contestação da esmagadora maioria da população, representada por todos os quadrantes políticos, Elsa Pires tem a coragem de dialogar ou de expor uma ideia. Nem tem a capacidade para perceber a ofensa que está a cometer à nossa identidade, à nossa história, à nossa democracia.
Na Assembleia Municipal, aquela que é paga com o dinheiro do povo para cumprir a sua função, não só não a cumpriu como se deu à arrogância de mostrar uns sorrisos parvos.

Agora, que politicamente se suicidou só resta a Elsa Pires pedir desculpa e ir-se embora. Se tiver coragem, dignidade e não quiser envergonhar mais a família.

Augusto Messias de Oliveira

O novo cronista da vila

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