A vereadora da cultura Elsa Pires
No concelho de Oliveira do
Bairro os processos de decisão política são inversos às práticas políticas
correntes em Portugal. Em qualquer edilidade democrática se cumpre o mesmo
processo. Começam por se fazer consultas e recolhem-se as várias contribuições (técnicas
e politicas), que vão permitir ao decisor fundamentar a sua escolha. Em
Oliveira do Bairro tomam-se as decisões sem consulta, estudo ou debate público.
O caso da Biblioteca de
Bustos é exemplar de como as boas práticas políticas estão ausentes do nosso
concelho.
Perante a necessidade de dar
utilidade a um edifício como o da antiga escola primária de Bustos qualquer
dirigente seguiria as regras elementares. Delegando, mas marcando datas e
estabelecendo um plano de trabalhos, visaria reunir a necessária informação que
lhe permitisse escolher a mais adequada função para a infraestrutura. No nosso
regime isso implica, necessariamente, a audição de todos os interessados. É o
primeiro passo.
Um político com visão e
sabedoria iria mais longe. Tendo em conta que o edifício a requalificar está
situado junto ao Parque da Vila, que começa a ter um papel estruturante, podendo
ser a génese de uma nova centralidade em Bustos, proporia enquadrar o edifico e
as suas funções, tendo em conta este núcleo, onde há um conjunto de
infraestruturas que precisam de obedecer a uma visão de conjunto e a uma
estratégia comum de desenvolvimento.
Em vez de gerir o espaço
público caso a caso e em razão do improviso, trataria de elaborar, por exemplo,
um Plano de Pormenor para o centro de Bustos/Parque da Vila. O gestor público competente
daria início a todo um processo de consultas e debates visando a elaboração e aprovação
de um Plano nas suas várias valências. A utilização do edifício da escola seria
decidida em função do seu enquadramento neste núcleo de funções
multidisciplinares, onde já existe uma significativa variedade de
infraestruturas públicas (parque infantil, mini golf, parque de merendas, junta
de freguesia, etc.)
Pensamento ou visão política
é coisa que não há em Oliveira do Bairro. Nem as mais elementares práticas de
gestão democrática são instrumentos utilizados no quotidiano da gestão
camarária. E se não é por ignorância, é por má fé.
POR CAUSA DO PRÉ FABRICADO
Aqui o presidente da Câmara
delega que é como quem diz, manda a vereadora “resolver a questão”. Esta, que
não faz ideia do que são as boas práticas da administração política, visita a
escola em questão. Encontra um pré fabricado instalado no recreio servindo de
instalações à Loja Social e não gosta de ver tal estrutura. Terá sido por
razões estéticas, só ela o saberá, que começou por decidir “demolir o
barracão”. Ao informar os responsáveis da Loja Social da intenção de desmantelar
o pavilhão estes perguntaram: “E para onde nos mudamos nós?”
Perante a necessidade de albergar
aqueles a quem ameaçava retirar o teto, a vereadora concluiu pela sua
transferência para o edifício principal.
Sem ouvir ninguém, sem ter em conta promessas
anteriores, sem considerar a história e a identidade da comunidade, sem
qualquer visão estratégica, sem lógica ou entendimento decide por junto acabar
com uma iniciativa que comemora 54 anos, a Biblioteca de Bustos, enterrando-a numa sala vazia que existe no novo edifício da
escola básica.
Tudo isto é obra e pensamento
de uma senhora chamada Elsa Pires a quem um dia chamaram Vereadora da Cultura,
a mesma que declarou ao boletim informativo Oliveira do Bairro, nº77:
“A confiança e as funções
que me foram atribuídas são de uma enorme responsabilidade, que assumo com
grande sentido de serviço público, tendo definido, desde o primeiro momento,
que as irei exercer em nome das pessoas, para as pessoas e com os olhos nas
pessoas, num ambiente dialogante e com profundo sentido de dever.”
Nem olhos nos olhos, nem
ambiente dialogante, nem sentido do dever. Nem quando é confrontada com a
contestação da esmagadora maioria da população, representada por todos os
quadrantes políticos, Elsa Pires tem a coragem de dialogar ou de expor uma
ideia. Nem tem a capacidade para perceber a ofensa que está a cometer à nossa
identidade, à nossa história, à nossa democracia.
Na Assembleia Municipal, aquela
que é paga com o dinheiro do povo para cumprir a sua função, não só não a
cumpriu como se deu à arrogância de mostrar uns sorrisos parvos.
Agora, que politicamente se
suicidou só resta a Elsa Pires pedir desculpa e ir-se embora. Se tiver coragem,
dignidade e não quiser envergonhar mais a família.
Augusto
Messias de Oliveira
O novo cronista da vila
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