Arsénio Mota, 85 anos, escritor, poeta, cronista e ensaísta
da cultura portuguesa contemporânea, fundador da AJEB – Associação de
Jornalistas e Escritores da Bairrada, recentemente homenageado em Vila Franca
de Xira numa iniciativa do Museu do Neo-Realismo, é o bustuense a quem devemos a criação da Biblioteca de
Bustos, inaugurada em 1961.
O
escritor, a viver no Porto, em mensagens trocadas com Irene Micaelo, que aqui
divulgamos, mostra-se maravilhado com a união dos bustuenses e indignado por se pretender acabar com um “bem
público”.
Arsénio Mota na sessão comemorativa dos 50 anos da Biblioteca de Bustos, em 2011
1.
Eu deixei há tempo de ir
a Bustos e agora estou maravilhado com a união que as pessoas mais em evidência
local estão a demonstrar em defesa da «Biblioteca Pública» criada há mais de
cinquenta anos, em resposta à Câmara cujo presidente, tão (pouco) amigo da
cultura quanto se sabe, insiste em a retirar (um bem público!) da terra para a
«arrumar» sob a alçada do ministério de Crato tão (pouco) amiguinho da
educação...
2.
Esta sua nova mensagem
deixou-me francamente gratificado! Agradeço-lha, assim como a todos os
bustuenses que se fizeram presentes na reunião da Assembleia Municipal para
manifestar a recusa geral ao projecto da mudança da nossa Biblioteca para a
escola. Concordo inteiramente consigo, Irene, a sua indignação é também a
minha, pois não consigo abstrair do quanto aquela «coisa» deve à minha
iniciativa desde o início do início.
Permita-me
apenas lembrar que, actualmente, a Biblioteca é realmente um «bem público» da
terra; transferida para a escola, passa a depender do Ministério da Educação;
transforma-se em «biblioteca escolar», algo que, como bem sabe, nada tem a ver
com o «bem público» que é, ainda que com algum interesse para o ensino.
Este pormenor, na minha
opinião, é crucial e, no entanto, ainda não o vi equacionado.
Enfim, embora longe,
tenho vindo a seguir os acontecimentos. Sinceramente maravilhado com a união
dos bustuenses em torno deste triste caso. Não assinei o abaixo-assinado porque
ninguém mo propôs.
Agora só falta que a
população, sempre unida na defesa do «bem público» que é todo seu, impeça a
transferência dos livros e outro recheio da Biblioteca, barrando em massa o
acesso às respectivas instalações no dia em que tal tente fazer-se!
Se quiser, Irene, pode
divulgar por todos os meios ao seu alcance esta minha posição.
Nesta causa, Amiga,
estou consigo, todos estamos juntos e consigo!
Abraço muito cordial.
Arsénio Mota
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