23 de junho de 2007

FÓRUM DE BUSTOS: 1- ORIGEM


A génese do “Fórum de Bustos” remonta a 13 de Setembro de 2003. Chamava-se então “Encontro de Antigos Alunos da Escola Primária de Bustos” e reuniu 48 convivas na Quinta da Queimada. Para assinalar o evento escrevi o seguinte texto para o “Jornal da Bairrada”:

Bustos
Antigos alunos reencontram-se

Antigos alunos da Escola Primaria de Bustos promoveram um encontro de gerações. E prometem repetir a experiência no próximo ano. Foi o regresso aos tempos da Primária, para alguns quase oitenta anos depois.
Promover o reencontro de antigos alunos da secção masculina Escola Primária de Bustos começou por ser uma ideia, uma sugestão de Arsénio Mota, jornalista, escritor e bustuense apaixonado pela sua terra, a referência maior de uma geração. João Martins Oliveira, o Joãozinho da Barroca, que depois de muitos anos a viver no Porto regressou ao quotidiano de Bustos, pegou no repto e impulsionou-o. A ideia ganhou forma com a ajuda fundamental de Sérgio Ferreira, Óscar Santos e Milton Costa.
A dificuldade estava em encontrar pessoas espalhadas por todo o país, por todo o mundo. Ainda assim, foram contactadas cerca de uma centena de ex-alunos. E no passado dia treze, no largo da igreja velha, muitos se apresentaram à chamada. Várias gerações e, em alguns casos, pais acompanhados pelos filhos.


O convívio decorreu nas instalações da Associação de Produtores de Leitões da Bairrada, instituição que defende e promove a excelência de uma tradição que faz parte de identidade de toda a região bairradina. Espumante e leitão formaram a dupla rainha, num almoço marcado pela informalidade, pelo reencontro de uma alegria juvenil, franca e despretensiosa. Não houve assim qualquer mensagem ou discurso. Apenas um sentido minuto de silêncio em memória de Mário Rui dos Reis Mota, falecido na véspera.


À surpresa inicial de muitos reencontros, à troca de notícias, sucedeu-se o reavivar da memória, o recordar de histórias, de momentos que, de repente, como que libertos do fundo do baú, surgiam com nitidez surpreendente. Algumas estórias hoje poderão parecer insignificantes, mas tiveram então a dimensão do extraordinário. Como aquela tarde, no meio de uma partida de bola no largo da igreja velha, em que alguém, pela primeira vez, viu uma banana. Ou as noites em que se ia ao café para ver a televisão. Ou o desgosto de se ter partido uma lousa acabada de comprar. Ou a lembrança de certas reguadas mais duras.
E quem eram os convivas? Gente de todas as profissões, uns activos outros reformados. A malta foi-se espalhando pelo país e pelo mundo, mas sem nunca perder o vínculo essencial que não se descreve, porque se sente. Como recordava um dos presentes, certa vez, na longínqua África de Sul, bastou um sim como resposta à pergunta – tu não és de Bustos? –, para selar um compromisso e dar início a uma amizade que ainda hoje perdura.


A malta cresceu, os putos fizeram-se homens, constituíram família, afirmaram-se enquanto cidadãos, enquanto profissionais. Alguns correram mundo, desafiaram até exércitos estrangeiros (dois dos presentes lutaram no Vietname), outros passaram por crises, revoluções, transformações sociais profundas, mas sempre tendo por âncora o sentimento de pertença a um lugar, a certa gente. Gente para quem ser de Bustos é mais do que um estado de alma, é uma condição de vida.
Foi assim no passado dia 13 e a experiência deverá voltar-se a repetir no próximo ano em data ainda a definir. Espera-se que conte também com a presença de alguns antigos professores.


Belino Costa

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