Realizou-se hoje o enterro do Visconde. Apesar de estar um dia bom, não teve grande concorrência. O funeral foi simples. Não levou música e nem teve exercícios religiosos. Morreu com oitenta e oito anos e durante toda a sua vida apenas soube cuidar de si.
Bustos, que ele usava no título, poucos ou nenhuns favores lhe fica a dever. O lugar proeminente que ocupou neste meio onde outrora teve grandes amigos, não o quis brindar com nada. Nenhum facto político de especial interesse ele realizou. Apenas factos pouco honrosos lhe apontam. Viveu, ultimamente, quase sem visitas de família e foi uma sobrinha da sua mulher, que foi a mais assídua companhia. No seu testamento esta foi largamente recompensada, e não consta que tenha deixado qualquer coisa a criados ou pobres. Espírito pouco inteligente, mas prático e egoísta. O dinheiro era todo o seu enlevo e agora de nada lhe vale.
A sua descendência. Os pais eram de Aguim – Anadia de onde vieram com todos os seus haveres numa simples canastra; pelo trabalho e pela astúcia conseguiram deixar, a seus filhos, grandes meios de fortuna, tendo o finado, Visconde de Bustos, completado em larga escala o princípio da herança que recebera dos seus pais. Tanto o pai como o filho foram sempre inimigos do meu avô Pedreiras de quem recebeu grandes ofensas.
(Vitorino Reis Pedreiras, Memórias de Outros Tempos, Março de 1966)
A transferência de local do Jazigo da Família Sereno só não aconteceu por extrema carência de verbas, segundo se pode concluir pela leitura de um excerto da acta da sessão 30.10.1960 da Junta de Freguesia de Bustos.
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eis a transcrição:
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“Foi mais deliberado” (....) «e atendendo a que não era de primeira nessecidade a construção do portão de ferro para a feira como a mudança da Capela do Sr. Visconde, foi deliberado retirá-las do Orçamento Ordinário, reforçando assim outras de extrema necessidade.» ...
Não havia " nessecidade"... :p
ResponderEliminarO Visconde de Bustos era uma pessoa tão importante, que ainda hoje não param de falar dele... Subentende-se pouquinho de Inveja.. Ele ja esta a descansar mas pelo que vejo vocês não descansam... Não havia "nessecidade".
ResponderEliminarO escrivão sabia escrever a palavra necessidade#, conforme o atesta no final da frase.."...reforçando assim outras de extrema necessidade."
ResponderEliminar...nessecidade... É assim que está escrito na acta. Certamente a pressa em concluir o seviço provocou tal distorção."
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Do conteúdo do comentário extrai-se a preocupação da Junta de 1960 em transferir o jazigo para outro local. E é surpreendente que a determinação tenha surgido na época de Salazar e tendo o Sr. Visconde sido membro da União Nacional.
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Considero que o jazigo não deve ser deslocado, até porque demarca uma época que não deve ser esquecida da memória colectiva.
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A sul deste jazigo há um espaço que deveria ser «requalificado» com a implantação de um monumento dedicado a Bustos.
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E já que se fala de cemitério,
tem havido «preparos» para a futura concretização de mais um alargamento.
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Aguarde-se informação mais pormenorizada.
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sobre a vida e obra do Sr. Visconde ainda há mais material para sair.
Por exemplo 1)a faceta de industrial em Espinho, pela via da sua mulher.
2) e a sua posição na criação da freguesia de Bustos.