…já não cheira, nem se vive como outrora.
Crentes ou não, fazíamos da Páscoa na aldeia a grande festa das famílias.
Lavava-se o soalho de madeira das casas, as janelas e cortinados, deixando tudo num brinquinho. O cheiro a lavado entranhava-se no corpo e na alma.
Ah! E os folares? Era ver-nos de roda da saia das nossas mães enquanto amassavam os bolos da Páscoa!
Então, mãe, quando é que os folares vão para o forno?
Debruçadas sobre a velha mas asseada amassadeira, as mesmas mãos que diariamente pegavam na foice e na enxada, estavam agora empenhadas no ritual milenário de tender a massa, preparando-a para levar ao forno.
Ali ao lado, impaciente como nós, a pá dos folares esperava a sua vez. Mas, antes, havia aquele momento mágico da cruz que a mão em cutelo das nossas mães e avós desenhava sobre a massa. Assim como quem benzia aquele pão doce e tão especial.
O compasso, durante a visita pascal de 2009
Poderão dizer-me que a visita pascal continua enraizada nas nossas aldeias. E que não faltará o folar às nossas mesas. Vindo das modernas e plastificadas padarias, pois claro.
Os novos rumos da economia de mercado empurram-nos para o consumismo fácil.
Pouco ou nada sai das nossas mãos. Agora, já se compra tudo feito.
Apesar de tudo, ainda apetece desejar a todos
Boa Páscoa, com muitos folares e amêndoas!
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A propósito, no bloguedooscar recordei os esquecidos artigos do lar.
Quem disse que ainda não é assim?
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