Humberto Delgado 15.05.1906 – 13.02.1965 (assassinado)
12.01.2009. Estão descontados 50 anos que o então ex-General Humberto Delgado pedia asilo político ao Brasil.
Vencedor ludibriado da eleição’1958 para Presidente da República, o General Humberto Delgado foi sujeito à perseguição das máquinas do sistema repressivo montado por Salazar. O «obviamente demito-o» declarado perante o jornalista Lindorfe Pinto Basto haveria de trazer engulhos que confluiriam no seu assassinato em Villanueva del Fresno (em território de Franco).
Em consequência de perseguição montada pela “justiça” militar, o General Humberto Delgado é destituido do posto de general, perde a qualidade de militar para ficar na alçada do braço civil.
Em 7 de Janeiro.1959, o Serviço Nacional de Informação faz publicar em três línguas uma nota oficiosa onde o Governo fez passar a mensagem que “estava sendo benevolente na sua sanção, tão benevolente que até atribuía a Humberto Delgado o vencimento máximo permitido por lei em caso de separação de serviço”.
«Hipocritamente, mentindo, o ex-seminarista Salazar fez constar pelo mundo que fora generoso!!», comentou de Humberto Delgado.
A 12 de Janeiro de 1959, para escapar ao cerco que a PIDE estava montar, Humberto Delgado pedia asilo político no Consulado do Brasil. Para a tomada desta decisão teve particular influência a atitude de Maria Iva Delgado que intempestivamente irrompeu na sala onde António Sérgio, Rodrigo de Abreu e Plácido Barbosa discutiam qual o destino a dar a Humberto Delgado e sentenciou:
« - (….) como mulher e como mãe também tenho voto na matéria. Em minha opinião, o meu marido deve efectivamente pedir hoje mesmo asilo na Embaixada, pois é muito claro o perigo que corre.».
A aceitação portuguesa do pedido de asilo provocou longas conversações e promessas da nossa chancelaria e naturais desconfianças do Embaixador Brasileiro Álvaro Lins.
Humberto Delgado sairia de Portugal escoltado por um diplomata brasileiro. Chegou ao Rio de Janeiro em 21 de Abril.
“Naquela tarde de 12 de Janeiro de 1959, sem o saber, Humberto Delgado saiu de sua casa pela última vez.”, escreveu Frederico Delgado Rosa.
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Um especial agradecimento a Frederico Delgado Rosa, autor de “Humberto Delgado – Biografia do General sem Medo, a esfera dos livros, 1ª edição Abril de 2008.”, de onde se extraiu material para a feitura desata peça.
Segundo informação recente, este livro faz parte do acervo da ex-Biblioteca Fixa nº 26 da FCG de Bustos.
sérgio micaelo ferreira
Ainda me lembro das eleicoes de 1958, quando o meu pai foi ao Sobreiro com um voto que alguns amigos andavam a distribuir na noite anterior para votar contra o governo de Salazar, e lhe disseram que o nome dele nao estava na lista e por isso nao podia votar. O meu pai zangado com isso, rasgou o voto e foi ate a taverna do Aires com uns amigos para desabafar. Hoje gracas aos que trabalharao e lotaro pela liberdade do ser humano em Portugal, essas cenas tristes ja nao existem.
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