10 de janeiro de 2009

A (à) Sombra do Futebol *

Não tinha compromissos, mas faltei,
Não prestei juramento, mas traí,
Sentir-se alguém culpado, não depende
Do juízo dos outros, mas de si.
(...)
José Saramago, “História Antiga” in
Os Poemas Possíveis, Lx., Caminho, 1985



Jogadores e fãs sabem que, no futebol e na vida, o eterno ciclo de vitórias, empates e derrotas é a imagem das coisas fugidias e irreais. Contudo, continuam a assombrar-se com os resultados alcançados pela equipa.

Ora muito bem, para os fãs de futebol que, se projectamos no clube da sua predilecção, os jogadores são astros, quando os contemplam com uma vitória, satélites, se os embaraçam com um empate e sombras, quando os defraudam com uma derrota.

Para os jogadores, que vivem as agruras do jogo, os fãs vivem à sombra do futebol. Sabem que cada jogo impõe as suas regras e que, não raras vezes, estar em campo é um castigo, mais para eles do que para quem vê. Sentem e sabem que falharam, que traíram as expectativas próprias e alheias, mas exigem consideração pelos seus desaires.

A comunidade futebolística, formada pela equipa (incluindo a equipa técnica) e os adeptos, não deve esquecer que o sentir-se culpado, não depende dos juízos dos outros, simplesmente do juízo próprio.

C. Bolandas
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* crónica do rescaldo do jogo ARC OLIVEIRINHA - U D BUSTOS

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