17 de outubro de 2010

BUSTOS [IGREJA]: TORRE COM NOVAS HORAS


A cada pancada tua,
Vibrante no céu aberto,
Sinto mais longe o passado,
Sinto a saudade mais perto.


Fernando Pessoa,
Ó sino da minha aldeia


Uma torre de igreja sem relógio, ainda que os sinos se façam ouvir com força e sons bem timbrados, falta-lhe cumprir a norma para cada dia: dar as horas.


Relógio que foi prometido. Logo que a torre estivesse construída, o Sr. Visconde de Bustos “ofereceria um excelente relógio com mostrador. Isto mesmo foi anunciado à missa conventual,…” (1).
Só que não passou de promessa.
Mas, a torre não deixou de ter o seu relógio, que era regularmente assistido para que não se esquecesse de dar as horas.


(foto colecção Bustos d'Outrora, Alberto Martins)

Entretanto, construída a nova igreja no Corgo, a sua torre exigia um novo relógio. O P.e Vidal não descura o caso e, logo no Jornal da Bairrada, (23 07 1966), tenta cativar “qualquer emigrante a realizar o sonho: por 45 contos [224,46 €]” para ficar com o seu nome ligado à oferta do relógio.
Assim aconteceu.

Passadas décadas, a igreja e a torre foram sujeitas a obras de conservação e de manutenção.

Era indispensável renovar o relógio.



Não havia meio das horas se libertarem.
Até que as horas rasgam o céu das aves, dos aviões e dos fumos.
A torre tem um novo relógio.
Uma oferta do casal Hilário Costa (Filho) e Adília (2), informou membro qualificado da Fabriqueira da Paróquia.
O relógio da torre da igreja continua com nome de emigrante.
Um sonho do P. Vidal.

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(1) in Óscar Santos, “O Relógio …”, Bustos – do Passado e do Presente, Junho 21, 2004. aqui
(O. S. transcreve a peça ‘O prometido relógio” publicado no jornal “Farol da Liberdade”, nº 7, de Abril de 1920… )
(2) São emigrantes de Bustos nos U. S. A.

sérgio micaelo fereira

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