7 de agosto de 2009

IGREJA DE BUSTOS'60 OBRA DA GESTA DE BUSTOS - PARA NÃO ESQUECER


(Para ampliar. Clique sobre a imagem... às vezes resulta)
Com a devida vénia, NB repodruz as fotos do Arq.º Rocha Carneiro e de Mário Martins copiadas do Jornal da Bairrada.
A foto do Eng.º Manuel Santos Pato (Néu) foi cedida por familiares
A foto do Engº Neftali Sucena foi cedida pelo próprio
A foto de Evaristo Pinto chegou da Califórnia enviada pelo Franklin.
Pretendia reunir o conjunto de fotos da época da construção da igreja. De momento não foi possível.
A imagem da quase- Igreja foi copiada de foto cedida por Rosa Vieira
.
"ESTOU DESGRAÇADO"
Por volta de 1960 fui convidado pelo Sr. Padre Vidal para ir com ele à Igreja velha, pois queria mostrar-me a maqueta da nova Igreja que ia ser construída[1].
A escolha dos fusos cerâmicos para a construção da ‘tenda’ é consequência da convergência de várias circunstâncias.
Mário Martins, então 1º sargento, estar colocado em quartel na zona onde existia a Neo-Cerâmica (Tramagal) e conhecer os fusos cerâmicos e a sua aplicação.
Mário Martins ter sido procurado pelo seu amigo P. Vidal para apreciar a maqueta.
Mário Martins ter alertado o P. Vidal para o baixo custo da construção, utilizando os fusos em vez do betão armado, além de outras vantagens descritas no seu depoimento.
E, certamente foi este baixo custo que fez mover os céus e a terra para até o Eng.º Santos Pato a aceitar abandonar o projecto de betão.
Longo tempo intervalou desde o dia da encantadora visita feita pelo P. Vidal, Arq.º Rocha Carneiro e Eng.os Santos Pato e Neftali Sucena a Singeverga,[2] até ao início dos trabalhos de implantação da cofragem de suporte dos fusos cerâmicos. O Eng.º Santos Pato desenhava o novo perfil, mas, “logo a seguir, constata-se um facto bem decepcionante: os perfis estudados não coincidiam com os das abóbadas projectadas,[3] …”
Continuando a ouvir Neftali Sucena:
“Quase se gera o pânico. O Arq. Carneiro propõe que se comece, de imediato, a alterar o projecto, praticamente concluído. O Padre Vidal põe as mãos à cabeça e exclama: “estou desgraçado”! [4]

O Eng.º Pato, convicto do estudo feito, dá um murro no estirador e ao mesmo tempo um grande berro, exclamando: “Não vai haver alteração nenhuma! Eu com base no desenho a lápis traçado neste papel, vou construir a Igreja”! [5]
Trabalho meticuloso de interpretação do registo gráfico das cotas e de marcação dos pontos cotados por entre ‘uma floresta de tubos metálicos’[6] da MUNDUS (Lisboa).
Merece ser recordado o desempenho dos ‘valiosíssimos colaboadores’[7] Manuel Martins, o encarregado-filósofo, e José Maria Dias, desenhador, que substituiu o Eng.º Santos Pato, quando este foi preso pela PIDE para Caxias.
Na ilustração optei pela plêiade dos criativos e dos responsáveis directos pelas várias fases da obra que marca a gesta da década de 60 dos povos de Bustos espalhados por todas as diásporas.
Será oportuno lembrar o Arq.º Rocha Carneiro:
[O P. Vidal], “queria uma igreja e fui eu encarregado de lha projectar. Tarefa difícil, pois as igrejas ricas, as dos “doirados”, são igrejas que nos levam à ânsia do poder, à submissão do ouro, do fanatismo da inquisição, a todos os protagonismos a que o poder obriga. Essas não são a minha Igreja.” [8]
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[1] in Mário Martins, (depoimento) FUSOS CERÂMICOS DA IGREJA DE BUSTOS. UMA IDEIA DE MÁRIO MARTINS - 1, Notícias de Bustos, 26.07.09.

[2] Visita ao convento beneditino feita ‘com o objectivo se sermos bem esclarecidos sobre as correntes de modernidade que enchiam de ar fresco certos centros religiosos…”. (Neftali Sucena, em Resenha do Processo que tornou possível a construção da Igreja de Bustos, opúsculo particular, apresentado por Notícias de Bustos no VII Fórum de Bustos - Evocação ao Eng.º Manuel Ferreira dos Santos Pato (Néu), 2007)
[3] idem
[4] idem
[5] idem
[6] idem
[7] idem
[8] Arq.º Rocha Carneiro (Águeda), Igreja de Bustos e a arte; Jornal da Bairrada, 21.09.2000

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