26 de julho de 2009

FUSOS CERÂMICOS DA IGREJA DE BUSTOS. UMA IDEIA DE MÁRIO MARTINS - 1


Quis a circunstância vir acompanhada com ventos favoráveis ao conhecimento de um significativo episódio que trouxe mais leveza à igreja-edifício. Desde 29.01.1964, o autor da reviravolta na edificação da igreja estava semi-escondido nas minúsculas linhas da entrevista concedida pelo P.e Vidal e publicada no Jornal de Notícias. O "Notícias de Bustos" "descobre" Mário Martins e coloca o seu nome na merecida galeria dos notáveis ao lado dos que ajudaram a criar um monumento que dignifica as gentes de Bustos.

Para recordar a viragem provocada pela adopção dos fusos cerâmicos em detrimento do betão, irá ser publicado um depoimento do autor dessa mudança.
Um obrigado a Mário Martins.


Vamos ouvi-lo:

“E, agora, já que estamos a falar de colaboradores, não posso esquecer o sr. Sargento Mário Martins, actualmente em serviço em Angola, a quem devo o emprego dos fusos cerâmicos, que tão linda fizeram a igreja, e a Empresa Neo-Cerâmica do Tramagal, que ajudou os trabalhos e cálculos e nos mandou logo o material e um técnico, embora só agora vá receber o respectivo pagamento.”… [A Nova Igreja de Bustos – uma premente necessidade vai ser uma consoladora realidade]
(Excerto da entrevista do Prof. Manuel Pires ao  Padre Vidal, pároco de Bustos,
e publicada no Jornal de Notícias de 29.1.1964)
...

Eis o depoimento de Mário Martins para o NB:
A propósito desta entrevista, foi-me pedido […] um testemunho sobre este assunto relacionado com a construção da actual Igreja.
Faço-o com gosto, dado que, desde a primeira hora, vivi com muita paixão todo o desenrolar do processo.

Por volta de 1960 fui convidado pelo Sr. Padre Vidal para ir com ele à Igreja velha, pois queria mostrar-me a maqueta da nova Igreja que ia ser construída. Acertou-se o dia e lá fomos. É indescritível o entusiasmo daquele sacerdote. A forma como me mostrou e explicou ao pormenor aquela pequena obra de arte que representava o que viria a ser a rara e majestosa construção que é hoje a nova Igreja de Bustos, é bem prova disso.
Admirei o que vi. O Sr. Padre Vidal falou-me que era uma obra muito cara, iria custar mais de mil contos, mas que tinha toda a esperança nas pessoas de Bustos.

Foi ali que, olhando para o volume daquela obra, sugeri ao Sr. Padre que, em vez de todo aquele betão, toneladas de ferro e cimento, se poderiam usar fusos cerâmicos. Estes fariam baixar o preço e o peso da estrutura das abóbadas, pois nem sequer necessitavam de reboco e pintura; apenas levariam verniz e que dariam um efeito leve e gracioso, diferente de tudo o que era conhecido em tais construções.

O Sr. Padre Vidal olhou para a maqueta, olhou para mim e disse: “Amigo Mário, nunca ouvi falar em tal coisa (Eu já tinha esclarecido que os tais fusos eram fabricados numa empresa do Tramagal, concelho de Abrantes, onde à data eu morava) e o Sr. Eng.º Pato nunca vai aceitar fazer a Igreja com essas botijas ou lá o que é, pois ele até já me falou na quantidade de cimento e ferro que será necessário”.

A visita ficou por aqui; agradeci e despedi-me, mas notei que este meu amigo sacerdote ficou um pouco confuso e baralhado.

(continua)

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