Prossegue o depoimento de Mário Martins.
(a partição do trabalho é da responsabilidade do NB)
...
No dia seguinte, logo de manhã, já o Sr. Padre Vidal estava nos Penedos, junto à minha casa. Recebi-o e fiquei surpreendido e honrado com a visita. Perguntei o que desejava e ele respondeu: “Sabe que nem dormi e nem sei como hei-de falar com o Sr. Eng.º Pato sobre aquilo que me disse ontem. Se o Mário fosse a Águeda comigo e lhe explicasse …”
Logo respondi que iria lá com ele, mas que antes, daí a uns 15 dias, queria trazer do Tramagal alguns fusos cerâmicos para lhes mostrar a ele e ao Sr. Engenheiro.
Um ou dois dias depois, segui com a família de regresso ao Tramagal.
Logo respondi que iria lá com ele, mas que antes, daí a uns 15 dias, queria trazer do Tramagal alguns fusos cerâmicos para lhes mostrar a ele e ao Sr. Engenheiro.
Um ou dois dias depois, segui com a família de regresso ao Tramagal.
Passado pouco tempo, recebi um telefonema do Sr. Padre Vidal dizendo-me que já tinha falado com o Sr. Engenheiro e que este ficara perturbado e que até havia ralhado e barafustado. E que dissera que aquele projecto só se podia executar conforme estava planeado. Mas acrescentou o Sr. Padre que o Sr. Engenheiro acabou por se acalmar e que até lhe falara que não conhecia os tais fusos cerâmicos. Tomei então a iniciativa de perguntar ao Sr.Padre se desejava que eu lhes proporcionasse uma visita à Fábrica dos fusos e até a algumas outras construções onde se tinha aplicado aquele material. Pensava eu que o Sr. Eng.º Pato, como profissional competente e amigo da sua terra, iria decerto mudar de opinião,o que na verdade veio a acontecer.
O telefonema terminou com o agradecimento do Sr. Padre Vidal que todavia ficara com dúvidas em relação à sua ida ao Tramagal.
A partir daí, comecei a sentir-me cada vez mais ligado a todo o processo. Fui à Fábrica, falei com os sócios gerentes, Major Eng.º Ramires e Eng.º Agr.º Luís Bairrão[?]. Foram bastante receptivos; puseram-se totalmente à minha disposição, não só para a visita, como até para colaborarem, se fosse preciso, uma vez que seria a primeira Igreja a ser construída com fusos cerâmicos.
Após troca de alguns telefonemas com o Sr. Padre, marcou-se a visita.
Certo dia, encontrava-me eu numa aula no Campo Militar de Santa Margarida onde prestava serviço, quando fui informado de que à porta do Quartel estava um padre e mais dois Senhores para falarem comigo e que vinham num citroen de dois cavalos.
Fui ao encontro deles e senti-me por momentos em Bustos, ao ver aquele Padre cheio de entusiasmo, o Sr. Eng.º Pato muito cordial, cheio de genica, um autêntico atleta e o Sr. Manuel Vieira, calmo, moderador, humilde, pouco falador e de fino trato.
Dado que se aproximava a hora da refeição, convidei-os para almoçarem comigo na messe. Como não aceitaram, fomos comer ao Tramagal, no lugar do Crucifixo, num Restaurante próximo da Fábrica Neo-Cerâmica que iríamos visitar no fim do almoço.
(continua)
- em revisão -
A Internet tem destas coisas.
ResponderEliminarEstava eu buscando outra coisa quando me saltam à vista três palavras: Bustos e fuso cerâmico. Foi o suficiente para, como se diz agora, fazer um "flash back".
Eu trabalhei, à epoca, na Neo-
-Cerâmica do Tramagal e recordo-me do entusiasmo com que as pessoas referenciadas na peça falavam desta obra e cujas fotografias passaram a constar dos folhetos publicitários do "fuso". Recordo também a deferência que demonstravam ao falar do Rev. pároco de Bustos.
Da empresa donde saíram os fusos resta apenas o edífício (foi vendida no início dos anos setenta, já em dificuldades e entretanto faliu).
Também o edifício da fábrica havia sido construído com este material.
Das pessoas que referenciam já faleceu o Sr. Eng. Vasco Ramires e o Sr. Eng. Luís Bairrão ainda vive em Tramagal.
Os meus cumprimentos.
Luís Sirgado
O comentário do Sr. Luís Sirgado constitui um grande contributo para o melhor conhecimento da história da construção da Igreja de Bustos.
ResponderEliminarO Altino deve estar a rejubilar, em hossanas.
Parabéns aos dois, em especial ao Sr. Sirgado, onde quer que esteja (felizmente, ainda por cá).
A construção do edifício-igreja de Bustos foi uma aventura onde betoneira da história de Bustos argamassou o sonho de duas dioceses com o arrojo de dois párocos (António Gonçalves Pereira e António Henriques Vidal, cabendo a este a maior fatia. Até porque teve de recuar até à estaca zero), o colectivismo dos povos e amigos de Bustos plantados em todas as diásporas, o voluntarismo das gentes de Bustos, a arte transportada pela equipa técnica. (a interpretação que no momento se fazia da igreja: Uma igreja pobre e comunitária, onde a palavra ‘exclusão’ era interdita). Soube, como poucos, usar a imprensa regional em proveito da ‘construção da igreja de bustos’. Sem agredir os adversários de peso.
ResponderEliminarA ‘descoberta’ dos fusos cerâmicos foi o resultado de uma conjugação de esforços que tinha reservado para vir a lume em outra peça: O Bustuense (e universal) Arsénio Mota e Maria Prazeres. O Jornal de Notícias, citado elo Jornal da Bairrada, abriu o caminho até ao esquecido Mário Martins – o promotor da aplicação dos fusos cerâmicos.
Luís Sirgado dou a conhecer o meu e-meile ----- altino.bst@gmail.com ---- para lhe poder facultar o endereço de Mário Martins.
A 9 de Agosto de 2009 completa-se o meio século do lançamento da 1ª pedra da construção da Igreja.
Muito há para historiar – com apoio em documentação. Aguarda-se que um dia, na calma dos gabinetes, se possa trazer à luz do sol os meandros que o processo de construção percorreu.
As grandezas e misérias do Padre António Henriques Vidal passam ao lado da construção do raro monumento construído em Bustos que junta alguns artistas do Porto - O Eng. Néo Pato, o Eng. Neftali Sucena, Júlio Resende, X Costa, C.(?) Figueiredo. Sem menosprezo por Monsenhor Nunes Pereira, responsável pela xilogravura do mordomo da sua igreja. O Diácono S. Lourenço que pouco dado está a uma olhadela mais atenta…
Um obrigado pela oportunidade do comentário.
sérgio micaelo ferreira
.. E alta imperdoável ... o Arq. Rocha Carneiro, o artífice da concepção da 'tenda' pobre - feita para para servir.
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