6 de agosto de 2009

'BUSTOS - LOCAL DA NOVA IGREJA' (PADRE VIDAL no JORNAL DA BAIRRADA 18.01.1958)


o novo ano [1959] promete ser o do início das obras da igreja.
Os retoques últimos foram dados à planta.
(P. Vidal - correspondência de Bustos, Jornal da Bairrada, 6.12.1958)


Do início de 1954 a meados de 57, perante a "Não Autorização" da construção da igreja nova no sítio da velha, o P. Vidal teve de procurar terreno que reunisse as condições para edificar o templo.
As preferências na escolha do local da sua implantação andavam à volta do centro de Bustos.
Pesquisa, conversa, assédio. E nada. O tempo passava. Mas o desânimo não entrava no dicionário do P. Vidal.
Até que em 7 de Agosto de 1957, a paróquia adquire um terreno, no Corgo, pertença de Manuel Simões da Rita. Os confrontos norte e sul estavam na estrada do Sobreiro e na margem direita da vala do Lavadouro do Corgo, respectivamente.
Em Março do ano seguinte, é adquirido outro terreno, propriedade de Manuel Simões Pereira. A terra ficava na margem esquerda da vala, no seguimento do anteriormente adquirido…
Entretanto, de Aveiro, vinham más novas. O desenho encomendado para pôr o barro à parede viera chumbado. O Eng.º Neftali Sucena, compagnon de route do Eng.º Santos Pato (Néu Pato) e do Arq.º Rocha Carneiro na grata aventura da concepção e construção da igreja do Corgo, recorda-se deste pormenor. E, agastado com  "a proposta", desabafou: "aquilo parecia um comboio".
Entretanto, o P. Vidal não desarma.
Provavelmente para levantar o ego ao povo católico, a 9 de Agosto de 1959, (está a fazer meio século) a 1ª pedra foi benzida, mas ainda não havia terreno que cumprisse as exigências técnicas indispensáveis para a implantação da obra.
E, a 29.11.1959, consegue o tão almejado terreno, que pertencia a António José dos Reis para conseguir a área para ser implantada a tão ansiada obra.

É também nesta data que o P. Vidal alarga o adro com a aquisição ao Sr. Manuel Francisco Júnior de uma faixa com 2,70 metros de largura.

Honra seja dada ao Eng.º Adolfo Cunha Amaral por:
. não ter autorizado a ampliação da igreja velha;
. não ter autorizado a construção da igreja em terreno que o Eng.º Neftali Sucena, indignado, classificou de rebotalho de Bustos;
. não ter autorizado a construção do ‘comboio’.
. e por ter exigido a elaboração de um plano de urbanização. Que nunca viu a luz do dia…

O ‘COMECE’ (a) proveniente da Diocese, clique há muito esperado, chegou em 30 de Março de 1960. 
“A 16 de Agosto de 1960, o nosso empreiteiro Evaristo [dos Santos] Pinto rasgou os alicerces da igreja que, interrompidos pelo inverno, só se acabaram em 1 de Julho de 1961.”(b)

O trabalho das fundações de Evaristo Pinto mereceu rasgados elogios. Houve quem questionasse o excesso de aplicação da pedra nos alicerces.

Afinal, esse presumível excesso de pedra veio garantir a segurança da aplicação dos fusos cerâmicos (c) na cobertura da ‘tenda’, 'redesenhada' pelo Eng.º Santos Pato (Néu) na forma de catenária invertida. [Gaudí, Calatrava, Siza Vieira são alguns dos arquitectos que conceberam obras seguindo a forma da catenária invertida].

O projecto elaborado para aplicação de betão, teve de ser radicalmente alterado. O Eng.º Neftali Sucena (NS) fixou o registo (d) da aventura que foi o estudo, planificação e execução técnica dos arcos. Nesta fase, o Engº Néu Pato "foi ajudado por dois valiosíssimos colaboradores: o encarregado da obra, Manuel Martins ... e o desenhador José Maria Dias" (NS). As dúvidas que Manuel Martins encontrava registava-as em papel de sacos de cimento, recorda o Eng.º Neftali Sucena.
No entanto, o P. Vidal, na correspondência de Bustos, do Jornal da Bairrada, não deixava de transmitir uma mensagem de ânimo, mesmo que a obra estivesse emperrada
Ao acaso, escolhemos a seguinte:
“ E chegámos onde queríamos.
Está nosso o terreno da nova igreja, onde agora uma placa diz – local da nova igreja
Em pouco tempo se fez muito - 140 contos se gastaram no terreno.
Mas a boa vontade é grande e vamos ao fim!.” (e) .
___________
(a) P.e Vidal ,Jornal da Bairrada, 9.04.1960
(b) P.e Vidal. JB 25.01.1964 e in P. e Vidal - carta dirigida a Abílio Martins (Perth Amboy, New Jersey, USA), está anunciada a  boa nova da aprovação em 30.03.1960, pelo sr. Bispo, da “planta da nossa linda igreja”. (carta de 3.04,1960 publicada na local Bustos JB 09.04.1960. p.6).  
(c) ‘descobertos’ por Mário Martins (Penedos).
(d) Neftali Sucena, Resenha do Processo que tornou possível a construção da Igreja de Bustos, apresentado no V Fórum de Bustos - dedicado à evocação do Engº Manuel Fereira dos Santos Pato (Néu).
(e) in Jornal da Bairrada 18.01.1958.
sérgio micaelo ferreira
Os dados foram extraídos do Jornal da Bairrada,
através de
BibRia - Biblioteca Digital dos Municípios da Ria
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Pelo importante contributo que dá 'acerca da tecnologia dos fusos cerâmicos' aplicados na igreja de Bustos o comentário merece destaque de 1ª página

 manuel alexandre19:09
  1. ACERCA DA TECNOLOGIA DOS FUSOS CERÂMICOS ....Igreja de Santo Isidro_Inaugurada em 1957 pela Junta de Colonização Interna_, pelas casas do pároco e professoras e pelas duas escolas do núcleo de Pegões Velhos, sobressai pelo traço modernista, e paradoxal, do arquitecto Eugénio Correia. Aqui importa salientar a influência da obra de Oscar Niemeyer, quer pelas evidentes filiações intelectuais ligadas ao modernismo brasileiro em voga nos anos 40 do século XX, mas também pela concepção e interação do projecto com o espaço envolvente e pelos materiais utilizados (fuso cerâmico). 
  2. (fim de citação)
  3. São devidos agradecimentos de sérgio micaelo ferreira a 'manuel alexandre'
  

1 comentário:

  1. ACERCA DA TECNOLOGIA DOS FUSOS CERÂMICOS ....Igreja de Santo Isidro_Inaugurada em 1957 pela Junta de Colonização Interna_, pelas casas do pároco e professoras e pelas duas escolas do núcleo de Pegões Velhos, sobressai pelo traço modernista, e paradoxal, do arquitecto Eugénio Correia. Aqui importa salientar a influência da obra de Oscar Niemeyer, quer pelas evidentes filiações intelectuais ligadas ao modernismo brasileiro em voga nos anos 40 do século XX, mas também pela concepção e interação do projecto com o espaço envolvente e pelos materiais utilizados (fuso cerâmico)

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