2 de agosto de 2009

ALÍPIO SOL, JORNALISTA, ENTREVISTA HENRIQUE TOMÁS (Jornal da Bairrada, 1968)


Alípio Sol foi Presidente no tempo em que os bolsos da autarquia estavam cheios … de cotão, mas não o impedia de ir bater às portas dos gabinetes da majestática Lisboa para «puxar» equipamento para o seu concelho. A actividade do Presidente Alípio Sol está a merecer uma recolha de apontamentos sobre a sua actividade autárquica.
Notícias de Bustos traz à janela o Alípio Sol jornalista desportivo entrevistando o futuro “Mago” e seu amigo Henrique (Tomás), e que foi publicada em 12.10.1968, no Jornal da Bairrada.
São devidos agradecimentos ao serviço público bibRIA – Biblioteca Digital dos Municípios da Ria e ao Jornal da Bairrada e ao Henrique pelo seu depoimento in-memoriam de Alípio Sol.

sérgio micaelo ferreira
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Eis a entrevista:


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Uma entrevista

Feita por Alípio Sol.


Dado o momento alto de fé clubista que presentemente existe entre, pelo menos, alguns elementos da direcção e da massa associativa do Oliveira do Bairro S. Clube, e dada a época que se avizinha, achamos que vem na altura própria a entrevista que vai seguir-se. Para esta escolhemos um dos seus jogadores que melhor que ninguém irá dizer o que pensa do momento actual. Figura conhecidíssima de todos nós, Henrique, o simpático e corretíssimo capitão de equipa, está connosco. De trato afável e modesto, este moço diz-nos:


P [Alípio Sol] – Como encaras o momento actual da vida do Oliveira do Bairro?
R [Henrique Tomás] – Creio que o Oliveira do Bairro S. C. está num momento alto da sua vida, o que nos leva a encarar o campeonato com bem fundadas aspirações até a pensar num «brilharete» para a época que se avizinha. No entanto, o decorrer do campeonato falará por nós e a classificação dirá o que poderemos fazer.

P. – No teu modo de pensar, achas que com os meios reduzidos de que dispõe a direcção, esta tem cumprido?
R – A direcção tem cumprido absolutamente, tanto no aspecto de apoio finanveiro, como moral, a todos os jogadores, o que tem sido mais um incentivo para darmos todo o nosso esforço e toda a nossa boa vontade para um Oliveira do Bairro melhor. Aqui deixo um voto de louvor à Direcção, quer em meu nome pessoal, quer no dos meus colegas e só esperamos que ela cumpra, como sempre o fez.


P. – Que pensas da época que se avizinha e de todos os teus colegas em geral?
R – Terei que dizer que o distrital de Aveiro é dos mais difíceis do País e, portanto, será um campeonato bastante duro, como sempre tem acontecido. Contudo, creio podermos marcar presença num dos lugares cimeiros.
Quanto aos meus colegas, creio que o Oliveira está recheado de bons valores que tudo farão para prestigiar a terra e o clube que representam. Temos jogadores de verdadeira categoria e, além disso, reina entre nós uma vontade férrea de mostrarmos o nosso valor, o que, aliado à camaradagem, decerto se irá conseguir, creio bem.



P. – E dos esforços feitos para a renovação da equipa?
R – Acho que a direcção fez tudo o que estava ao seu alcance no sentido de reforçar a equipa, e, se a mesma se esforçou, também nós, os atletas, temos ainda maiores responsabilidades no sentido de cumprirmos em absoluto. Não quero com isto dizer que faremos impossíveis, mas sim que daremos o melhor do nosso esforço e tudo faremos para ganharmos a confiança da Direcção presente e, sobretudo, o apoio da massa associativa e dos simpatizantes do nosso clube. Podem contar, portanto, e desde já, com uma indomável vontade da parte de todos os atletas.


P. – Também a vinda de um técnico consagrado – Prof. António Lemos – traz pesados encargos aos dirigentes desta colectividade. Que pensas de mais este passo?
R – Por mais este passo da Direcção se pode ver o seu esforço no sentido de fazer uma equipa de «primeiro plano» no campeonato distrital de Aveiro.
Sem dúvida que, ao contratar um técnico da categoria do Prof. António Lemos, isto além de jogadores de grande valia, a Direcção conta antecipadamente com o apoio de todos os oliveirenses e bairradinos, presentes e ausentes, uma vez que os encargos são enormes e as receitas geralmente não compensam, colocando o clube em crítica situação financeira.
Estou, no entanto, em crer que todos saberão corresponder a este apelo e então também o clube agradecerá com os bons resultados que decerto irá colher.


P. – De que, mais do que nunca a Direcção desta colectividade para prestar aos seus atletas aquilo que merecem?
R. – Como atrás disse, a Direcção fez um grande esforço no sentido de reforçar a equipa com um técnico de categoria já firmada e com jogadores de bastante categoria. Portanto, é necessário, mais do que nunca, que todos os desportistas oliveirenses e bairradinos em geral, presentes ou no Estrangeiro, saibam apoiar materialmente o clube, para que se faça do Oliveira do Bairro S. C. uma equipa que dignifique a vila em particular e toda a Bairrada em geral. A união faz a força e todos unidos teremos força para levar ainda mais longe o nome desta prestigiosa colectividade. Creiam que, unidos à Direcção e aos atletas, contribuirão para a obtenção de melhores resultados. A maior parte das vezes as batalhas ganham-se com o apoio da retaguarda e há que fazê-lo bem firme para que a mesma nos sorria.

Gostaria também de lançar um apelo à massa associativa e simpatizante, no sentido de, dentro do campo, darem o máximo apoio aos atletas, para nos galvanizarem e nos levarem quantas vezes à vitória final. Todos unidos, faremos do Oliveira do Bairro S. C. uma grande equipa e «TODOS UNIDOS NÃO SEREMOS DEMAIS»


[Alípio Sol] – Amigo Henrique, no decorrer do campeonato, que estamos em crer será dos melhores, mais oportunidades teremos para contactar pessoalmente, além do dia usual. Que a tuas palavras encontrem eco, são os nossos desejos.
*

[Fim da entrevista]
Nota - a foto de Alípio Sol foi extraída de Armor Pires Mota,
Em Busca da História Perdida,
edição da Câmara Municipal de Oliveira do Bairro,
1997.

2 comentários:

  1. Alípio Sol era um grande homem, e merece que o seu nome seja homenageado.

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  2. Foi aluno dedicado na Universidade Aberta e realizou com êxito todos os exames no pólo que então existia na Universidade de Aveiro. Ingressou no curso por minha sugestão e fiquei muito contente quando se licenciou. Só há pouco soube do seu falecimento. Paz à sua alma. Teresa Soares

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