13 de julho de 2008

Manuel Barroco: chão que dá uvas

O Manuel Horácio de Almeida Barroco é dos meus tempos da escola primária. Nasceu em 1947 e, como todos nós, também passou pela escola das nossas aflições de miúdos. Ainda fez 2 anos de liceu em Aveiro (1959/60), mas cedo emigrou para a América, como era dos usos entre os filhos da emigração.
Acabou por concluir o liceu na Califórnia, em Richmond e Sonoma. Este último condado é vizinho do famoso Napa Valley, a mais conhecida região dos vinhos americanos.
Mas era tempo de garantir a cidadania americana, o que passava por bater com os costados na guerra do Vietnam. Foi o que aconteceu ao sargento artilheiro Barroco em 1967/68, altura em que o James também se passeou pelos arrozais vietnamitas até levar com os estilhados duma granada que quase o fazia subir aos céus. A malta que passou pela Escola de Bustos nos anos 40 e 50 andava a perder a vida e a razão pelas guerras de África e do Vietnam, a soldo das bestas que nos governavam.
Quis a sorte que o Manel regressasse aos States, onde continuou os estudos, até que em 1971 por lá conhece uma rapariga de Anadia (Maria Isabel Ferreira Rangel), com a qual junta os trapinhos. Por lá lhes nasceram os 2 filhos, o Gabriel e o Daniel, acabando a família por regressar de vez a Portugal em 96, assentando arraiais na casa do Ti Agostinho Barroco, ali na rua baptizada de David Pessoa.
Antes de regressar à terra-mãe o Manel já produzia umas uvas numa quinta de 40 acres (cerca de 18 hectares) que o avô Manuel Almeida tinha em Orlando, metade plantada a oliveira e metade a vinha onde predominava a casta “zifandel”.
A partir de 1999 e com a preciosa ajuda dos filhos passou a dedicar-se à vitivinicultura, acrescentando terrenos aos que o quintal já comportava e plantando 3 castas francesas: cabernet sauvignon e merlot (tintos) e chardonnay (branco). O Manuel já vai nos 28.000m2 de vinha, ali no sítio que os antigos chamavam de Juncal e onde predominam os solos de textura franco argilosa, com declives orientados a sul.
Com o apoio do PAMAF (Programa de Apoio à Modernização Agrícola e Florestal) passou a constar do Registo Central Vitícola e inscreveu-se como vitivinicultor/engarrafador sob o n.º 4036, o que significa que apenas comercializa o que produz.
A 1ª produção de tinto é de 2005 e foi classificada como DOC/Bairrada. Deu-lhe o nome de Valejo (que significa pequeno vale e lembra a cidade onde vivia – Vallejo).
Num tempo de crise e do cada vez maior abandono da vinha, o Manel Barroco arriscou ser o 1º vitivinicultor de Bustos a classificar e comercializar os seus próprios vinhos.
Mas ficam desde já a saber que Bustos teve em tempos um produtor e engarrafador, de que falarei um dia destes. Aqui vai uma achega: quem se lembra do vinho da marca "Cepal"?
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No FORUM 2008 teremos 2 vinhos de prova: o Valejo do Manuel Barroco e o Ponte da Pedra, um excelente Bairrada tinto da colheita de 2001, saído da Adega Pompeu, que o Carlitos não é pessoa de deixar os seus créditos por mãos alheias. À mesa teremos outro excelente tinto de 2006, do Manel.
Outra surpresa estará à nossa espera, com direito a reprodução da ficha escolar de cada um dos presentes. A colaboração vem do premiado fotógrafo que escolheu Bustos para local do seu estúdio. Falo do Adriano Felipe, já
AQUI lembrado.
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NR - Os nossos tonéis eram a internet do antigamente: permitiam-nos viajar no espaço e ficar sábios sem sair do mesmo "sítio".
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oscardebustos

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