8 de setembro de 2006

Dr. ASSIS REI: OPERÁRIO DA CIDADANIA

“Se um dia quisesse registar as miúdas peripécias da sua existência, a narrativa ficaria decerto dividida em oito partes e ele continuaria imperturbável, sem atribuir ao algarismo algum carácter mágico.”
Arsénio Mota, Quase Tudo Nada, (prémio literário Carlos de Oliveira, 2005), Câmara Municipal de Cantanhede e Campo das Letras, 2006


Belino Costa (bc) fez um retrato do Dr. Assis, um Rei, Republicano. Profundo, fiel e a corpo inteiro.

Não quero deixar passar esta oportunidade para inserir umas notas sobre a Figura em destaque.
No tempo da sua juventude, ainda não havia distribuição de peixe ao domicílio. Para as casas se proverem de sardinha e carapau para a salga, organizavam-se ‘ranchos’ que se deslocavam a pé até à Praia de Mira para a compra do peixe. O Dr. Assis Rei ainda se recorda das dificuldades da viagem que eram multiplicadas pelo mau estado dos caminhos.
Para tornar a distância mais curta e mais leve, talvez cantassem. Perederam-se as canções?
Mais tarde, integra a Comissão de Melhoramentos.trago à tona o apoio a Manuel Simões dos Santos para o desenvolvimento da fundição na época de condicionamento industrial.
É nessa época que impulsiona a obtenção de um alvará da criação do Colégio para Bustos. [Entretanto circunstâncias marginais surgidas dentro do «grupo de Bustos» a que o Dr. Assis estava alheio deixaram fugir a concessão para o «grupo de Oliveira do Bairro»]. Foi da disputa entre estes pretendentes que nasceu o colégio onde está hoje.
Enquanto Presidente do colectivo da Junta de Freguesiano tempo da ditadura certificou gratuitamente atestados de residência de candidatos a exames escolares para adultos. Foi uma decisão que incomodou sectores que pretendiam auferir algumas receitas.
É no seu mandato que é instituída a primeira comissão alheia à influência da “união nacional” incumbida da organização “do caderno eleitoral para a Presidência da República e Deputados tendo-se em consideração pessoas idóneas e conhecedoras para tal fim”. Em 30.04.1956 eram convocados para esse efeito, Manuel Domingos e Manuel José dos Reis.

Opôs-se e alterou o local de implantação do Pavilhão Desportivo do Colégio.
Sobre este episódio escrevi: “Em Bustos ocorreu o assentamento da “ Primeira Pedra” do Pavilhão Desportivo do IPSB em local cuja obra iria ofuscar o visual do Colégio. O Dr. Assis F. Rei – um dos protagonistas e operário da sua construção – insurgiu-se de tal maneira que a implantação da estrutura teve de ser deslocada.
A obra está num sítio e a tal Pedra noutro.
Sobrou a pompa que envolveu a cerimónia do lançamento deste equipamento desportivo.” (1)

Com a saída do Pompeu Aires para a Malaposta, o Dr. Assis Francisco Rei foi o impulsionador da restauração em Bustos com o desenvolvimento do Restaurante “Piri-Piri”. Entre parêntesis: é também o momento de fazer a devida vénia ao Libório – um verdadeiro senhor na arte de servir à mesa e ao Manuel Aires (das Bicicletas) um grande senhor nos grelhados que ajudaram a crescer o restaurante que chegou a ter publicidade na rádio renascença (?) durante um ano.


Não se pode extirpar o protagonismo que teve em acontecimentos que trouxeram mais-valia a Bustos…
A inervenção do Dr. Assis Rei na vida pública está para além do conteúdos destas notas.

Ti’Assis, porque não escreves as tuas memórias?

(1) in, «FOI BRINDE DO ‘DIA DAS MENTIRAS’ … o texto publicado ontem»; abril 02, 2005 -http://bustos.blogs.sapo.pt/arquivo/2005_04.html
sérgio micaelo ferreira

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