8 de setembro de 2006

BOTA-A-BAIXO NO COLÉGIO


Passei há algumas semanas pela zona do Colégio de Bustos e vi que as árvores do terreno da Junta de Freguesia de Bustos tinham sido liquidadas. Em vez de sombra há agora um deserto.

Perguntei a algumas pessoas o que a Junta ali ia fazer e ninguém me soube responder ao certo. Alguns dizem que o Presidente da Junta vai ali fazer um Parque de Merendas. Se isto é verdade, para que é que foi necessário abater todas (ou quase todas) as árvores? O que mais me espantou foi que as pessoas, tanto da oposição política, como do próprio partido do Presidente, estavam indignadas com aquilo que viram. Todos acharam um crime e disseram-me que era absurdo abater árvores para depois instalar um parque de merendas sem sombra.

Eu não sei o que a Junta pretende ali fazer, mas desconfio que será qualquer coisa como o Deserto da Póvoa, onde o Presidente da Junta depois adicionou uma ‘Basílica’ para fazer sombra porque ali há tão poucas árvores. Todas as pessoas com quem falei (e volto a dizer que algumas eram do partido do Poder) acham que pedras ou betão vão substituir as árvores liquidadas.

Penso que o Presidente de Junta virou Siza Vieira que manda cortar todas as árvores que pode. Claro que Siza Vieira tem um problema em Madrid onde a Baronesa Tyssen, detentora de uma das maiores colecções de arte do mundo, ameaçou levar a colecção de pinturas, que está exposta perto do Museu do Prado, para outro país se cortassem uma que fosse das 600 árvores que Vieira planeia cortar para a reclassificação da Avenida (Paseo) do Prado. O povo de Madrid está igualmente revoltado e penso que não vai haver cortes de árvores para alargar a parte do asfaltado. Ele já cortou todas ou quase todas as árvores da Avenida dos Aliados no Porto e eles pensam que já chega.

Aparentemente o Sr. Pereira teria dito que ia aterrar o terreno (e não digo mais sobre isto). O Presidente da Junta, odeia capelas antigas, sedes antigas de Juntas de Freguesia e pelos vistos, odeia as árvores. Claro que irá dizer que as árvores não estavam alinhadas como gostava, que vai agora plantar árvores todas alinhadinhas e de espécies exóticas (como as Pimenteiras Bastardas oriundas do Peru, que mandou plantar por aquelas bandas) e que consultou arquitectos e engenheiros paisagistas (Siza Vieira?, entre outros). Também vai dizer, como já disse sobre a Basílica da Póvoa que “A obra terá muita dignidade” porque ele acha que tudo aquilo que faz tem muita dignidade.

Foi preciso ter muita coragem para derrubar aquelas árvores que agora vão demorar trinta anos a crescer para fazer sombra. Eu derrubei um choupal no Sobreiro que agora está novamente a crescer. Eu derrubei um pinhal que foi replantado com pinheiros, mas penso que este local será replantado com um número escasso de árvores, mas com muitas pedras. Talvez o Presidente de Junta pense lá plantar pereiras, daquelas oriundas de Espanha e que dão frutos suculentos parecidos com peras Rocha ou Calhau.

Qualquer dia vamos novamente assistir à destruição de uma área arborizada para uma dita “Alameda” que não me parece servir para nada (ele vai dizer que é para desviar trânsito, mas que é para mim, uma obra de fachada, como tantas neste País). Penso que a intenção subconsciente do Presidente da Junta é que alguém se erga em Assembleia de Freguesia e grite bem alto: A Alameda deve-se chamar “Alameda Engenheiro Manuel da Conceição Pereira”. Aliás já temos a Rua do Fogueteiro, a Rua do Coveiro e a Rua do Silva Terra.

Milton Costa

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