(Enquanto
o governo cai e não cai; enquanto ninguém sabe que governo o vai substituir.
De
gestão? Com maioria parlamentar?).
Roído
de incerteza, atordoado com comentários para todos os gostos, desencantado com
os abranhos no poleiro, martelam-lhe no espírito as derradeiras palavras que
Fernando Pessoa rabiscou numa cama de hospital, em Novembro de 1935:
- "I
know not what tomorrow will bring" (Não sei o que o amanhã vai trazer).
Tarde
chuvosa.
Para
quebrar o tédio, pega no telefone e liga à amiga que só conhece do Facebook.
Palavra
puxa palavra, atreve-se a pedir-lhe uma fotografia.
Do
outro lado do fio, do outro lado do sonho, uma voz meiga diz-lhe que sim.
A
arfar de desejo e ainda mais ousado, balbucia, numa quase exigência: sem roupa.
Ela
ouve, com um frémito de emoção. Pousa o auscultador.
Logo
a seguir, amorosamente, despe-se de preconceitos e faz-lhe a vontade.
Carlos Braga [via facebook, com a devida
vénia ao sublime autor]
*
- Nota de rodapé do editor: "abranhos no poleiro" são os novos condes de Abranhos, do título de uma obra do Eça de Queiroz, "O Conde de Abranhos", político ridículo que chega a ministro da marinha no período constitucionalista dos finais do séx. XIX, saído do imaginário do grande Eça.
Os novos condes de Abranhos do governo nado-morto estão tratados AQUI.
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