OPINIÃO
Belino
Costa
“ O Vereador Paulo Caiado
declarou que a moção apresentada atingiu todos os objetivos. Atendendo a que o
Presidente da Câmara não alterou a decisão relativa à biblioteca nem se
demitiu, o único efeito prático da moção foi a promoção pessoal do seu autor.”
No tempo dos aplausos (2013)
Neste comentário Jorge Pato revela de forma
clara e inequívoca que ainda não percebeu o que se passou, nem tem consciência política
do que na realidade estava e está em
causa.
É claro aos olhos de todos que com a moção de
confiança ao Presidente da Câmara, Paulo Caiado não visava Mário João Oliveira,
que teria sempre a maioria do seu lado, mas sim a bancada do CDS e em especial
Jorge Pato. O que Paulo Caiado pretendia era demonstrar que os vereadores que
foram eleitos na lista que liderou em nome do CDS, já não estavam do seu lado e
que, na prática, se tinham passado para o campo adversário. Esta era a
substância politica da “moção de confiança”.
Perante isto o que fez o vereador do CDS e
líder da concelhia? Poderia ter votado contra ainda que pudesse distanciar-se
da forma e até do conteúdo da moção, ou poderia abster-se. Em qualquer dos casos anularia os objetivos políticos
subjacentes à proposta de Paulo Caiado.Independentemente das divergências com o
líder de bancada, Jorge Pato, permaneceria fiel a valores essências da prática politica,
afirmaria a sua independência relativamente ao PSD e deixaria Paulo Caiado a
falar sozinho.
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Da ata da reunião da CMOL realizada em 8 de outubro de 2015
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Ao votar favoravelmente a moção de confiança e ao
alinhar no louvor ao presidente da Câmara, Jorge Pato deu um tiro no meio da
testa. Não só ajudou Paulo Caiado a demonstrar a sua tese, como traiu a
confiança dos eleitores. Com que cara é que poderá enfrentar os presidentes das
juntas de freguesia lideradas pelo CDS e estes se queixarem da prepotência
camarária e das constantes humilhações de que são vitimas? Com que cara é que
enfrentará os eleitores (e muitos só votam no CDS porque querem que haja
alternância democrática) depois de afirmar a “total confiança” no adversário
politico?
Ainda por cima, e para derradeira humilhação, a sua declaração
de voto que faz parte da ata e com ela deveria ser publicada, nem sequer consta
no site da CMOL.
Em conclusão, são muitos os efeitos práticos da moção. Um
deles tem a ver com as aspirações do partido em retomar a liderança do
município. Com esta postura política Jorge Pato condenou o CDS:PP à
irrelevância durante os próximos anos. Alguém no nosso concelho voltará a
acreditar que o CDS é uma alternativa credível ao PSD? Não creio.
PS: A retirada de confiança política a Paulo Caiado, feita sem o
conhecimento e audição do visado, é a demonstração de que esta direita, pouco
democrática e vingativa, é a herdeira da tradição totalitária e obscurantista
que se abateu sobre Portugal durante décadas.
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