18 de outubro de 2015

1.BASÍLIO CRESPO, MAQUINISTA DE COMBOIO, ESCAPA ILESO DA EXPLOSÃO DE MINA. (CAMINHOS DE FERRO DE MOÇAMBIQUE-1973)



com a Família em Machipanda (Manica) fronteira com o Zimbawue

“As minas foram as mais temidas de todas as armas (…)”

Figura 1- Basílio Oliveira Crespo e o comboio fora do trilho em consequência da explosão da mina
Basílio Crespo, maquinista dos Caminhos de Ferro de Moçambique, fora colocado em Moatize (Tete). A Família acompanhava-o, como sempre o fez. … era «tanto calor que fazia estrelar um ovo em cima da linha». (Deolinda).


Nesse tempo a Gina frequentava o ciclo preparatório na Escola Secundária de Tete para onde se deslocava na camioneta da Companhia.

(ano de 1973) - Um dia, o comboio seguia lá para os lados de Mutarara, o Basílio “ia sentado no banco” e eis que explode a mina. Com o impacto da explosão dá um salto, bate com a cabeça no tejadilho, anda aos tombos e sofre uma dor passageira. Naquele momento lembra-se da Família e da morte dos seus companheiros vítimas das minas.
Figura 3- Aspeto dos destroços do comboio após explosão da mina
A máquina tinha saído do trilho, deitou-se num buraco e fez descarrilar o comboio. “Não ganhei para o susto!”, (Basílio).
Entretanto em casa, Deolinda vê os helicópteros a dirigirem-se na direção da linha do comboio (1). Dá-lhe um baque. Os pressentimentos eram sua companhia… «Já houve mina! … Foi o Basílio!».
O medo instalara-se. Toca a campainha do telefone … a voz do outro lado: «o Basílio teve uma mina, … está bem... venha já para a estação que ele vem de helicóptero» (recorda a Deolinda, ainda pregada ao susto).
Figura 4 - Tete - Escola Secundária que a Gina estava a frequentar
Acompanhemos as impressões da Gina quando regressou de Tete:
“Foi um dia super-aflitivo em que o pânico se gerou na pequena vila de Moatize”.
“Quando cheguei da Escola, a minha mãe estava em casa à minha espera, em pânico»
Os seus camaradas maquinistas Salgado e Martinho não tiveram a mesma sorte. Ficaram lá. “O Martinho deixou duas filhas gémeas com cinco anos…” (Deolinda).
Os avultados passivos gerados no teatro de guerra da zona de influência da Barragem de Cahora Bassa, a longa fieira de mortos e feridos e estropiados dos servidores dos Caminhos de Ferro de Moçambique também deveriam merecer divulgação inseridos num capítulo da história colonial.

A homenagem de
sérgio micaelo ferreira
… …
Em tempo:

Gina Crespo emprestou duas preciosas informações a merecer divulgação:  
A explosão da mina provocou a morte do “ajudante de fogueiro que era de raça negra, ficou completamente queimado com o rebentamento da caldeira da máquina. Vimo-lo numa maca mais parecida com uma encobridora, deitado sobre uma gaze gordurosa amarela, completamente branco avermelhado” (Gina)

(1) «quando se viam os helicópteros a sobrevoar a linha já se sabia que teria havido outra fatalidade »(Gina)

srg

Nota: segundo informação de Basílio Crespo, as fotos sobre os destroços do comboio foram tiradas por serviços militares. 
Moatize - Nova Estação dos Caminhos de Ferro de Moçambique
endereço-e  http://www.panoramio.com/photo_explorer#view=photo&position=9477&with_photo_id=69410137&order=date_desc&user=5163038


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